13 de agosto de 2008

"The X-Files: I Want To Believe" por Nuno Reis


A moda actual das produções televisivas de qualidade e as séries com milhões de espectadores por semana começou com "The X-Files". Antes desta era o nada, um quase limbo televisivo, e depois dela nenhuma sobressaia acima das demais. A história da televisão e de toda uma geração foi marcada por esta saga. Colocando em causa as intenções do governo e lançando suspeitas sobre a actividade de extra-terrestres e outras criaturas sobrenaturais, despertaram em multidões a necessidade de informação.
O primeiro filme foi há dez anos. Apesar de coincidir com o ponto máximo de popularidade da série e de ter recebido alguns prémios, os fãs não apreciaram particularmente,. Por uns tempos não pensaram em mais filmes, mas agora que não havia o risco de perder espectadores outro filme podia sair. Que se desengane quem esperava um novo final ou um novo recomeço. Mesmo vindo no seguimento do resto esta é uma peça solta da saga.

Pode acontecer que o leitor não saiba nada sobre esta equipa. Na maioria dos casos isso justifica-se por na altura não ter idade suficiente para ver ou ter aterrado há poucos anos no planeta Terra. Nesse caso vai parecer um policial banal. As personagens têm um passado estranho que felizmente é revelado por pequenas pistas. As atitudes também pode parecer estranhas, mas aí não há explicação para os novatos.

Para quem está a par da série a acção prossegue seis anos depois de quando a série parou. Os Ficheiros Secretos estão encerrados e são assunto tabu. Mulder é um inimigo do FBI e Scully exerce medicina num hospital. Quando uma agente desaparece e as únicas pistas são as visões de um padre, a agente responsável pelo caso pede ajuda a Mulder que se faz acompanhar da sua eterna parceira. Como fizeram ao longo de muitos anos Duchovny interpreta um agente irreverente, divertido e convicto, Anderson é a cientista séria e céptica que duvida inclusivamente do que vê. O regresso foi mais fácil para ele, mas como só usam os dramas pessoais de Scully ela consegue brilhar. Entre as estrelas convidadas a maior surpresa foi Amanda Peet que tem um papel bem melhor do que habitual, já era merecido. O caso não é tão misterioso como antigamente, em comparação com o que dá actualmente na televisão e cinemas não é muito assustador. Se fosse num episódio seria interessante, como pretexto para este regresso da dupla à actividade é mau.

O célebre tema musical tem uma presença muito ténue. Apenas se ouve no início - onde ainda tem a capacidade de criar arrepios e dar o tom para mais um episódio - e a meio, a acusar um ficheiro secreto por desvendar. Esse é também o melhor de vários detalhes humorísticos. Na tentativa de atrair novos públicos não aproveitaram muito da série. O criminoso de serviço podia ter sido sobrenatural, mas mesmo não sendo respeita a tradição da série. Algumas cenas e expressões são momentos privados que os maiores fãs saborearão e ninguém mais se aperceberá.
A cena a meio dos créditos causa alguma surpresa e é quase inesperada, mas convém que seja vista.

Título Original: "The X Files: I Want to Believe" (Canadá ,EUA, 2008)
Realização: Chris Carter
Argumento: Chris Carter, Frank Spotnitz
Intérpretes: David Duchovny, Gillian Anderson ,Amanda Peet, Billy Connolly
Fotografia: Bill Roe
Género: Drama, Mistério
Duração: 104 min.
Sítio Oficial: http://xfiles.com/

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