31 de outubro de 2005

Reforma antes dos 60 anos


Depardieu no final das filmagens de "Michou d'Auber" anunciou que tinha sido o seu último filme. O actor de 56 anos em tempos interpretou personagens como Colombo (em "1492"), "Le Comte de Monte Cristo", "Jean de Florette", "Cyrano de Bergerac" e "Balzac". Entre os seus papeis mais divertidos conta-se Obelix nos dois filmes de Asterix. Apesar de carreira ter vindo a degradar-se ("102 Dalmatians", "RRRrrrr!!!") Depardieu ainda é um dos nomes mais poderosos do cinema europeu.
Depardieu completou 6 filmes nos últimos meses que ainda não têm data de estreia para o nosso país. Para o futuro estavam ainda planeados um filme de Sam Weisman e o terceiro da saga Asterix ("Astérix Aux Jeux Olympiques"), até ao momento não se sabe se reconsiderará ou se será substituído.

27 de outubro de 2005

”Ils se Marièrent et Aurent Beaucoup d’ Enfants” por Nuno Reis



Nesta semanas que sucedem (ou entecedem, de acordo com a região) a Festa do Cinema Francês tem havido bastantes estreias de filmes desse país. Para quem já viu “Les Poupées Russes” e como é a vida dos jovens apaixonados, este filme é perfeito pois mostra o que vem depois do casamento. A história centra-se num trio de amigos, Vincent, Georges e Fred. Vincent ama a mulher e a amante, Georges tem diversos problemas conjugais e nenhuma amante, por último, Fred é solteiro mas tem muitas amantes.
Vincent tem uma vida perfeita com a mulher Gabrielle e o filho do casal mas passa muitas horas (e frequentemente a noite) com uma massagista. George não suporta as atitudes feministas de Nathalie, apesar de terem um filho pouca importância dão ao bom ambiente familiar e as discussões aos gritos são constantes. Fred é o exemplo que ambos admiram por ter todas as mulheres que quer, secretamente ele é que os idolatra pois desejava a estabilidade e conforto de ter uma família. O filme acaba por se limitar a Vincent e Gabrielle menosprezando os demais, é justo visto que é o realizador/argentista que interpreta Vincent.

As diversas reuniões dos amigos terminam sempre com conversas sobre a mulher ou a falta dela. Esta partilha de experiência acaba por ser apenas uma exteriorização de alguns dos pensamentos que tiveram durante os últimos dias, sendo a capacidade de interpretação do espectador a melhor referência daquilo que eles realmente sentem. Todas as situações são encaradas de forma cómica ou ligeira tornando este drama romântico suficientemente agradável. Desenrola-se essencialmente em Paris e muitas vezes em ambientes familiares pois adultos com família já não têm tanta liberdade. Um filme interessante e divertido que mostra aquilo que sucede depois do casamento, quando a rotina começa a ofuscar a paixão e um homem se apercebe que trocou todas as mulheres do mundo por uma só. Só é pena o ponto de vista feminino não ter o mesmo destaque.
Uma curiosidade: Johnny Deep num pequeno papel ainda antes de ser Willy Wonka sobe aos céus num elevador de vidro.










Título original:Ils se marièrent et eurent beaucoup d'enfants” (França, 2004)
Realizador: Yvan Attal
Intérpretes: Yvan Attal, Charlotte Gainsbourg, Alain Chabat, Alain Cohen
Argumento: Yvan Attal
Fotografia: Rémy Chevrin
Música: Christian Chevalier, Brad Mehldau
Género: Comédia/Drama/Romance
Duração: 100 min.
Sítio oficial: http://www.ilssemarierent-lefilm.com/

22 de outubro de 2005

"Serenity" por Nuno Reis

Num futuro distante a Humanidade abandona a Terra e parte para novos sistemas solares. Num deles encontrará dezenas de planetas e luas que tornará habitáveis e colonizará criando um império. É aí que se desenrola a acção da série “Firefly” que em 2002 e 2003 gerou um culto ao nível dos maiores da ficção científica.

Em 2005 estreou o filme baseado nessa série: "Serenity". Serenity é o nome da nave de Mal, um combatente que depois da guerra se tornou um aventureiro, ou por outras palavras, um criminoso. Para prevenir os espectadores menos atentos, Mal é o novo Han Solo, fisicamente parecido, com uma mentalidade idêntica, e um sentido de humor tão inoportuno como o gosto de partir em aventuras. A sua tripulação é bem mais completa que a do Millenium Falcon: Wash (alan Tudik) é o piloto, Zoe é a mulher dele e combateu com Mal na Guerra, Jayne é o típico mercenário resmungão, Kaylee é a mecânica de serviço (e bastante cheia de trabalho) e Simon é o médico de bordo. O seu mentor é o Pastor Book, um sábio idoso com um passado sangrento, como Ben escondia Obi-Wan. Juntos executam arriscadas missões por todos os cantos do sistema em busca de recompensas, e tudo corre bem até Simon salvar a irmã.

Neste sistema não existem outras raças, por isso o papel de vilões cabe a seres humanos. No eterno confronto contra os rebeldes o governo está a treinar um grupo de médiuns que serão a arma derradeira. River, a irmã de Simon, é a melhor deles mas sabe que algo de mal se passa e por isso é afastada. Quando Simon a resgata e leva para bordo da nave, Mal tenta usá-la como vidente, mas, ao ver toda a destruição que a rapariga indefesa causa, começa a encará-la como uma ameaça que terá de ser afastada. Uma chamada de Inara, a eterna paixão de Mal, leva a Serenity a partir para um confronto contra o agente da Aliança. Um combate sem tréguas que acabará com a destruição de um dos lados e que revelará a verdade sobre os Reavers, psicopatas de origem desconhecida que lançam o pânico por todo o sistema.

Visualmente estimulante mas sem se perder em detalhes desnecessários, cruza humor e terror medianos num filme que acaba por ser bastante razoável. Não sendo uma obra-prima é um regresso dos filmes de aventura espacial, com um toque de “Star Wars” mas essencialmente um cruzamento de “Pitch Black” com “Ghosts of Mars”. Em destaque o pequeno papel de Sarah Paulson que consegue reanimar o filme quando se começa a tornar enfadonho. Apesar de os seguidores da série irem apreciar mais este ponto final, a súmula inicial é bastante boa e qualquer um fica imediatamente a par do que se passa.





Título original:Serenity” (EUA, 2005)
Realizador: Josh Whedon
Intérpretes: Nathan Fillion, Gina Torres, AlanTudik, Morena Baccarin, Adam Baldwin, Jewel Staite, Sean Maher, Summer Glau
Argumento: Josh Whedon
Fotografia: Jack N. Green
Música: David Newman
Género: Ficção Científica, Acção
Duração: 119 min.
Sítio oficial:http://www.serenitymovie.com/

20 de outubro de 2005

"Les Poupées Russes" por Nuno Reis

Há alguns anos, em Barcelona, um grupo de estudantes partilhava uma casa. Ingleses, franceses, espanhóis, alemães e italianos, rapazes e raparigas, cada um com a sua personalidade e problemas, cada um com a sua magia. “L’Auberge Espagnole” foi um grande filme para falar da vida de estudantes mas só sabemos se as lições ficaram sabidas se virmos os adultos em que se tornaram. Cinco anos depois encontramos Xavier. O jovem escritor ainda não conseguiu completar o seu romance e vai fazendo alguns trabalhos menores para sobreviver. A sua amizade com Martine e Isabelle manteve-se, com os restantes foi perdendo o contacto. Quando William lhe aparece e diz que vai para a Rússia atrás do seu amor, Xavier fica radiante. Por sugestão de William começa a escrever em Londres um guião com Wendy, a irmã de William, enquanto continua em Paris a fazer entrevistas a gente conhecida para quem escreve as biografias. Percorrendo estações e países, cruzando idiomas e culturas, este InterRail cinematográfico é uma comédia que despoleta muitas e sonoras gargalhadas.
A história de Xavier é a história de um jovem com as preocupações usuais. As relações que ele tem são as relações que qualquer um poderia ter, as situações que atravessa são situações que poderiam acontecer a qualquer um. Nos diálogos, multilingues, utilizam palavras normais, são conversas realistas que poderiam ser ouvidas em qualquer café ou estação de comboios. Pessoas jovens que ainda acreditam em sonhos e ideais. Muitas interpretações de luxo, uma realização excelente, e alguns toques de génio quando necessários.
Esta é sem dúvida uma história sobre amor e está tão bem feita que posso afirmar que este ano não haverá melhor filme sobre o tema. Que tipo de amor? Há para quase todos os gostos: uma mãe solteira que não encontra o príncipe encantado; um homem que não se contenta com o amor verdadeiro; uma mulher que procura a parceira ideal; uma mulher que se apaixona por demasiada gente; e um homem capaz de tudo por amor. As paixões de cada um são de todos os tipos que existem. Há amantes tímidos e amantes desinibidos, há pessoas que se apaixonam ao primeiro olhar, outras só depois de olhar profundamente, umas relações surgem por impulso, outras surgem depois do convívio com alguém que sempre conhecemos e que desconhecíamos amar. Quem ama ou já amou acabará por se identificar com alguma das personagens ou das situações.
Muitos filmes sobre o Amor tornam-se geniais pela mensagem que fica implícita, pelas palavras que não são ditas, mas neste filme não ficam palavras por dizer. Os discursos entre amantes são espontâneos e com simplicidade transmitem sentimentos verdadeiros.
No primeiro filme provaram que a amizade não dependia da língua, cultura ou religião. Neste segundo filme provam que o Amor é igualmente poderoso e leva as pessoas a fazer mesmo qualquer coisa. Até quem ainda não viu “L’Auberge Espagnole” pode ver “Les Poupées Russes”, aliás, deve!







Título Original: “Les Poupées Russes” (França, Reino Unido, 2005)
Realizador: Cédric Klapisch
Intérpretes: Romain Duris, Kelly Reilly, Audrey Tautou, Cécile De France, Kevin Bishop, Evguenya Obraztsova
Argumento: Cédric Klapisch
Fotografia: Dominique Colin
Música:Loïc Dury, Laurent Levesque
Género: Comédia Romântica
Duração: 125 min
Sítio Oficial: http://www.marsdistribution.com/site/poupeesrusses/

"The Longest Yard" por Nuno Reis


À semelhança de muitos filmes anteriores, em “The Longest Yard” uma estrela do desporto é presa depois de um escândalo relacionado com adulteração do resultado. Na prisão terá de treinar uma equipa de prisioneiros contra a equipa dos guardas. Neste remake vez o atleta é Adam Sandler e o desporto é o futebol americano.
O director da prisão para onde é enviado é fã de futebol e pretende ser campeão para melhorar as suas hipóteses de ser eleito governador. Para o efeito consegue a transferência de Paul Crewe, um quarterback que terminou a carreira com um escândalo, pretendendo extrair-lhe conselhos de forma a ter uma equipa imbatível. Paul sugere que se organize um jogo fácil, de preparação, contra os prisioneiros. Motivado pelo desafio Paul acaba a fazer uma recolha dos piores indivíduos que a prisão alberga para que a força deles (e a raiva que sentem contra os guardas) os leve à vitória. De resto, o filme não tem mais história, passam uma hora do filme a treinar e a recrutar e vinte minutos a jogar. Ocasionalmente há uma boa piada mas isso é a excepção à regra, a maioria do filme é apenas para ver homens grandes e maus a rosnar ou homens afeminados a dançar.
O treinador da equipa é Burt Reynolds, a interpretar um jogador veterano que também está preso. Os jogadores – guardas e prisioneiros – de maior tamanho são celebridades da Wrestling, onde mais iriam arranjar pessoas para o papel? Sandler está acompanhado de alguns dos seus parceiros habituais da TV, Chris Rock e Rob Schneider por exemplo. James Cromwell depois de ter dirigido a prisão de “The Green Mile” tem agora uma missão bem pior provando que personagens sérias em comédias são difíceis de criar. William Fitchner tem mais um papel que é preferível ignorar. De todas as personagens o pior papel é sem dúvida o de Reynolds mas Rock, com tanta personagem igual de filme para filme, já é demasiado monótono.





Título Original: “The Longest Yard” (EUA, 2005)
Realizador: Peter Segal
Intérpretes: Adam Sandler. Chris Rock, Burt Reynolds, William Fitchner e James Cromwell
Argumento: Albert S. Ruddy adaptou o argumento de Tracy Keenan Wynn
Fotografia: Dean Semler
Música: Teddy Castellucci, Brian Johnson, Angus Young, Malcolm Young
Género: Comédia, Desporto
Duração: 113 min
Sítio Oficial: http://www.longestyardmovie.com

13 de outubro de 2005

"El Séptimo Día" por Nuno Reis

Em 1992, enquanto Barcelona hospedava os Jogos Olímpicos, uma pequena aldeia testemunhou um crime terrível. Em 2004 o mais experiente realizador espanhol, Carlos Saura, dirigiu a adaptação para cinema da história que abalou o país.
Na aldeia de Puerto Hurraco, Badajoz, um namoro terminado lança o ódio entre duas famílias. Para vingar a afronta feita à sua irmã Luciana, Jerónimo Fuentes mata o ex-namorado dela sendo por isso condenado à prisão. Pouco depois um misterioso incêndio deflagra na casa dos Fuentes que mata a matriarca e obriga a família a abandonar a aldeia e a recomeçar a vida. Trinta anos depois Jerónimo sai da prisão e esfaqueia Juan Giménez no domingo em que as suas filhas comungam. Também os outros irmãos Fuentes sofrem de loucura, convictos de que a aldeia é culpada da morte da mãe e que os Giménez são os culpados do ódio da aldeia, tudo farão para se vingarem. A história é-nos contada pela mais velha das meninas Giménez, narra-nos o seu Verão livre de preocupações em que parte à descoberta do passado para descobrir um terror que não poderia imaginar.
Vários aspectos humanos são focados como a vontade de ir para a cidade, as grandes superfícies que ameaçam o comércio, o emigrante de regresso, o anão cantor, o louco viciado em drogas, tudo aquilo que simultaneamente torna a aldeia típica mas única. A grande vantagem do filme é que não se apresenta como um documentário mas sim como o feliz Verão de uma jovem que brinca e dança com as irmãs, que começa a namorar e que tem uma vida cheia de sonhos. Até que decide saber mais sobre o morto de quem todos falam e porque ficou a aldeia aliviada com a notícia. Só que investigar a razão que o levou a tentar matar o pai dela poderá levar a descobrir algumas coisas sobre o pai que não são agradáveis. A beleza da paisagem e o realismo do filme são magníficos.
Infelizmente o filme não é só sobre coisas boas por isso chegará o dia em os Fuentes consumarão a vingança final. Os minutos finais passados na aldeia têm uma aparência simples mas de enorme complexidade de realização, são de uma enorme beleza mas de uma violência brutal. Saber que é tudo real torna ainda mais macabro. Nas interpretações o destaque vai para Yohana Cobo, a narradora, e para os irmãos Fuentes que, com mais ou menos tempo de cena, são excepcionais. O ponto fraco do filme são alguns efeitos especiais pois apesar de cenas como a avaria eléctrica ficarem perfeitas, outras teoricamente mais simples (como as facadas) são feitas de forma muito rudimentar.







Título Original: “El Séptimo Día” (Espanha, 2004)
Realizador: Carlos Saura
Intérpretes: Yohana Cobo, José Garcia, José Luís Gomez, Juan Diego e Victoria Abril
Argumento: Ray Loriga
Fotografia: François Lartigue
Música: Roque Baños
Género: Drama
Duração: 103 min
Sítio Oficial: Lolafilms Apesar de a Lolafilms indicar http://elseptimodia.com como sendo o sítio oficial, o endereço não tem dono.

12 de outubro de 2005

6ª Festa do Cinema Francês





Termina este Domingo a sexta edição da Festa do Cinema Francês em Lisboa. Mas já amanhã começa no Porto (termina igualmente Domingo). Coimbra recebe o evento na semana seguinte e Faro em Novembro.

A programação para os restantes dias é:


LISBOA



Quarta-Feira, 12 de Outubro - INSTITUT FRANCO-PORTUGAIS

19H30 - "Vipère au Poing" de Philippe de Broca
21H30 - "Kilomètre Zero" de Hiner Saleem

Quinta-Feira, 13 de Outubro - INSTITUT FRANCO-PORTUGAIS

21H30 - "Gabrielle" de Patrice Chéreau

Sexta-Feira, 14 de Outubro - FORUM LISBOA

19H30 - "Caché" de Michael Haneke
21H30 - "Rois et Reine" de Arnaud Desplechin

Sabado, 15 de Outubro - FORUM LISBOA

14H30 - "Le Dernier Trappeur" de Nicolas Vannier
17H00 - "Joyeux Noel" de Christian Carion
19H30 - "Le Promeneur du Champ de Mars" de Robert Guédiguian
22H00 - "Anthony Zimmer" de Jérôme Salle

Domingo, 16 de Outubro - FORUM LISBOA

14H30 - "L’Enquête Corse" de Alain Berbérian
17H00 - "Habana Blues" de Benito Zambrano
19H30 - "Arsène Lupin" de Jean-Paul Salomé
22H00 - "Les Poupées Russes" de Cédric Klapisch


PORTO



Quinta-Feira, 13 de Outubro - TEATRO MUNICIPAL RIVOLI

21H30 - "Les Mots Bleus" de Alain Corneau

Sexta-Feira, 14 de Outubro - CINEMAS CIDADE DO PORTO

10H30 - "La Marche de L’Empereur" de Luc Jacquet
14H30 - "Zim and Co" de Pierre Jolivet
17H00 - "Arsène Lupin" de Jean-Paul Salomé
19H30 - "Les Revenants" de Robin Campillo
22H00 - "Gabrielle" de Patrice Chéreau

Sabado, 15 de Outubro - CINEMAS CIDADE DO PORTO

14H30 - "Travaux, on Sait Quand ça Commence…" de Brigitte Roüan
17H00 - "Habana Blues" de Benito Zambrano
19H30 - "Entre ses Mains" de Anne Fontaine

Domingo, 16 de Outubro - CINEMAS CIDADE DO PORTO

14H30 - "La Moustache" de Emmanuel Carrère
17H00 - "C’est Pas Tout à Fait La Vie Dont J’avais Rêvé" de Michel Piccoli
19H30 - "Quand La Mer Monte" de Yolande Moreau e Gilles Porte
22H00 - "Caché" de Michael Haneke

9 de outubro de 2005

“The 40 Year-Old Virgin” por Nuno Reis



Um título assim sugere obviamente um filme sobre sexo. Andy é um homem de quarenta anos que os colegas de trabalho descobrem ser virgem. O que eles três sentem por ele é um misto de compaixão com uma louca vontade de ajudar e este filme retrata as peripécias por que passam. Desde sugestões de quem deve procurar, até o que deve fazer e dizer, tentam tudo para que ele perca a virgindade. Tudo excepto deixá-lo sossegado. Remodelam-lhe a casa, depilam-no, oferecem-lhe uma colecção incrível de pornografia, tudo sem sucesso.
Em “40 Days, 40 Nights” um jovem irresistível garante ser capaz de viver algum tempo sem sexo. Há medida que o tempo passa cada vez acredita menos nisso mas cada vez tem mais adeptos a seguir o seu exemplo ou pelo menos a apoiar essa campanha. Nesta nova versão Andy não é desejado por todas as mulheres, Andy nem sequer é muito atraente, Andy é apenas um homem calmo que vive tranquilo e que tem uma mudança radical no seu estilo de vida. Este virgem de 40 anos também se acostumou a viver sem sexo e também tem meio mundo a tentar que faça sexo enquanto outros começam a pensar seriamente em fazer o mesmo.
O filme não discute seriamente o sexo, não apresenta informações, não tenta explorar ao limite a comédia relacionada com o tema como o fez “American Pie”, é apenas o retrato de um homem diferente da maioria. Com muitas referências à cultura americana nota-se que é um filme sobre um indivíduo que pode existir em qualquer lugar e que existem sem dúvida milhares assim. Um homem que deixou passar a oportunidade e que desistiu de ter sexo com medo da primeira vez.
A dúvida que muitas pessoas, de ambos os sexos, têm antes da sua primeira vez é se deverá ser com a pessoa que amam ou se deverá ser apenas para ganhar prática para que a primeira vez com a pessoa amada corra melhor. Este filme discute o tema de forma mais adulta que os filmes de adolescentes mas com uma personagem igualmente simpática e credível. Repito que o filme é mais adulto, não é uma louca comédia adolescente. Apesar de ser apreciado por todos terá mais impacto nos jovens adultos, quando o sexo ainda é importante mas não é um dos objectivos principais da existência.
Os espectadores têm o direito de esperar um final louco, e é quase isso que se tem. É bastante diferente e é divertido mas não é tão arrojado que mereça distinção do resto do filme. Não fecham com chave de ouro mas pelo menos douram a chave. Faltou um toque de génio que se distinguisse, perdendo a classe manteve o espírito, o espectador fica satisfeito.





Título Original: “The 40 Year Old Virgin” (EUA, 2005)
Realizador: Judd Apatow
Intérpretes: Styeve Carell, Catherine Keener, Paulk Rudd, Romany Malco e Seth Rogen
Argumento:Judd Apatow e Steve Carell
Fotografia: Jack N. Green
Música: Lyle Workman
Género: Comédia Romântica
Duração: 116 min
Sítio Oficial: http://www.the40yearoldvirgin.com

7 de outubro de 2005

FEST na TV


À semelhança dos grandes festivais também o FEST, o jovem festival de Espinho, irá prolongar-se pelo ano. Além do evento propriamente dito o FEST poderá agora ser acompanhado na televisão, a SIC Radical irá ter um programa intitulado FEST Curtas onde semanalmente exibirá um filme que tenha estado a concurso no festival.
A partir de hoje (com “A cure for Writers Block”) e até 27 de Janeiro, todas as sextas serão exibidos bons filmes, criados pelos futuros grandes do cinema.
Como fãs de cinema e apoiantes do FEST, desejamos o maior sucesso ao festival e que este ciclo se repita por muitos anos. Parabéns ao FEST por mais uma prova de determinação e pela capacidade de afirmação entre os festivais portugueses. E parabéns à SIC Radical pela louvável iniciativa de apoiar o FEST e o cinema.

6 de outubro de 2005

As pequenas grandes estrelas de ontem e de hoje




Aproveito ter falado dos actores de amanhã para falar um pouco do tema. É certo que outras crianças atingiram a fama e a oscarizada Anna Paquin provou que por muito jovem que seja o actor pode fazer muito pelo filme. No terror temos vários nomes: Christina Ricci, Winona Ryder e, em “Interview with the Vampire”, Kirsten Dunst e Thandie Newton. Ryder e Dunst foram irmãs em “Little Women” onde outros nomes surgiram, Claire Danes e Christian Bale são os mais sonantes.

Entre as actuais estrelas adultas muitas cresceram no meio, Donald Sutherland, Kirk Douglas, Janet Leigh e Zsa Zsa Gabor tiveram herdeiros que seguiram e bem essa carreira, Jon Voight e Bruce Paltrow, foram realizadores que viram as filhas ultrapassarem-nos em fama. Ter um nome de família como Coppola, Fonda ou Barrymore é garantia de talento.

Leonardo di Caprio e Eliza Dushku já foram irmãos no filme “This Boy’s Life”. Michael J. Fox é um comediante ímpar que na sua curta carreira nos deixou vários títulos inesquecíveis. Matthew Broderick destruiu carros em “Freddie Bueller’s Day Off” e evitou a guerra mundial em “War Games”. Natalie Portman dez anos antes do Golden Globe já tinha feito excelente representações onde se incluem “Léon”. Mesmo uma das últimas estrelas a acender-se em Hollywood, Scarlett Johansson, já foi apenas uma menina com medo em “Just Cause”.

Vendo as crianças mais recentes, Haley Joel Osment está a fazer a transição para personagens mais velhas, a família Culkin continua a enviar novas promessas para os ecrãs, e ainda mais três miúdos garantem que no futuro haverá bons actores: Cameron Bright, Dakota Fanning e Frankie Highmore.





Deixo algumas perguntas para os nossos leitores, espero que comentem e que, nostalgicamente revejam grandes filmes.


Henry Thomas e Thomas Howell foram dois dos talentos que se perderam estando agora relegados para filmes de menor orçamento que às vezes nem chegam aos cinemas. De entre as entretanto desaparecidas de quais sentem mais saudades?

Foram ditos alguns nomes de crianças que actualmente representam melhor que muita gente grande mas essa lista está longe de ficar incompleta, quais as novas promessas para o futuro?

Tirando “Aniki Bobo”, “Jaime” e mais recentemente “André Valente” e “Alice”, personagens que dão nome a bons filmes, em Portugal poucas vezes se confiou num actor jovem para fazer um papel importante. De que forma isso irá mudar com as novas séries televisivas que cada vez mais obrigam as crianças a um treino constante em representação?

E.T.”, “Bugsy Malone”, “The Goonies”, “Paper Moon” … Quais os melhores filmes com crianças?

"Sky High" por Nuno Reis

Desde sempre que a Disney tem feito filmes para crianças e muitos deles sobre crianças. Muitos dos actores e actrizes mais célebres da actualidade estão rotulados como miúdos Disney, uma escola que vem formando gerações de talentosos actores. Se entre as actuais estrelas adolescentes se encontram nomes como Hillary Duff e Lindsay Lohan, já em tempos Joshua Jackson, Jodie Foster e Sean Astin entre muitos outros foram jovens protagonistas de filmes Disney.
Chegou a hora de uma nova fornada ser lançada e a forma escolhida foi com super-poderes. Se em “Up, Up, and Away!” e “The Incredibles” já havia famílias de super-heróis, porque não criar uma escola onde os filhos deles sejam ensinados? Não é Hogwarts mas quase, é “Sky High”, a escola onde se formam os heróis. Matt é o filho dos dois maiores heróis de sempre e vai entrar para a escola dos heróis onde o ensinarão a maximizar os seus poderes e a usá-los para o bem. O único problema é que Matt não tem nenhum poder. Relegado para a turma dos adjuntos, aqueles que não têm poderes suficientes para serem heróis, irá enfrentar todos os problemas que um adolescente normal tem numa escola normal. Mas quando temos por inimigo alguém que lança fogo com as mãos e não temos poderes para enfrentá-lo… convém saber escondermo-nos ou, pelo menos, fugir muito depressa.
Não sendo uma nova perspectiva sobre os heróis, é acima de tudo um filme que discute comportamentos e atitudes no liceu através de metáforas: os heróis são os alunos populares, os adjuntos de herói são empecilhos que muitos gostam de massacrar ou fazer sentir como inferiores. Matt é o clássico adolescente problemático, alguém de quem os pais esperam muito e que não se sente capaz de nada, que tenta ser aceite pelos heróis para finalmente descobrir que os adjuntos são tão importantes como os heróis e que deve sentir-se orgulhoso por ter amigos verdadeiros, independentemente do que os outros pensem.
Os actores adultos são conhecidos, Kurt Russell, Kelly Preston e Bruce Campbell. Os alunos incluem diversos rostos de séries e tele-filmes Disney. Os efeitos especiais são suficientemente bons para não criticar. O argumento é exactamente o que seria de esperar de um filme passado numa escola. Como todos os bons filmes Disney consegue prender o público, é fácil de perceber e acompanhar, é divertido e transmite bem a moral. Mesmo sendo previsível tem dois detalhes que não são bem explicados mas no meio de tanta acção não interessam. Pelos actores nota-se que foi um filme divertido de fazer e, ainda mais importante, é divertido de ver. É um filme para crianças? É daqueles filmes feitos especificamente para um público infanto-juvenil mas que qualquer pessoa pode ir ver e gostar. Filmes para toda a família é a definição da magia Disney e felizmente ainda conseguem (de vez em quando) fazer um filme assim.




Título Original: "Sky High" (EUA, 2005)
Realizador: Mike Mitchell
Intérpretes: Michael Angaramo, Danielle Panabaker, Kurt Russell, Kelly Preston, Bruce Campbell
Argumento: Paul Hernandez, Robert Schooley, Mark McCorkle
Fotografia: Shelly Johnson
Música: Michael Giacchino
Género: Acção, Aventura, Comédia
Duração: 100 min
Sítio Oficial: http://disney.go.com/disneypictures/skyhigh/