4 de julho de 2008

Metrópolis recuperado


O mítico filme de Fritz Lang, "Metrópolis", está mais completo. Se durante anos se pensou que nunca mais se iria ver a versão que o realizador originalmente estreou, a perseverança de dois cinéfilos conseguiu contrariar essa tendência e descobriram três rolos de fita na Argentina, que estavam desaparecidos à oito décadas.

Realizada em 1927, a película foi recebida de maneira muito fria pelo público, o que levou os estúdios a compelirem Lang a trabalhar novas montagens. Obedecendo, retirou cerca de um quarto de filme, que se julgava perdido. Mas agora, o mistério começa a desaparecer.

A história, simples. Depois de fazer furor nos EUA, Adolfo Z. Wilson, que possuia uma distribuidora em Buenos Aires, Argentina, decidiu que queria projectar "Metrópolis" naquele país. De algum modo conseguiu fazer com que os rolos fosse enviados para ele e, daí, terminaram nas mãos do crítico cinematográfico Manuel Pena Rodriguez.

Por volta dos anos 60, Rodriguez conseguiu convencer o Fondo National de Artes de Argentina a adquirir o original, do qual foi feita cópia, sendo esta incorporada, em 1992, no Museu do Cinema, que havia recentemente nomeado Paula Félix-Didier como curadora. Esta e o seu agora ex-marido decidiram seguir um rumor que haviam ouvido anos antes: existia uma cópia original de "Metrópolis" nos arquivos. Quando projectada, nem queriam acreditar no que viam - o desaparecido quarto de filme estava perante eles.

No início desta semana, Félix-Didier voou para Berlim onde recebeu a confimação da autenticidade do material por três especialistas alemães. Segundo Helmut Possmann, director da Fundação Friedrich-Wilhelm-Murnau, as cenas em falta são de enorme importância, pois "o material que se acreditava estar perdido leva a um novo entendimento da obra-prima de Fritz Lang", e "cenas como as do salvamento das crianças são de uma intensidade dramática muito superior" à da obra que todos vimos. A fita vai ser agora restaurada, devido às fracas condições em que se encontra, ficando nas mãos da Fundação Lang o seu futuro para (re)apresentação, oitenta anos depois.


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