7 de março de 2010

Discurso Luís Galvão Teles


Deixo-vos um excerto do discurso de agradecimento do realizador português que foi homenageado nesta edição.

O Fantasporto decidiu atribuir-me, na sua 30ª edição, este prémio de carreira.

E pergunto-me - eu que sempre fugi do carreirismo - qual o significado de premiar uma carreira, a minha carreira?

Uma carreira, a minha carreira, é um passado, um presente e um futuro, um work in progress, feito de sonhos e desilusões, gostos e desgostos, caminhos e descaminhos, satisfações e frustrações, trabalho e imaginação, poucos filmes feitos, muitos mais por fazer.

Atravessando tudo isto, suportando tudo isto esteve, e está, uma paixão irracional vinda de não sei onde – e a preocupação com o sentido absoluto do dever, a honestidade intelectual e a delicada sensibilidade humana que herdei, por sangue e educação, de quem me trouxe a este mundo no acabar de uma Guerra Mundial.
[...]
Mas a minha longa carreira – sem dar por isso, já lá vão 44 anos - foi vivida, continua sendo vivida, em companhia de muita gente, família, amigos, criadores, actores, produtores, profissionais de cinema, meios de comunicação, a crítica (que me fez perceber muita coisa mas que também não percebeu muita coisa), a minha geração de colegas, cooperativas, instituições, festivais, distribuidores - e os espectadores, poucos ou muitos, em quem os meus filmes foram, talvez, dispersando um pouco de mim.

Com todos eles, compartilho este Prémio - embora o queira fazer de forma muito especial com o Fantasporto, a quem aqui entrego simbolicamente um Prémio de Carreira pelos seus FANTÁSTICOS 30 anos de vida. E ao Fantas aqui desejo uma longa vida, contra rios, marés e tempestades.
[...]

Para bom entendedor, meia palavra basta.

1 comentários:

Cris =) disse...

Excelente! =D