31 de maio de 2008

"The Forbidden Kingdom" por Nuno Reis


Filmes chineses feitos por americanos

Há décadas que Hollywood utiliza panóplias de artes marciais nos seus filmes. Nesses filmes Jackie Chan tem sido uma referência nas comédias e Jet Li nos dramas. Li, que pensava já ter terminado a fase da carreira em que pratica as artes marciais, voltou ao género para experimentar trabalhar com um dos seus heróis, aquele que os EUA apontaram como sucessor de Bruce Lee. Curiosamente estes reis do Kung Fu nunca antes tinham trabalhado juntos.

Jason é um jovem americano que visita frequentemente uma loja chinesa. Está apaixonado pelos filmes de Kung Fu e sabe todos os nomes da mitologia chinesa, as suas armas e as suas lendas. Uma noite é-lhe confiado um bastão que terá de entregar ao seu legítimo dono. Esse bastão irá levá-lo numa viagem incrível à antiga China, onde terá de enfrentar todo o género de perigos até encontrar o Rei Macaco.

Com discretas mas abundantes referências a clássicos do cinema - do saudoso tempo dos irmãos Shaw – e coberto de magníficos combates, esconde por algum tempo o que lhe falta em substância. A história é desinteressante e as subtis referências passarão despercebidas à maioria dos espectadores. Por vezes assemelha-se a outros filmes, mas especialmente ao óbvio "Karate Kid". Nunca mais um jovem americano poderá estudar a cultura oriental sem parecer cópia descarada deste marco do cinema.
As coreografias estão excelentes. Combina o exagero característico do cinema oriental com a credibilidade habitual dos filmes de Jackie Chan, mesmo não tendo sido ele a coreografar. A fotografia de Peter Pau, como em tantos filmes até agora, está deslunbrante. A única boa interpretação é de Jet Li em duas personagens, as menos estereotipadas.

O grande Rob Minkoff não conseguiu utilizar a sua magia para fazer um grande filme, mas valeu a intenção Foi uma boa tentativa de revitalizar um género que os americanos começam a ignorar.


Título Original: "The Forbidden Kingdom" (EUA, 2008)
Realização: Rob Minkoff
Argumento: John Fusco
Intérpretes: Jet Li, Jackie Chan, Michael Angarano, Collin Chou, Li Bingbing
Fotografia: Peter Pau
Música: David Buckley
Género: Acção, Aventura, Comédia
Duração: 113 min.
Sítio Oficial: http://www.forbiddenkingdommovie.com/

27 de maio de 2008

O ano de Bond, James Bond


2008 é o ano de James Bond: centenário do nascimento de Ian Fleming, lançamento de novo filme no final do ano, e um novo livro a ser lançado esta semana. O grupo de herdeiros responsáveis pelo património cultural de Fleming, contratou Sebastian Faulks - autor de "Charlotte Gray" entre outros - para fazer um livro que celebrasse o centenário. O título foi "Devil May Care" e a história desenrola-se nos anos sessenta, em plena Guerra Fria, na Europa e no Médio Oriente e envolve muita espionagem, e claro, mulheres. Uma adaptação cinematográfica é muito provável.



A Royal Navy juntou-se à festa e emprestou o destroyer HMS Exeter para carregar as primeiras cópias das aventuras do Comandante Bond. A venda começa amanhã, dia do centenário e só a edição de capa dura tem quase meio milhão de exemplares.


Quanto ao filme "Quantum of Solace" e aos imensos problemas de Amy Winehouse, os rumores apontam Beyoncé como a nova escolhida para fazer a banda sonora. Os estúdios ainda não fizeram nenhum comunicado.

25 de maio de 2008

Balanço de Cannes 2008


Em Cannes a opinião unânime entre os críticos era de que a selecção era fraca, sobretudo comparada com a edição 60 que, o ano passado, tinha sido excelente. Também é sabido que o peso dos prémios de Cannes não é particularmente significativo em termos de adesão do público, quando comparado por exemplo com Veneza. É igualmente sabido que os sucessivos júris de Cannes acabam por traduzir em palmarés um equilíbrio instável entre concepções muito diferentes de cinema.

Este ano o palmarés acabou por não fugir à regra, ou seja, não agradar a quase ninguém e premiar quase todos. Talvez pareça demasiado óbvio o prémio a de "Entre les Murs", prémio para um filme francês vinte e um anos depois. A grande questão é se é possível comparar esta visão do Cinema com outros filmes em competição como os de Clint Eastwood ou Fernando Meirelles.

Se é certo que os prémios já não são o que faz mover Eastwood para aceitar participar em competição, não deixa de ser surpreendente a aposta num cinema mais intimista e sobretudo europeu. Nesse equilibrio do politicamente correcto se a sorte grande saiu aos franceses, o cinema italiano (que continua de rastos) também teve mais do que merecia: a sátira política e de costumes que tinham feito a glória do cinema transalpino nos anos 60 recebe dois importantes prémios.

O tradicional prémio para as cinematografias mais terceiro-mundistas contemplou o cinema turco que está a dar mostras de uma grande vitalidade temática e industrial. O Brasil de Walter Salles e Daniela Thomas confirma que a pobreza continua a vender bem e a favela é o seu trunfo de exportação. A campanha de promoção de "Che", o biopic anti-americano de Soderbergh, forneceu um kit alimentar de sobrevivência, o que permitiu aos espectadores assistir aos 260 minutos do filme. Como é habitual o palmarés premiou os detractores da América de Bush, neste caso com justiça porque o desempenho de Benicio Del Toro é assombroso.

Se se comparar o palmarés final com as previsões que iam sendo publicadas nas revistas de Cannes verifica-se que as apostas saíram todas trocadas. Talvez não se possa dizer que para melhor. Veremos quantos destes filmes serão estreados em Portugal, quando, e com que destaque.

Os prémios de Cannes 2008



Selecção Oficial


Palme d'Or


"Entre les Murs" de Laurent Cantet


A equipa do filme


Grande Prémio


"Gomorrah" por Matteo Garrone


Garrone recebeu o prémio das mãos de Polanski


Melhor Realizador




Nuri Bilge Ceylan por "Üç Maymun"
Nuri Bilge Ceylan


Melhor Argumento


"Le Silence de Lorna" por Jean-Pierre e Luc Dardenne


Fatih Akin premiou Jean-Pierre Dardenne


Melhor Actriz


Sandra Corveloni em "Linha de Passe"


O prémio foi recebido pelos realizadores Salles e Thomas


Melhor Actor


Benicio Del Toro por "Che"


A actriz Valerie Lemercier entregou o prémio a Del Toro


Prémio do Jurí


"Il Divo" de Paolo Sorrentino

Palme d'Or para Curta-metragem


"Megatron" de Marian Crisan

Prémio do Júri para Curta-metragem


"Jerrycan" de Julius Avery


Outros prémios



Caméra d'Or


"Hunger" de Steve McQueen (Un Certain Regard)

Menção Especial Caméra d'Or


"Vse Umrut a Ja Ostanus" de Valeria Gaï GUERMANIKA (Semaine Internationale de la Critique)

Un Certain Regard


Melhor Filme


"Tulpan" de Sergey Dvortsevoy
"Wolke 9" de Andreas Drese

Prémio do Júri


"Tokyo Sonata" de Kurosawa Kiyoshi

Prémio K.O. Un Certain Regard


"Tyson" de / by James Toback

Prémio Esperança


"Johnny Mad Dog" de Jean-Stéphane Sauvaire


CINEFONDATION



First Cinéfondation Prize


"Himnon" de Elad Keidan

Second Cinéfondation Prize


"Forbach" de Claire Burger

Third Cinéfondation Prize


"Stop" de Park Jae-ok
"Kertomerkitsijat" de Juho Kuosmanen

22 de maio de 2008

15 de maio de 2008

Cannes 2008





O mundo já está de olhos postos na Croisette para ver as estrelas. o festival de Cannes começou ontem e prolonga-se por mais dez dias. Este ano o Antestreia fará uma cobertura com três jornalistas, valor que supera a imprensa tradicional.

A abertura foi lusófona com "Blindness" de Fernando Meirelles, baseado em "Ensaio sobre a Cegueira" de Saramago. Os restantes filmes a concurso são:

"ADORATION" de Atom Egoyan
"CHE" de Steven Soderbergh
"DELTA" de Kornel Mundruczo
"ENTRE LES MURS" de Laurent Cantet
"ER SHI SI CHENG JI" de Zhangke Jia
"GOMORRA" de Matteo Garrone
"IL DIVO" de Paolo Sorrentino
"L'ÉCHANGE" de Clint Eastwood
"LA FRONTIÈRE DE L'AUBE" de Philippe Garrel
"LA MUJER SIN CABEZA" de Lucrecia martel
"LE SILENCE DE LORNA" de Jean-Pierre et Luc Dardenne
"LEONERA" de Pablo Trapero
"LINHA DE PASSE" de Walter Salles, Daniela Thomas
"MY MAGIC" de Eric Khoo
"PALERMO SHOOTING" de Wim Wenders
"SERBIS" de Brillante mendoza
"SYNECDOCHE, NEW YORK" de Charlie Kaufman
"TWO LOVERS" de James Gray
"ÜÇ MAYMUN" de Nuri Bilge Ceylan
"UN CONTE DE NOËL" de Arnaud Desplechin
"WALTZ WITH BASHIR" de Ari Folman

"La Habitación de Fermat" por Nuno Reis

Cinema e matemática às vezes combinam

Existem duas referências matemáticas incontornáveis no cinema fantástico. Uma delas dá pelo nome de "Pi" onde um louco nos mostra como a matemática nos rodeia. Tudo o que vemos, o que somos e que acontece são números. Em "Cube" a matemática não nos rodeia apenas, prende-nos por entre paredes geométricas e desafios aritméticos. A sobrevivência do mais apto atingiu um novo nível e combina capacidades lógicas, físicas e mentais. "La Habitación de Fermat" é muito parecido com "Cube", mas no projecto espanhol o mistério da matemática é mais imediato.

Cinco matemáticos contemporâneos usando nomes de matemáticos históricos estão reunidos numa misteriosa sessão de resolução de problemas. Subitamente as paredes começam a fechar-se e terão de resolver uma sucessão de problemas para evitarem o esmagamento. Aqui não há outras salas e não há diferenças entre os prisioneiros, há apenas muita pressão.

A presença nos enunciados daquela que Gauss apelidava de "rainha das ciências" é muito reduzida. Os problemas são essencialmente lógicos e dos mais conhecidos: um deles fazia parte do meu livro do oitavo ano de matemática. Para quem tenha formação na área das ciências ou um mínimo de curiosidade pelo tema os exercícios apresentados são resolúveis bem antes de acabar o tempo. Mas a sua colocação na trama do filme está num nível que nem desmotiva quem não os consegue resolver, nem quem os resolve demasiado depressa. E não deixam de ser desafios interessantes para apresentar posteriormente a um amigo que não tenha visto o filme.

Os pontos fortes do filme são o seu argumento e a montagem. No argumento tem a desvantagem de ser pouco credível, novamente refiro que os problemas são elementares, mas a ideia-base é muito boa e a matemática vai sendo subtilmente alheada para ser disparada de volta quando necessária. Quanto à montagem é muito compacto, não se alonga em cenas desnecessárias e isso ajuda a manter a tensão.
O sítio oficial apesar de simples tem uma pequena surpresa para os visitantes e uma passagem por lá é recomendada. Tem um impacto diferente antes e depois do filme.

Os matemáticos vão achar o final revoltante, aconselho a saírem assim que vejam o barco em movimento e a não olharem para trás.

Título Original: "La Habitación de Fermat" (Espanha, 2007)
Realização: Luis Piedrahita, Rodrigo Sopeña
Argumento: Luis Piedrahita, Rodrigo Sopeña
Intérpretes: Santi Millán, Elena Ballesteros, Alejo Sauras, Lluís Homar, Federico Luppi
Fotografia: Miguel Ángel Amoedo
Música: Federico Jusid
Género: Mistério, Thriller
Duração: 88 min.
Sítio Oficial: http://www.lahabitaciondefermat.com/

14 de maio de 2008

"Lars and the Real Girl" por Ricardo Clara

Texto originalmente publicado a 16 de Fevereiro de 2008

Aposta quase certa do cinema independente norte-americano actual é a da análise às «famílias disfuncionais», tão em voga nos dias de hoje como em "Juno" ou "Little Miss Sunshine", entre inúmeros outros exemplos que podia citar.
E é desse mesmo nicho de produção que assistimos a "Lars and the Real Girl", uma deliciosa reflexão sobre a solidão e o amor, o amar e não ser correspondido, ou a paixão levada a um extremo de necessidade.

Lars Lindstrom (Ryan Gosling, "Half Nelson", 2006) é um homem desiludido com a vida e com o amor. Vetado a um trabalho repetitivo e ignorando Margo (Kelli Garner), colega de escritório que nutre uma particular simpatia por si, Lars, que mora numa garagem adjacente à casa do seu irmão Gus (Paul Schneider, "The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford", 2006) e da mulher deste Karin (Emily Mortimer, "Match Point", 2006), decide comunicar o início de uma relação com uma mulher, Bianca. O espanto não podia ser outro quando Gus e Karin descobrem que Bianca é uma... boneca insuflável.
Consultada Dagmar (Patricia Clarckson), psiquiatra, esta aconselha que todos, comunidade envolvida, finjam que Bianca é uma pessoa real, para que esta paranóia de Lars passe sem lhe causar nenhum tipo de dano.

Um filme de uma doçura e leveza a todos os títulos notável. "Lars and the Real Girl" é uma das abordagens recentes à temática do amor e da solidão mais tocante que têm surgido, num registo impecavelmente estruturado e apoiado numa narrativa de uma criatividade de alto grau qualitativo, com sólidas bases interpretativas.
E se abordar um caso de amor entre um homem e uma boneca insuflável podia dar para o torto, o certo é que Craig Gillespie consegue levar sempre o filme em linha recta, que combina momentos de comédia com passagens de comovente ternura. Para tal, é indispensável a deliciosa interpretação de Ryan Gosling, feita de dentro para fora, trabalhando ao ínfimo pormenor olhares que revelam da mais profunda solidão, à descoberta de um amor correspondido.

E é nesse contexto que começamos também a não acompanhar as preocupações de Gus com a possível insanidade de Lars, e passamos a apoiar Karin e a restante comunidade na luta pela reabilitação de Lars, pela integração da Bianca e, em última análise, na derradeira batalha entre a vida e a morte.

Com uma banda sonora minimalista, e preenchendo os parâmetros gerais da produção indie actual, "Lars..." é uma aposta muito concreta: combina um argumento (Nancy Oliver, "Six Feet Under", 2003 - 2005) muito alternativo com uma realização e direcção de actores altamente competente, conseguindo tornar-se numa peça de equilíbrios inatacáveis.




Título Original: "Lars and the Real Girl" (EUA, 2007)
Realização: Craig Gillespie
Argumento: Nancy Oliver
Intérpretes: Ryan Gosling, Emily Mortimer, Paul Schneider e Patricia Clarkson
Fotografia: Adam Kimmel
Música: David Torn
Género: Drama / Comédia
Duração: 106 min.
Sítio Oficial: http://www.larsandtherealgirl-themovie.com


13 de maio de 2008

Recordando A Voz (I)


Blue Eyes, como era conhecido este extraordinário cantor, foi um vencedor por natureza. Entre nomeações e vitórias, Sinatra viu o seu nome ligado, por 36 ocasiões, a diversos galardões, quer musicais quer cinematográficos. Golden Globes, Grammys, Oscares e Walk of Fame. Não houve um que lhe fugisse. E bem os mereceu.

OSCAR

Em 1946, estreia-se com a estatueta da Academia. Por "The House I Live In" (Albert Maltz, 1945), partilha a vitória com Frank Ross, Mervyn LeRoy, Albert Maltz e Earl Robinson por esta curta-metragem com temática subordinada à tolerância. Em 1954, a primeira grande vitória. Por "From Here to Eternity" (Fred Zinnemann, 1953), Sinatra vence o Óscar para Melhor Actor Secundário, num drama bélico intemporal. Dois anos bastaram para voltar a pisar a passadeira vermelha: em 1956 é nomeado para a estatueta da academia para Melhor Actor Principal, pela sua belíssima actuação em "The Man with the Golden Arm" (Otto Preminger, 1955). Sai de lá de mãos a abanar. Em 1972 a Academia voltou a atribuir-lhe um prémio, desta vez o Óscar humanitário Jean Hersholt.


GOLDEN GLOBES

Também não faltaram no seu currículo. Pelo já referido "From Here to Eternity" recebeu o correspondente prémio, mas não se ficou por aqui. Em 1958 é agraciado com o Golden Globe para Melhor Actor de Longa-Metragem por Musical ou Drama por "Pal Joey" (George Sidney, 1957), perdendo a corrida de 1964 em "Come Blow Your Horn" (Bud Yorkin, 1963) para Alberto Sordi pelo seu desempenho em "Il Diavolo" (Gian Luigi Polidoro, 1963). O seu trajecto culmina com a entrada no restrito grupo dos que venceram o Prémio Cecil B. DeMille.

OUTRAS DISTINÇÕES



Duas de relevo. Em 1973 é agraciado com o Prémio Carreira pelo Screen Actors Guild Award, mas aquelas que se perpetuam ainda hoje são as famosas Estrelas no Passeio da Fama - o n.º 6540 de Hollywood Blvd., pelo seu desempenho televisivo, e a outra no n.º de 1600 Vine Street., como actor de longas metragens.

Com 70 filmes no currículo, conseguiu ser uma figura ímpar de duas artes tão atraentes como são as da representação e da canção. Come Fly With Me, para celebrar!



Come Fly With Me


Uma expectativa nada estranha!



Um dos filmes que se aguarda deste lado com bastante curiosidade é "The Strangers", um thriller de terror do estreante Bryan Bertino, com Liv Tyler no papel principal.
A história, tradicional: um grupo de jovens recebe a visita inesperada de três homens a meio da noite, que tomam de assalto a casa, redundando o enredo numa luta pela sobrevivência.

Mas, e de todo o modo, as críticas de quem já o viu afirmam uma capacidade positiva na película que recentemente tem faltado no cinema de terror ocidental: a de assustar! Baseado, segundo o realizador, em eventos reais (nomeadamente nos crimes de Manson), tem data de estreia marcada para dia 30 deste mês, nos EUA, ainda sem indicação para o nosso país. Enquanto cá não chega, myspace, sítio oficial e o mais recente trailer aqui em baixo.




12 de maio de 2008

Pedro Costa em ascenção


O cineasta português Pedro Costa, autor de obras como "Ossos" (1997), "No Quarto da Vanda" (2000) e o recentemente aclamado "Juventude em Marcha" (2006) está em estado de graça na imprensa internacional.

Depois da famosa revista britânica de cinema Sight & Sound ter dedicado ao realizador uma entrevista com honras de chamada de capa, na sua edição de Maio, vem agora o site do periódico espanhol El Mundo destacar o trabalho do autor luso, presente em Madrid para o festival de cinema e arte contemporânea Rencontres Internationales.

A sua corrente projecção é fruto de um cinema de resistência, como o artigo em causa o refere, e está na vanguarda do que de melhor o nosso país produz, a uma distância bastante considerável daqueles que fazem do Cinema o seu modo de vida. Vale a pena ler aqui e aqui, bem como estar atento a uma obra muito importante na produção portuguesa.


Recordando A Voz


Faz esta semana 10 anos que A Voz se calou. Frank Sinatra, cantor e actor, uma referência do que melhor o ser humano pode fazer pela arte, morreu a 14 de Maio de 1998, e deixou o mundo de luto e em saudade. Durante esta semana, o Antestreia vai recordar esta figura ímpar do séc. XX, deixando desde já o belíssimo Fly Me To The Moon (In Other Words) a tocar aqui em baixo, tema que fez parte da banda sonora de variados filmes ao longo da história do cinema. Composto em 1957 pelo norte-americano Jimmy Van Heusen, e escrito pelo próprio Sinatra, foi lançado no album homónimo em 1958, a par de temas como Mumbai, Peru ou Acapulco Bay, numa história de viagens e aventura. Enjoy!



Fly Me To The Moon (In Other Words)


O regresso de Mulder e Scully



Foi hoje anunciado (uma segunda-feira em maré de novidades) o trailer de uma nova vida dos Ficheiros Secretos, o novíssimo "X-Files: I Want to Believe". O regresso dos agentes Mulder e Scully ao ecrã tem data marcada para 25 de Julho nos EUA, estando ainda por saber qual a altura em que chega cá ao burgo.

Com os incontornáveis David Duchovny e Gillian Anderson nos papéis principais, também Chris Carter se mantém no leme da produção, ele que foi o mentor e dinamizador de uma das maiores séries dos anos 90. Resta saber se será um pretexto para umas jantaradas do elenco, ou se irá trazer algo de concreto à trama - recorde-se que a primeira tentativa de adaptação cinematográfica quedou-se numa fraca ideia, na altura (1998) a cargo de Rob Bowman.

Dez anos passados desse flop, teremos (ao que se pode apurar) uma história intimamente virada para o desaparecimento e abdução de raparigas norte-americanas, em condições que só esta dupla do FBI poderá ajudar. Será uma boa ideia voltar à carga com os X-Files? A mim não me parece... De qualquer modo, aqui fica o trailer, cortesia da ign.com.




Serviço Público - VIII Encontros de Viana (Premiados)



Gentes do Mar
, de Dânia Alves, aluna do Instituto Politécnico do Porto, foi o documentário vencedor do PrimeirOlhar, a secção competitiva dos Encontros de Viana, recebendo os prémios Oficial e Cineclubes.

A Terceiro Bê, de Maria Remédio, aluna da Faculdade de Belas Artes de Lisboa, foi atribuído o prémio Jovem/IPJ e Aleluia, de Fábio Ribeiro, aluno da Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa, mereceu uma menção honrosa do juri Oficial.

Gentes do Mar é um documentário sobre a vida dos pescadores das Caxinas, Vila do Conde; a dureza das suas vidas, a sua fé, o seu olhar, que perscruta as águas e deixa espreitar o que lhes vai nas almas. O júri oficial atribuiu-lhe o prémio "pela forma de abordagem ao tema proposto, que deixa perceber uma construção narrativa consciente e revela uma boa capacidade técnico-artística". Já o júri de cineclubes considerou o "interesse da temática e a sensibilidade com que foi abordada, a segurança e destreza das filmagens e, em suma, o equilíbrio geral do documentário".

Terceiro Bê, sobre uma turma de filhos de imigrantes numa escola primária de Lisboa, recebeu o prémio Jovem|IPJ, também atribuído pelo júri oficial, "pela sensibilidade revelada no tratamento de um tema actual que ilustra a pluralidade da nossa sociedade e pela forma honesta como retrata a infância".

A menção honrosa atribuída a Aleluia, que versa o fabrico de imagens de santos, foi atribuída "pela ideia de aproximação a um tema delicado e pela economia narrativa em com que a história é contada".

O júri oficial, que decidiu os prémios PrimeirOlhar Oficial e PrimeirOlhar Jovem|IPJ, foi constituído por José António Hergueta, realizador, produtor espanhol, autor de instalações e presidente do Docus Andalucia; Jorge António, realizador e produtor angolano, consultor do Instituto Angolano de Cinema, Audiovisual e Multimédia; e David Mariano, jornalista e programador (Maria João Mayer, que inicialmente estava previsto integrar este júri não pôde comparecer nos Encontros por motivos de saúde).

O júri do prémio PrimeirOlhar cineclubes, atribuído pelas federações galega e portuguesa de cineclubes, foi constituído por Rita Freitas, produtora e assistente de produção (Cineclube de Torres Novas); Manuel P. Barbeito, guionista, realizador, actor e músico (Cineclube Padre Feijó, de Ourense); e Paulo Martins, director executivo da revista Cinema e membro da direcção da Federação Portuguesa de Cineclubes.

Todos os prémios tiveram o valor de mil euros, sendo que o Jovem|IPJ foi entregue em material.

Mais informações - www.ao-norte.com

Che no cinema






O /Film deu hoje a conhecer as novas fotografias dos próximos filmes de Steven Soderbergh ("The Good German" - 2006; "Ocean's Thirteen" - 2007), "The Argentine" e "Guerrilla", um drama biográfico sobre Ernesto "Che" Guevara, guerrilheiro comunista argentino e uma das personalidades mais importantes da História.

O filme contará com duas partes, num total de quatro horas e meia, sendo que a primeira parte focará a ascenção de Che a comandante de rebeldes, depois do desembarque em Cuba às ordens de Fidel Castro. A segunda metade contará o declínio aparente do combatente e idealista e o seu reaparecimento, numa campanha na Bolívia que deixou a sua marca indelével na história. A estrear ainda este ano, destaque para Benicio Del Toro a personificar a lenda, e Franka Potente, Benjamin Bratt, Catalina Sandino Moreno e Joaquim Almeida em papéis de relevo.


11 de maio de 2008

"Rambo" por Ricardo Clara

Por muito que custe a muitos dos que seguem o cinema com afinco, Sylvester Stallone é um nome ímpar da produção cinematográfica do final dos anos 70, início dos anos 80, e a personificação de dois dos duros dessa época, que marcaram toda uma geração: o boxeur Rocky Balboa e o soldado John Rambo.

Stallone é uma fraca desculpa de actor. Com uma dicção péssima e recursos estilísticos muito reduzidos, aproveitou o hype que se gerou à volta dele com maestria, vincando de forma indelével o seu cunho pessoal nas duas personagens citadas, sendo ainda hoje reconhecido por elas. Tal como Balboa, Rambo representava uma franja da sociedade norte-americana, da necessidade de (re)integração nela como condição ou pressuposto de vida. Em "First Blood" (Ted Kotcheff, 1982) surge pela primeira vez o veterano de guerra do Vietname, numa luta injusta contra um polícia despótico, prolongando uma guerra que já havia acabado, mas que sempre se desenrola no seu pensamento e memória. Já em "Rambo: First Blood Part II" (George P. Cosmatos, 1985), o soldado é retirado da prisão pelo seu antigo comandante e amigo Samuel Troutman, para uma missão de salvamento de prisioneiros de guerra num campo de concentração vietnamita. A marca e traço de personalidade de Rambo são definitivamente vincadas neste filme, um homem profundamente atormentado pela existência e incapaz de sentir.
Por fim, e em 1988, regressa à acção para resgatar Troutman do cativeiro em que é mantido no Afeganistão, num "Rambo III" (Peter MacDonald) que culminaria a saga nos anos 80. Stallone terá sentido então necessidade (e vejo desta forma, ao invés da visão monetária) de deixar o rumo destes dois heróis traçados, e mostra-lo de forma despudorada.

E é nesse sentido que John Rambo (Sylvester Stallone) regressa. Agora a viver na Tailândia, e ainda atormentado pela guerra, vê um grupo de missionários rogarem-lhe transporte de barco para a Birmânia, palco de sangrentos conflitos e intensa violação de todos os pressupostos da vida humana. Ainda que rejeitando várias vezes, acaba por os deixar no dito local, regressando ao seu país de acolhimento. Mas o grupo militar do infame Major Tint (Maung Maung Khin) dizima uma aldeia completa e faz reféns alguns dos missionários, entre os quais Sarah (Julie Benz) e Michael Burnett (Paul Schulze). Contactado por um padre norte-americano para transportar um grupo de mercenários que vão proceder à extracção dos cativos, Rambo junta-se a eles e faz o que melhor sabe: combate.

E tal como em "Rocky Balboa" (Sylvester Stallone, 2007), "Rambo", simplesmente assim, e só recorrendo ao seu nome, é um fechar de ciclo de boa qualidade e que consegue manter todos os traços essenciais da personalidade do personagem, o que em sequelas com muitos anos de distância raramente se consegue (e recordemos a incapacidade de Bruce Willis ser John McClane em "Die Hard 4.0".). Rambo é aquele homem incapaz de voltar a ser feliz e sociavel, sem um rumo certo na sua vida, sendo uma réstia daquilo que era antes da guerra (e continua neste filme a ser uma ode aos soldados e a todos os que lutam pela segurança norte-americana, muito ao estilo deste cinema). Aliás, é o próprio que o afirma e que condensa numa frase a sua existência: live for nothing, or die for something. Numa realização cuidada e com um ritmo assinalável, destaca-se a abordagem visceral e sanguinária, com o maior grau de violência da saga, onde nunca consegue manter um equilíbrio uniforme - quer pelo uso desajustado de explosões e pirotecnia, quer por alguns momentos de narrativa incompleta. Mas, e louve-se tal vitória, todas as sequências de luta corpo-a-corpo, bem como toda a realização na floresta é feita com uma respiração belíssima e que nos faz identificar com aquele homem, quedando a certeza de que, depois de mais uma batalha, a guerra terá sido ganha.






Título Original: "Rambo" (EUA, 2008)
Realização: Sylvester Stallone
Argumento: Sylvester Stallone e Art Monterastelli
Intérpretes: Sylvester Stallone, Julie Benz e Graham McTavish
Fotografia: Glen MacPherson
Música: Brian Tyler
Género: Acção / Drama / Guerra
Duração: 91 min.
Sítio Oficial: http://www.rambofilm.com

8 de maio de 2008

"P2" por Ricardo Clara

A produção de cinema de terror é um nicho de mercado que raramente é aproveitado com suficiência. Das variadas possibilidades de como catalogar uma peça desta natureza, sucedem-se os filmes de baixo orçamento e que cumprem o seu objectivo: ser uma forma de extravasar particularidades, sempre em volta do mesmo tema, mesmo que seja de forma básica e amadora. E nesta matéria, a maestria só consegue ser atingida por um punhado de realizadores, nos seus diferentes estilos.

A este propósito, e essencialmente por causa da obra do debutante Franck Khalfoun, questiono-me novamente acerca do que é que é um filme passível de estrear comercialmente, num país com baixos índices de literacia cultural, e essencialmente virado para o nome do actor ou actriz que o integram. Valerá a pena uma coisa tão medíocre como "P2" / "P2 - Zona de Risco" estrear em 10 salas do país numa semana com 8 filmes estreados, num total de quase 14 horas de cinema, quando a média de visitas se cifra num filme... por ano?

São números que dão que pensar, como deu a Angela Bridges (Rachel Nichols, "Resurrecting the Champ", 2007), uma mulher de negócios, workaholic por devoção quando, na véspera de Natal, ao tentar sair do edifício onde trabalha, se depara com uma série de obstáculos: portas que se encontram estranhamente encerradas, luzes apagadas e uma rara ausência de pessoas. Com a bateria do carro aparentemente morta, Angela pede ajuda a Thomas (Wes Bentley, "American Beauty", 1999), segurança sedeado no parque de estacionamento, o qual se mostra incapaz de colocar o automóvel em funcionamento. Depois de muito tentar sair do prédio, e após um súbito apagão, Bridges é atacada e vê-se numa peculiar consoada, com um maníaco a persegui-la como prenda de Natal.

Sem estrutura linear, com uma banda sonora inexistente, de uma iluminação primária (e que seria essencial, não fosse um filme rodado em locais escuros) e completamente desequilibrado, "P2 - Zona de Risco" é uma pobre desculpa para um filme. Se o desempenho de Wes Bentley ainda é bastante sólido, a de Nichols é limitadíssima, e isso contagia toda a hora e meia de filme. Numa peça centrada em dois personagens, a incapacidade de gerir os espaços, o tempo e a iluminação só poderia redundar numa triste tentativa realizar um filme. Ainda mais pobre se torna quando essa incapacidade vai ao ponto de ter personagens muito mal construídas, sem profundidade, com traços de personalidade revelados a espaços, nunca sendo sequer possível identificar uma linha convincente nesta.
Uma fita de terror primária, que coloca mais um ponto de interrogação à questão que abordei no início: a que custo deve vir um filme parar às salas de cinema?






Título Original: "P2" (EUA, 2007)
Realização: Franck Khalfoun
Argumento: Franck Khalfoun e Alexandre Aja
Intérpretes: Rachel Nichols e Wes Bentley
Fotografia: Maxime Alexandre
Música: tomandandy
Género: Terror
Duração: 98 min.
Sítio Oficial: http://www.p2themovie.com

Um filme animal


Da primeira vez que vi o poster achei que fosse brincadeira. Mesmo depois de a Disney lançar o trailer continuo a não querer acreditar que isto é mesmo verdade...



A poderosa produtora conseguiu reunir neste projecto o realizador Raja Gosnell (o mesmo dos "Scooby-Doo"s), as vozes de Salma Hayek, Drew Barrymore e Andy Garcia e interpretações de Piper Perabo e Jamie Lee Curtis.

O trailer está bastante apelativo, mas parece ser daqueles filmes que apenas as crianças gostam. Quem mais aguentaria noventa minutos a ver um chihuahua? É preferível ser mordido por uma matilha dessas amostras de cão do que ter de ver um único deles em grande ecrã.


6 de maio de 2008

Homem de Ferro esmagou a concorrência




Ainda não foram divulgados os resultados das bilhteiras em Portugal, mas a imagem que "Iron Man" deixou nos EUA foi arrasadora. No fim-de-semana de 2 a 4 de Maio fez 102 mlhões, mais do todos os outros filmes juntos. O segundo classificado ficou-se pelo 15.

Como exemplo, dos filmes esta semana no top 50 de bilheteiras apenas dois já tinham passaram a fasquia dos 100 milhões, e nenhum deles na primeira semana. "Horton Hears a Who!" precisou de seis semanas e "National Trasure 2" de três.

Aqui fica o top 10 desta semana.


PosiçãoFilmeSáb. e Dom.Acumulado
1Iron Man$98,618,668$102,118,668
2Made of Honor$14,756,850$14,756,850
3Baby Mama$10,065,010$32,062,480
4Harold & Kumar Escape From Guantanamo$6,114,373$25,369,337
5Forgetting Sarah Marshall$6,059,920$44,732,340
6The Forbidden Kingdom$4,187,897$45,112,303
7Nim's Island$2,677,543$42,471,660
8Prom Night$2,403,313$41,350,731
921$2,002,471$78,959,237
1088 Minutes$1,545,084$15,368,925

5 de maio de 2008

Serviço Público - Festival Lusíada de Artes do Espectáculo



O Santiago Alquimista tem a honra de receber a 3ª edição do FLAE - Festival Lusíada de Artes do Espectáculo - de 05 a 10 de Maio que contempla MUSICA, TEATRO e CINEMA durante toda a semana académica.
Os billhetes custam apenas 3€ por dia e há ainda a possibilidade de comprar um bilhete para todo o festival por apenas 10€.
A abertura de portas é as 20h30, o teatro às 21h00 e a musica ao vivo as 22h30.


4 de maio de 2008

"My Blueberry Nights" por Nuno Reis


Seja cedendo as próprias músicas ou interpretando êxitos de estrelas do passado, Norah Jones já colaborou várias vezes com filmes. O ano passado o bichinho do cinema acabou por a apanhar. Wong Kar Wai, um dos maiores realizadores da actualidade, é o responsável pela única experiência de actuação (até agora) de uma das cantoras de maior sucesso da década.

Elizabeth é uma mulher desesperada que quer saber por onde anda o namorado. Acaba por descobrir um café onde o conhecem e dirige-se para lá. Ao saber que ele tem outra mulher a sua razão de viver é alterada. Começa a visitar esse café todas as noites para falar com Jeremy, o proprietário, e comer a ignorada tarte de mirtilo. Ao fim de algum tempo, para evitar passar pelo edifício do homem que a trocou, vai viajar pelo país na busca de um carro e uma nova identidade. Chama a isso atravessar a rua pelo caminho mais longo. Essa odisseia leva-a a conhecer novas pessoas e formas de encarar a vida que a farão ver o que realmente importa. A única ligação que mantém com o passado são as cartas que escreve a Jeremy.

Os filmes de Wong Kar Wai são facilmente reconhecíveis pela fotografia única e pelos romances intensos e pouco convencionais. Este obedece a esses dois critérios, mas tem a particularidade de ser a primeira longa em que o realizador utiliza actores ocidentais. Como o Amor não tem fronteiras não interessa em que país ou idioma é filmado. Este é em parte um filme da América profunda pelo olhar de um estrangeiro, mas é essencialmente um olhar sobre a vida.

My Blueberry Nights” é um filme muito fácil de ver, com um bom argumento e boas interpretações. Não é tão memorável como trabalhos anteriores do realizador, mas as cenas iniciais no bar são geniais. Especialmente a personagem de Law pelo seu optimismo na forma de encarar a vida. A crédula Elizabeth nem sempre é convincente (Jones acusou a inexperiência) mas é encantadora, e, por ser bafejada pela sorte num mundo em que todos parecem perturbados por algo, o que lhe vai acontecendo parece natural. É um filme demasiado romântico, mas quem o vai ver já deve estar a contar com isso.


Título Original: "My Blueberry Nights" (China, França, Hong Kong, 2007)
Realização: Wong Kar Wai
Argumento: Wong Kar Wai e Lawrence Block
Intérpretes: Norah Jones, Jude Law, David Strathairn, Rachel Weisz, Natalie Portman
Fotografia: Darius Khondji
Música: Ry Cooder
Género: Drama, Romance
Duração: 94 min.
Sítio Oficial: http://www.myblueberrynightsmovie.co.uk/