31 de outubro de 2004

Poster "Beyond the Sea"


Depois de um interregno de 8 anos na realização, aquando da estreia de "Albino Aligator" (1996), e de arrecadar o seu segundo Óscar em 2000 por "American Beauty", Kevin Spacey escreve, realiza, interpreta e produz "Beyond the Sea", um drama onde Spacey interpreta a personagem do cantor / actor Bobby Darin, autor de inúmeros êxitos musicais e vencedor de um Óscar por Melhor Interpretação Secundária Masculina em "M.D. Captain Newman" (1963). Com Kate Bosworth no papel de mulher de Darin, e ainda com John Goodman e Bob Hoskins nos papéis de destaque, "Beyond the Sea" ainda não tem data de estreia marcada para Portugal, devendo ser visto nos EUA em meados de Dezembro. Actualmente, Kevin Spacey encontra-se a terminar "Edison", um thriller com Morgan Freeman nos principais papéis.


"The Fog" regressa


Está em preparação um remake de "The Fog", um filme de terror do mestre do género John Carpenter, que aterrorizou o público em 1980, com nomes no elenco como Jamie Lee Curtis ou Adrienne Barbeau. Sem nomes ainda avançados para a realização, sabe-se que Carpenter será um dos produtores, tendo o nova-iorquino afirmado que não queria ser ele a realizá-lo outra vez: "Eu fi-lo uma vez, não o quero fazer outra vez. Eu fiz o meu "Fog" e agora é a vez de ser outra pessoa a realizá-lo. É muito honroso quererem fazê-lo. Já à muito tempo que pensamos em voltar a "The Fog", talvez com uma sequela. Mas agora é tempo de um remake".


28 de outubro de 2004

"Alien Vs. Predator" por Nuno Reis


Em Outubro de 2004 uma enorme fonte de calor surge numa isolada ilha da Antártica e o milionário Weyland financia uma expedição para ir averiguar o que se passa na ilha e por que razão os satélites descobriram uma pirâmide com características simultaneamente fenícias, egípcias e cambodjanas. Para liderar a equipa a escolhida foi Alexa Woods, uma guia ambientalista, para as questões arqueológicas foi escolhido o italiano Sebastian de Rosa e para a datação química Graeme Miller, um feliz pai de família. Mais alguns escavadores, especialistas secundários e um pequeno exército acompanham-nos.
Este grupo sem treino e de autênticos desconhecidos desce à pirâmide onde tem fantásticas revelações mas uma nave que sobrevoa o planeta, apercebendo-se desse facto envia algumas cápsulas para o local, os Predadores estão à solta e com um objectivo simples: matar. Na pirâmide os incautos humanos nem imaginam o perigo que se aproxima, por baixo deles está uma gigantesca Alien a gerar ovos que precisarão de hospedeiros...

Quem conhece as personagens não precisa de mais para imaginar o que irá acontecer, um terrível confronto entre espécies com três lados. Os Aliens com uma enorme agilidade, ácidos orgânicos e demasiados membros para serem dominados, os Predadores com muita força, armas avançadas e a tecnologia da invisibilidade, e os humanos que têm como única arma uma pistola. A matança vai começar, e que vença o melhor.

Um elenco de desconhecidos com poucos papéis em filmes de destaque junta-se ao veterano Lance Henriksen (o andróide Bishop nos "Alien" 2 e 3) que interpreta o milionário Charles Bishop Weyland, e nas mãos de Paul W.S. Anderson seguem o guião que o mesmo escreveu com a ajuda dos autores de "Alien".

A tradição dizia que a cada 100 anos um grupo de Predadores tinha de eliminar as "serpentes" para se tornar um guerreiro e normalmente era o que acontecia mas a entrada dos humanos em cena faz com que o processo siga uma velocidade diferente, os Alien começam o combate em igualdade e o número de Predadores vai sendo reduzido, equilibrando o confronto. Para não estragar o filme não conto quem vence, apenas digo que os humanos vão sendo eliminados equitativamente por ambas as espécies. O filme está acima da fusão "Freddy vs. Jason" mas ao contrário do esperado não é de terror, é um filme de acção mais no género dos "Predator" que dos "Alien" e isso estraga a história. Os fãs de "MIB" irão gostar. O melhor do filme é um detalhe que em "Alien 3" fez vibrar os espectadores, e agora foi colocado estrategicamente no final que poderá ser origem de uma sequela ou pelo menos de um novo jogo de computador.

Breves




O novo argumentista de "Indiana Jones IV" é Jeff Nathanson que tem no seu currículo "Speed 2", ambos os "Rush Hour" e ainda colaborou com Spielberg em "Catch Me If You Can" e "The Terminal".

A Total Film Magazine conduziu uma sondagem na Grã-Bretanha para averiguar qual tinha sido o vilão cinematográfico do ano, os nomes de Gollum, Doc Ock e Elle Driver eram fortes candidatos mas o regresso de Leatherface era também uma possibilidade. Após dez mil votos o vencedor foi.... George W. Bush interpretado pelo próprio em "Fahrenheit 9/11".

26 de outubro de 2004

Marcas históricas



Em 2006 Scooby-Doo, o cão mais célebre na história da animação, aparecerá no Livro Guiness de Recordes. O incrível feito desta personagem não é o número de refeições comidas por episódio mas o episódio em si. Esta sexta feira será exibido o episódio número 350, o que constitui um marco histórico para séries de animação, o recorde anterior é detido por "The Simpsons" que a uma velocidade estonteante atingiram os 335.
Enquanto os Simpsons surgiram em 1989, Scooby surgiu já no distante ano de 1969 e teve diversas adaptações. Em 2002 foi lançado o filme e surgiu uma nova série que permitiu superar o recorde. Na minha infância era um espectador fiel da série embora não fosse a minha preferida, agora já não vejo séries regularmente mas ainda por vezes ligo a televisão para recordar os clássicos da minha infância, especialmente duas séries Hanna-Barbera "The Flintstones" e "Scooby-Doo" que com o seu humor característico se tornaram indispensáveis.



Já ontem o recorde foi do Antestreia que atingiu as 40000 visitas com uma média superior a 80 pessoas por dia ao longo dos últimos 4 meses. Mais uma vez, obrigado aos nossos leitores.

21 de outubro de 2004

"I'll See You In My Dreams" de Nuno Reis


Chegou! Após meses de espera a curta-metragem portuguesa "I'll See You In My Dreams" tem a sua distribuição nacional, como complemento à prequela "Exorcist: The Beginning".
Lúcio é um homem que está farto da sua aldeia aldeia e dos zombies que a ameaçam diariamente mas simultaneamente é o único com a coragem para os enfrentar. O filme apresenta-nos alguns dos podres dessa personagem, no seu passado e no presente, e não sobra tempo para muito mais excepto, como não poderia deixar de ser, um gigantesco ataque de zombies. Ideal para quem está farto de não haver filmes de zombies nacionais, os outros aviso: não esperem nada de especial do filme.
É uma tradicional história acerca de zombies, das pessoas que os enfrentam e das que apenas lhes sobrevivem. Em apenas um quarto de hora não pôde ser feito muito mas é-nos dada uma amostra de qualidade do cinema de terror nacional. Com uma ideia-base simples, um argumento bem resumido que consegue apresentar personagens e situações, e uma boa montagem associada a uma produção genial, tornam este filme um marco na história do cinema português. Pode não ser o melhor filme do género nem sequer o melhor do ano mas tendo em conta o panorama do cinema nacional, esta foi acima de tudo uma prova de coragem que trouxe uma lufada de ar fresco e espero sinceramente muitos mais sucessos da produtora "Pato Profissional" nesta sua revolução do cinema feito em Portugal.

"Exorcist: The Beginning" por Nuno Reis



Está nas salas o mais recente trabalho de Shyamalan mas sem dúvida que o título de terror que mais sobressai hoje é "Exorcist: The Beginning", a prequela de um dos títulos que definiu o género do terror.

A história do filme conta-nos a vida do Padre Merrin em 1949, quando a Segunda Guerra ainda era um pesadelo bem real para muitos e África era ainda sinónimo de mistério e segredo.
Lancaster Merrin tinha abandonado a sua profissão por ter perdido a fé durante a Guerra, por razões que bem comprendemos ao ver o filme. A sua fama como arqueólogo de artigos religiosos leva-o a investigar uma igreja do século V encontrada pelos ingleses num continente onde a religião teoricamente ainda não tinha chegado. Aí depara-se com vários acontecimentos como hienas que despedaçam brutalmente uma criança ignorando o seu irmão, um arqueólogo enlouquecido, e vários homens doentes e desaparecidos. O missionário escolhido para o auxiliar não sabe nada acerca da igreja e a médica da aldeia não compreende o que se passa pois a ciência não tem respostas para o que querem saber. Merrin terá de descobrir a verdade antes que a história se repita e a morte reine.

Stellan Skarsgård tem neste filme um dos melhores papeis da sua grande carreira, como Lancaster Merrin. Izabella Scorupco abandonou de vez a imagem de Bond Girl criada em "GoldenEye" surgindo como a médica Sarah, uma mulher que simboliza civilização na aldeia.
Os secundários James D'Arcy, Remy Sweeney e Andrew French estão bem, especialmente o jovem Sweeney que é a criança possuída neste filme.

A reviravolta dada ao argumento destrói uma história banal bem feita e torna-a num filme muito mais assutador e exigente visualmente mas inconsistente. Em termos gráficos a única falha a apontar são os animais computadorizados que são uma desgraça e não representam verdadeiramente a tecnologia disponível para o filme.

Em termos de cinema de terror está bom, não sendo tão poderoso como o original mas possivelmente mais duradouro (o primeiro já provoca risos). O terror religioso está em grande e apesar de a exorcização ser em inglês em vez do latim esperado, vemos Skarsgård num papel exigente a nível físico e mental que desempenha com destreza.

Breves


Brandon Routh, como haviamos anunciado, já está confirmado como novo Superman. Em conferência de imprensa foi desvendado o nome deste jovem actor de 25 anos. Para saber mais sobre o actor basta ler o post de 17 de Outubro deste blog.

Também relacionado com o próximo episódio da saga do Super-Homem, Bryan Singer já escolheu quem irá interpretar o vilão Lex Luthor: o nome escolhido é o de Kevin Spacey, protagonista de filmes como "American Beauty", "Se7en" ou "The Usual Suspects", no qual se cruzou com o mesmo Bryan Singer.

Segundo alguns rumores, Paul W.S. Anderson encontra-se neste momento a preparar e a escrever a quinta parte da saga "Alien". Nada foi ainda revelado, mas informações contraditórias dizem que não existem planos para tal, e que todo este rumor se deve ao badalado regresso de Superman, como já aqui noticiamos.


19 de outubro de 2004

17 de outubro de 2004

Brandon... quê?


Um forte rumor corre com cada vez mais intensidade sobre a nova identidade de Clark Kent. Segundo o realizador Bryan Singer, a escolha iria recair num actor anónimo, muito pouco conhecido, transportando assim alguma veracidade à personagem. Muito bem, o nome que se diz ser o do novo Super-Homem é o de... Brandon Routh. Este norte-americano de 25 anos, nascido dem Des Moines, Iowa, irá (se confirmado) fazer a sua primeira aparição em cinema num grande papel. Contando com um papel em televisão ("One Life to Live") e algumas participações em outras séries televisivas (como "Will & Grace"), este ilustre desconhecido (na foto, com um fato de Halloween no ano passado) deverá ser oficialmente revelado como Superman muito brevemente.


16 de outubro de 2004

"5x2: cinq fois deux" por Ricardo Clara


Um homem. Uma mulher. Cinco instantâneos na vida de um casal. 5x2. Contado do fim para o início, mostrando o deteriorar de uma relação e das personagens, mas ao contrário. Traição, (in)confidências, infidelidade, um amor condenado desde o início (ou do fim?). Tudo isto preenche o último filme de François Ozon, um dos mais pujantes realizadores europeus da actualidade. Marion (Valeria Bruni Tedeschi) e Gilles (Stéphane Freiss) são um casal banal, que vivem uma vida normal de trabalho e dedicação ao um filho. Mas um amor tão banal que acabaria banalmente: num divórcio. É por aqui que começa este "5x2: cinq fois deux", que presenteia o espectador com duas prendas: uma fabulosa interpretação da italiana Valeria Bruni Tedeschi, e ainda esta ser vista pelo olho de um dos realizadores que melhor filma as mulherers. Ozon, que surpreendeu em "8 Femmes" e deslumbrou com "Swimming Pool", realiza agora num tom intimista cinco momentos chave de um casal, desde traições até à teia de relações destes com outras personagens que passaram pelas suas vidas e os marcaram, de forma indelével. É este exercíco de deterioração, quer de uma relação, quer do personagem em si, que torna este trabalho do realizador francês bastante agradável. Com dois actores a corresponderem com uma química muito interessante, a interpretação de Tedeschi é um ponto mais do que positivo neste filme que foi possivel ser visionado aquando da Festa do Cinema Françês, que se encontra este fim de semana no Porto. Apesar de não ser o que de melhor já vi Ozon fazer, a reedição da dupla François Ozon e o director de fotografia Yorick Le Saux, que já tinham dado boas indicações em "Swimming Pool", bem como a já referida Valeria Bruni fazem deste "5x2: cinq fois deux" uma agradável proposta de introdução para um Outono que promete.. e já a partir da próxima semana com um fabuloso "2046". Mas fica para essa altura um comentário alargado ao último filme de Wong Kar Wai.


Título Original: "5x2: cinq fois deux" (França, 2004)
Realizador: François Ozon
Intérpretes: Valeria Bruni Tedeschi e Stéphane Freiss
Argumento: François Ozon
Fotografia: Yorick Le Saux
Música: Philippe Rombi
Género: Romance / Drama
Duração: 90 min
Sítio Oficial: http://www.francois-ozon.com


15 de outubro de 2004

14 de outubro de 2004

"Resident Evil: Apocalypse" por Nuno Reis



Há dois anos o então desconhecido Paul W.S. Anderson realizou "Resident Evil", este ano preferiu fazer "Alien Vs. Predator" e deixou o argumento que escreveu para a sequela nas mãos do estreante Alexander Witt, que tem sido assistente de realização em blockbusters todos os anos, desde "Speed" e "Twister" até "Pirates of the Caribbean: The Curse of the Black Pearl" em 2003, este ano foi uma pequena desilusão com "Hidalgo" mas provou o seu mérito com esta bem engendrada sequela.

Para quem não se lembra do primeiro filme, um acidente num laboratório libertou centenas de zombies e a corajosa Alice com a ajuda de alguns S.T.A.R.S. enfrenta-os e consegue sobreviver mas não sabemos o que aconteceu com o seu amigo Matt. Neste filme mostram-nos a cidade de Raccoon, com milhões de habitantes, a ser atacada pelo mesmo perigoso vírus. Começa com um aspecto fiel ao video-jogo e várias das frases ditas (e mesmo alguns cenários) eram-me familiares.

Este título aproveita o que de melhor o jogo tinha, apesar de não ser tão assustador como o primeiro filme. O início mostra de forma leve (o mais possível) que a cidade está a ser atacada e alguns afortunados trabalhadores da Umbrella estão a ser evacuados de emergência mas uma das suas protegidas, Angela Ashford, filha de um importante cientista da empresa, é vítima de um acidente. O ataque das estranhas criaturas assassinas é visto na televisão local por uma mulher que vemos trocar os seus saltos altos por algo mais confortável, é a entrada em cena de... Sienna Guillory. Possivelmente os leitores esperavam que eu dissesse Milla Jovovich mas neste filme ela não colhe todos os louros, a célebre personagem que anuncia a ameaça dos mortos-vivos, Jill Valentine, surge de uma forma que faz com que os fãs do primeiro filme se esqueçam de Jovovich, mesmo tendo ela já sido vista no filme. Minutos depois uma entrada em grande de Alice junta estas duas mulheres de armas a um S.T.A.R num filme repleto de acção, com diversas criaturas perigosas e uma missão humanitária, resgatar Angela, a sua única possibilidade de fuga.

A crueldade do Doutor Isaccs (Iain Glen) não é mostrada da melhor forma ao longo do filme mas tem um bom final que anuncia a sequela. Mike Epps como T.J. dá o toque de humor necessário ao filme. Oded Fehr, secundário de "The Mummy" e "Deuce Bigalow, Male Gigolo", mantém-se fiel à sua postura nesses dois filmes, com um herói suficientemente condizente com o necessário.

O maior defeito do filme é o desaparecimento oportuno das criaturas que reaparecem na altura exacta, elas podem ser lentas mas não estão suficientemente dispersas pela cidade. Também a personagem Nemesis poderia estar mais desenvolvida, afinal, quase deu o título ao filme. Em destaque as criaturas variadas que aproveitaram dos jogos (como quase tudo o resto), foi pena não terem mantido a personagem Claire, que tentaram trazer na pele de Emily Bergl.

Pierce Brosnan entrega licença para matar


Está confirmado. Pierce Brosnan, o actor irlandês que deu corpo aos últimos quatro filmes de James Bond ("GoldenEye" - 1995, "Tomorrow Never Dies" - 1997, "The World Is Not Enough" - 1999 e "Die Another Day" - 2002) não vai voltar ao papel. Em entrevista ao diário canadiano Toronto Sun, Brosnan não tem meias medidas: "fui despedido" afirma, enquanto apresentava o seu último filme "After the Sunset", no paradisíaco cenário das Bahamas. O agora ex-Bond revela ainda que aquando da promoção do último 007 ("Die Another Day"), os produtores Barbara Broccoli e Michael Wilson afirmaram-se muito agradados com o sucesso do filme, e que queriam a repetição da parceria mais uma vez, até que "um dia o telefone tocou. Eu estava aqui [em Nassau, a rodar "After the Sunset"] e o meu agente disse que os objectivos tinham mudado e que eles [os produtores] tinham mudado de ideias". Chocado mas conformado "em 24 horas", Pierce
Brosnan passa ao ataque: "é, por vezes, muito difícil encontrar-se verdade naquele sítio [Hollywood] ou nesta profissão". Encerra-se aqui mais um ciclo de interpretações do agente ao serviço de Sua Majestade, depois de Timothy Dalton, Roger Moore, George Lazenby e Sean Connery.

13 de outubro de 2004

"Before Sunset" por César Nóbrega


AMOR À "SEGUNDA" VISTA

AVISO: Não l(v)er se não for extremamente, repito, extremamente romântico.

Antes de falar do filme e de dizer que gostei e muito, deixem-me falar do que se foi passando na sala, enquanto Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy) redescobriam um amor à primeira vista: "sala à pinha", era uma daquelas ante-estreias promovidas pelas distribuidoras, com a oferta de bilhetes em uma qualquer rádio nacional. Um grupo de portuenses "rappers", entra para uma sessão que julga conter uns beijitos e, quem sabe, uma cena de sexo com uma bela actriz. Não podiam estar mais enganados... Durante 80 minutos vão ver um beijo - na cara - e não vão ver nenhuma cena de sexo. Resultado: passados dez minutos saem e a sala começa a ficar aliviada. Aos grupos de cinco vão saindo descontentes com um filme que fala da vida de duas pessoas que se amam, mas que sabem que não podem ficar juntas (será?). O "burburinho" na sala persiste, e até quando acaba, "Antes do Anoitecer" deixa-nos desconcertados.
Em 1995, o realizador norte-americano Richard Linklater juntou Ethan Hawke e Julie Delpy no romance "Antes do Amanhecer". O norte-americano Jesse conhece a francesa Celine num comboio europeu. A ligação entre ambos é demasiado forte para passar em branco e, por isso, passam as próximas 14 horas em Viena, fazendo sexo e tentando explorar um amor muito forte, até que se despedem e combinam encontrar-se de novo, no mesmo sítio, seis meses mais tarde. Um deles falta ao encontro e o amor parece diluir-se.
Nove anos depois, o mesmo Richard Linklater volta a juntar os dois para testar as barreiras do amor, acrescentando-lhes pormenores da vida pessoal dos actores. Jesse está em Paris, numa livraria, para promover o seu mais recente livro, a história de um amor que ficou por um encontro. Ao fundo sala, Jesse descobre Celine (mais tarde vai confessar que temeu não conseguir acabar a conferência de imprensa ao vê-la). Celine é uma activista e, ocasionalmente, escreve músicas. A canção que vai cantar a Jesse foi escrita por Julie Delpy, a actriz, como outras na banda sonora do filme. Curiosamente, Jesse tem de embarcar para Nova Iorque ao final do dia e, os dois, têm pouco tempo para recuperar o tempo perdido. Num passeio pelas ruas e jardins de Paris, e de barco pelo Sena, Jesse e Celine vão perceber que o tempo não apagou o amor, bem pelo contrário, transformou por completo a vida dos dois. O sentimento mais forte começa por ser a angústia, por todo aquele tempo terem vivido separados e, provavelmente, terem irremediavelmente afastado os seus rumos.
Quem não acreditar no amor à primeira vista, não acredita na segunda hipótese de encontrar o amor da sua vida, daí o meu aviso inicial. É preciso acreditar para se deixar envolver por uma conversa que dura 80 minutos e sonhar que, um dia, aquilo também nos pode acontecer. Tal como canta Nina Simone na banda sonora: "just in time, you've found me just in time, before you came my time was running low, i was lost the losing dice were tossed", Jesse e Celine estão juntos, não se sabe se para sempre, se por uma noite... isso fica ao critério de cada um, como fica o final do livro que escreveu.



Título Original: "Before Sunset" (EUA, 2004)
Realizador: Richard Linklater
Intérpretes: Ethan Hawke e Julie Delpy
Argumento: Richard Linklater
Fotografia: Lee Daniel
Música: Julie Delpy e Nina Simone
Género: Romance / Drama
Duração: 80 min
Sítio Oficial: http://wip.warnerbros.com/beforesunset


12 de outubro de 2004

11 de outubro de 2004

9 de outubro de 2004

7 de outubro de 2004

"Collateral" por Ricardo Clara


Los Angeles. Um homem estranho chega à cidade e apanha um táxi. Objectivo virtual: fechar alguns negócios imobiliários. Objectivo real: assassinar 5 pessoas que estão envolvidas num caso judicial. Para tal, rapta um condutor de taxi para o levar às suas vítimas e, por fim, depositá-lo no aeroporto. Será o intento concretizado?
Sob o olhar de Michael Mann, Tom Cruise encarna o papel de Vincent, um assassino a soldo que invade Los Angeles com o intuito de matar um grupo de 5 pessoas que estão envolvidas num processo judicial, enquanto trestemunhas de acusação. É um papel bastante interessante deste actor, que por ser um dos poucos que interpretou na sua carreira enquanto "mau da fita", leva a supor que seja uma fabulosa interpretação. Não é. É interessante, mas não genial. Com Jamie Foxx (este sim, construtor de uma marioneta de grande intensidade psicológica, detentora de uma complexidade intrínseca muito bem trabalhada) enquanto taxista, esta obra interessante do ponto de vista da realização (com uma rodagem baseada na câmara ao ombro) apresenta um argumento bem estruturado e idealizado, mas com um deselance exageradamente hiperbólico ( a mudança de carácter do taxista Max não está muito bem idealizada, bem como uma transformação deste homem simples e acanhado num quase super polícia, quase ao estilo de Rambo) mas que consegue prender o espectador até ao fim. Com imensos lugares-comuns, este "Collateral" criou algum impacto na crítica norte-americana (quer pela interpretação de Cruise, quer pelo regresso de Mann à realização) deixa um travo amargo, fruto de uma história incompleta, mas que é abrilhantada por algumas boas interpretações, uma boa fotografia e uma banda sonora competente. A rever.


4 de outubro de 2004

Títulos vários



Herbie volta à estrada

Está previsto para 2005 um novo filme sobre Herbie, o célebre carocha que surgiu nos anos 60 e não tem rival nas pistas de corrida. Este novo filme vai mostrar o corajoso Volkswagen a participar em Nascar e alguns dos seus parceiros de aventura neste filme serão Michael Keaton, Matt Dillon e Lindsay Lohan. A estreia americana está marcada para Agosto e deverá chegar à Europa entre Setembro e Outubro dependendo do país.


Mad Max

Também de volta à estrada está esta clássica trilogia que terá uma sequela em 2005 e onde Mel Gibson vai voltar à personagem que o lançou para a fama. O filme será realizado por George Miller como os anteriores. Na carreira de Miller os títulos mais sonantes sem Max são "The Witches of Eastwick" e "Babe: Pig in the City" por isso será conveniente ter um êxito garantido na agenda.


Algumas estrelas juntas

"A History of Violence" é um dos filmes a não perder para o pŕoximo ano. O mais recente trabalho de David Cronenberg conta com as interpretações de Ed Harris, Maria Bello, Viggo Mortensen e William Hurt. Tem importância referir que este vai ser dos últimos filmes de Ed Harris antes de experimentar o teatro, nos seus planos por enquanto estão apenas mais dois filmes.


Blockbuster natalício de 2005


"Zathura" é uma adaptação do livro homónimo de Chris Van Allsburg que conta a história de dois irmãos raptados por extra-terrestres. Apesar de o filme não ser muito apelativo destaco o papel de Tim Robbins como o pai destes dois aventureiros. O filme está previsto para o Natal de 2005 nos EUA e o realizador é o mesmo de "Elf" portanto será um dos títulos natalícios a ter em conta.

Presidenciais EUA Vs Cinema


O Antestreia, movido por curiosidade, decidiu contactar Pedro Ribeiro, o jornalista português que se encontra, neste momento, a cobrir as presidenciais de 2 de Novembro nos EUA e que diariamente publica peças no jornal diário Público. Com tantas manifestações anti-Bush (como o concerto "Vote for Change"), decidimos questioná-lo sobre a relação que este escrutínio e o cinema de Hollywood actualmente têm. Aqui fica a resposta, integral, que também pode ser encontrada no seu blog criado para informar sobre as presidenciais 2004. O link já está colocado na barra lateral à bastante tempo, mas nunca é demais relembrar: http://presidenciaiseua.blogspot.com.

"Houve nos últimos meses uma “explosão” do cinema documental, na sua maioria com obras de pequeno orçamento e de teor fortemente anti-Bush.

Quanto a Hollywood, o clima político leva a tentar encontrar mensagens ideológicas em qualquer novo filme. “The Manchurian Candidate”, “remake” de um filme dos anos 60, tinha um conteúdo político óbvio.

Estreia este mês nos EUA uma sátira dos criadores da série South Park, “Team America”, que com marionetes promete disparar em todas as direcções do espectro político americano.

As estrelas de Hollywood envolveram-se mais directamente na fase das primárias democratas. Aí era comum ver-se o actor/realizador Rob Reiner (o genro “cabeça de abóbora” na “sitcom” “All in the Family”) ou o actor Martin Sheen (o “Presidente Bartlett” de “West Wing”) a fazer campanha por Howard Dean.

Mas só nessa fase é que os actores ou cineastas são realmente úteis — porque atraem atenção dos “media” para candidatos menos conhecidos. Neste ponto, o seu papel é marginal — o actor Ben Affleck andava em todo o lado na convenção democrata, mas a imprensa só lhe ligava nas colunas do “social”, porque nessa altura já a luta política tinha ascendido a outro nível.

Os americanos não ligam muito ao que lhe dizem as estrelas do cinema ou da música. Como outro leitor já havia notado, a América é obcecada pela vida privada de actores ou “rockers” — mas quando eles lhes dizem em quem votar, a sua influência é reduzida.

Há até uma atitude do “cala-te e canta” — uma ideia de que é indecoroso os artistas usarem os seus palcos para impor as suas ideias políticas. A atenção alcançada pela “tournée” anti-Bush Vote for Change tem acima de tudo a ver com a participação de Bruce Springsteen — um músico que nunca havia declarado apoio a nenhum candidato, e que é encarado como uma espécie de “reserva moral” da América.

Hollywood tem peso político de outras formas — afinal, um actor de série B foi Presidente entre 1981 e 1989, e outro é actualmente governador da Califórnia.

O grande papel de Hollywood é no entanto enquanto fonte de financiamento. E, deste ponto de vista, “Tinseltown” é uma cidade quase totalmente democrata.

Muitos cineastas, produtores e actores de Hollywood são doadores activos e generosos para causas e candidatos democratas; o realizador Steven Spielberg ajudou a produzir o documentário biográfico sobre Kerry exibido na convenção democrata, o produtor Steve Bing (o ex-“mr. Sharon Stone”) já gastou mais de oito milhões de dólares do seu bolso para financiar grupos anti-Bush.

Há um punhado de artistas pró-Bush — mas eles são “aves raras” em Hollywood. O desdém republicano pelo mundo do cinema é tal que George W. Bush usou Hollywood como palavra de código no seu discurso perante a convenção republicana para atacar a “dissolução moral” dos democratas."


1 de outubro de 2004

"Catwoman" por César Nóbrega


Leite Azedo


Acaba de chegar aos cinemas "Catwoman", o francês Pitof realiza a história da felina mais sensual do mundo. Halle Berry é a gata, Sharon Stone a mulher da "cara da mármore". Uma aventura algo decepcionante para quem se lembra da Catwoman de Tim Burton.

Cada vez que me recordo da maravilhosa Michelle Pfeiffer a miar, fico arrepiado até aos ossos. Seguindo o sucesso que havia tido com "Batman" (1989), o realizador Tim Burton voltou a chamar Michael Keaton para fazer de Homem Morcego e a actriz norte-americana para encarnar a felina mais perigosa da história do cinema - Catwoman - em "Batman Returns" (1992). Tão poderosa foi a personagem que, desde aquela altura, surgiram possibilidades da gata se divorciar do morcego e tentar uma aventura a solo. Fosse qual fosse a hipótese, uma sequela ou uma nova aventura, eu sonhava com esse dia.

Mais de uma década depois, a possibilidade torna-se realidade e "Catwoman" sobrevoa sozinha os telhados da cidade. Do alto dos seus 47 anos (muito bem conservados, diga-se de passagem), parecia arriscado entregar o papel, novamente, a Michelle Pfeiffer. Onze anos mais nova, Halle Berry, acabadinha de ganhar um Óscar da Academia de Hollywood, pelo seu papel em "Depois do Ódio" (2001) e o seu brilhante desempenho como agente Jinx, no mais recente filme de James Bond, "Die Another Day", parecia ser uma aposta ganha.

A realização de "Catwoman" ficou a cargo do virtuoso gaulês Pitof. Em 2001, o Fantasporto exibiu o seu primeiro filme, "Vidoq", a história de um detective (Gerard Depardieu) que finge a sua morte para apanhar um terrível assassino que rouba a alma das pessoas, "O Alquimista". O filme foi totalmente rodado em câmara digital e depois retocado no computador. O efeito final era muito interessante, dando ideia que estávamos a assistir a uma enorme pintura em movimento.

Desenganem-se, contudo, aqueles que pensam que a ciência se aplica ao cinema - uma actriz boa, mais um bom (pelo menos, prometedor) realizador, nem sempre dão um grande filme.

Pitof deslumbrou-se por Halle Berry (pudera!). O francês passa o filme a tentar mostrar os atributos da actriz norte-americana, só que, na maior parte das vezes, aquilo que vemos são os efeitos especiais, uma boneca digital a saltar pelos telhados. Quando vemos Halle Berry, ela está mal vestida, mal penteada e quando está bem penteada, está loira! - Já lá dizia o restaurador Olex, não é natural.

"Catwoman" é um filme de acção que falha em quase tudo, começando pela própria acção. O argumento é batido e tudo se passa, como se nada se passasse! O ritmo que a banda sonora (essa boa) tenta imprimir, descomprime com algum exagero de Halle Berry - eu já tive uma gata e ela não era assim!

"Catwoman" tem uma coisa boa: Sharon Stone. A actriz com 46 anos dá ao seu papel um sentimento de realidade impressionante, nunca falhando quando é precisa. A actriz é Laurel Hedare, mulher de George Hedare (o francês Lambert Wilson, que vimos em "The Matrix" 2 e 3 como o magnífico Merovingion) os donos da "Hedare Beauty", uma empresa de cosméticos que, em breve, vai lançar um creme anti-envelhecimento revolucionário. Mais do que o marido, Laurel está disposta a tudo, menos destruir a sua "péle mármore", para defender o império, quando um terrível segredo ameaça ser tornado público. Halle Berry é Patience Philips, uma designer gráfica que trabalha na "Hedare Beauty" e, por acaso" descobre que o mais recente crème da empresa tem contra-indicações terríveis. Um acaso que lhe vai custar a vida, ou talvez não, já que renasce como "Catwoman".