6 de novembro de 2004

"The Story of the Weeping Camel" por Nuno Reis



Apesar de já ter estreado em Setembro, o facto de ser este título que inicia a programação do Teatro do Campo Alegre faz com que uma análise do filme seja apropriada.

A história, como o título indica, é sobre um camelo que chora, o que não parecerá interessante para a maioria das pessoas. O filme está classificado como drama e documentário e dividindo nessas duas componentes é mais fácil de compreender o contexto.

O documentário mostra-nos o dia-a-dia de uma família mongol no meio do Deserto de Gobi, o mais célebre deserto asiático. Vemos a sua cabana e que a tecnologia de que dispõem se resume a alguns plásticos e um rádio, vemos as tarefas diárias, a alimentação, os rituais e acima de tudo a importância das lendas para quem não tem nenhum entretenimento. Se não tivessemos cinema de certeza que gostaríamos de ouvir uma história sobre um camelo que chora portanto, porque não ir ao cinema ver essa história?

O drama, é a razão que faz o camelo chorar... A família vive essencialmente do gado e além de dezenas de cabras tem também alguns camelos, obviamente uma das alturas mais importantes do ano é a dos nascimentos, símbolo de vida e futuro. As cabras do filmes já têm as suas pequenas crias junto a elas mas os camelos ainda estão a nascer. O primeiro nasce sem problemas mas o último parece ser um caso problemático. Após dois dias o pequeno camelo albino é ajudado a nascer mas a mãe não simpatiza com ele e impede-o de beber o leite materno o que é uma grave ameaça à vida da cria. Como as pessoas têm as suas tarefas organizadas só podem dispensar crianças para salvar o camelo dois dos jovens membros da família deixam os seus pais, avós e irmã bebé para ir ao Centro Aimak buscar um violinista pois é a única forma de aproximar os dois animais. Dude e Ugna partem montados em camelos em direcção à civilização, onde irão enfrentar os encantos da televisão, bicicletas e algumas marcas conhecidas.

À medida que o filme se desenrola, acompanhando a família, vamos aprendendo como é a vida de uma família moderna no deserto, com os vícios de qualquer outra família, dificuldades e momentos de felicidade. É um título imperdível para os amantes de cinema ligeiro e atractivo, tem uma fotografia excelente e está ao nível dos melhores documentários. A parte fictional foi bem construída e é cativante. O final remata com simplicidade uma grande obra que recebeu justamente vários prémios.

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