29 de maio de 2007

Foto-diário de Cannes, ano 60 (parte II)

Bunker interior

Este é o espaço interior do Palais onde se cruzam as salas, a área de imprensa e a sala das conferências. Para bunker reconheça-se o estilo e a classe da construção.


Cannes-sur-mer

O espectáculo cannois não se fica pelas salas e o ecrã gigante à beira-mar é um dos mais interessantes para cinema fora do sítio. Com a temperatura amena da noite ver cinema ao ar livre com a marina ao fundo é uma sensação única. São estas pequenas grandes diferenças que tornam Cannes o maior.




Segurança

A foto é de qualidade deficiente, mas a realidade é essa. À entrada do Palais revistam-se os sacos, passa-se pelo detector de metais. Tanta segurança no Palais é paradoxal uma vez que nos diferentes hoteis onde decorrem sessões do mercado não existe nenhuma segurança.



Plage des Palmes

Os detentores de cartão do mercado são os felizes priveligiados que podem aceder a esta antecâmara do paraíso. O espaço é tão popular que este ano teve de ser ampliado para um esporão. A Nestlé é a patrocinadora e não se poupa a esforços para tratar bem os convidados. Com o sol radioso que se fez sentir este ano esta praia até tinha a vantagem de não ter areia onde sujar os pés. A propósito, até o champanhe era de graça.



Village

Em português a expressão seria “montar a tenda", em Cannes chama-se, de forma mais chique, Village International. O local onde este ano esteve o ICA – o ICAM mais uma vez foi rebaptizado para confundir mais facilmente com o ICAA- e que é uma Exponor do turismo e de promoção dos diferentes países. Em todos os stands os acesso é livre e gratuito excepto no American Pavillion que cobra um mínimo de 50 euros para se poder entrar. A maioria dos acreditados prefere descobrir novas cinematografias em vez de serem pobres que subsidiam ricos.




Palma

Nâo é por acaso que o símbolo de Cannes é a folha de palmeira e que a Croisette é uma espécie de Passeio Alegre no Porto em tamanho gigante.


Gadgets


Cannes como feira do audio-visual é o local onde o Inspector Gadget se sentiria feliz: zeppelins promocionais, triciclos motorizados, todo se mostra e tudo se vende em Cannes.




Cannes

Para quem ainda pergunta o que é que Cannes tem que nós não temos uma imagem vale mais que mil argumentos.




Cannes by night

O carácter feerico das iluminações a demonstrar que é festa desde as oito e meia da manhã até madrugada dentro. Convém lembrar que as sessões de gala são às 19 horas e só depois vem a festa.

27 de maio de 2007

Foto-diário de Cannes, ano 60

Foto-diário de Cannes, ano 60

Eurico de Barros no artigo do DN intitulava “Cannes 60 anos sem uma ruga”. Observação curiosa de um festival que manifesta uma invejável vitalidade, tanto na competição (este ano particularmente forte), no mercado (este ano particularmente vasto), no mediatismo (com cobertura de mais de 7000 jornalistas), que exerce uma impressionante atracção para milhares de voyers e com sucessivos motivos de interesse jornalístico ou de mero fait divers. Para complementar o artigo “Manual de Sobrevivência para Cannes” nada melhor do que um foto-diário exclusivo para este blog de alguns dos momentos mais expressivos deste caso único de popularidade no mundo do Cinema.

O bunker



Dos edifícios mais odiados, pejorativamente apelidado de bunker, o Palais acabou por se tornar num local emblemático e já é pequeno para as funções que dele se exige. As suas salas mais importantes não deixam homenagear a história do Cinema, e por isso têm nomes como Lumiére, Buñuel, Bazin, ou K Bori. A única excepção é a Debussy. O cartaz que recobre a fachada retoma alguns dos grandes mitos do próprios festival e apesar de difícil leitura inicial não deixa de ser uma obra-prima.

A passadeira vermelha



Por aqui sobem as vedetas num espectáculo único de glamour que faz inveja a Hollywood. As vedetas têm direito a apresentador que os anuncia a um público entusiasta. Os fotógrafos vão berrando o nome das suas estrelas na expectativa de captarem um olhar mais fotogénico. Este ano não houve efeito Sophie Marceau para apimentar o desfile.

Em frente à escadaria os pobres fotógrafos ficam plantados com horas de antecedência para terem a certeza de um lugar na primeira fila. Repare-se na subtileza dos escadotes para se tentar subir na vida com a foto certa, do ângulo certo.

Um pequeno gesto para um homem, uma marca para a posteridade



Nas imediações do Palais os passeios ostentam mosaicos que fazem perdurar a memória dos que passaram por Cannes. Um circuito engraçado é ir fazendo esse caminho de glória reconhecendo os nomes e as datas.

A exposição dos 60 anos



Espalhados pela Croisette também com direito a passadeira vermelha stand ups com as memórias fotográficas das grandes estrelas que fizeram Cannes tornar-se “the special one”.

As filas



A maior satisfação para um cinéfilo é ver-se filas de espectadores disponíveis para assistir a uma sessão. Ainda que ficar uma hora na fila possa ser o desespero de qualquer espectador normal.

A marina



Os hotéis de charme continuam a ser a sede das grandes empresas, mas cada vez mais os iates estacionados na marina são uma opção interessante. Brad Pitt e Angelina Jolie estiveram hospedados num destes.


(continua...)

"Plágio: II - o regresso" (2)

A felicidade invade-me numa manhã chuvosa de domingo. As nossas palavras ainda vão tendo um pouco de interesse. O nosso companheiro das "palavras iguais em frases iguais com pontuação igual" já deu uma visita aqui ao Antestreia. Deixou comentário? Não! Mandou email? Não! Mudou o post do passatempo, no seu blog bem entendido, mas sem dizer nada a ninguém. Dedos das mãos ligeiramente abertos, colocados uns contra os outros em forma de pirâmide, olhar traquina e sorriso de Grinch, pensou em voz alta: "mudo o post, assim o pessoal que vier aqui pensa que o gajo está maluco e não vê que é totalmente diferente. Sem a imagem então, saltam-lhe em cima por ser um inquisidor! Muhaahaaahaa" (riso maléfico). Nada como um vilão à moda antiga!



26 de maio de 2007

"Plágio: II - o regresso" por Ricardo Clara

O Antestreia já tem uns anitos. Projecto pessoal meu e do Nuno, que paulatinamente se estendeu a mais alguns digníssimos escribas que muito nos honram com os seus escritos, ganhou consistência e maturidade, até pela impossibilidade de o transformar (quiçá futuramente?) num site. No fulgor dos primeiros anos de vida, fomos, vá lá, transcritos sem citação por um site de cinema português, que educadamente se desculpou e tratou do assunto como entendeu.
Ora, parece que o ciclo voltou ao início (não com tanta gravidade, naquele tempo estavamos ainda embuídos do espírito de bloggers amadores, fervorosos adeptos de uma comunidade ainda não muito divulgada em Portugal). Talvez seja de ser ano ímpar, talvez da Primavera, alguém decidiu copiar alguns textos deste vosso blog, e cola-los no seu próprio. Bom, admito que já tinha visto essa cópia a passada semana. Mas hoje, qual não é o meu espanto, quando, por puro voyeurismo, vou ao dito blog, e vejo a cópia integral (com foto e tudo, o pack completo) do post lá de baixo do passatempo Lusomundo / Fantasporto. Mais grave ainda, é ter este alguém, publicado a crónica do "Number 23", colocado lá que a opinião é de Ricardo Clara, mas esse (que sou.. eu), que se lixe, não se dá cavaco a ninguém, porque se está na internet é porque é para a malta (ab)usar. Colocar a opinião dos outros, e usar o seu nome, sem avisar o autor, nem o linkar, é rasteiro. Plagiar é ordinário. Não vale a pena bater muito na mesma tecla, são blogs, e têm a importância que têm. Mas (e fazendo fé no que colocou no perfil completo) 45 anos de idade já deviam ser adjudicadores de algum tino. O vulgar chavão de "idade para ter juízo". É que a malta cá do blog escreve mesmo o que publica! Ainda deixei dois comentários, um na shoutbox e outro no comentário de um post (seu?), mas ninguém se dignou de responder.
Já muito foi dito e escrito acerca do plágio. Mesmo naquela altura do primeiro "copianço", achei interessante que se pegasse no que foi escrito por nós e assinasse por baixo - lá gostaram a valer do que fazemos. Agora, volta-se ao mesmo. É que, e como cereja no topo do bolo, o homem do dedo rápido para o rato (no copiar / colar) nem sequer colocou um link na barra lateral das preferências. Não fosse alguém descobrir. Ainda tive a ideia de copiar um texto de lá e postar aqui - mas ainda tinha a grata surpresa de vir um terceiro dizer que o copiei. Como dei aparência de crónica de filme a este post, pode ser que ele o copie! Ah, esta maldita vontade de plagiar...



Título Original: "Plágio: II - o regresso" (Portugal, 2007)
Realização: Kosta de Alhabaite
Argumento: Kosta de Alhabaite
Intérpretes: Kosta de Alhabaite
Fotografia: Kosta de Alhabaite
Música: Kosta de Alhabaite
Género: Comédia / Terror / Drama
Duração: 3 meses.
Sítio Oficial: http://kostadealhabaite.blogspot.com



24 de maio de 2007

Tintin regressa a Hollywood


O que havia começado como um simples rumor acabou numa certeza: Tintin, o herói de banda desenhada criado por Hergé vai regressar ao grande ecrã, pela mão de Steven Spielberg, Peter Jackson e outro realizador ainda não divulgado.
Segundo a Variety, a "bíblia" de Hollywood, e o diário francês Le Monde, Spielberg garante novidades para esta película: "a técnica de animação a ser utilizada para este filme é algo nunca visto. Queremos dar às aventuras de Tintin a credibilidade de um filme em imagens reais. Tanto eu como o Peter achamos que será a melhor maneira de homenagear o traço de Hergé".
Para tal, os conceituados realizadores utilizarão a conhecida técnica do motion capture, que tantos profissionais da sétima arte tem cativado nos últimos anos. Assim, os actores que interpretarão Tintin, Haddock e Tournesol serão filmados com um fundo verde como cenário, sendo posteriormente tratados para terem o aspecto dos originais da banda desenhada, mas em 3D. Esta técnica já foi utilizada em filmes como "King Kong" (2005), "Lord of the Rings" (2001 a 2003) ou "Polar Express" (2004), sendo exemplo neste último filme todo o processo por que passou Tom Hanks, desde as filmagens iniciais até ao trabalho de efeitos especiais computadorizados posterior.
Resta ainda saber o nome do terceiro elemento da realização, bem como o nome dos actores para os papéis principais destas fantásticas aventuras que encantam gerações desde 1929.



Devils in line

One hand on this wily comet,
Take a drink just to give me some weight,
Some uber-man I'd make,
I'm barely a vapor

They shone a chlorine light on,
A host of individual sins,
Let's carve my aging face off,
Fetch us a knife,
Start with my eyes,
Down so the lines,
Form a grimacing smile,

Close your eyes to corral a virtue,
Is this fooling anyone else?
Never worked so long and hard,
To cement a failure,

We can blow on our thumbs and posture,
But the lonely is such delicate things,
The wind from a wasp could blow them,
Into the sea,
With stones on their feet,
Lost to the light and the loving we need,

Still to come,
The worst part and you know it,
There is a numbness,
In your heart and it's growing,

With burnt sage and a forest of bygones,
I click my heels,
Get the devils in line,
A list of things I could lay the blame on,
Might give me a way out,

But with each turn,
It's this front and center,
Like a dart stuck square in your eye,
Every post you can hitch your faith on,
Is a pie in the sky,
Chock full of lies,
A tool we devise,
To make sinking stones fly,

And still to come,
The worst part and you know it,
There is a numbness,
In your heart and it's growing.

A Comet Appears, The Shins

Haggis, Paul Haggis


São cada vez mais insistentes os rumores que dão como certo o regresso do aclamado argumentista e realizador Paul Haggis à escrita para James Bond. Haggis, oscarizado em duas ocasiões por "Crash" (2004) e "Letters of Iwo Jima" (2006), trabalhou no passado ano o argumento de "Casino Royale", com os resultados sobejamente conhecidos.
Actualmente a dirigir "In the Valley of Elah", fita de guerra com Tommy Lee Jones e Charlize Theron nos principais papéis, o talentoso escritor está já igualmente comprometido com a realização de "Honeymoon with Harry", mais um filme que escreve e dirige.

23 de maio de 2007

Passatempo Fantasporto / Lusomundo


O Fantasporto e a Lusomundo estão a oferecer convites duplos para a antestreia do filme "Los Abandonados", do espanhol Nacho Cerdá, para os cinemas Lusomundo do Norteshopping, Almada Fórum e Colombo, na próxima terça-feira, dia 29 de Maio, às 21.30h. Aconselha-se uma visita ao sítio do festival, para os interessados no passatempo, bem como ao imdb e sítio oficial do filme.


22 de maio de 2007

Heroes acaba a pensar em novas aventuras


Terminou ontem nos EUA a primeira série (ou volume 1, como se apelidam) de "Heroes", uma fabulosa jornada de "pessoas normais que conseguem fazer coisas extraordinárias". Um fantástico último episódio, que escancarou a porta do segundo volume, com bastantes definições, mas especialmente com muito ainda por resolver! É inquestionavelmente uma série a não perder (por cá, é exibido na ao início da tarde de sábado, na TVI). Honra seja feita aos belíssimos trabalhos de interpretação (com destaque para Hiro Nakamura (Masi Oka), Peter Petrelli (Milo Ventimiglia) e Mohinder Suresh (Sendhil Ramamurthy), bem como para a escrita astuta e imaginativa do seu criador, Tim Kring. Para mais informações: sítio oficial, imdb e heroes revealed (de onde é retirada a imagem que ilustra este post).


21 de maio de 2007

Heeeeeeeeere's Rambo!

Cortesia do famoso Ain't It Cool News, chegou finalmente o primeiro trailer do regresso de John Rambo à luta contra o terrorismo. Sanguinário e mais letal que nunca, o combatente norte-americano junta uma equipa de elite para resgatar missionários cristãos das mãos de guerrilheiros de Myanmar (antiga Birmânia). Delicioso aquele ar desinteressado dele, mas no fundo desejoso de ir arrancar umas gargantas e decepar umas cabeças! Ansiosamente à espera até o Verão de 2008.



Será concerteza... (2)

Instintos assassinos e perturbadores assolam-me sem aviso. Em casa, no café, no dentista, em todo o lado onde haja um televisor ligado ouço "trrim trrim". Acho que já tenho o som na cabeça. Até naquelas lojas de electrodomésticos com televisores nas montras, se vejo as fulanas, ouço "trrim trrim" sem mais nem menos. Abaixo assinado?



20 de maio de 2007

"Evil Aliens" por Ricardo Clara

A quota de cinema de terror na produção europeia tem subido de maneira muito significativa. Ainda recentemente, "Severance", uma produção germano-inglesa (e que foi exibida em competição no Fantasporto 2007) estreou comercialmente nos EUA e foi agradavelmente recebida pela crítica.
Do tradicional terror psicológico, ao trash zombie série Z, tudo agrada ao vosso escriba (se for, claro, inventivo). E juntar extra-terrestres assassinos a carnificina por agricultores são permissas para deixar "água na boca".
Michelle Fox (Emily Booth) é uma belíssima apresentadora televisiva, pivot de um programa sobre o paranormal intitulado Weird World. A sofrer com as sucessivas quedas nas sondagens, o editor ameaça com o cancelamento da rubrica, obrigando Fox a deslocar-se a uma ilha galesa onde recebeu uma dica de uma mulher que teria sido raptada e abusada por alienígenas, tendo engravidado dessas entidades. Para a ajudar, leva a tradicional equipa de reportagem: o cameramen Ricky (Sam Butler), o técnico de som Jack (Peter O’Connor) e dois actores para reconstituir cenas "reais", Candy (Jodie Shaw) e Bruce (Nick Smithers). Isto porque, em anos de exibição, nunca avistaram nenhum tipo de forma viva que não a humana.
Chegados a este belo local, com edificações muito ao estilo de Stonehenge,e coadjuvados por um geek do paranormal, Gavin Gorman (Jamie Honeybourne), entrevistam Cat Williams (Jennifer Evans), conhecendo igualmente os seus três irmãos, agricultores, portadores de um ódio visceral por Inglaterra e que falam unicamente galês. E é neste ponto que o sexteto enceta a procura pelos aliens, que de facto vieram fazer uma visita à Terra, e que a festa começa: olhos arrancados, homens empalados, cabeças decepadas, moto-serras, caçadeiras e tacos de criquet, tudo sderve de arma para matar os malvados invasores, que procuram procriar no planeta azul, muito provavelmente para o colonizar. Sequências deliciosamente construídas (inesquecivel a perseguição de Rick a 5 ET's, montado numa debulhadora ao som de um welsh folk delicioso) aliadas a diálogos e gags hilariantes ("f*** you, playstation") são o mote para uma fita muito bem conseguida e que se recomenda aos fãs deste género de cinema.



Título Original: "Evil Aliens" (Reino Unido, 2005)
Realização: Jake West
Argumento: Jake West
Intérpretes: Emily Booth, Sam Butler e Jennifer Evans
Fotografia: Jim Solan
Música: Richard Wells
Género: Comédia / Terror / Sci-Fi
Duração: 90 min.
Sítio Oficial: http://www.evilaliensfilm.com

19 de maio de 2007

A Galiza e Zeca Afonso


Interessantíssima a homenagem transmitida esta tarde pela TV Galicia Internacional, com umas centenas de pessoas a assistir, e com Dulce Pontes em representação portuguesa. Uma lembrança significativa, até porque em Portugal fala-se de Zeca na RTP2, e só aquando das comemorações de 25 de Abril.
A ligação do cantautor de intervenção e a Galiza é bastante grande - foi a 10 de Maio de 1974 que Zeca cantou pela primeira vez em palco "Grândola Vila Morena", ícone da revolução dos cravos. O seu último concerto na Galiza foi em 1981, em Vigo, tendo sido alvo de uma homenagem póstuma, e perante 20.000 pessoas, na mesma cidade. Era necessário assistir a uma celebração desta natureza pela TV Galicia?

"Crónica de una fuga" por Ricardo Clara

O cinema sul americano oferece-nos, cada vez mais, uma visão da sua história, numa espécie de catarse e revivalismo dos medos e vergonhas que só agora surgem como abordáveis ficcionalmente. É assim no Brasil do "Cidade de Deus" ou no "El Comité" do Equador, e agora neste olhar para a ditadura argentina, que decorreu entre 1976 e 1985, num processo de paulatina perda do pendor democrático estadual iniciado em 1955.
Recentemente, "Botín de Guerra" e "Kamchatka" iniciaram esta visão sobre o período conturbado na década de 70 / 80, sendo que este "Crónica de una fuga" vem dar uma abordagem importante do papel dos presos políticos dos insurgentes argentinos. Em 1976, polícias e agentes do regime raptavam jovens, muitos deles ligados à oposição, com o intuito de terminar pela raiz com os possíveis levantamentos populares. De entre eles, encontrava-se Claudio Tamburrini (Rodrigo De la Serna), um jovem guarda-redes de uma pequena equipa de futebol, acusado de imprimir folhetos de propaganda. Uma vez na posse dos captores, foi enviado para a Mansión Seré (ou Átila), uma casa nos arredores da capital argentina onde os presos eram distribuídos por salas, torturados e impedidos de falar com as respectivas famílias. Na mesma divisão que Claudio estava Guillermo Fernandez (Nazareno Casero), Gallego (Lautaro Delgado) e Vasco (Matias Marmorato). Juntos, sobreviveram 120 dias em cativeiro, 3 meses mais do que o grosso dos raptados, o que os impedia de saber as rotinas dos raptores, bem como a verdadeira dimensão da casa e do seu exterior. Constantemente vendados e algemados, vergastados e queimados, viviam nus e despojados de qualquer peça de roupa, constantemente assediados para revelarem os nomes e paradeiro de muitos daqueles que estavam a montar a oposição ao regime, debaixo do cada vez mais iminente espectro da morte. Juntos, encetam um plano de fuga, liderados por Guillermo e munidos... de um parafuso.
E é pelo olhar do uruguaio Adrián Caetano que nos chega um filme muito cativante, honesto e visceral, aliado à interpretação despojada de pudor e carregada de sentimento de Rodrigo De la Serna ("Diários de Motocicleta" - 2004), um dos melhores actores da sua geração. Apoiado numa realização de câmara ao ombro em momentos de tensão, contra movimentos subtis e fugazes da lente, como se estivessemos a assistir de longe e sem mais ninguém saber, envolvemo-nos num filme que é mais do que um documentário ficcional, uma história viva do cada vez mais pungente cinema argentino. Destaque ainda para a fotografia de Julián Apezteguía, de grande pureza, para a reconstituição da época, muitíssimo apurada, bem como para dois belos pormenores: o final descomprometido e associado ao movimento; e ainda para a inscrição "Gracias Lucas", cheia de ironia e ódio.


Título Original: "Crónica de una fuga" (Argentina, 2006)
Realização: Adrián Caetano
Argumento: Adrián Caetano e Claudio Tamburrini (autor de "Paso Libre")
Intérpretes: Rodrigo De la Serna, Nazareno Casero, Lautaro Delgado e Matías Marmorato
Fotografia: Julián Apezteguía
Música: Iván Wyszogrod
Género: Thriller
Duração: 103 min
Sítio Oficial: http://www.cronicadeunafuga.com

18 de maio de 2007

"I'm a Cyborg, But That's Ok" por Ricardo Clara

Espectador atento de Chan Wook-park, ansioso seguidor dos maquiavélicos planos de Geum-ja Lee, Mi-do e Ryu (artífices em "Simpathy For Lady Vengeance" (2005), "Old Boy" (2003) e "Simpathy For Mr. Vengeance" (2002), da genial trilogia da vingança), avancei espectante para uma história de amor. História de amor? Escrita e realizada por Wook-park? Só falta Tinto Brass dirigir um drama.
Mas "I'm a Cyborg, But That's Ok" é uma deliciosa história de amor, onde conhecemos Young-goon, uma jovem que pensa que é um cyborg de combate, e como tal é internada num hospital mental. Lá, encontra e apaixona-se por Park Il-sun, um rapaz que pensa que rouba tudo o que quer, das emoções das pessoas às suas loucuras. Criada num ambiente insano, onde a sua avó pensava que era um rato, Young-goon traça o seu objectivo: matar todos aqueles que levaram a anciã para o hospício (só nestas sequências vemos o park das películas atrás referidas). É num ambiente de fábula e insanidade que assistimos a uma profunda reflexão sobre as relações humanas e as memórias, onde se fundem personalidades e convicções, com uma leveza que não acharia crível em Wook-park.
Filmado numa quase aura onírica, muitíssimo bem fotografado (pelo já habitual Jeong-hun Jeong), o filme assenta numa narrativa de dialética nihilista, muito interessante no cinema oriental, em especial o sul-coreano, transportando-nos para um mundo de questões e respostas que se apoiam numa simples história de amor e ajuda. Um conto em forma de filme muito interessante pelas mãos de um dos mestres do novo cinema fantástico.









Título Original: "Saibogujiman kwenchana" (Coreia do Sul, 2006)
Realização: Chan Wook-park
Argumento: Chan Wook-park e Seo-Gyeong Jeong
Intérpretes: Su-jeong Lim e Rain
Fotografia: Jeong-hun Jeong
Música: Yeong-wook Jo
Género: Drama / Romance
Duração: 105 min.
Sítio Oficial: http://www.cyborg2006.co.kr

Sexta-feira, prelúdio de fim de semana

Eu não quero sair
Hoje eu vou ficar quieto
Não adianta insistir
Eu não vou pro boteco
Eu não quero sair
Hoje eu vou ficar quieto
Não adianta insistir
Eu não vou pro boteco
Hoje eu não teco, não fumo
Não jogo sinuca
Não pego no taco
Tem muita gente maluca
Me apurrinhando
Enxendo o meu saco
Hoje eu estou de vara curta
Vou ficar no barraco
O que não falta é tatu
Pra me levar pro buraco

Converso afiada amador
Carambola
Espeto é de pau em casa de ferreiro
Papagaio que acompanha João-de-Barro se enrola
Vira ajudante de pedreiro

Não sou mais morcego, hoje eu sou
Passarinho
Farinha pouca meu pirão sozinho
Pequinês que quer brincar com pitbull
Pirou de vez
Vira picnic de urubu
Moro lá no Flamengo com prédio de fundo
para o morro azul
Vira picnic de urubu
Vou pedir pra dona Sula fazer um frango com quiabo
e um prato de angú
Vira picnic de urubu
Venho lá do gogó da Ema e não tem problema pois
não dou mole pra ninguém da zona sul
Vira picnic de urubu

Pequinês e Pitbull, Seu Jorge


17 de maio de 2007

"Zodiac" por Ricardo Clara

Fincher voltou a conseguir. Depois de "Seven" e "Fight Club", o genial realizador norte-americano surpreende com um delicioso policial, completamente distante do estilo usado naqueles dois filmes, mas que nos transporta para uma América dos anos 60-70, impecavelmente reconstituída, onde, no encalço do célebre assassino que atormentou a San Francisco daquela época, manipula da nossa atenção ao nosso ritmo cardíaco.
"Eu quero um bom filme sobre mim" escreveu Zodiac na última carta ao jornal Chronicle em 1978. Pois não recebe um bom filme - recebe um genial. Em 1969, três jornais abrem simultaneamente uma carta a assumir a paternidade de um homicídio de uma adolescente (onde o rapaz escapou desse mesmo destino). A partir daí, duas forças se dedicam à busca do assassino, recebendo amiude correspondência com pormenores dos crimes, despoletando uma obsessão pela procura. David Toschi (um genial Mark Rufallo, que interpreta aquele que foi a inspiração para o Dirty Harry de Eastwood) e William Armstrong (Anthony Edwards) são os dois "duros" da polícia que perseguem todas as pistas deixadas por Zodiac: Toschi, a viver para a investigação, desprovido de sentimentos, angustiado pelos parcos indícios que tem de solucionar o caso; e Armstrong, como uma espécie de Watson de Sherlock Holmes para Toschi. Do outro lado (o do Chronicle), o jornalista criminal Paul Avery (vénia para Robert Downey Jr., com uma interpretação a candidatar-se para um Óscar: possessivo, irónico e venenoso, encarna na perfeição a espiral de demência alcoolica e obsessiva resultante da investigação), cuja linha de invisibilidade do assassino se cruza com a do desespero deste; a par do cartonista Robert Graysmith (outra interpretação de luxo, agora de Jake Gyllenhaal, na pele do autor do livro que foi base desta obra).
E este é, efectivamente, um filme de linhas e de pormenores. De linhas, porque tudo se cruza: a investigação da polícia com a do jornal, a obsessão de Graysmith com a de Toschi, a timidez e sobriedade do primeiro com Armstrong (ambos uns Watsons dos respectivos Holmes) ou o declínio de loucura de Avery com Toschi. E se provas queriamos, nada como recordar uma cena de diálogo paralelo, entre a dupla da lei e a do jornalismo, onde, e em edifícios diferentes, uma pergunta de Toschi é respondida por Graysmith numa espécie de paralelismo temporal da mesma conversa. Pormenores, na investigação cuidadosamente preparada por Fincher, nos detalhes de época, ao juntar quatro condados diferentes, cada um com os seus indícios; e, pessoal e especialmente, as passagens temporais: definir um interregno de 4 anos com uma imagem de um arranha céus a ser construído em grande velocidade ou uma pausa de vários segundos com o ecrã negro é daquelas delícias que me levam a depositar uma fé única no trabalho deste genial realizador.
No fim, fica a dúvida: será que Arthur Leigh Allen (um genial e inquietante John Carrol Lynch) era mesmo o Zodiac? Mas, e numa película de duas horas e meia, estrondosamente montada, deliciosamente sonorizada isso não tem relevo, quando encontrar o assassino é o que menos importa neste brilhante "Zodiac". Obrigado, Fincher.






Título Original: "Zodiac" (EUA, 2007)
Realização: David Fincher
Argumento: James Vanderbilt e Robert Graysmith
Intérpretes: Robert Downey Jr., Mark Ruffalo, Jake Gyllenhaal, Anthony Edwards, Brian Cox e Chloë Sevigny
Fotografia: Harris Savides
Música: David Shire
Género: Thriller / Policial
Duração: 158 min.
Sítio Oficial: http://www.zodiacmovie.com

"Trust the Man" por Nuno Reis


Juntar David Dochovny e Julianne Moore numa comédia, poderia parecer uma sequela de “Evolution”, felizmente é bastante mais. O título português foi um bocado infeliz - “Jogos de Infidelidade” não é nome que se dê a uma comédia – mas o elenco talvez consiga convencer os espectadores. Dochovny e Moore são um casal, Billy Crudup é o irmão dela e Maggie Gyllenhaal a namorada do último. Se a este quarteto juntarmos as secundárias Eva Mendes e Ellen Barkin, tem estrelas que bastem para criar interesse.

Tom é um publicitário que se tornou doméstico para cuidar dos filhos, a esposa Rebecca é uma famosa actriz que decide experimentar teatro. Tobey é um cronista com muito tempo livre e Elaine está a tentar publicar o seu primeiro livro. Como Tom e Tobey são os melhores amigos, Rebecca e Elaine as melhores amigas, e além disso Tobey e Rebecca são irmãos, os dois casais estão sempre juntos. A diferença entre eles é que os primeiros estão casados e com filhos enquanto os segundos já arrastam o namoro há sete anos. Chamem-lhe medo, crise ou qualquer outra coisa, mas ambas as relações começam a dar para o torto. Iremos assistir aos casos amorosos que eles terão, uma busca infrutífera para encontrar aquilo que lhes falta na vida e onde perceberão que já tinham tudo.

Todas as personagens têm o seu próprio encanto, não digo que um espectador consiga sempre identificar-se com alguma, mas consegue afeiçoar-se a todas. David Duchovny tem em Tom uma personagem peculiar e muito pouco convencional, as suas taras dão um humor fácil e rápido ao filme. Acaba por ser o primeiro a falhar e o primeiro a reencontrar-se. O Tobey de Crudup, sempre teve o amigo e a irmã para tomar conta dele e acabou por ficar uma criança grande. Eternamente apaixonado pela mesma mulher, reencontra uma sensual paixão da juventude. Elaine (Gyllenhaal), farta da falta de vontade de compromisso de Tobey, deixa-o. É então desencaminhada pela amiga Rebecca para uma busca pelo homem perfeito, aquele que queira assentar e ter filhos. Sobra Rebecca, a actriz interpretada por Moore é uma pessoa divertida e responsável que apenas quer o melhor para os seus. É o elo de ligação entre todos que com a ajuda do marido sempre conseguiu família e carreira, quando se começa a sentir abandonada pelo marido consegue ainda ter forças e auto-controlo suficiente para prosseguir com a peça, encarregar-se dos filhos, ajudar a ex-namorada do irmão a procurar um homem e ter o seu próprio caso. Poderia dizer que o filme é feminista pois atribui a culpa aos homens e tenta enaltecer as mulheres dando a Rebecca capacidades sobrehumanas, mas pensando bem tanto Rebecca como Elaine não são mais do que duas mulheres a viver as suas vidas da melhor forma que sabem. As capacidades que demonstram são habituais em mulheres, não são é habituais em filmes sobre elas. Felizmente o realizador é casado com a protagonista e portanto foi convencido a mostrar o outro ponto de vista.

Recentemente elogiei “The Last Kiss” como um filme fora do normal sobre o amor nos jovens. Este filme é mais adulto, mas por ser tão alegre e descentralizado acabará por ser mais apelativo para todos os públicos. A fazer mais comparações diria que é uma visão dramática sobre o amor e a infidelidade, como “Love Actually”. Este é um pouco menos musical e mais cómico, mas sem dúvida que merece não só um visionamento como bastantes aplausos. Foi dos melhores filmes que vi este ano. Numa semana em que Cannes é o evento e “Zodiac” é o filme, temos esta pequena delícia cinematográfica que poderia passar despercebida. Recomendo que “Catch the Man” seja visto por todos, se não pelo seu valor filosófico ou pelo romantismo, pelo menos pelos magníficos momentos de humor. É quase impossível não gostar.







Título Original: "Trust the Man" (EUA, 2005)
Realização: Brad Freundlich
Argumento: Brad Freundlich
Intérpretes: David Duchovny, Julianne Moore, Billy Crudup, Maggie Gyllenhaal
Fotografia: Tim Orr
Música: Clint Mansell
Género: Comédia / Drama / Romance
Duração: 103 min.
Sítio Oficial: http://www.foxsearchlight.com/trusttheman/

15 de maio de 2007

Cannes 2007




Começa já amanhã mais uma edição do Festival de Cannes, a Meca dos festivais de cinema, que junta anualmente milhares de pessoas em redor da capital da sétima arte. O Antestreia dará conta de vários pormenores deste evento, não tivessemos nós dois digníssimos co-escribas neste momento a aterrar na croisete.
Numa edição com destaque para a presença de Maria de Medeiros no Júri das Longas Metragens, nomes como Wong Kar-wai, Joel e Ethan Coen, Kim Ki-duk, Emir Kusturica, Quentin Tarantino, Gus Van Sant ou David Fincher irão exibir as suas últimas obras, numa edição onde brilharão mais uma vez as grandes estrelas do firmamento cinema.
Para mais informações, http://www.festival-cannes.fr

Waits is alive. Long live Tom Waits

Someday the silver moon and I will go to dreamland
I will close my eyes and wake up there in dreamland
And Tell me who will put flowers on a flower's grave?
Who will say a prayer?

Will I meet a China rose there in dreamland?
Or does love lie bleeding in dreamland?
Are these days forever and always?

And if we are to die tonight
Is there a moonlight up ahead?
And if we are to die tonight
Another rose will bloom

For a faded rose
Will I be the one that you save?
I love when it showers
But no one puts flowers
On a flower's grave

As one rose blooms and another will die
It's always been that way
I remember the showers
But no one puts flowers
On a flower's grave

And if we are to die tonight
Is there a moonlight up ahead?
I remember the showers
But no one puts flowers
On a flower's grave


Flower's Grave, Tom Waits

10 de maio de 2007

"Blades of Glory" por Nuno Reis


Jimmy MacElroy era um menino prodígio. Foi adoptado por um milionário especializado em criar campeões e provou ser um. Chazz Michaels sempre foi um rebelde, apesar de toda a irreverência é um campeão de patinagem artística. O problema destes dois é que não suportam dividir o pódio e acabam envolvidos na maior cena de pancadaria da história do desporto e são banidos para sempre da competição... Desgraçados e sem outra forma de ganhar a vida, vão-se afundando em profissões menos dignas. Até que o destino os faz reencontrarem-se e, muito contrariados, irão competir juntos pelo ouro, no Mundial de pares.
Fazer comédia é fácil quando se coloca dois homens em trajes justos sobre gelo. O argumento é mais do que previsível do início ao fim e as interpretações não precisavam de ser brilhantes. Nota-se as consequências de ser um filme MTV. O destaque vai para os efeitos visuais pois em todo o filme não me lembro de uma cena de patinagem que não parecesse real. Como duvido que Ferrell e Heder tenham aprendido a patinar assim, especialmente juntos, dou os meus parabéns ao génio que, por computador, os conseguiu tornar numa dupla de patinadores.
Existem vários detalhes curiosos em que um espectador mais informado sobre o desporto poderá reparar, uma dezena de campeões desfilam na tela, ouvem-se referências a movimentos, acontecimentos e incidentes reais. Quem achar que a patinagem artística em si não tem interesse terá de tentar apreciá-lo pela (fraca) história, pela (inexistente) banda sonora, pelo (óbvio) humor, ou pelo charme das personagens. Ficou acima das minhas expectativas, mas não o suficiente para justificar uma ida ao cinema.




Título Original: "Blades of Glory" (EUA, 2007)
Realização: Josh Gordon e Will Speck
Argumento: Busy Philipps, John Altschuler, Dave Krinsky
Intérpretes: Will Ferrell, Jon Heder, Craig T. Nelson
Fotografia: Stefan Czapsky
Música: Theodore Shapiro
Género: Comédia/Desporto
Duração: 93 min.

Sítio Oficial: http://www.bladesofglorymovie.com/

9 de maio de 2007

"Breach" por Nuno Reis


Em 2001 Robert Hanssen foi detido por espionagem e condenado à prisão perpétua. Depois de 25 anos ao serviço do FBI, descobriram que durante 15 foi espião para o principal inimigo: a União Soviética. Este filme narra todo o processo por trás da exposição do maior traidor da história americana.
Ryan Philippe é Eric O'Neill, um jovem agente do FBI com jeito para as tecnologias e um futuro promissor. Quando conclui mais uma missão de campo de elevada importância, é transferido para um trabalho de gabinete. Será secretário do lendário Robert Hanssen, o responsável pelas maiores descobertas dos americanos em solo soviético. Quando questiona o porquê dessa mudança é colocado perante uma revelação bombástica, o seu novo patrão está a ser investigado por alta traição. Este "Breach" é um filme de espionagem que dá gosto ver. Desenrola-se todos nos bastidores do FBI e por isso não se vê aquelas tradicionais missões em que há intrigas e traições, aqui é apenas uma investigação policial e o drama de um homem que tem de escolher entre a dedicação à esposa ou ao país. Ao longo de quase duas horas vamos seguir O'Neill numa experiência totalmente nova, onde o homem que irá trair é o mentor que o ensinará a amar o seu país e o seu Deus.
Chris Cooper e Ryan Pilippe estão nos melhores papéis das suas carreiras. O veterano interpretando aquele que parecia ser o herói americano, e o jovem interpretando aquele que realmente foi um herói. A estreia neste mês de Maio ficará um pouco ofuscada pelos primeiros blockbusters de Verão. É daquele género de filmes que merecia vir após o calor, quando os candidatos a Oscar começam a despontar e os espectadores já não correm a ver filmes milionários, mas sim filmes inteligentes.
Deturparam um pouco a realidade, mas para quem não se incomodar com detalhes - como revelar o maior segredo do FBI a um novato no meio de um espaço público - é suficientemente real para preocupar, especialmente porque o grau da traição cometida não foi alterado. Achei delicioso ser um filme de espiões tão ao estilo da Guerra Fria, mas que decorre já no século XXI, tão próximo de nós...
Título Original: "Breach" (EUA, 2007)
Realização: Billy Ray
Argumento: Adam Mazer, William Rotko, Billy Ray
Intérpretes: Chris Copper, Ryan Philippe, Laura Linney
Fotografia: Tak Fujimoto
Música: Mychael Danna
Género: Drama/Thriller
Duração: 110 min.
Sítio Oficial: http://www.breachmovie.net/

7 de maio de 2007

Uma mão cheia de Chaplin em Almeirim

Proposta interessante de 23 a 31 de Maio, no Jardim República em Almeirim, que vale a pena a visita:
Este ciclo de cinema exibido ao ar-livre é organizado pela Câmara Municipal de Almeirim e tem a programação assinada pela Círculo Solar - Maternidade de Ideias. Inteiramente dedicado ao génio de Charlie Chaplin os cinco filmes que enchem esta mão, demonstram bem talento do autor-total. Todos os filme apresentados são realizados, musicados e interpretados pelo próprio Chaplin.
Cinema-ternura no jardim é o pretexto para celebrar as noites amenas de Primavera.
O Jardim Republica, fica no centro de Almeirim. Charlie Chaplin justifica a viagem e Almeirim vale a visita. A entrada é livre.



PROGRAMAÇÃO

SESSÃO DE ABERTURA - Quarta-feira 23 de Maio 2007, 21:30h
"O Miúdo" – 68' – 1921 – filme mudo

Quinta-feira, 24 de Maio 2007, 21:30h
"A Quimera do Ouro" – 92'–1925 – filme mudo

Sábado, 26 de Maio 2007 , 21:30
"O Circo" – 96' - 1928 – filme mudo

Quarta-feira 30 de Maio 2007, 21:30
"Tempos Modernos" – 83' - 1936 – filme mudo

SESSÃO DE ENCERRAMENTO, Quinta-feira, 31 de Maio 2007, 21:30h
* O Grande Ditador – 120' – 1940 – filme sonoro

5 de maio de 2007

E com este faz 1001


Com o artigo polémico publicado há minutos atingimos os 1000 posts! Se a isso juntarmos as 100.000 visitas atingidas no final de Abril podemos dizer que, a 5 semanas de completar 4 anos, o Antestreia conseguiu dois feitos que lhe dão um lugar de referência na blogosfera nacional.

Deixo aqui os nossos agradecimentos aos leitores que cá vieram tantas vezes e que nos motivaram a escrever tanto.

Porto, cultura encaixotada

O aniversário da Casa da Música foi o pretexto para o RCP organizar um debate sobre a cultura no Porto. Aí Pedro Abrunhosa brilhou ao arrasar a política cultural dos últimos anos no Porto, se é que existiu alguma coisa a que se pudesse chamar de cultura. Se de cultura vamos mal, a análise de Pedro Abrunhosa é um bom augúrio. Pedro Abrunhosa não é só um letrista inspirado. Ele costuma antever as mudanças que se aproximam e, nesse caso, pode ser que finalmente os agentes culturais do Porto se unam para fazer regressar a cultura à nossa cidade. Centrando a cultura do Porto à área do cinema podíamos pensar os dois grandes momentos da História do Cinema na cidade do Porto.
As origens com Aurélio da Paz dos Reis e, aqui, o património está minimamente preservado: a quinta onde foi o horto da “Flora Portuense”, o Ateneu Comercial onde ele foi director, o Teatro Sá da Bandeira onde se exibiram os primeiros filmes. Estando na mão de privados ou de empresas a memória dos lugares resiste. Claro que o Sá da Bandeira merecia um restauro que lhe devolvesse a glória.
O outro momento significativo do cinema no Porto centra-se num triângulo composto por Alves Costa – Cineclube do Porto – Manoel de Oliveira, três aspectos que marcaram os últimos sessenta anos da nossa cidade. E aqui a que é que assistimos? O espólio desse nome essencial do Cinema que era Alves Costa está nas mãos da Câmara do Porto ENCAIXOTADO. Inacessível aos estudiosos, sem utilidade alguma. Essa oferta à cidade de valor e interesse incalculáveis a câmara mantém empacotada sem que se vislumbre um destino. O Cineclube do Porto em vias de extinção é outra das histórias de triste fim e o seu espólio encaixotado está à espera de ser despejado da sua sede. Da Casa do Cinema que Manuela Melo negociou com Manoel de Oliveira nada se sabe a não ser que nada está a funcionar. Nem o centenário anunciado do próprio cineasta parece apressar uma solução para este espólio, também ele de valor incalculável para os estudiosos.
Ou seja toda a memória do Cinema que está nas mãos da Câmara está em estado letárgico. No Porto 2001 a cidade mostrava o seu dinamismo cultural, espírito de iniciativa e com uma ideia sobre a cultura e o papel do cinema nessa cultura. Hoje vivemos neste estado de “apagada e vil tristeza” de que falava Camões. Até quando? É tempo de se devolver à cidade a cultura e a melhor solução seria seguirmos o exemplo de Lisboa. Presidente borda fora e eleições intercalares.

Para esta luta todos somos precisos.


António Reis (reis2407@yahoo.co.uk)

3 de maio de 2007

Um pequeno teste


Ontem ao entrar no IMDb deparei com um link curioso. Era o site de jogos cinematográficos da revista Empire. Consiste em 20 perguntas sobre detalhes de um filme. O objectivo é responder a tudo depressa e bem.

http://www.empireonline.com/features/howwelldoyouknow/

Para os mais fanáticos é um desafio interessante, os mais desatentos podem usar o jogo como desculpa para reverem alguns dos vossos filmes preferidos.