30 de setembro de 2009

"Lesbian Vampire Killers" por Nuno Reis


Este foi daqueles filmes que não se percebe porque não fez o circuito dos festivais. Comédia de terror costuma resultar bem. Foi preciso ir ao Marché du Film para o ver, e era quase sessão única. Foi daquelas salas onde se viu claramente os principais festivais do fantástico representados. Apesar da sessão ter sido interrompida duas ou três vezes por falhas eléctricas causadas por sabotagem (enquanto eu assistia ao filme, manifestantes lançavam o pânico e bombas de fumo entre turistas e moradores) não se perdeu muito. Foi como assistir ao filme na televisão sujeito a intervalos: considerando o que nos espera quando o filme voltar a publicidade não parece má.

Como foi referido aqui há alguns meses este filme era daqueles que tinha no título a sua razão de existir. Lesbian. Vampire. Killers. Lendo essas palavras deduz-se logo que são lésbicas, são vampiras e são mortas por um machado. Então o filme será uma completa fantochada com muito humor e todo aquilo que ninguém mais se atreve a fazer no cinema moralmente correcto. Que mais pode um homem pedir?

Dois amigos em busca de um fim-de-semana longe da civilização e dos desaires amorosos vão dar, por um acaso do destino, a uma aldeia onde não há mulheres. A sorte não podia ser mais cruel. A caminho da pousada onde ficarão alojados cruzam-se com uma carrinha cheia de belas estudantes estrangeiras. A viagem começa a ficar melhor do que alguma vez sonharam. Tudo isso muda quando as vampiras lésbicas começam a atacar e a levar as melhores embora. Jimmy e Fletch terão de enfrentar os seus medos, confiar na velha profecia e, usando a Espada de Dildo, derrotar estas belas monstras.

Esta arrojada comédia britânica fica aquém de títulos recentes comparáveis. O início é muito convincente e a existência urbana da dupla sugere um bom filme. Assim que se fazem à estrada a qualidade começa a diminuir quase até ao mínimo possível. A história de vampiros de original só tem o serem lésbicas. A piada mais inteligente do filme é com implantes de silicone. É um inegável filme para adolescentes com uma excelente banda sonora de Debbie Wiseman.Se fosse pior era bom, assim é apenas mau.

Depois de ver percebi como escapou ao roteiro dos festivais e entrou directamente no circuito comercial. Dando tempo para as críticas se espalharem depressa ficariam sem público.

Título Original: "Lesbian Vampire Killers" (Reino Unido, 2009)
Realização: Phil Claydon
Argumento: Paul Hupfield, Stewart Williams
Intérpretes: Mathew Horne, James Corden, MyAnna Buring, Paul McGann
Fotografia: David Higgs
Música: Debbie Wiseman
Género: Comédia, Terror
Duração: 88 min.
Sítio Oficial: http://www.lesbianvampirekillersmovie.co.uk/

26 de setembro de 2009

"G.I. Joe: The Rise of Cobra" por Nuno Reis


Depois de tantos outros brinquedos terem passado para o cinema, eis chegado o momento dos populares G. I. Joe. A adaptação tinha como missão recuperar o período áureo do brinquedo nos idos anos 60. Quarenta e cinco anos depois já a Guerra Fria derreteu, mas uma ameaça constante paira ainda no ar por isso a juventude encara com bons olhos um super-exército secreto, capaz de lidar com qualquer inimigo. Sendo o público alvo o do mundo ocidental este exército será uma elite da OTAN, e como nenhum país quer ser insultado o inimigo vai ser um milionário que enriqueceu às custas da própria organização atlântica. O mundo está impotente perante uma nano-ameaça, mas nada temam porque quando tudo mais falha, ele estão lá.

Apesar de todos os rumores sobre a influência mais ou menos interrompida de Stephen Sommers no filme, o que é certo é que o realizador deixou a sua marca. Aqui podemos encontrar, estrategicamente colocados para segundas núpcias, os actores do seu clássico "The Mummy" - Brendan Fraser como o heróico Sargent Stone e Arnold Vosloo como o vilão Zartan. Contudo, neste primeiro episódio o foco foi para actores de menor fama. Os vilões além de Byung-hun Lee ficaram com as celebridades: Sienna Miller, Christopher Eccleston e Joseph Gordon-Levitt. No lado do bem há apenas um fugaz Dennis Quaid e um lote de quase desconhecidos: Channing Tatum, Marlon Wayans, Ray Park, Rachel Nichols, Adewale Akinnuoye-Agbaje e Saïd Taghmaoui. No entanto os seus rostos são vistos frequentemente em filmes.
As interpretações são um dos pontos fracos logo desde o início. Marlon Wayans tem um início de actuação copiado de Eddie Murphy, vai melhorando com o desenrolar do filme. Channing Tatum tem uma personagem tipo que tinha vindo a desaparecer lentamente do cinema. Os Joes aparecem vindos do nada, sem um passado, sem um lado humano, apenas como máquinas de combate. Lentamente vamos conhecendo o passado de alguns. Máquinas de combate ou não, o que é certo é que não usam muito a cabeça e são os dois novos elementos a fazer a maior parte do trabalho mental. O tecnológico Breaker sai-se com frases como "Que estranho. Liguei a máquina para apanhar o sinal e estou a apanhar sinal". A brilhante Scarlett sempre que toma uma decisão por impulso fica numa situação igual ou pior à inicial. Se é esta a Equipa Alfa do exército que escolheu os melhores do mundo tenho pena dos outros.

Nos efeitos especiais há muito espectáculo. Nota-se um trabalho esforçado que tem como ponto máximo a transição de avião no limite atmosférico para submarino debaixo do gelo.
Como filme de acção cumpre o seu dever. Tem lutas corpo-a-corpo, muitos tiros, explosões e destruição, armas de ponta e de improviso, combates em terra, mar e ar. Tem ainda intriga, suspense, romance e humor. Mas o fundamental nestes blockbusters é ter uma ponte de ligação ao próximo episódio e "G.I.Joe" tem uma com múltiplas vias. A impressão final do filme não é se é bom ou mau (o meu voto fica no segundo). A única nota que se guarda é "tenho de ver a sequela".

Título Original: "G.I. Joe: The Rise of Cobra" (EUA, 2009)
Realização: Stephen Sommers
Argumento: Stuart Beattie, David Elliot, Paul Lovett, Michael Gordon, Stephen Sommers
Intérpretes: Channing Tatum, Marlon Wayans, Sienna Miller, Rachel Nichols, Byung-hun Lee, Ray Park, Joseph Gordon-Levitt, Saïd Taghmaoui, Dennis Quaid
Fotografia: Mitchell Amundsen
Música: Alan Silvestri
Género: Acção, Aventura, Ficção-Científica, Thriller
Duração: 118 min.
Sítio Oficial: http://www.gijoemovie.com/

23 de setembro de 2009

"Millennium: Man That Hate Women" por Nuno Reis


Foi com surpresa que vi no programa das salas do Marché du Film repetidas sessões deste "Millennium". É que o festival coincidiu com a estreia do filme em França e portanto para onde quer que se olhasse, sendo ou não cinema do festival, lá estavam os cartazes dos homens que odeiam mulheres.

Mikael Blomkvist, reporter da revista Millennium, vê-se condenado por difamação após escrever sobre um empresário corrupto. Descontente com a justiça e indesejado no trabalho, aceita o trabalho que lhe foi proposto por Henrik Vanger, patriarca de uma poderosa dinastia. O trabalho oficialmente consistiria em escrever as memórias da família. Na verdade o que Vanger deseja é que o jornalista investigue o desaparecimento da sua sobrinha quarenta anos antes. O regresso a um local da sua infância faz com que Blomkvist se dedique com energias redobradas a encontrar aquela que por acaso foi a sua antiga babysitter. Mas a família Vanger é muito grande, e nem todos estão interessados em que se saiba o que se passou.
Enquanto Blomkvist recolhe informação, não imagina que Lisbeth Salander, uma hacker em liberdade condicional, o espia online. Lisbeth tem os seus próprios problemas. O agente de liberdade condicional assumiu-se como responsável pela gestão das finanças dela e para poder comprar o computador que precisa é repetidamente abusada por ele. No fim Mikael e Lisbeth terão de trabalhar juntos para deslindar o mistério.

Combinar num thriller o passado - a investigação recua ao tempo dos nazis - e o futuro próximo - ambiente Big Brother onde tudo o que se faz online pode estar a ser controlado - podia ser perigoso. Em Millennium o resultado é interessante. A tecnologia como habitual está reduzida ao mais básico para que o difícil pareça fácil e o impossível ao alcance de quem tem treino. Para um leigo seria credível. A investigação histórica e as numerosas entrevistas tornam-se um pouco repetitivas, sendo o desenlace o que se adivinhava desde o início, mas com um toque de demência para ser chocante. Não sendo inesquecível é apelativo e augura-se um bom futuro. Talvez por isso este capítulo tenha sido justamente chamado "Millennium 1", já se sabe que os próximos livros também irão para filme.

Interpretações de qualidade e uma boa realização ajudam o arriscado argumento a fazer cinema mainstream num inesperado país nórdico. Veremos se impulsiona o mercado regional.

Título Original: "Män Som Hatar Kvinnor" (Alemanha, Dinamarca, Suécia, 2009)
Realização: Niels Arden Oplev
Argumento: Nikolaj Arcel e Rasmus Heisterberg (baseados no livro de Stieg Larsson)
Intérpretes: Michael Nyqvist, Noomi Rapace, Sven-Bertil Taube
Fotografia: Eric Kress
Música: Jacob Groth
Género: Mistério,Thriller
Duração: 152 min.
Sítio Oficial: http://millenniumofilme.blogspot.com/

16 de setembro de 2009

Qual o filme da semana?


Normalmente é fácil escolher o filme da semana. Mesmo havendo 5 estreias em média por semana a dúvida fica entre 2 ou 3. Normalmente nem é para o que será melhor, é para o menos mau.
Esta semana a escolha é muito difícil...

Será o grande vencedor dos Césares "Seráphine"? Será o multi-premiado em Veneza "The Hurt Locker"? Será a comédia nostálgica de Ang Lee "Taking Woodstock"? Será o drama de puxar às lágrimas de Cassavetes "My Sister's Keeper"? Ou alguém preferirá os mutantes clandestinos de "Push"? Temos ainda a nova glória do cinema português em "Arena", laureada em Cannes.

Qual a melhor escolha? Opiniões na coluna do lado.

15 de setembro de 2009

R.I.P. Patrick Swayze



Actor e dançarino de referência, foi na década entre 88 e 97 que conseguiu os maiores prémios da sua carreira, começando e terminando o período com nomeações para Golden Globes (foram três nesses dez anos).
Há dois anos foi-lhe diagnosticado um cancro. Fez os tratamentos sem desistir de viver, mantendo-se inclusivamente a trabalhar activamente com a série "Beast" e o filme "Powder Blue", quase a estrear. Ontem perdeu a batalha.

Além do protagonismo no oscarizado "Ghost" e um pequeno papel no incontornável "Donnie Darko", o que lhe valeu a estrela na Walk of Fame foi o papel de professor de dança no inesquecível "Dirty Dancing".
O clímax do filme está disponível no Youtube pela Lionsgate e pode ser revisto vezes sem conta.


Já de "Ghost" apenas se consegue em italiano...

A palma portuguesa

É já esta semana que chega às salas a curta de João Salaviza. Depois do triunfo retumbante em Cannes as expectativas estão muito altas. Hoje pelas 21h30 terá lugar a apresentação do filme no Bairro da Flamenga, onde foi filmado. Estarão presentes realizador, actores e demais equipa técnica.



A antestreia aberta ao público decorrerá na Avenida Arlindo Vicente, com vista privilegiada sobre o bairro e os pontos-chave da narrativa.


Para mais informações podem escrever a da Filmes do Tejo.

13 de setembro de 2009

"The Hangover" por Nuno Reis


O que acontece em Vegas fica em Vegas. Mas se formos um noivo em Vegas, não convém que fiquemos por lá. Aquela que era para ser a inesquecível noite de celebração de um noivo, torna-se a noite amnésica para os amigos dele que não sabem o que lhe aconteceu ou onde está. Terão um dia para o encontrar e levar de volta para o casamento. Pelo meio vão cruzar-se com muita gente que esteve presente em fragmentos dessa noite. Peça a peça vão construindo memórias para uma noite que não lembram, mas nunca mais esquecerão.

Este é o grande outsider do ano. Comédia de baixo orçamento, muito bem conseguida e que atinge os seus objectivos sem cair na banalidade. O humor é constante e minimamente inteligente se bem que por vezes seja fácil e exagerado. O argumento tem um rumo definido e mantém-se sempre na mesma direcção, com várias peripécias satélite em torno de uma missão que todas as personagens têm.
Essas personagens são variadas e apesar das personalidades estereotipadas têm uma vida só deles. Phil com a sua rebeldia e loucura, Stu com a sua timidez e orgulho e Alan com a sua... a sua... a sua forma única de ser, formam um trio improvável, mas incrivelmente compatível e funcional. Nota-se um trabalho cuidado na criação das personagens e das ligações entre elas: avelha amizade de Phil e Stu, a nova convivência com o estranho Alan (aqui estranho tem duplo sentido) e as numerosas pessoas que se cruzam com eles ao longo dos dois dias que demoram para reconstituir uma noite louca.

Para os adolescentes a quem o casamento ainda parece um acontecimento distante e para os jovens que acham que "matrimónio é bom para os outros" é uma cornucópia de risos. Nota-se o talento de Todd Phillips em criar comédias para adultos que caem bem a públicos de todas as idades, à semelhança do que tentou com menor sucesso em "Old School".
Para adultos a perspectiva será diferente. Não estou a dizer que obriga a pensar ou que é só para pessoas maduras. Aqui não há reflexões profundas sobre o casamento ou o significado da vida a dois. É um filme especialmente feito para jovens adultos que, casados ou não, já atingiram um etapa onde é exigida maturidade e responsabilidade, e agora precisam que um filme lhes transmita momentos de loucura.
É um filme para ver e saborear. De preferência sem noivos para evitar que ele seja proibido pela sua futura esposa de celebrar o fim da vida a sós.



Título Original: "The Hangover" (Alemanha, EUA, 2009)
Realização: Todd Phillips
Argumento: Jon Lucas, Scott Moore
Intérpretes: Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Heather Graham
Fotografia: Lawrence Sher
Música: Christophe Beck
Género: Comédia, Crime, Mistério, Thriller
Duração: 100 min.
Sítio Oficial: http://www.hangovermovie.com/

8 de setembro de 2009

"Ice Age: Dawn of the Dinossaurs" por Nuno Reis

É quase garantido que está em exibição em Portugal a futura longa-metragem vencedora do Oscar de Animação. A luta poderá não estar limitada a "Ice Age 3", "Up" e "Ponyo on the Cliff", mas os grandes favoritos são estes. Se para a Pixar e para os estúdios Ghibli de Miyazaki - ambos distribuídos pela Disney - o Oscar já não é novidade, para a Fox seria uma estreia. De todas as sua animações apenas "Ice Age" já foi nomeada, por isso uma vitória não é impossível ou imprevisível.
No primeiro filme um grupo variado de animais (mamute, preguiça, dentes-de-sabre) atravessa o mundo do gelo para entregar um bebé humano ao seu pai. No segundo filme um grupo variado de animais (os anteriores e ainda 3 marsupiais dos quais um é mamute) atravessa um mundo em aquecimento para salvar todos. No terceiro filme um grupo variado de animais (os anteriores e uma doninha) atravessa o mundo dos dinossauros para salvar uma mãe.

Pela síntese de uma linha que fiz dos filmes percebe-se que é mais do mesmo. Um grupo heterogéneo de animais, um mundo perigoso, uma missão nobre. Em todos esses há pelo menos um esquilo que é razão suficiente para se ir ver o filme. Desde o primeiro que o pequeno Scrat funciona como chamariz tendo o monopólio dos teasers e trailers. No segundo foi basicamente a única coisa que se aproveitou e ansiava-se por ele para quebrar o gelo. Neste duplicaram a dose trazendo para cena uma esquila e não fez grande efeito. Continua a provocar grandes gargalhadas e a ser uma boa distracção para alternar entre cenários, mas o terceiro filme já quase dispensa os esquilos. Tem muito humor inteligente, e uma maior riqueza visual, argumentativa e temática.

Aqui mais uma vez é dito "que estranha manada nós formamos". Tal como no saudoso "Em Busca do Vale Encantado", eternizado em sequelas sem fim, o grande trunfo é combinar diferentes espécies e dar-lhes um objectivo comum. Pela espécie assim como pela personalidade depressa nos identificamos com algum deles. Associamos os nossos amigos a outros animais, identificámos conversas deles com as nossas. Este filme não é só feito de dinossauros, aventuras e palhaçadas. É cada vez mais sobre amizade, trabalho em equipa e confiança. Estas criaturas tão distintas formaram uma família onde se respeita o indivíduo e a sua personalidade. Andam sempre às turras, mas sabem que quando precisam têm os amigos por perto e podem-lhes confiar a própria vida e a da prole. Quem não tem uma manada assim devia procurar uma urgentemente.

Esta animação foi um grande passo para o 3D. Sou conservador e prefiro assistir aos filmes na versão mais pura. Dispenso som no que é mudo, cor no que é preto e branco, dobragens no que é estrangeiro e dimensões espaciais no que pertence ao plano da tela. "Ice Age 3" na versão 2D tem imensos momentos que segredam nas entrelinhas "Não imaginas o que estás a perder. Isto em 3D fica magnífico. Vale bem os dois euros." Neste filme finalmente considerei a hipótese de assistir a filmes em 3D. Afinal de contas o progresso faz parte do cinema. A fotografia tornou-se movimento e o mudo tornou-se som. O dicromático ganhou milhões de cores. Os teatros cederam o papel central da distribuição cinematográfica às televisões e à internet. Acho que está na hora de aproveitarmos todas as dimensões da caixa mágica.

Um argumento de grande nível, com imensa acção e um humor diversificado que tanto satisfaz os miúdos com piadas escatológicas como os cinéfilos com cenas e diálogos retirados de "Star Wars" e "Godzilla". Discute com "Hangover" o título de melhor comédia que vi este ano (estreada).

Título Original: "Ice Age: Dawn of Dinossaurs" (EUA, 2009)
Realização: Carlos Saldanha, Mike Thurmeier
Argumento: Peter Ackerman, Michael Berg, Yoni Brenner, Mike Reiss (história por Jason Carter Eaton)
Intérpretes: Ray Romano, John Leguizamo, Denis Leary, Queen Latifah, Simon Pegg
Música: John Powell
Género: Comédia, Animação, Aventura, Romance
Duração: 94 min.
Sítio Oficial: http://www.iceagemovie.com/