28 de fevereiro de 2010

Fantasporto 2010 - Dia 6


Ontem um leitor queixou-se pessoalmente que eu punha demasiadas imagens e trailers e por isso não liam os textos que os acompanhavam. Como experiência, os próximos posts Fantas não vão ter trailers até que haja pedidos em contrário.

É complicado pensar que vamos respirar cinema a toda a hora e não ter filmes para ver de manhã. Mas as expectativas comcretizaram-se da parte de tarde. Foi uma maratona de filmes como há muito não fazia. O género a que assistimos foi terror, mas também comédia, e animação, e guerra. Tinha vampiros, polícias, soldados-fantasma, zombies, padres pecadores, monstros das profundezas, cantores racistas, mulheres adúlteras, nazis. Quase tudo o que podia ser colocado num filme foi usado num filme de ontem, e foi um sucesso.

A tarde começou com "The Descent 2". A sequela do filme que lançou Neil Marshall para a fama foi orientada pelo seu adjunto Jon Harris e co-escrita pelo Melhor Realizador em título do Fantas, James Watkins. A história retoma onde o filme anterior terminou. Fecha uma ponta solta, deixando uma nova. Não acrescenta nada ao anterior. É apenas para satisfazer a vontade dos fãs. Quem não viu o primeiro perceberá pela reacção do público que numa cena era conveniente saber o que se tinha passado antes. Mas como o explicam passados alguns minutos, dá para todos verem com prazer.

Em seguida a aposta da festival foi mais arriscada. Uma animação oriental sobre a Segunda Guerra, com crianças, espíritos e mortes. Pela descrição podia ser o clássico "Bedknobs and Broomsticks", mas não é. "First Squad" é um filme invulgar nascido do cruzamento de duas potências asiáticas do cinema. O tema é russo, mas a animação é de clara formação japonesa. Uma oportunidade para descobrir novas formas de fazer cinema, em que cada país contribui com um pouco, agradando a um leque mais abrangente.

Não há tempo a perder e o filme seguinte está a começar. Também esta obra desafia paradigmas sobre o cinema, cruzando o humor fácil americano, com a tradição musical indiana, sem ser nenhum deles. Esta produção indiana sobre um concurso de canto para a comunidade indiana em New Jersey, reflecte das mais variadas formas os podres da sociedade americana, mostrando os indianos contaminados pelos vícios ocidentais. Riso permanente num trabalho difícil que coordena uma dúzia de personagens em simultâneo.

Janta-se em menos de uma hora que logo outro filme se segue. Agora voltando ao terror tradicional, com humanos e zombies num edifício fechado. Os realizadores em palco apresentaram o filme como um misto de terror, comédia e tudo o mais que se quisesse. Demora um pouco a assumir-se como comédia, mas tem personagens magníficas para o efeito e as situações ficam bem mais suportáveis. A magnífica produção não poupou nem no sangue, nem nos explosivos, nem nos zombies.

Quem aguentou quatro filmes também aguenta cinco, mas o último prato pode ser um bocado indigesto. "É o meu sangue", tomai e sugai-o. "Thirst" é um filme de Park Chan-Wook, e é um filme de vampiros, como não estaria no Fantasporto? Não há como fazer histórias originais de vampiros, mas Park desencantou uma forma de tornar o tema diferente e ainda mais polémico, dando a imortalidade e o desejo (gula e luxúria)a um padre. Durante hora e meia desenrola muito bem, com um argumento interessante, bons efeitos, muita sensualidade e momentos de humor. Depois começa a morrer, tendo uma recuperação nos minutos finais. Este foi ainda precedido pela curta "La Carte" que surpreendeu.

Todos os filmes foram aplaudidos pela plateia tão cheia que tinha pessoas nos degraus. Hoje o programa não é tão ambicioso e variado, mas também tem alguns dos favoritos a prémios.

6 comentários:

Unknown disse...

Pena não ser do Porto para poder comparecer a este festival e outros tantos...
Alguns filmes do festival irão passar pelos vários cinemas de Portugal (nomeadamente Coimbra) como acontece com um festival de cinema francês?

Nuno disse...

Muitos dos filmes já têm distribuidor e irão estrear algures durante o ano. Quanto a haver uma extensão do festival para outras cidades só são precisas parcerias com salas interessadas. Já foi feito para Coimbra no passado.

Bruno Ramalho disse...

um gajo já não pode mandar uma piada que é logo levado a sério :P LOL

eu voto para que voltem as trailers quando se justificar.

mas dá gosto ver-te escrever sobre o Fantas, ai dá dá... e sábado foi uma grande maratona de 5 filmes :D

Nuno disse...

Eu vivo 11 meses e meio num limbo à espera do Fantas. Tudo mais é apenas ar, e os outros festivais apenas atenuam a dor...

Podes continuar a ler que esta semana a média de textos vai ser muito boa!

Bruno Ramalho disse...

eu imagino o que sentes ;)

sabes, o problema dos teus textos no fim de semana foi o Fantas. Como estive em modo de ver filmes desde sexta à noite até hoje de madrugada, só hoje é que li os posts a que te referiste lá no Rivoli. LOL :P

Cris =) disse...

Fiquei com pena de não ter visto o filme das 17 no sábado. O indiano foi engraçado, o de zombies apesar de ser realmente forte em imagens foi excelente... Tive pena do último, Thirst, que ia com expectativas altas e realmente após 1h30 de filme comecei a bocejar. Podiam ter aligeirado o filme a partir daí até aos 5 minutos antes do fim, quando o filme cativou novamente a minha atenção.

Amanhã lá estarei, mas só para um filme.