27 de fevereiro de 2005

”Saw” por Nuno Reis

Ao fim de tantos filmes que “só o Fantasporto tem coragem de mostrar” e ainda mais antestreias europeias e mundiais, era chegada a hora de ser projectado um filme já divulgado por todo o mundo e esperado pelo público, “Saw”.
Dois homens acordam acorrentados em cantos opostos de uma sala com um cadáver entre eles. Após ouvirem as cassetes que encontram nos seus bolsos ficam a saber o que se passa: foram capturados por um psicopata que pretende ver um a matar o outro. Juntando as pistas deixadas encontrarão várias soluções para o seu problema só que essas incluem sujar muito as mãos e… cortar o próprio pé. Esse estranho método faz com que um dos prisioneiros descubra quem os prendeu ao se lembrar de um criminoso que induzia suicídios, para viver terão de sofrer tanto que o mais provável é morrerem de qualquer forma.Sendo essa a fórmula mágica por trás de “Cube” (se não saírem morrem, ao procurarem a saída morrem) o Fantasporto foi sem margem para dúvidas o local ideal para exibir “Saw”. A mentalidade deliciosamente perversa do assassino dá-lhe um lugar no top de vilões cinematográficos. Mortes originais, bastante acção e o criminoso mais improvável, aliados à simplicidade do desenrolar da história e a perfeita representação da condição do Homem como escravo da vida, fazem deste título a prioridade imediata para amantes de thrillers. O realizador James Wan é outro dos australianos que chegou à América para vencer, estreia-se com este incrível “Saw” e se aqui devia ter usado mais mortes, que o espectador descanse pois um segundo filme está já prometido e aí haverá muitas novas mortes.

”El Lobo” por Nuno Reis


Baseado num momento chave da história espanhola do século XX e centrado numa personagem incontornável dessa mesma história, o quarto (e último) título espanhol em quatro dias. O filme começa por dizer que é baseado em factos verídicos o que levanta algumas suspeitas a quem não conheça a verdade pois o argumento consegue misturar plenamente amor com traição, dedicação com obrigação, morte com liberdade, e ainda mostrar todos os lados da história, quem quer a luta armada, quem quer a luta política e quem sofre no meio dos confrontos entre a ditadura e os revolucionários. A lenda de Lobo começa com um homem que simpatizava com o movimento separatista basco, quando um golpe com o qual ele não concordava é bem sucedido e ele é preso, é convidado pelos SECED, serviços secretos espanhóis, a trocar informação pela sua liberdade. O orgulho e o muito amor que tem à família levam-no, a procurar os SECED quando perde o negócio. Eles convencem-no a utilizar o seu passado para integrar as unidades da ETA e a chegar ao topo para eliminar o mal pela raiz, algo que ele vai levar à letra. Quando a mulher o deixa a dedicação à missão e a coragem de quem sabe que nada lhe acontecerá colocam-no nos grupos mais influentes da organização onde várias denúncias vão eliminando os superiores de Nelson que pretende o poder absoluto. A captura do líder da ETA faz com que o governo pretendo resultados imediatos e retiram poder à SECED, cancelam a operação Lobo, e ainda o tentam matar. A partir desse momento terá de lutar sozinho por aquilo em que acredita e sozinho terminar com a destruição da ETA. È difícil acreditar que uma só pessoa tenha dado tamanho golpe numa organização tão perigosa.
O filme é bom e tem quantidades suficientes de acção, armas, mortes e sexo para conquistar o público, as mortes não são exageradas e curiosamente a ETA não é apontada como uma organização terrorista implacável mas sim como um grupo de pessoas que quer a liberdade infelizmente rodeados de fanáticos. Peca por ser longo, duas horas num filme deste género é demasiado tempo.

”Acquaria” por Nuno Reis


A água levou à guerra, a falta dela levou à destruição do planeta. Num mundo pós-apocalíptico em que o deserto ocupou todo o globo e a pesca é feita nas areias, a sobrevivência obriga a uma batalha constante contra os elementos e, mais importante, obriga a poupar água de uma forma incrível. Esta gigantesca produção brasileira com componente ecológica ainda tem mais um motivo de interesse, os irmãos sensação da música brasileira, Sandy & Júnior, são os protagonistas. O último título brasileiro a ser exibido no Fantas foi “O Auto da Compadecida”, uma divertida comédia religiosa que juntamente com “Deus é Grande” augurava o melhor para o cinema ligeiro desse país. Mas por trás da grande produção está um filme banal, claro que tem um pouco da cultura brasileira e desperta atenção para um problema grave (possivelmente o maior desafio da Humanidade) só que pode ser descrito como um veículo de produção dos músicos, aliás, com mais dez minutos cantados, tornariam o filme um extraordinário videoclip.
A reacção do publico não foi a melhor, após o desaparecimento do cão ao fim de meia hora quase vinte pessoas saíram da sala (convém dizer que estava bastante cheia para noite de semana e com futebol), reconheço que até aí o animal era de longe o melhor actor e o que tornava tudo aquilo divertido mas o filme ainda tinha algo para dar. Vários detalhes sobre as fronteiras vão colocando suspeitas na mente dos espectadores, e Giuli sozinho não encanta o suficiente. Sendo bastante moralista consegue transmitir as suas mensagens: “Sandy & Júnior, compre já” e mais importante ainda “cuidem do futuro”.

”Deadly Cargo” por Nuno Reis


Mais uma vez o cinema espanhol… Ver um por dia começa a ser cansativo, mas como já deram quase todos que vieram ao festival daqui para a frente a programação será mais variada. No Senegal uma repórter fotográfica decide fazer um pouco de mergulho em mar alto antes de regressar a casa. Depois de conhecer os seus companheiros de excursão - um casal à espera do primeiro bebé e dois jovens desportistas – vai vestir o fato de mergulho o que, obviamente, é uma ocasião para mostrar o corpo ao público e ao miúdo que os levará. Já não me lembro de filmes espanhóis em que nenhuma actriz se despisse, neste fazem-no de uma forma mais incompreensível mas também mais inocente. Durante a viagem, um cadáver a boiar torna-se o prenúncio de um desastre e momentos depois encontram-se todos a nadar, a quilómetros da costa. Ao fim de algum tempo avistam um barco para onde nadam desesperados, o que mais tarde se apercebem é que nesse barco estão uns vultos negros a matar pessoas. Enquanto a mente do espectador pensa em piratas ou terroristas os seis aventureiros sobem para o barco. Escondidos descobrem que o barco “apenas” faz tráfico de animais e ficam cada vez mais preocupados com as suas vidas, os opositores são cinco e estão armados, eles têm entre eles os seis duas mulheres (uma delas grávida) e uma criança e apenas levam uma máquina fotográfica, uma faca e a roupa colado ao corpo. São levados por um animal a procurar ajuda médica e serem vistos nessa busca faz com que um deles tenha de se entregar para não ameaçar os restantes. A partir daí é a clássica história de grupo de clandestinos - sacrifício do indivíduo pelo colectivo, sobrevivência e resistência, vida ou morte – havendo uma ou outra cena com interesse. Gostei do final debaixo de água, pela simplicidade com que fizeram as filmagens (não inventaram novas técnicas mas conseguiram imagens bonitas) e por mostrarem alguma dedicação nas personagens sem tornarem o filme estúpido.
Um thriller ao estilo americano com personagens estereotipadas pouco desenvolvidas mas que cumpre o seu objectivo: entreter. Não sendo um grande filme é bem capaz de se safar nas salas comerciais, uma boa antestreia num festival que começa a pedir salas esgotadas.

”Sideways” por Nuno Reis

A antestreia mais importante do ano no Fantasporto foi este “Sideways”, um dos filmes nomeados para vários Óscares da Academia que os fãs do fantástico tiveram oportunidade de ver um dia antes da estreia nacional.
A história segue dois amigos bastante diferentes que, na semana anterior ao casamento de um deles, por sugestão do outro, vão fazer uma visita à região vinícola da Califórnia. Enquanto para o primeiro, um actor que já ultrapassou o seu apogeu, a semana tem de ser de loucura e pretende ter sexo, para o segundo, um escritor à espera de resposta de uma editora, o objectivo é passar uns dias calmos a beber bem. Quando encontram mulheres simpáticas que aceitam um encontro duplo começa uma aventura amorosa, repleta de bons vinhos e muita paixão, que aproxim ambos do desespero. Roça o drama ao analisar diversos problemas que as personagens atravessam mas gira quase sempre para a comédia, tempera todas as situações com vinho por esse ex-libris da região está presente em tudo o que fazem. O filme consegue falar mesmo muito de vinho mas sem cansar, consegue repetir a mesma piada diversas vezes sempre com graça, consegue criar situações hilariantes onde ninguém veria diversão (ri-me várias vezes a ver uma cena de golfe) e outras ainda melhores surgem quase espontaneamente nos momentos que são tradicionalmente divertidos.
Paul Giamatti muito bem como é habitual, Thomas Haden Church num papel sem dúvida inesquecível, como era um filme sobre homens as personagens femininas são secundárias e as actrizes são muito discretas mas Virgínia Madsen foi uma boa escolha para o seu papel e para Sandra Oh foi uma grande progressão na carreira. Argumento brilhante e com um sentido de humor incrível (tenho de o repetir pois já esperava um bom filme mas nunca pensei que fosse tão fácil de ver) interpretado por bons actores, num cenário belo. Um dos poucos filmes por que torcerei na noite dos Óscares, a comédia do momento acabada de chegar às salas comerciais e que merece sem dúvida alguma ser vista, mal acabe o Fantasporto.

24 de fevereiro de 2005

"Million Dollar Baby" por Filipe Lopes

Escrevo estas linhas com os dedos embargados e a alma rendida à última película de Clint Eastwood. Há filmes assim, tão extraordinários que aparentam ter sido talhados para se tornarem imortais, em que todos os fotogramas nos surgem como que tendo vida própria e em que cada micrómetro quadrado de cada um destes parece expelir fartas doses de sentimento. "Million Dollar Baby" é desse tipo. Genuíno, puro, simples, gigantesco, brilhante. Li, um dia, o escrito de alguém que se referiu a Eastwood como herdeiro directo de Hawks, ou Ford, de determinada forma de filmar, de certo modo de olhar o mundo. A mesma pessoa referiu-se a ele como "o último realizador clássico". Lamento não me lembrar de quem escreveu isto, mas não podia estar mais de acordo, embora eu acrescentasse, ainda, um outro nome: o de Capra, pela sensibilidade e pelo afecto com que conseguem, ambos, comunicar com o público através das suas histórias e das suas personagens. Serve esta introdução para desenganar aqueles que pensem, ao ler a sinopse antes de entrarem na sala de cinema, estar perante, apenas, mais uma película sobre boxe. Nada de mais errado! Por duas razões. A primeira, por todos os filmes sobre qualquer modalidade desportiva (ou outro qualquer assunto) serem sempre, quando bons, muito mais do que isso (há alguém que defenda que o "Raging Bull", do Scorsese, é "apenas" um filme sobre boxe, por exemplo?); a segunda, porque qualquer obra realizada por Clint Eastwood, com particular ênfase para o seu trabalho nas últimas duas décadas, é sempre relacionada com mais do que "apenas" qualquer assunto que lhe dê origem, ou sobre o qual esteja, supostamente, mais centrado.
A dada altura, sentado na cadeira da sala de cinema enquanto assistia a "Million Dollar Baby", veio-me à cabeça uma pergunta: "o que seria eu, o que seria cada um de nós, capaz de fazer por amor?" Esta questão surgiu-me alguns minutos antes da última imagem do filme, por razões que se prendem com a história e que eu não vou, obviamente, contar, mas manteve-se por muito tempo... mantém-se, aliás, na altura em que escrevo este texto. Porque é uma pergunta fundamental para que o sintamos na sua plenitude e porque é disso, ao fim e ao cabo, que se trata - de sentimento (que emana da tela até ao público) e de amor. Seja o amor paternal e filial entre duas pessoas que não são biologicamente pai (Clint Eastwood) e filha (Hilary Swank), mas cuja caminhada, lado a lado, faz com que estabeleçam laços tão fortes que fariam corar de vergonha (e inveja?!) certos pais e filhos que por aí existem; seja amor fraternal entre dois homens que não são irmãos, mas poderiam ser, mesmo um sendo branco (Eastwood) e outro preto (Morgan Freeman); seja o amor angustiado do protagonista pela verdadeira filha (biológica) que o ignora e às suas cartas, ou até o amor, por parte do trio de personagens principais, ao boxe e a tudo (ou quase) o que o rodeia.
Numa obra portentosa e sublime, como esta, parece-me muito difícil apontar qualquer tipo de falha. Não dei por nenhuma, desde o enquadramento à fotografia, à exploração do espaço e do tempo, à magistral interpretação dos actores (os três referidos anteriormente estão simplesmente geniais), aos temas musicais arrastadamente melancólicos (igualmente da responsabilidade de Clint Eastwood), ou à negação da lamechice por parte do próprio argumento. Não dei por nenhuma falha, repito, mas, se existe alguma, não tem qualquer tipo de relevância, porque mesmo que não houvesse qualquer razão adicional (e há!), o simples facto de "Million Dollar Baby" ser um filme que trata de redenção, bastaria. E falo de redenção, não apenas das personagens que dele fazem parte (até porque, na narrativa, ela surge através de caminhos tortuosos), mas também de nós próprios em relação ao cinema. Este é DAQUELES filmes que nos reconciliam, em absoluto, com a 7ª Arte e que nos fazem sair da sala a pensar que foi um dos melhores que vimos na vida. E se dá bastante gozo escrever sobre um filme assim, acreditem que vê-lo dá muito, mas muito mais!

23 de fevereiro de 2005

”Hipnos” por Nuno Reis


Outro dos títulos que os nossos vizinhos trouxeram para este nosso festival foi “Hipnos”, mais um filme claustrofóbico e recheado de sexo. A história segue Beatriz Vargas, uma jovem psicóloga acabada de chegar a um sanatório de topo. Nessa instituição retirada do mundo tem pacientes com todo o género de problemas mas existem três em particular que a fascinam e todos com o mesmo problema: quererem esquecer o passado. As dificuldades de adaptação inerentes a um local desses e algumas situações delicadas com os pacientes, fazem com que a jovem médica não se sinta bem e procure em medicamentos um escape desse mau período.
Com algumas mortes ligeiras e alguns jogos mentais o filme vai-se desenrolando, as personagens vão ficando mais loucas e muitos suicidam-se pelo meio. Uma revelação feita por "M" faz com que Beatriz enfrente os seus medos para descobrir por que razão tanta gente se mata mas será ela suficientemente forte para saber a verdade? E qual será a relação entre todos aqueles pacientes e os médicos? Um final inteligente que poderia ter sido melhor aproveitado dá todas as respostas. Um filme que vale pela intenção, uma boa estreia para David Carreras Sole.

”Toolbox Murders” por Nuno Reis


Eram muitas as expectativas em torno deste tão aguardado regresso de Tobe Hooper. O autor de um dos filmes verdadeiramente de culto do Fantas, “Texas Chainsaw Massacre” (o original). Um filme chamado “Assassinos da Caixa de Ferramentas” não traz tantas ideias macabras como “Massacre com Serra Eléctrica” mas com um pouco de imaginação pode ser bem pior.
A história passa-se num antigo prédio de apartamentos, com muita mística e muitos defeitos. Um jovem casal, Nell e Steven, acabou de se mudar para lá aproveitando uma incrível promoção só que nesse edifício as paredes são finas e enquanto Steven trabalha Nell ouve muitos barulhos suspeitos. Por sugestão de um vizinho e visto que a polícia já não acredita nela decide investigar por conta própria. Entretanto já perdeu duas vizinhas…. O prédio tem pessoas dos mais diversos géneros, desde o velho actor reformado, até ao pretendente a actor, passando por pessoas estranhas e por pessoas vulgares. À medida que ela investiga a estrutura descobre um estreito prédio escondido onde algo maligno se passa.
Não é suficientemente claustrofóbico mas a alternância entre comédia ligeira e horror dá gosto. O argumento tinha alguns improvisos que dão nas vistas e várias cenas óbvias (como nenhum vilão morrer à primeira). Sem ser uma obra-prima do terror consegue causar uns bons sustos e foi a primeira estreia que realmente teve espírito Fantas (ouviu-se bastante nas cenas das mortes), é um prazer ver que os velhos nomes ainda dão luta no cinema moderno.

”Rottweiller” por Nuno Reis


Outro dos títulos que marcou o início do 25º Fantasporto foi “Rottweiler” de Brian Yuzna, o realizador de diversos filmes de culto incluindo o aclamado “The Dentist”. Um filme centrado num cão assassino não atrairia espectadores à meia-noite em nenhuma sala, excepto num festival do fantástico. Cheguei a pensar que o objectivo desta fita era revelar o poder destrutivo dessa raça pois várias pessoas são cruelmente mortas e desmembradas ao longo do filme, ao início classifiquei como gore, ao fim de uma hora já considerava como violência gratuita. A história segue Dante, um jovem americano que tentou entrar ilegalmente em Espanha como parte de um jogo, nessa brincadeira perdeu a namorada e foi preso. Quando se consegue evadir e vai em busca dela é perseguido por uma pessoa e um cão, horas depois é apenas ele contra o cão que tem uma única ordem: encontrar e matar. A história está dividida em duas: antes da prisão e depois da prisão, quando a vida era um sonho e quando era um inferno.
Já que a personagem canina teve direito ao título começarei por falar dela, esse animal tem como passatempo mutilar pessoas, matando-as de forma rápida mas não indolor. O seu dono deu-lhe uma última ordem que ele irá cumprir e nada nem ninguém o consegue parar. Da forma que o cão foi maquilhado parece assustador e não se lhe podia pedir mais do que isso, dos actores humanos não posso dizer o mesmo. As tentativas da Fantastic Factory de se expandir para os mercados estrangeiros (EUA) fez com que metade do filme fosse falado numa incrível mistura de castelhano com inglês e com que o sexo fosse um dos temas de topo, destruindo a boa impressão que eu vinha a formar do cinema espanhol.
O final do filme tenta compensar o tempo inutilmente passado na sala, o combate de Dante contra os seus monstros antes de poder derrotar o monstro foi uma boa ideia e o incrível Paul Naschy, estrela maior do terror espanhol, está ao seu melhor.

”Constantine” por Nuno Reis

Por ter sido o filme de abertura do Festival Internacional de Cinema Fantástico do Porto “Constantine” merece muito do destaque da semana. Keanu Reeves é John Constantine, um fumador incurável que parece algo como um exorcista. O início do filme faz lembrar “The Lord of the Rings” mas um incrível acidente atrai imediatamente qualquer espectador e lança o repto para um filme que muita acção. É imediatamente dado um lado cómico ao filme pelo parceiro de Constantine, o jovem Shia LaBeouf que apesar de querer ser um aprendiz não tem sido nada mais que um motorista. Os demónios do filme são interessantes, não são criados como criaturas assustadoras mas sim como perigosos e traiçoeiros, as suspeitas de Constantine apontam para um acontecimento único, o problema é ele não fazer ideia do que se passa. Enquanto Constantine sente a morte a chegar por culpa própria, Angela (Rachel Weisz) sofre pela morte da irmã Isabel (mais uma vez Weisz) num suicídio em que não consegue acreditar. Um vídeo leva-a a procurá-lo e uma invasão de demónios convence-o a ajudá-la, juntos irão investigar quem os ameaça e o porquê de as pessoas mais importantes das suas vidas estarem a morrer.
O filme desenrola-se quase sempre de forma mais calma do que seria de prever, surgindo ocasionalmente um efeito visual não muito imponente (e às vezes despropositado) mas aceitável. Apesar de o argumento não ser nada de extraordinário está melhor que o de “Exorcist: The Beginning”, não exige tantos conhecimentos bíblicos como alguns títulos anteriores e o ligeiro lado cómico consegue torná-lo diferente do género a que pertence. A ironia no encontro entre anjos caídos e num milagre feito por Lúcifer são excepções num final infelizmente previsível, a criatividade está ausente nos grandes estúdios.

14 de fevereiro de 2005

"Elektra" por Filipe Lopes

Mais do que mau, "Elektra" é um filme irritante. Por várias razões, mas a maior de todas é porque nos apercebemos que o resultado final poderia ter sido (muito) bom, se quem o fez tivesse tido vontade e/ou engenho. Quem me conhece bem, sabe que eu sou um desvairado leitor de banda-desenhada. Quem não me conhece bem, fica desde já a saber que sou um tresloucado leitor de banda-desenhada. Já passei, há muito tempo, o trauma de ter que ler BD às escondidas por isso ser "coisa de putos", portanto não me ralo nada de gritar aos sete ventos que sou um incontrolável leitor de banda-desenhada (acho que tenho de voltar àqueles comprimidos que o meu psiquiatra me receitou!). Desde pequeno que me entretenho a devorar páginas e páginas repletas de pranchas e balões, sobretudo dos comics americanos da DC e da Marvel, que é, precisamente, o sítio de onde vem a personagem Elektra do filme com o mesmo nome estreado na quinta-feira passada. Já tinha dito, aquando da estreia de "Daredevil" (o célebre super-herói cego de sentidos apurados que merecia bem melhor que Ben Affleck para lhe dar corpo), que a Jenniffer Garner tinha ganho o direito de ter uma fita só para ela e para a "sua" Elektra. A oportunidade surgiu e para a realizar foi chamado Rob Bowman, que tão boa conta de si tinha dado em circunstâncias anteriores, nomeadamente na direcção de vários episódios de "X-Files", já que a adaptação cinematográfica da série, também feita por ele, até nem foi muito feliz. O argumento tinha sido entregue a uma equipa de três elementos, de onde despontava o nome de Zak Penn, um dos tipos que teve a ideia para o divertidíssimo "Last Action Hero" e tudo parecia encaixar-se relativamente bem. De um lado, tínhamos uma das personagens mais misteriosas do Universo Marvel, uma assassina especialista em artes marciais linda, rica e letal; para a encarnar, uma jovem actriz em ascensão que já o tinha feito (e bem) em "Daredevil"; a equipa técnica parecia competente, ou merecia, pelo menos, o benefício da dúvida…
Bem, mas a verdade é que "Elektra" é uma enorme desilusão… Quero dizer, a Jennifer Garner até fica bem com aquelas roupinhas de cetim, é gira e tudo, mas não chega para salvar um filme onde tudo parece ser, lamentavelmente, deitado fora - desde algumas boas ideias, até alguns efeitos especiais competentes. A história não é má - trata de uma miúda com poderes especiais que é considerada um tesouro e por isso perseguida pelos maus e protegida pelos bons, de modo a que venha a fazer parte de uma das respectivas equipas, assim à laia de jogador fora-de-série de quem todos andam atrás no mercado de transferências de futebol -, mas o desperdício de talentos e de meios é tão gritante, que fico a pensar ser uma pena o realizador ter destruído a vida da Elektra no cinema. É pena, mas é disso que se trata…



Título Original: "Elektra" (EUA, 2005)
Realizador: Rob Bowman
Intérpretes: Jennifer Garner, Goran Visnjic, Kirsten Prout, Terence Stamp
Argumento: Zak Penn, Stuart Zicherman, Raven Metzner
Fotografia: Bill Roe
Música: Christophe Beck, Evanescence, Amy Lee
Género: Acção, Aventura, Fantasia
Duração: 96 min
Sítio Oficial: http://www.elektramovie.com/

10 de fevereiro de 2005

"Ray" por Nuno Reis


Se a semana passada “The Aviator” era o filme biográfico a não perder, esta semana a escolha fica muito mais difícil com “Kinsey”, sobre um cientista revolucionário, e “Ray”, sobre a extraordinária vida de um dos maiores artistas do século vinte.
Uma das razões que tornam este filme incontornável é que juntamente com “Collateral” e “Redemption: The Stan Tookie Williams Story” tornaram Jamie Foxx o primeiro actor a ser nomeado para três Golden Globes” (Melhor Actor Principal, Melhor Actor Secundário e Melhor Actor em Tele-filme). Qual a razão por trás de tanto sucesso? Em “Ray” vê-se o empenho e sacrifício que dedica à personagem, o actor quis conhecer suficientemente bem o Ray septuagenário para poder imitar o músico, mas não demasiado pois tinha de recriar um Ray ainda com 20 e 30 anos, durante as filmagens utilizou umas próteses que o deixaram mesmo cego e utilizou o seu próprio talento musical para interpretar todas as músicas de Ray Charles, uma estrela consagrada em diversos estilos.
Acompanhando Ray desde os seus primeiros tempos vemo-lo a mentir sobre a cegueira para poder ir para a cidade actuar, vemo-lo a tornar-se amigo de Quincy Jones, a lutar pelos seus direitos, a ser incompreendido por muitos, a arriscar tudo para ser alguém e a triunfar contra todas as expectativas, conseguindo contratos extraordinariamente proveitosos. A música sempre presente acompanha todos os estilos: começou no country, experimentou misturar soul com gospel, tornou-se uma estrela em blues, redefiniu o jazz e foi um dos criadores do rock & roll. Enquanto progride como artista é preciso não esquecer que é também um ser humano, vemos o seu casamento, as relações extra-conjugais, como entra no mundo da droga e como luta para de lá sair quando ela começa a levar os seus amigos. Como enfrenta o racismo é banido da Geórgia mas isso faz com que os seus fãs entre os afro-americanos aumentem de número e aproveita essa redução no número de espectáculos nos EUA para se lançar em digressão pelo mundo atingindo um sucesso sem comparação.
Uma digna homenagem a um lutador cujos carreira só terminou com a morte. Para quem gosta de Ray Charles este é um título único, quem não conhece vai descobrir o que tem andado a perder e os que não gostam do músico pode ser que comecem a admirar o homem.

Título Original: "Ray" (EUA, 2004)
Realizador: Taylor Hackford
Intérpretes: Jamie Foxx, Kerry Washington, Regina King
Argumento: Taylor Hackford, James L. White
Fotografia: Pawel Edelman
Música: Craig Armstrong, Ray Charles
Género: Drama, Musical
Duração: 152 min
Sítio Oficial: http://www.raymovie.com/

"Garden State" por Nuno Reis


Uma das surpresas nas estreias desta semana é “Garden State”, a primeira obra de Zach Braff, actor já visto em “Manhattan Murder Mystery” de Woody Allen e no clássico natalício “It's a Very Merry Muppet Christmas Movie” em papeis bem secundários. O seu sucesso na série “Scrubs” fez com que decidisse avançar com um argumento próprio e depois de diversas experiências conseguiu o impensável: as músicas que escolheu ficaram todas, a actriz que queria aceitou o papel e o filme foi aplaudido por todo o país lucrando 26 milhões. Nada mau para um estreante.
A história centra-se em Andrew (interpretado pelo próprio Braff), um jovem com alguns problemas que volta a casa para o funeral da mãe e passa com os seus amigos os poucos dias que ficará por lá. Aquilo que parece seguir o caminho clássico dos filmes independentes, com possibilidades de se tornar um filme para adolescentes, ganha de repente um rumo totalmente novo com a entrada em cena de Samantha (Natalie Portman) a interpretar uma adorável mentirosa. A paixão latente entre Andrew e Sam, a estranha forma de ser do amigo Mark (Peter Sarsgard), a relação de Andrew com o pai (Ian Holm), a original família de Sam, a perturbada família de Mark, a infância de Andrew e várias personagens secundárias interessantes criam um bom lote de situações. O filme consegue ser de uma enorme simplicidade e portanto transmitir as suas mensagens de forma agradável, sem ser muito sentimentalista deixa marca nos apaixonados, faz pensar mesmo semanas depois. Era bom que houvesse mais filmes assim, um excelente começo para Braff.


Título Original: "Garden State" (EUA, 2004)
Realizador: Zach Braff
Intérpretes: Zach Braff, Natalie Portman, Ian Holm, Peter Sarsgaard
Argumento: Zach Braff
Fotografia: Lawrence Sher
Música: Nick Drake, Chad Fisher
Género: Drama, Comédia, Romance
Duração: 109 min
Sítio Oficial: http://www.gardenstatemovie.com/

6 de fevereiro de 2005

5 de fevereiro de 2005

"Meet the Fockers" por Nuno Reis


"Meet the Parents" logo a seguir a "The Royal Tenembaums" era a minha comédia preferida com Ben Stiller, o mérito pode ser do talento de De Niro que tinha acabado de fazer outro grande papel cómico em "Analyse This", mas Stiller nasceu para fazer personagens que são gozadas e nesse filme sai-se muito bem. Se com o já referido "Analyse This" a sequela foi má ideia, neste "Meet the Parents" foi a melhor ideia que tiveram.
A história típica de conhecer os sogros foi bem convertida, a história de levar os sogros a conhecer os pais poderia ser forçar demasiado a galinha dos ovos de ouro mas os nomes indicados para se juntarem ao elenco, Dustin Hoffman e Barbra Streisand, já faziam prever uma surpresa.
Que grande surpresa ver Dustin Hoffman num papel tão ou mais divertido que "Tootsie", e ver Streisand num dos melhores papeis da sua carreira, mesmo depois de tanto tempo parada. O filme começa por recuperar a história, o nome Focker, a atribulada viagem de avião e apresenta uma nova personagem (e que personagem) também com o nome Jack, mas quando Jack pergunta "o que podem ter de mal uma médica e um advogado?" abre-se a porta para uma das comédias do ano.
Robert de Niro continua a actuar genialmente, consegue ser dos melhores tanto na comédia como no drama, Blythe Danner tem um papel pequeo mas bem melhor que no primeiro filme e utiliza a sua vasta experiência para estar ao nível de Streisand. Teri Polo tem um papel mau como habitual, Ben Stiller sai-se bem, consegue representar e por não ser torturado constantemente tem uma personagem credível. Em relação a Hoffman e Streisand não vale a pena comentar, só visto se consegue perceber quão bons estão.
Jay Roach está de parabéns por se ter conseguido manter afastado do humor fácil dos "Austin Powers" e os argumentistas pela história criada. Está ligado ao primeiro filme mas não em excesso, só o cameo de Owen Wilson não é percebido por quem não viu a prequela, as outras piadas podem fazer rir mais quem a viu mas por si sós são suficientemente boas para se pagar um blhete.

Mais uma vez, as visitas



Ontem atingimos a marca das cinquenta mil visitas, não parece mas é mais que muitas salas de cinema. Obrigado aos nossos leitores.

3 de fevereiro de 2005

"The Aviator" por Ricardo Clara

Estreia hoje um dos filmes mais esperados do ano. "The Aviator" dirigido por Martin Scorsese, vem apimentado com as nomeações para Óscar: 11 no total, entrando em categorias tão importantes como Melhor Filme, Melhor Actor ou Melhor Actor / Actriz Secundários. Com um elenco de luxo, será concerteza o grande vencedor da noite de 27 de Fevereiro, apesar da feroz concorrência que o persegue este ano (sexta nomeação para Scorsese, que nunca conseguiu arrebatar o galardão).
"The Aviator" é um biopic sobre a vida de Howard Hughes (Leonardo DiCaprio), um multimilionário, realizador e aviador, que bateu inúmeros recordes de velocidade, e que investiu mulhões de dólares numa companhia aérea (TWA), um homem excêntrico, cuja paixão por mulheres era sobejamente conhecida (Hughes teve affaires com grandes estrelas de cinema de Hollywood, como é o caso de Katherine Hepburn, Ava Gardner, Jean Harlow e Bette Davis, entre outras). Neste filme, que retrata a sua vida dos anos 20 aos anos 40, somos levados a ver desde a realização do filme mais caro da história, naquela época ("Hell's Angels") até aos casos amorosos com Katherine Hepburn (brilhantemente interpretada por Cate Blanchett) e com Ava Gardner (Kate Beckinsale). Em meados dos anos 30, e já com a sua doença em franca manifestação, o jovem milionário empreende uma luta para tornar uma companhia aérea, da qual era proprietário maioritário, a primeira a realizar voos de longo curso entre os EUA e a Europa. Com a feroz oposição de Juan Trippe (Alec Baldwin), dono da PGA Airlines, rival da TWA detida por Hughes, e do senador Ralph Owen Brewster (outra fabulosa interpretação,agora de Alan Alda, nomeado para Melhor Actor Secundário), Howard Huges vê-se a braços com um inquérito publico, que o acusava de ter gasto dinheiro em tempo de guerra (estavamos em plena Segunda Guerra Mundial), numa tentativa de retirar-lhe o controlo da companhia aérea. Impulsivo, mulherengo, esbanjador, louco, tudo epítetos de uma das grandes figuras da sociedade norte-americana do início do século passado, que podem ser apreciadas nesta grande obra.
E para entrar um pouco mais no filme, nada como falar um pouco da equipa que o produziu. À cabeça, o incontornável Martin Scorsese (quando falamos de cinema, falamos de Scorsese, quando falamos de Scorsese, falamos de "Raging Bull", de "Taxi Driver", de "Goodfellas", ou de "Gangs of New York"). Brilhante a realização, as sequências, os planos que, apesar de maçadores em certas situações, conseguem ser arrebatadores noutras, é perceptível uma mudança na estética do realizador, mas nunca abandonando a su genialidade, e a forma mágica como ele manipula os nossos sentimentos. De seguida o elenco (e que elenco): Leonardo DiCaprio no papel principal (também nomeado para Óscar), tem a interpretação da sua vida; uma fabulosa Cate Blanchett traz literalmente à vida Katherine Hepburn (os tiques, as poses, o sotaque de New England, trabalhado até à exaustão), sendo com certeza a grande candidata para Melhor Actriz Secundária. Kate Beckinsale no papel de Ava Gardner, Alec Baldwin enquanto Juan Trippe, um fantástico Alan Alda no papel do Senador Brewster, ou John C. Reilly (Noah Dietrich), interpretando o braço direito de Hughes. Mas sem esquecer os cameos: Gwen Stefani (vocalista dos No Doubt) no papel de Jean Harlow, Jude Law na pele de Errol Flynn, Willem Dafoe e Rufus Wainwright completam um elenco notável, escolhido a dedo e com interpretações fabulosas. A banda sonora fica a cargo de Howard Shore ("Seven", "eXistenZ", "Lord of the Rings", estando a trabalhar actualmente em "King Kong"), com uma escolha notável de temas, com homens como Glenn Miller, Django Reinhardt ou Artie Shaw. Com uma fotografia a todos os títulos notável, que ficou a cargo de Robert Richardson, somos, sem ser perceptível, transportados instantaneamente para Hollywood dos loucos anos 20, das festas em clubes típicos, convivendo com Kate Hepburn, com Errol Flynn, com Ava Gardner ou com Louis B. Mayer, todos misturados numa amalagama de cores, despertando (quase) todos os sentidos. Talvez com uma duração um pouco escessiva (170 minutos), o filme que hoje estreia em Portugal vem demonstrar que Martin Scorsese é, sem dúvida, um dos maiores realizadores de todos os tempos.



Título Original: "The Aviator" (EUA, 2004)
Realizador: Martin Scorsese
Intérpretes: Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett, Kate Beckinsale, Alec Baldwin e Alan Alda
Argumento: John Logan
Fotografia: Robert Richardson
Música: Howard Shore
Género: Drama
Duração: 170 min
Sítio Oficial: http://theaviatormovie.com

1 de fevereiro de 2005

"Paparazzi" por Nuno Reis


Assenta perfeitmente na sociedade actual um filme que retrata o sofrimento imposto às celebridades pelas revistas do social. O argumento revela as mudanças na vida do actor Bo Laramie (Cole Hauser) desde que atingiu a fama e de que forma os paparazzi e as perseguições feitas por eles destroem a sua vida, obrigando a retribuir.
Este filme foi produzido por Mel Gibson e portanto conhece aquilo que se passa no mundo real, os actores escolhidos são pouco conhecidos apesar de já terem trabalhado em filmes de grande sucesso (Cole Hauser em "Tigerland", "2 Fast 2 Furious", Robin Tunney em "Vertical Limit", "End of Days") e Tom Sizemore que é o mais conhecido do elenco desempenha o papel oposto e persegue os actores.
Os paparazzi são retratados como seres humanos insensíveis que se gabam do que fizeram a estrelas e capazes de fazer coisas muito piores. Os actores são mostrados como pessoas que sofrem mais do que é humanamente possível e que quando atingem os limites desidem provar que estão acima das leis para os comuns. Sem ser um filme com muita acção consegue ser bastante agitado e ter algumas reviravoltas previsíveis. O espectador fica sensibilizado com as atrocidades cometidas e acaba por torcer contra a lei para que a justiça não perturbe a vítima que se defende. Afinal, o acidente que despoleta a acção recorda o que vitimou a Princesa Diana.
Sem ser nada de genial merece destaque pelo timing da estreia por duas das técnicas de paparazzi utilizadas, a perseguição e as câmaras em casa, terem sido utilizadas para espiar Nicole Kidman ainda este mês, curiosamente a actriz é referida neste filme.

"Closer" por Nuno Reis


Um dos grandes títulos actualmente em exibição é "Closer" de Mike Nichols, o realizador que conseguiu com "Angels in America" uma das séries mais premiadas de sempre.
A história deste filme centra-se em quatro pessoas, um jornalista falhado, uma stripper, uma fotógrafa e um médico. As vidas dessas pessoas cruzam-se através de Dan (Jude Law) que ajuda Alice quando ela é atropelada e se apaixona por ela, é fotografado por Anna (julia Roberts) para um livro que escreveu e... apaixona-se por ela, fala com Larry (Clive Owen) na net e... consegue que ele se apaixone.
Esta interessante história prossegue retratando o lado mais humano de cada uma das personagens nas suas situações amorosas únicas, através de paixões, desilusões, mentiras e enganos construindo vidas imperdíveis. Jude Law interpreta um jornalista/escritor que apesar de ter o amor de uma mulher deseja outra e enquanto a sua vida se torna perfeita e se desmorona perde ambas. Julia Roberts interpreta uma americana em Londres e dá à personagem o seu toque pessoal, uma mulher irresistível, forte, sempre ela própria. Clive Owen é-nos apresentado como um tarado sexual e depressa se revela um inimigo terrível, um autêntico..... Natalie Portman tem uma vida feliz com o seu amor e não pedia nada mais mas a traição dele vai fazer com que volte à sua vida americana.
O filme não é nada de extraordinário mas as nomeações de Owen e Portman para quase todos os prémios são totalmente merecidas, Owen consegue ter finalmente um grande papel que desempenha como ninguém, parece incrível que teha tido o papel de Jude law na versão teatral. Portman tem um papel bastante pesado, consegue transmitir dor com o olhar e uma verdade dita no final, simples e belo, dá valor a quase todos os momentos vividos por ela. Devo referir que depois de ver este filme o papel dela em "Garden State", prestes a estrear, ganha muito mais sabor.
Estes dois actores são por si sós a razão para se ir ver o filme, apesar de poucos dos filmes nomeados terem estreado por cá com estes dois a estatueta ficaria bem entregue.