30 de junho de 2008

24 de junho de 2008

O sismo e o museu Bruce Lee


Bruce Lee quebrou barreiras ao tornar-se uma celebridade chinesa. Através dos filmes mudou a forma de ver os chineses e ajudou a divulgar uma cultura. Trinta e cinco anos após a sua morte ainda é o herói de milhões por todo o mundo.

Num gesto digno do campeão, o filantropo Yu Pang-lin, dono da casa de Bruce Lee, colocou-a à venda como forma de angariar dinheiro para as vítimas do sismo. Os fãs apelam ao governo para que a compre e faça finalmente uma merecida casa-museu do actor. Esse antigo sonho deve ser difícil de concretizar pois os jornais falam de ofertas a rondar os dez milhões de euros pela casa.


Recordemos o mestre com um excerto de "The Chinese Connection" onde sozinho derrota mais de vinte adversários.


Terrível...



... é no mínimo o que se espera de "The Disaster Movie", cine-lixo que, de bom, só os posters que temos vindo a publicar nas últimas semanas.
A confirmação, chegou-nos agora pelo trailer. Com referências explícitas a "Iron Man", "The Incredible Hulk", "Hancock", "Enchanted", "Sex and the City", "Juno" e "You Don't Mess with the Zohan", ficamos a pensar seriamente como é que isto vai parar directamente aos escaparates (e que iremos brevemente escrever sobre ele) sem passar pela casa partida (entenda-se sala de cinema), e esta treta irá de certeza ocupar um punhado de salas cá no burgo. Nada de novo, portanto.

23 de junho de 2008

"Fool's Gold" por Nuno Reis


Chegou o Verão, aproximam-se as férias, sente-se uma irresistível vontade de ir para a praia. Para quem não tiver férias ou dinheiro para visitar um paraíso terrestre, haverá sempre uma alternativa cinematográfica. Este ano o filme para fazer sonhar é "Fool’s Gold" que nos leva numa caça ao tesouro nas Bahamas. Convém levar o fato de mergulho e as outras seis vidas. É obrigatório deixar o cérebro em casa.

Cinco anos depois do memorável "How to Lose a Guy in 10 Days" a dupla Hudson/McConaughey reencontra-se. Desta vez como Tess e Finn, um casal recém-divorciado que após a separação de bens partilha apenas a paixão pelos tesouros do passado. Sem dinheiro e incapaz de convencer Tess a juntar-se a ele para mais uma louca aventura submarina, Finn desencanta um milionário disposto a financiá-lo e que por acaso é o patrão de Tess.
Finn é o anti-herói, sempre bem-disposto e um grande mentiroso. É também sortudo porque sobrevive sendo perseguido por criminosos e correndo vários riscos inúteis. Tess é o contrário dele. É racional, educada e cumpridora. Estes dois estão empatados em teimosia e em deslumbramento pelas aventuras de marinheiros do antigamente.

Como comédia é uma desilusão. De um lado temos Finn, sempre disposto a sacrificar-se pelo humor físico. Do outro temos gags tão velhos que deviam ser urgentemente protegidos para evitar a extinção. A melhor parte acaba por ser Gemma Honeycutt que usa os seus atributos físicos sempre que tudo o resto falha. Nas primeiras três ou quatro ocasiões é divertida, depois disso tanta burrice acaba por cansar e é mais um peso morto no argumento.
Como filme de acção e aventura é muito eficaz. Tesouros escondidos, enigmas por desvendar, bandidos, perseguições, tiros e explosões, tem tudo o que vem no manual. A maior parte do tempo não faz sentido - e quando faz já foi visto noutros filmes - mas para muita gente isso não parece importar.
Dos actores Kate Hudson é quem se porta melhor, mas só muito tarde consegue o destaque merecido. Alexis Dziena como Gemma teve uma terrível regressão na carreira. Apesar de ficar muito bem em fato-de-banho o vestido que não usava em "Broken Flowers" ficava-lhe bem melhor. Dou ainda os parabéns a Donald Sutherland que conseguiu ser pago para fazer umas magníficas férias.

Quem procura um filme com heróis corajosos e navios do tesouro, que seja bem-feito e divertido, mais vale recuar vinte anos e recordar "The Goonies" porque este é só paisagem.


Título Original: "Fool's Gold" (EUA, 2008)
Realização: Andy Tennant
Argumento: John Claflin, Daniel Zelman, Andy Tennant
Intérpretes: Matthew McConaughey, Kate Hudson, Donald Sutherland, Alexis Dziena, Ray Winstone
Fotografia: Don Burgess
Música: George Fenton
Género: Aventura, Comédia, Romance, Thriller
Duração: 113 min.
Sítio Oficial: http://foolsgoldmovie.warnerbros.com/

22 de junho de 2008

"21" por Nuno Reis


Um homem, um jogo, um alvo: Vegas.

Quem acha a matemática aborrecida e uma perda de tempo poderá mudar de opinião com "21". Ben é um jovem estudante do MIT que demonstra uma grande aptidão matemática ao resolver um problema com ratoeira numa aula. O professor impressionado decide convidá-lo para um clube da matemática muito especial, daqueles onde se converte os números em dinheiro, muito dinheiro. O jogo é o blackjack e o plano é contar cartas para melhorar as probabilidades. A mesa é toda a cidade de Las Vegas.
Quando Ben se junta à equipa já eles ganharam milhões. Estão naquilo pela adrenalina e pelos benefícios que a crescente fortuna traz. Ben entra com uma meta definida de trezentos mil, mas, como todos os jogadores, tem de aprender a separar a razão da emoção. Enquanto joga com o cérebro é rei, se jogar com o coração será mais um entre as incontáveis vítimas de Vegas.

Já que se fala de cartas apresentarei os trunfos do filme. Temos Kevin Spacey como o professor que explora os números e os alunos como forma de enriquecer. Quem melhor do que ele para ser um tutor e simultaneamente um ladrão? A aula dada ao início do filme é simplesmente genial! Mesmo quem não perceba a lógica por trás do concurso (Monty-Hall) tem de admitir que com um professor assim qualquer matéria fica fácil. Motiva, envolve e explica. Como mente criminosa Spacey dispensa apresentações. E quando fica embalado, como mentor ou malfeitor, ofusca os colegas e esquecemo-nos que é apenas um actor secundário.
O segundo trunfo é a magia de Vegas como poucas vezes foi mostrada. Aquele mundo escondido dentro de cada casino onde noite e dia não se distinguem. As tentações luminosas em cada esquina são irresistíveis e, se não fosse a câmara a limitar o alcance, de certeza que muitos espectadores se esqueceriam de acompanhar as personagens nas suas aventuras. A adrenalina constante nas salas de jogo, associada à temível vigilância de Lawrence Fishburne, é o terceiro e último ás que "21" joga. Tudo o resto são duques.
Entre os vários pontos fracos destaca-se uma vertente romântica desajustada do resto por culpa do realizador (com um passado de comédias românticas vulgares) e especialmente de uma não convincente Kate Bosworth. Nem no seu terceiro filme com Spacey aprendeu a ser mais do que mediana. Os restantes actores safam-se.
Os argumentistas precisavam de mais cuidado na escrita pois os contrastes entre o que estas personagens dizem e fazem são terríveis, algo inadmissível numa adaptação.

O filme mantém o espectador interessado por muito tempo. Não exige conhecimentos de jogo, matemática ou probabilidades e tem uma história particularmente interessante a contar. É escusado tentar seguir o exemplo pois num casino moderno já não é possível. Tal como nos velhos tempos a casa vence.


Título Original: "21" (EUA, 2008)
Realização: Robert Luketic
Argumento: Peter Steinfeld, Allan Loeb,
Intérpretes: Jim Sturgess, Kate Bosworth, Kevin Spacey, Aaron Yoo, Lisa Lapira
Fotografia: Russell Carpenter
Música: David Sardy
Género: Drama
Duração: 123 min.
Sítio Oficial: http://www.sonypictures.com/movies/21/

21 de junho de 2008

"Forgetting Sarah Marshall" por Nuno Reis

Tornar ficção a realidade

Muita gente gosta de usar a expressão "a minha vida dava um filme". Não só isso costuma ser um exagero como nunca tentaram pôr a ideia em prática como Jason Segel. O actor da série "How I Met Your Mother" - actualmente em exibição em Portugal - decidiu pegar em momentos da sua vida, juntar um pouco do que queria que tivesse sido, e fazer um argumento. Assim nasceu uma comédia.

Peter Bretter (Segel) tem um belo emprego como compositor da série "Crime Scene" e namora há anos com a bela Sarah Marshall, protagonista da série e estrela maior da televisão. Quando Sarah volta a casa para dizer que acabou o namoro Peter fica devastado. Por sugestão de um amigo decide fazer uma férias para se afastar do mediatismo de "Crime Scene" e vai para o Havai onde curiosamente encontra Sarah com o seu novo amor. Para não dar parte de fraco permanece na ilha, no mesmo hotel, onde vai tentar passar uns bons momentos sem os encontrar a cada hora. Rachel (Mila Kunis), a recepcionista do hotel, vai fazer tudo para o ajudar e acabam por se apaixonar.

As melhores cenas escritas no argumento são as verdadeiras. A forma como Peter é despachado pela namorada e o musical que secretamente sonha escrever pertencem ao passado de Segel. O resto da história é uma comédia romântica com um bom trabalho de actores. Puxa ao riso de forma trabalhada, tentando fugir para um humor intelectual. Para compensar isso e ser mais vulgar tem uma forte componente sexual com cenas bem feitas. Há ainda a destacar a curiosidade de a nudez desnecessária, ao contrário do que é habitual, ser masculina.
Jason Segel está a ser ele próprio em versão melhorada, tornou os falhanços de uma vida numa vida memorável. Mila Kunis a interpretar a deslumbrante rapariga comum está um pouco retraída. Culpem a personagem, a actriz fez tudo o que lhe permitiram. O cantor/músico Russell Brand como Aldous Snow, o novo amor de Sarah, tem um humor muito físico e directo, dos quatro é o menos convincente. Falta falar de Sarah Marshall que se confunde perfeitamente com a actriz que lhe dá vida. A incrível Kristen Bell consegue causar uma fascinante dualidade no espectador. Como actriz sorridente encanta as massas, como ex-namorada é a vilã sem sentimentos. É amada e odiada ao mesmo tempo. Foi dado um toque especial ao argumento referindo um filme que Sarah tinha feito sobre um telemóvel assassino. Recorde-se que Bell é a protagonista de "Pulse", um thriller que versa sobre espíritos assassinos que viajam através da rede de telemóvel.

"Forgetting Sarah Marshall" podia-se ter debruçado mais sobre a vida das pequenas estrelas de Hollywood. As que conseguem ter um dia-a-dia quase normal e ser felizes por fazerem o que gostam. Mesmo assim ainda é um louvável filme de Verão que supera quase todas as comédias deste ano.


Título Original: "Forgetting Sarah Marshall" (EUA, 2008)
Realização: Nicholas Stoller
Argumento: Jason Segel
Intérpretes: Jason Segel, Kristen Bell, Mila Kunis, Russell Brand
Fotografia: Russ T. Alsobrook
Música: Lyle Workman
Género: Comédia, Drama, Romance
Duração: 112 min.
Sítio Oficial: http://www.forgettingsarahmarshall.com/

20 de junho de 2008

19 de junho de 2008

Primeiro olhar a Max Payne







Já por aqui haviamos dado indicação de que Max Payne, vigilante urbano por conta própria e personagem central de um videojogo bastante popular, iria ter adaptação para a tela. Pois bem, chegaram as primeiras fotos para o comprovar (do sempre atento /film).

Mark Wahlberg veste a pele de Payne, num elenco onde Mila Kunis será Mona Sax, e ainda se assiste ao regresso de Chris O'Donnell (facto que não me deixa propriamente contente). Com a realização de John Moore ("Behind Enemy Lines", 2001)m "Max Payne" verá a luz do dia ainda este ano, ficam aqui os instantâneos do set e o link para o site do jogo.


"El Orfanato" por Nuno Reis

Repetindo a receita do incrível "El Laberinto del Fauno" temos aqui novamente uma co-produção Guillermo Del Toro/Espanha onde não faltam crianças, segredos, e terror. Laura cresceu num orfanato mas teve a sorte de encontrar uma família que a acolhesse. Trinta anos depois o orfanato já fechou e Laura volta para o transformar num lar para a sua família e para crianças que precisem de especial atenção. Entre as crianças com problemas conta-se o próprio filho de Laura, Simón, que os pais tentam proteger da verdade. Quando Símon desaparece o mundo deles deixa de fazer sentido e Laura começa uma longa viagem à loucura.

"El Orfanato" pode ser considerado um thriller ou filme de horror, mas é principalmente uma história sobre o amor materno. Em constante transformação Laura é mãe e esposa, vítima e heroína, a maior amiga ou a pior inimiga. Embrutecida pela dor vai desenterrar segredos escondidos durante anos, conviver com fantasmas e enfrentar todos os seus medos. Belén Rueda monopoliza o filme e justifica plenamente ter tantos prémios por esta interpretação de Laura como os que teve há três anos pela Julia de "Mar Adentro".

Sendo o cinema espanhol tão fértil em novos clássicos de terror é inevitável que comecem a repetir temáticas. Assemelha-se vagamente a "Frágiles" e "Darkness" de Balagueró e a "The Sixth Sense" de Shyamalan. Mesmo assim consegue ser diferente e, ainda mais importante, é surpreendente. A juntar à interpretação de Rueda ainda há a destacar a magnífica realização e fotografia e uma imponente banda sonora. O terror vem das mais variadas formas e algumas das cenas são memoráveis.

Este filme venceu sete dos catorze Goya para que foi nomeado e ainda ultrapassou o vencedor de Melhor Filme na corrida para candidato espanhol aos Óscares. O único festival do fantástico (Fantasporto) onde competiu foi para vencer. Recordes de bilheteira também não lhe faltam e agora chegou a altura de voltar a conquistar Portugal.


Título Original: "El Orfanato" (Espanha, México, 2007)
Realização: J. A. Baiona
Argumento: Sergio G. Sánchez
Intérpretes: Belén Rueda, Fernando Cayo, Roger Príncep, Mabel Rivera, Geraldine Chaplin
Fotografia: Óscar Faura
Música: Fernando Velázquez
Género: Drama, Mistério, Terror, Thriller
Duração: 105 min.
Sítio Oficial: http://www.elorfanato-lapelicula.com/

18 de junho de 2008

"The Happening" por Ricardo Clara

****************************************************************************************************************************************

ATENÇÃO: CONTEM SPOILERS

****************************************************************************************************************************************


High on leaves


Shyamalan é um dos realizadores do cinema actual que melhor personifica a dicotomia amor/ódio. Foi assim em "Signs" (2002), em "Unbreakable" (2000) e muito especialmente em "Lady in the Water" (2006) e em "The Village" (2004). Esteticamente gera (algum) consenso, narrativamente e a abordagem visual a esse prisma deixa algo a desejar.

Quando um grupo de pessoas se começa a suicidar num parque em Nova Iorque, a imediata sensação da população foi a de que se estava perante um novo ataque terrorista (11 de Setembro oblige). Não muito longe, a aula de biologia de Elliot Moore (Mark Wahlberg) é interrompida, para os professores ficarem a par do ataque a que a América estava a ser sujeita.
Decidida a evacuação da cidade, Elliot procura Alma (Zooey Deschanel), sua mulher, para juntos obedecerem à ordem civil. Com eles vai Julian (John Leguizamo), colega e amigo do primeiro, e a sua filha Jess (Ashlyn Sanchez), numa viagem a ser encetada de comboio.
Mas cedo o comboio trava a marcha, ficando o grupo de fugitivos, ainda sem saberem o porque de tal acontecimento, encalhados uma pequena comunidade rural. Agrupados num café, ouvem uma temível informação: a razão dos letais comportamentos resulta de algo tóxico que se propaga pelo ar, e está circunscrito a uma área onde eles se encontram. Enredados no pânico colectivo, decidem fugir de carro: Elliot, Alma e Jess para um lado, Julian em sentido contrário, na perspectiva de encontrar a mulher que havia ficado para trás.
Ao recorrer aos seus conhecimentos de biólogo, Moore tem a certeza de uma coisa: são as plantas que estão a emitir o tóxico, e decidem fugir em pequenos grupos ansiando que o estranho evento termine.

Desequilibrado e complexo, "The Happening" / "O Acontecimento" aparenta ser produto de uma birra do realizador, que decidiu fazer um filme egocêntrico e estranhamente partido. Com um começo invejável e senhor de um ritmo assinalável, funde um certo suspense hitchcockiano com a ficção científica dos anos 50/60. Sequências como as do plano contra-picado dos trabalhadores a lançarem-se no vazio, em confronto com o plano picado que avalia o desespero daquele que vê pela primeira vez a tragédia, até ao travelling da arma homicida que persegue o alvo suicida, marcam o início de forma indelével, augurando um trabalho de grande qualidade. Mas o pior... O pior vem depois. Apoiado numa narrativa e num elenco que aparentavam coerência, a verdade é que a fuga para as pradarias fez tudo demoronar como um castelo de cartas. Ok, realização irrepreensível e subida do elemento natureza à condição de personagem levam a que o barco se mantenha à tona. Mas a expressão e interpretação palerma de Wahlberg, o olhar pateta de Deschanel e Leguizamo (que não sabe mais do que o que mostra), aliados a um argumento que deixa completamente de fazer sentido, fazem de "The Happening" mais um grande acto falhado de Shyamalan.

Ainda que actual, unindo fantasmas do 11 de Setembro à actual preocupação com as temáticas do ambiente, a verdade é que tudo sai forçado, não conseguindo a realização, completa de uma claustrofobia etérea, ser suportada por uma narrativa bacoca e que nunca consegue atingir o ponto de equilíbrio, com momentos de tensão cortados por falsa comédia, perde uma oportunidade de resultar convenientemente - é que se a parábola da Natureza se vingar do Homem é deveras interessante, a abordagem exaspera.




Título Original: "The Happening" (EUA / Índia, 2008)
Realização: M. Night Shyamalan
Argumento: M. Night Shyamalan
Intérpretes: Mark Wahlberg, Zooey Deschanel e John Leguizamo
Fotografia: Tak Fujimoto
Música: James Newton Howard
Género: Drama / Ficção Científica
Duração: 91 min.
Sítio Oficial: http://www.thehappeningmovie.com


Coen com poster novo



Este poster, sim, tira-me do sério. Como aqui lembram, e muito bem, faz uma clara alusão ao trabalho do extraordinário Saul Bass, autor de posters como "Vertigo" ou "Anatomy of a Murder", naquele que marca o regresso dos irmãos Coen depois do Óscar pelo fabuloso "No Country For Old Men" (mea culpa, tenho-me esquecido de escrever sobre ele).

"Burn After Reading" é um policial de espionagem old school, com Brad Pitt, George Clooney, Tilda Swinton, John Malkovich e a incontornável Frances McDormand no elenco, numa obra escrita e dirigida por Joel e Ethan. Aqui, as memórias de um operacional da CIA, contidas num disco rígido, vão parar às mãos de dois funcionários de um ginásio. Despertei-vos o interesse? Aqui fica o trailer.

17 de junho de 2008

Um robot terrestre


Um dos mais aguardados filmes do ano é "WALL•E", que nos irá chegar pela fábrica dos sonhos que é a Pixar, com o realizador e argumentista Andrew Stanton ("Finding Nemo", 2003) à cabeça do projecto.

Quando toda a população terrestre foi obrigada a fugir para fora do planeta, alguém se esqueceu de desligar WALL•E, o último robot a lá ficar. Este, no meio do esquecimento, vem a conhecer EVE, a qual se deslocou ao planeta azul para perscrutar da hipótese de regresso. Lá chegada, apercebe-se que o último habitante tinha tropeçado na solução, e apressa-se a contar as boas nova. WALL•E, enfeitiçado com os encantos de EVE, decide ir em sua procura pelo universo.

Com um elenco composto por Fred Willard, Jeff Garlin, Sigourney Weaver e John Ratzenberger, "WALL•E" aterra nas salas portuguesas a 14 de Agosto (se não houver os adiamentos do costume). Por agora, o trailer final para aguçar o apetite, e uns apontamentos (I, II, ) à fita.

16 de junho de 2008

BSA - Death Cab For Cutie


Acho que tem vida própria. Ligo o computador, sento-me e, sem dar por ela, começa a tocar. Sento-me no carro, e nos poucos segundos que sucedem o rodar de chave e o entrelaçar de dedos fazendo figas para que o ponteiro do combustível continue a vencer o braço de ferro à reserva, desata a tocar. Estou no escritório a trabalhar, e desato a trautear.

Contando com uma carreira de mais de 10 anos, os Death Cab For Cutie não são nenhum prodígio, e eles sabem-no. Mas este paulatino calor que se começa a instalar, ecoando traços de suave Verão a aproximar, traz com ele Narrow Stairs, o último projecto da banda liderado por Ben Gibbard. Indie pop rock ao estilo competente com o qual este vosso escriba esvazia a cabeça, temos em I Will Possess Your Heart tratado extenso de pulsão criativa, num álbum que nos faz piscar o olho à brisa marítima, ao livro aberto e à cerveja gelada no copo. Ah, como o prelúdio de uma estação mexe comigo.

DCFC em I, II e III distintos locais.



I Will Possess Your Heart


Comic ataca

A estrada que liga a banda desenhada ao cinema volta a estar com trânsito intenso. Cowboys & Aliens, graphic novel ditada pelas canetas de Fred Van Lente e Andrew Foley tem data de estreia marcada para 2010, mas foi já hoje falada (via /film e JoBlo) por boas razões. Robert Downey Jr. ("Zodiac" - 2007; "Iron Man" - 2008) está apontado a um dos papéis principais, marcando de forma indelével um elenco cujas escolhas começam da melhor maneira.

Tendo como pano de fundo o old farwest norte-americano, assistimos à luta entre cowboys e nativos americanos pela posse das terras e, em última análise, da honra. Eis senão quando um grupo de ferozes alienígenas toma a Terra de assalto, ficando as rivalidades originais de lado, para se concentrarem forças numa nova batalha: aquela que impedirá a aniquilação do planeta azul. Sou seguidor atento do trabalho de Downey Jr., mas não serão adaptações do género em excesso?


15 de junho de 2008

14 de junho de 2008

"What Happens in Vegas..." por Nuno Reis


O Nevada é famoso pelas cidades do jogo. Carson City, Reno e especialmente Vegas fizeram de um vasto deserto uma das maiores fontes de receita do país. Este parque temático para adultos é especialmente atractivo porque o jogo é legal, ao contrário do que sucede no resto do país. Quem vai para lá pode não ser criminoso, mas gosta de fintar a lei. Precisamente para cativar essas pessoas foi divulgada a expressão "What happens in Vegas stays in Vegas". O que acontece em Vegas fica em Vegas... mas nem sempre. Que bebedeiras e delitos menores sejam perdoados à saída percebe-se, mas tatuagens e alianças de noivado deixam marcas.

Um jovem recém-desempregado (Kutcher) quer compensar os azares recentes num sítio onde ter sorte seja uma questão de ...sorte! Uma jovem (Diaz) que acabou de ser posta fora pelo noivo vai gozar as férias já marcadas para se divertir em total liberdade. Quis o destino que estes dois nova-iorquinos se conhecessem em Vegas. Depois de alguns copos e uma noite bastante alegre acabam casados. Quando por mútuo acordo decidem acabar com o casamento ganham um prémio de três milhões. A luta pelo dinheiro vai levá-los a tribunal onde um juiz os condena ao pior dos castigos, manterem-se casados. Ao longo de seis meses ambos os pombinhos vão fazer de tudo para forçarem o outro a desistir, para o levarem à loucura ou para o matarem.

É fácil gozar com um casamento que dá para o torto, especialmente quando os noivos não se conhecem porque o choque de personalidades é enorme. Há muitas piadas de nível duvidoso e só ocasionalmente demonstram perspicácia. As cenas no aconselhamento matrimonial são uma agradável excepção e é aí que os actores estão ao seu melhor. O argumento tenta dar consistência às personagens pelo que lhes dá famílias e empregos que vão ajudando a conhecer novas facetas. À medida que desviam da comédia para o inevitável romance que depois dá para o torto, perde interesse e por ter um guião tão banal termina ingloriamente. É um filme fácil de ver e mais fácil de esquecer. Nem podem ser acusados de publicidade enganosa porque aqui realmente "what happens in Vegas...".


Título Original: "What Happens in Vegas..." (EUA, 2008)
Realização: Tom Vaughan
Argumento: Dana Fox
Intérpretes: Cameron Diaz, Ashton Kutcher, Rob Corddry, Lake Bell
Fotografia: Matthew F. Leonetti
Música: Christophe Beck
Género: Comédia, Romance
Duração: 99 min.
Sítio Oficial: http://www.whathappensinvegasmovie.com/

Portugal em Cannes


Em Cannes o dia de Manoel de Oliveira foi 20 de Maio, mas Portugal fez a festa a 18.
Caravela

Tudo começou com uma happy hour a bordo da caravela Boa Esperança. As personalidades nacionais não estavam lá e a promoção do nosso cinema foi nula, mas isso não impediu uma centena de pessoas de embarcar num barco ancorado. Apesar de estarmos no país do cinema e no maior festival da arte, o objectivo era apenas divulgar o Allgarve, o que foi feito através da distribuição de uma vintena de chapéus de palha que os estrangeiros só utilizaram a bordo.
O marketing teve mais uma falha imperdoável. Os produtos servidos eram os mesmos que havia todos os dias em todas as festas de Cannes. Serão motivo de vergonha os comes e bebes de Portugal? Quem quer promover um país deve mostrar o que ele tem de único, que me lembre rodelas de cenoura não são um prato típico. A imagem que ficou foi de país orgulhoso do seu passado, mas actualmente indistinto dos demais. Salvou-nos o barco que era dos poucos que fugia à monotonia do branco. Está tapado por iates maiores, mas os mastros sobressaem.
Marina



À noite houve uma recepção do ICA no imponente Hotel Majestic. Quem ainda tinha em memória a festa da véspera, Tailândia, ficou um bocado desiludido com a comida. Mais uma vez não era típica e tinha a desvantagem de estar meio descongelada. As celebridades finalmente puderam ser vistas, especialmente de "Call Girl" que estava muito bem representado. O livre-trânsito de Alexandra Lencastre também foi à festa, mas a actriz não deve ter saído de Portugal. Como aconteceu com quase todas as outras estrelas, tirando as festas era difícil vê-las.
Majestic


Dois dias depois Manoel de Oliveira teve o estrelato a que os vencedores de Cannes estão acostumados. Com tantos anos de cinema os amigos são imensos e a ausência de algumas das estrelas que conhece passou despercebida. Na plateia podia-se ver o júri (que entrou atrasado) e Clint Eastwood. Em representação dos festivais portugueses estava o Fantasporto. Recorde-se que Oliveira sempre foi patrono da Semana dos Realizadores do festival português, onde no ano passado recebeu o prémio carreira e este ano viu o seu nome ser associado ao prémio da secção numa reverência contínua.