31 de março de 2012

Amanhã "Game of Thrones" regressa


Amanhã estreia nos EUA a segunda temporada de "Game of Thrones" (para Portugal esperem 3 semanas). Para quem não acompanhou a primeira temporada e não tem tempo para a ver toda, aqui fica um resumo de 20 minutos:


Por outro lado quem já viu sabe o que acontece se clicarem no poster...


Nesta segunda temporada teremos muitas novidades. Ao longo do dia iremos recordando os trailers e as featurettes com que a temporada foi sendo promovida.

30 de março de 2012

Mudam-se os tempos, muda-se Bond


Neste novo filme que assinala mais uma década decorrida desde "Dr. No" (já vai para meio século) nota-se um cada vez maior empenho da modernização da saga. Aquilo que para outros filmes seria uma featurette aqui é chamado de videoblog para dar a ideia de estar em sintonia com o público jovem.

Felizmente são sobre o que a saga tem de melhor: as bond girls. Como este título trouxe duas desconhecidas para a ribalta é bom que as apresente ao mundo para que esse mundo queira ver o filme (também) por elas.













29 de março de 2012

"Dark Shadows" - posters e clips




O novo filme de Tim Burton está quase a chegar! Dia 10 de Maio poderemos ver a sua visão sobre o clássico Dark Shadows" e nada melhor para começar do que 19 posters!

(basta carregar para mudar)




28 de março de 2012

Estreias da semana - 29 de Março

Se quiserem ver todos os trailers da semana com um só clique, façam favor de carregar Play e assistirem a 12 minutos.

Afinal é verdade que qualquer um pode fazer um programa de cinema sem ver os filmes!

Nota: Isto foi só uma experiência. Se quiserem que tenha continuidade têm de conseguir público...

Fantasporto sem os filmes

Que tal vermos o Porto pelos olhos de quem vem a um festival sem ir aos filmes? Nunca usem a desculpa "ja conheço os filmes todos" para não irem a um festival. Há tanto mais para ver...









E também para recordar aos portuenses que podemos e devemos sair a explorar a nossa própria cidade em toda a sua beleza. Fazer o cruzeiro das pontes anualmente é obrigatório.

27 de março de 2012

Primeiras imagens de "The Host"


Nesta nova aventura literária de Stephanie "Twilight" Meyer, parasitas alienígenas utilizam os corpos humanos como hospedeiros. A heroína da história é Melanie, uma humana infectada por um parasita chamado The Wanderer que, prestes a morrer, assume a sua consciência, ficando obcecada por encontrar os sobreviventes que sabe existirem. Saoirse Ronan, Jake Abel, Diane Kruger, William Hurt, Frances Fisher e Max Irons são alguns dos actores que encontraremos no filme de Andrew Niccol ("In Time"). Estreiará dentro de um ano.


Mas para quê?

Uma das maleitas mais graves que ataca Hollywood é a falta de criatividade. Outra é a confusão com direitos e patentes. Digo isso porque além dos remakes de filmes estrangeiros, também está na moda retornar aos clássicos como por exemplo "King Kong", "The Thing", "Total Recall", "Robocop", "Evil Dead", "Halloween", "Karate Kid", "Footloose", "Fame", "The Texas Chainsaw Massacre" e outros não tão marcantes. Os exemplos são quase infinitos.

O próximo arrancado directamente da infância de muitos de nós será "Teenage Mutant Ninja Turtles" e é aqui que se envolve a questão dos direitos. Porque Michael Bay que já nos destruiu as memórias de infância com os seus Transformers, agora quer destruir as Tartarugas.

A ideia original dele deve ter alguma relação com este filme. Não sei se é sobre pessoas que habitam nos esgotos, se é por usar nomes de artistas renascentistas ou simplesmente porque diz Cowabonga, mas ele achou por bem comprar os direitos e, entrando numa onda Monty Python, fazer algo completamente diferente. Primeiro anunciou que não eram MUTANTS, mas extra-terrestres. Ontem já não eram TEENAGE e o título passou a apenas "Ninja Turtles", como aliás sempre foram conhecidas em Portugal: Tartarugas Ninja. O meu maior receio é que a seguir tire o NINJA e faça um documentário sobre tartarugas extra-terrestres.

Para quem não sabe acabou de fazer cinco anos que a última tentativa de reaproveitar este tema estreou e foi uma vergonha. Não seria hora de desistirem?

26 de março de 2012

Crowdfunding para "Hibernation"

O crowdfunding tem originado diversos filmes bem sucedidos. Os dos projectos actualmente à procura de investidores é "Hibernation". Realizado por Jon Mikel Caballero e com interpretações de Adam Quintero e Manuela Vellés, é uma curta de ficção-científica sobre um astronauta que vai fazer uma viagem de 50 anos em hibernação, mas tem um problema que não o deixa adormecer.



Se isso não chega para financiarem esta produção espanhola, a fotografia está a cargo da portuguesa Tânia da Fonseca.
Para financiar visitem o site Verkami.


25 de março de 2012

Novos workshops Filmes da Mente


A Filmes da Mente está a aceitar inscrições para o novo ciclo de workshops.


As datas são:
DIRECÇÃO DE FOTOGRAFIA - 5-6 Maio

CINEMA C/DSLR - 2-3 Junho

SOM P/CINEMA - 30 Junho-1 Julho

REALIZAÇÃO - 28-29 Julho

http://www.cineworkshops.blogspot.pt/

Para terem uma ideia do trabalho lá desenvolvido fiquem com o filme criado pelo curso de DSLR feito em Janeiro.

A CASA VAZIA from CINE WORKSHOPS on Vimeo.


No total já estão 16 vídeos no canal dos workshops.

24 de março de 2012

"Underworld Awakening" por Nuno Reis

Sou de um tempo em que um filme com vampiros ou lobisomens supostamente assustava. Subitamente, e sem que nada o fizesse prever, comecei a ter medo não do que via no filme, mas do filme em si. Talvez tenham sido “Dance of the Vampires”, “Frankenstein Junior” ou “Teen Wolf” que nos fizeram perder o respeito, mas no século XXI contam-se pelos dedos das mãos os filmes em que os “monstros” tentam assustar. Em “Blade” os vampiros podiam sair de dia sem morrer, mas continuavam a beber sangue e a matar com muita violência. Em “Underworld” o confronto entre as espécies atingiu um novo nível de violência (que foi posteriormente retocado com toques de comédia em “Van Helsing”) e, de repente, foi um total descalabro. Primeiro os lobisomens e os herdeiros de Drácula estavam a lutar pelo coração de uma humana - inimaginável! - depois estavam simplesmente a lutar para a fotografia em coreografias decepcionantes.
Se agora acusam levianamente a saga Twilight por reduzir o combate imortal entre as sugadores de sangue e os licantropos a um triângulo amoroso, tenham em mente que isso começou quase dez anos antes. Foi quando a vampira Selene se apaixonou por aquele que viria a ser um lobisomem que o mundo tenebroso dessas espécies ruiu.


É preciso recuar ao século V para ver as origens desta história. De acordo que o que foi dito no primeiro filme, tudo começou na Hungria com Alexander Corvinus. Uma doença dizimou-lhe a aldeia, mas Corvinus de alguma forma tornou-se imune e sobreviveu. Dos seus três filhos um foi mordido por um morcego e outro por um lobo tornando-se imortais. Os lobisomens começaram a controlar o seu poder e a transformarem-se mesmo sem luar, tornando-se nos escravos protectores dos vampiros que eram forçados a viver apenas na escuridão, mas revoltaram-se. Com o passar dos anos os clãs enfrentaram-se em inúmeras batalhas com vantagem para os vampiros. Na actualidade Selene é uma das Death Dealer, caçadores especializados em exterminar licantropos e em impedir os selvagens de revelar a existência das espécies. Quando descobre que os eternos rivais procuram o descendente do filho humano de Corvinus para criarem o ser mais poderoso e inverter a balança, Selene intervém, causando a transformação de Michael Corvin num híbrido apaixonado por ela.
Chegando a este filme ambas as espécies foram descobertas pela humanidade que se encarregou de as quase exterminar. A missão de Selena é descobrir o que lhe fizeram e onde está Michael. A única ajuda que tem é de uns (poucos) vampiros destreinados enquanto os lobisomens, por outro lado, estão maiores do que ela se lembrava. Para piorar, os humanos sabem usar raios ultravioleta e balas de prata. Selene é a única esperança dos vampiros, mas ela tem uma missão mais importante em mãos.

Já não há respeito por nenhum monstro. Esta história apenas tem as personagens inumanas porque já estavam criadas. Serem imortais em nada contribui para a narrativa neste jogo de intrigas com uma mensagem mais do que vista. Efeitos razoáveis era o mínimo que se pedia a esta produção que gritava 3D, mas nem a isso tivemos direito. Tem muita acção, sejam balas, lutas corpo-a-corpo, ou combates inglórios contra CGI acção não falta. O problema está numa realização mediocre, num argumento fraco, numa direcção de actores tão inexistente como o terror... Chegando ao fim simplesmente anunciam que a história precisa de mais um filme para acabar. Como se não o soubéssemos. Especialmente por ser 3D tem boas hipóteses na luta pelo título de maior desperdício de dinheiro do ano.

Underworld: AwakeningTítulo Original: "Underworld: Awakening" (EUA, 2012)
Realização: Måns Mårlind, Björn Stein
Argumento: Len Wiseman, John Hlavin, J. Michael Straczynski, Allison Burnett
Intérpretes: Kate Beckinsale, Stephen Rea, Michael Ealy, Theo James, India Eisley
Música: Paul Haslinger
Fotografia: Scott Kevan
Género: Acção, Fantástico, Horror
Duração: 88 min.
Sítio Oficial: http://entertheunderworld.com/

23 de março de 2012

"The Hunger Games" por Nuno Reis

Infelizmente li o livro. Não consegui resistir e devorei a trilogia numa noite. Era o meu estilo de livro e por isso aguardava com expectativa a versão cinematográfica, sabendo todos os riscos que a transposição de formato acarreta. Por norma prefiro a versão literária de tudo e aqui tenho de dizer que, lamentavelmente, foi a melhor desilusão que tive em muito tempo.
Sou apologista que o formato ideal para a trilogia não era quatro filmes. Sou totalmente contra a divisão do terceiro livro, não só não tem história para isso como é o mais fraco. Se tivessem adaptado para série, com 6 a 8 horas por livro talvez conseguissem fazer algo excelente. Há-de chegar uma época em que os autores defenderão a integridade da obra e procurarão o formato mais indicado. Até lá o poder do dinheiro ganhará sempre. Apesar disso, eis “The Hunger Games” em filme e não saiu mal.

No país pós-apocalíptico de Panem surgiu um torneio de participação obrigatória.Uma vez por ano cada um dos doze distritos deve enviar um rapaz e uma rapariga com idade entre os 12 e os 18 para um combate mortal de onde apenas um dos 24 sairá vivo. Enquanto nos distritos ricos há quem se treine e voluntarie para esse privilégio, nos distritos pobres os contemplados têm de ser decididos por sorteio. Esta é a história de algumas pessoas que acham o sacrifício inútil e que por se considerarem mortos por antecipação, farão o que lhes for possível para vencer as probabilidades e o sistema.

A realização de Gary Ross deixou-me apreensivo. O realizador de “Pleasantville” e “Seabiscuit” começa o filme com um estilo demasiado tremido para a situação. Enquanto estamos no primitivo distrito 12 não se justifica a câmara instável nem tantos movimentos rápidos. Quando partimos para o sumptuoso Capitólio esse efeito fica mais despercebido e finalmente, na arena, era a técnica que melhor se aplicava. O outro erro do arranque foi a forma como reduziram uma história que lendo é tão apelativa a algo frio e distante. Finalmente o quarto ponto negativo (passei um há frente a que voltarei mais tarde), quando Stanley Tucci aparece como Caesar é uma pequena desilusão. Felizmente é fácil mudar de opinião. Quando chega o sorteio a cena de acompanhamento da escolhida é filmada de forma a mostrar a solidão brusca em que a eleita cai. Aí as esperanças no realizador voltam a surgir, com alguma prudência.
Era suposto a frase seguinte capturar o espectador (no livro captura o leitor), mas ainda não. Ainda temos de esperar mais uns minutos até a "rapariga em chamas" mostrar que ir ver este filme não foi um erro. É nesse ponto que se começam a compbinar as interpretações, os efeitos e a história. Entretanto já Tucci é o Caesar perfeito que se imaginava e Toby Jones mesmo calado faz-lhe boa companhia no papel de Claudius.

Com o avançar da narrativa a realização começa a ajustar-se ao filme e já se consegue observar a história de forma emocional. Quem trouxer uma imagem preconcebida com o livro vai sentir algum choque pela forma fugaz como tudo é tratado. Enquanto no livro se partilha a mente de uma personagem, no filme somos bombardeados com os acontecimentos em quatro perspectivas: concorrentes, familiares/conhecidos, produção e presidente. A mensagem transmitida não é exactamente a mesma, mas há uma grande diferença. É que este argumento não se centra num momento, não é resultado da adaptação de um livro. Nota-se pelo cuidado nos detalhes que Ross tem uma ideia bem construída de Panem e as alterações que faz enquadram-se no que lemos na trilogia. A única alteração imperdoável (eis a terceira falha) é a proveniência do mimo-gaio a que pessoalmente dava muito mais simbolismo e servia de fio-condutor. Mas, atendendo à forma inteligente como transformou tudo em algo com cabimento, dou o benefício da dúvida e esperarei pelos próximos capítulos para ver como decalça esta bota.

O filme é muito rápido. Tem de o ser para condensar tamanho livro em 140 minutos. Quem tiver a mente no livro e perder tempo a tentar comparar pode não conseguir acompanhar. Quem estiver a ver partindo de uma tábua rasa não se aperceberá, mas assistirá a uma adaptação incrivelmente fiel ao material original onde uma excelente escolha de actores, grande banda sonora e uma produção financeiramente desafogada conseguiram criar aquela que até à data será a melhor adaptação de literatura juvenil para cinema. Se não fosse por aquele princípio desajustado seria já um dos filmes do ano.

The Hunger GamesTítulo Original: "The Hunger Games" (EUA, 2012)
Realização: Gary Ross
Argumento: Billy Ray, Gary Ross, Susanne Collins (e livro)
Intérpretes: Jennifer Lawrence, Josh Hutchrson, Woody Harrelson, Elizabeth Banks, Stanley Tucci, Amandla Stenberg, Wes Bentley, Donald Sutherland, Liam Hensworth, Willow Shields, Isabell Fuhrmann, Lenny Kravitz, Toby Jones
Música: James Newton Howard, T-Bone Burnett
Fotografia: Tom Stern
Género: Acção, Drama, Ficção-Científica, Thriller
Duração: 142 min.
Sítio Oficial: http://www.thehungergamesmovie.com/

As Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy II


Se gostaram do primeiro volume não devem ter deixado o segundo escapar. Caso não tenham reparado no primeiro ou no segundo, talvez tenham visto este famoso trailer promocional que ficou em 3º Lugar da categoria Animação Digital nos Prémios Criatividade ZON 2011 .

Melhor do que verem o trailer aqui é usarem a conta ZON que possivelmente têm para verem aqui. Sò assim a ZON saberá que uma longa-metragem com esta história temria público. Façam-no pelo produção nacional.

22 de março de 2012

O Dia da Floresta foi nacional


Outra excelente notícia que chegou de Avanca e me ia passando despercebida:

Em ante-estreia, o primeiro filme de longa-metragem da animação portuguesa "Até ao tecto do mundo", estará em exibição na zona do pinhal, integrando as comemorações do Dia Mundial da Floresta.
Os Municípios de Proença-a-Nova, Pedrogão Grande e Pampilhosa da Serra juntam os seus munícipes mais jovens em auditórios desta região conhecida como "Zona do Pinhal", comemorando o Dia Mundial da Floresta com o objectivo de sensibilizar as populações para a importância da floresta na manutenção da vida na Terra.

“Até ao Tecto do Mundo”, produzido pelo Cine-Clube de Avanca e realizado por Carlos Silva, Costa Valente e Vítor Lopes, é um filme que conta uma história onde a floresta tem um papel preponderante.
Nesta obra de animação sobre um Reino onde tudo é proibido, o Rei constrói no castelo uma infindável torre, enquanto a floresta, fornecedora de todos os materiais, vai sendo dizimada. O jovem protagonista do filme parece ser a última esperança para salvar a floresta.

Sendo um filme para crianças, integralmente produzido em Portugal, num estúdio de cinema de animação em Avanca, este filme irá encontrar um público mais jovem que no dia 21 de Março irá olhar para a floresta com especial atenção.

Premiado recentemente em Los Angeles (EUA), este filme tem tido um assinável êxito no continente americano onde já foi igualmente distinguido em Vancouver (Canadá), Asheville (Carolina do Norte), Anaheim (Califórnia), Florence (Alabama) e Honolulu (Havai).
“Até ao Tecto do Mundo” é dos filmes de longa-metragem portugueses mais premiados no território americano, tendo sido igualmente exibido em festivais de Nova Iorque, Nova Jersey, Flórida e no Hollywood Film Festival.

Com música do Maestro António Vitorino d’Almeida, tem vozes dos actores Isabel Queirós, Ângela Marques, Fernando Mendonça, Jorge Vasquez, Lucinda Afonso, Nuno Simões, Patrícia Franco, Pedro Mendonça, Rui Lopes, Rui Oliveira e Rute Pimenta. Esta obra foi animada por uma extensa lista de criativos que entretanto têm trabalhado em várias curtas-metragens igualmente produzidas em Avanca e também elas premiadas.

“Até ao Tecto do Mundo” tem sido exibido nos 5 continentes, nomeadamente em todo o território da Guiné-Bissau e de São Tomé e Príncipe. Alguns dos festivais por onde passou o filme são os de Havana (Cuba), São Paulo (Brasil), Hiroshima (Japão), Zlín (República Checa), Hamadan (Irão), Buenos Aires (Argentina), Istambul (Turquia), Nova Deli (Índia), Nicósia (Chipre), entre outros. Em Portugal foi exibido em sessões especiais nos festivais do Cinanima, Avanca, Animatu e Faial.

Este filme é também a primeira longa-metragem produzida em todo o mundo com uma nova tecnologia de animação vectorial 2D utilizando estruturas de animação, cujo contexto tecnológico de produção foi objecto de investigação no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro.

“Até ao Tecto do Mundo” foi produzido com o apoio financeiro do ICA / Ministério da Cultura, da RTP e com participações diversas, nomeadamente do Instituto da Juventude.

Em Portugal e no Mundo

O reconhecimento tem sido uma constante este mês.

Um dos filmes distinguidos na 22ª Semana dos Realizadores do Fantasporto 2012 – Rose de Wojciech Smarzowski é o grande vencedor dos Prémios “Eagle” da Academia de Cinema Polaca. Mais uma vez o Festival Internacional de Cinema do Porto exibe em primeiro lugar aqueles filmes que marcam a história do cinema mundial.

No Fantasporto Rose ganhou o Prémio de Melhor Actor - Marcin Dorocinski. Na Polónia, o filme ganhou 7 Prémios – MELHOR FILME, MELHOR REALIZADOR, MELHOR ARGUMENTO, MELHOR ACTRIZ, MELHOR ACTOR, PRÉMIO DO PÚBLICO E MELHOR SOM.
“ROSE” é um drama poderosíssimo passado no final da Segunda Guerra Mundial. Com uma brilhante reconstituição histórica. Um tocante conto sobre sobrevivência nas mais difíceis condições.
Verão de 1945. Tadeusz, um soldado polaco a quem a guerra tirou tudo, chega a Masuria, uma terra alemã antes do conflito, mas oferecido depois aos polacos. É neste lugar perdido que ele encontra Rose.


É a décima sexta distinção que o filme recebe em festivais de 6 países.
O filme “Conto do Vento”, de Cláudio Jordão e Nelson Martins, produzido pela Filmógrafo, Cine-Clube de Avanca e Kotostudios, acaba de ser distinguido com o “Second Best Special Effects/Animation Award” no “4th UFO International Digital Film Festival 2012 em Nova Deli na Índia.
“Conto do Vento”, foi igualmente distinguido na semana passada com 3 prémios na Gala dos Prémios CinEuphoria.
"Conto do Vento", realizado com o recurso da animação 3D, retrata uma fábula sobre uma menina e a sua mãe numa sociedade preconceituosa, algures no interior norte de uma aldeia portuguesa.
Estreada no Festival AVANCA'10, onde foi distinguido, recebeu já 16 prémios em 6 países e foi seleccionado por vários festivais de cinema, nomeadamente os mais importantes da animação e do cinema de terror, como são os Festivais de Annecy (França) e Sitges (Espanha).
Esta obra foi Prémio Revelação no "Caminhos do Cinema Português", Prémio Animação no "Festival Porto 7", Prémio Nacional Multimédia da “APMP”, Prémio Melhor Curta de Terror Portuguesa no “MoteLX 2011”, Prémio Animação no “NIFF - Naoussa International Film Festival” (Grécia), Prémio Popular Ibero-Americano no Festival Visões Periféricas (Brasil), 2º TOTTI Film Festival (Eslovénia), Melhor Curta-metragem no Bragacine, 2ºPrémio no Festival Digital de Odemira, além dos anteriormente referidos.
Recriando personagens e ambientes da tradição portuguesa ancestral, este filme foi produzido com o apoio do ICA / Ministério da Cultura e da RTP.
Entretanto o filme de estreia do realizador Cláudio Jordão “Super-caricas” está em distribuição em diversos cinemas de todo o país, integrando “Um Gato Sem Nome e Outros Filmes”. Com estreia em Dezembro passado, este é o primeiro filme de animação portuguesa para crianças com distribuição nos cinemas portugueses.

21 de março de 2012

Ver filmes dá muito trabalho


Anda por aí um borburinho na blogosfera sobre um novo programa no Canal Hollywood. Segundo a entrevista dada ao DN o canal vai ter o seu primeiro programa de produção nacional. Não se trata de destacar o cinema nacional, mas é um programa nacional sobre o cinema lá de fora. Com apenas cinco minutos e quatro apresentadores que se gabam de escreverem os textos que vão dizer, parece ser uma rubrica interessante. O problema foi o que os apresentadores disseram a seguir...

Se "consegue-se sempre ir ao YouTube ver cenas de filmagens que os fãs gravaram e colocaram online, assistir a making of e a entrevistas" até soa bem, a verdade é que dizer uma barbaridade como "como não temos oportunidade para ver os filmes de que vamos falar, baseamos toda a nossa pesquisa nos trailers que já saíram e nas informações existentes na Internet" tira qualquer credibilidade a estes indivíduos. Com que lata dizem "se fizéssemos este programa há uns anos era bastante mais difícil"? Sabem, é que há uns anos quem tinha o privilégio de ter um programa desses fazia uma coisa chamada "ver os filmes". É uma ideia antiquada, mas que tinha algum utilidade para, sei lá, conhecer os filmes.

Se querem apenas aparecer na TV, podem comprar uma assinatura MEO e fazerem um Kanal. Agora não venham dizer que são especialistas.
Bernardo Mendonça tem a seu cargo os filmes de ação e guerra, Luísa Barbosa dedica-se às comédias e aos romances, a Maria de Vasconcelos competem os filmes de animação e infantis e Bruno Pereira está encarregue dos thriller e dos dramas. O objetivo é fornecerem um olhar personalizado sobre o filme em questão.


Por falar nisso, vamos aos números. Se cada um falasse de um filme por semana, alguns ficariam calados por muito tempo. Deste o início do ano até hoje:
GéneroFilmes estreadosSemanas diferentes
Comédia Romance179
Acção Guerra129
Animação infantis00
Thriller Drama127


Este ano não é boa referência pois, por exemplo, ainda não estrearam filmes de animação e o mais infantil foi o dos Marretas. Olhemos para números de 2011

Comédia Romance o ano passado tiveram um ano forte como é costume: no total foram mais de 80 títulos.
Acção e Guerra foram poucos. 4 de guerra, 50 de acção/aventura, juntemos ainda FC e Terror, mas nem assim chegará aos 60.
Animação e Infantil foram 21 no total do ano.
Thriller e Drama é outro dos pratos fortes com 48 e 140 respectivamente.
Das grandes categorias ficou a faltar o documental que nos trouxe 16 títulos, mas como nenhum é rentável não vale a pena falar disso.

Ainda bem que só estamos a falar do filmes da categoria blockbuster senão até iam ter trabalho com 270 a 280 filmes por ano. Assim a verdade é que dos 5 minutos 2 são genérico, 2:30 videos online e 30 segundos de um apresentador a dizer "quero muito ver este filme". Isso porque não conseguem uma vez a cada quatro semanas ver um filme Quinta e gravar o programa Sexta.

E é assim que anda o mercado dos programas profissionais em cinema. É nestes momentos que me dou por satisfeito por ter um blog e não um programa de TV. Aqui posso pôr videos sem me sentir mal por isso e posso só falar dos filmes quando tive tempo para os ver.

Último trailer para "The Hunger Games"

Com estreia amanhã, "The Hunger Games" será o primeiro teste a sério da indústria cinematográfica ao público para o Verão.
Segundo fracasso do ano ou nova saga juvenil? Não restam dúvidas que dificilmente este filme não se pagará e aos próximos, mas a imprensa nacional e internacional tem sido mantida em silêncio...


20 de março de 2012

Trailer extenso de "Snow White and the Huntsman"

Com a aproximação do Verão os blockbusters lançam os seus últimos trunfos promocionais. "Snow White and the Huntsman" de Rupert Sanders como tem a concorrência de "Mirror Mirror" de Tarsem Singh que sai um mês antes e é sobre a mesma princesa, está a apostar forte no marketing. Eis um trailer de cinco minutos.


19 de março de 2012

18 de março de 2012

Melhores Filmes: Martin Scorsese

O CCOP divulgou hoje o seu primeiro top temático. O visado por Scorsese e eis aquele que foram considerados os seus melhores filmes:

PosTítuloNota (0 a 10)
1Taxi Driver (1976)9,3
2Raging Bull (1980)9,1
3Goodfellas (1990)8,91
4The King of Comedy (1983)8,5
5Hugo (2011)8,36
6George Harrison: Living in the Material World (2011)8,33
7The Last Temptation of Christ (1988)8,17
8New York, New York (1977)8
8Cape Fear (1991)8
8The Departed (2006)8
9Shutter Island (2010)7,91
10Mean Streets (1973)7,75
11The Aviator (2004)7,73
12The Age of Innocence (1993)7,76
13Alice Doesn't Live Here Anymore (1974)7,5
13Casino (1995)7,5
13Bringing Out the Dead (1999)7,5
14Gangs of New York (2002)7,4
15The Colour of Money (1986)7,29
16After Hours (1985)7,2
17Shine A Light (2008)6,75

Melhores filmes de Fevereiro

O top CCOP dos filmes estreados em Fevereiro está assim:


1Hugo (Martin Scorsese)8,36
2The Muppets (James Bobin)8,1
3The Artist (Michel Hazanavicius)7,27
4Le Havre (Aki Kaurismaki)7
5La Guerre Est Declarée (Valérie Donzelli)6,71
6Young Adult (Jason Reitman)6,63
7Chronicle (Josh Trank)6
8Albert Nobbs (Rodrigo Garcia)5,83
9War Horse (Steven Spielberg)5,82
10Star Wars: Phantom Menace (George Lucas)5,33
11The Iron Lady (Phyllida Lloyd)5,11
12O Que Há de Novo no Amor? (Hugo Alves, Mónica Santana Baptista, Hugo Martins, Tiago Nunes, Patrícia Raposo e Rui Santos)5
13Le Dernier Vol (Karim Dridi)4,33
14Jack & Jill (Dennis Dugan)0,67

"My Week With Marilyn" por Nuno Reis

Só contra todos

Norma Jeane tinha tudo para ser adorada. A sua beleza e sensualidade, a sua aparente inocência, as dificuldades que atravessou para chegar à fama, a resposta pronta nas conferências... Tinha o mundo aos seus pés. Se, ironicamente, foi a morte na flor da idade que a imortalizou, então até essa morte tem de ser interpretada como parte do plano de alguém que não queria ser apenas uma mulher, queria ser uma lenda.
Ao longo dos anos foram saindo diversas versões da história verdadeira (e algumas fantasiadas) da actriz. Nunca como este ano se esteve perto de descobrir a essência, de descobrir não quem é Marilyn Monroe, mas o que é ser Marilyn Monroe.

Esta é a história de um jovem sonhador. Colin Clark adora cinema e faz tudo para trabalhar nos Estúdios Pinewood com Laurence Olivier. Ao consegui-lo então faz ainda mais para provar o seu valor, e ele tem valor. O primeiro filme onde vai trabalhar é um que trará Marilyn Monroe a solo europeu. Olivier, Monroe, Vivien Leigh, muitos jovens se poderiam deixar deslumbrar e até desgraçar na companhia de tais vedetas, mas não Colin. Ele será extremamente profissional pois mais do que viver o sonho na rodagem de um filme ele tenciona viver no sonho do Cinema.

Sex Symbol
“Ai, a Marilyn...” é uma expressão que muitos terão já ouvido do pai ou avô, mas que nunca compreenderam na totalidade. “Como podem chamar maior sex symbol a uma pessoa tão velha?” devem ter pensado. Talvez tenha sido essa a causa do chamado conflito generacional: um mero desacordo sobre a maior sex symbol. A verdade é que hoje em dia esse título é muito levianamente atribuído e ninguém mantém o cognome por muito tempo. Seriam as mulheres de então assim tão desinteressantes para que apenas uma recebesse o epíteto? Não pode ser, foi a década de Kim Novak, Sophia Loren, Eva Marie Saint, Elizabeth Taylor, Natalie Wood, Audrey Hepburn, Brigitte Bardot, Grace Kelly, Doris Day, Lauren Bacall, Jayne Mansfield e Sandra Dee. E mesmo depois vieram outras igualmente inesquecíveis. Então porquê a fama? Vejam a abertura do filme e perceberão. A performance de Williams é tão deslumbrante que se percebe logo como seria a original. Se isto é uma cópia - feita por uma actriz que nunca foi descaradamente sensual - então a provocante Marilyn seria divinal. Aliás, todos os actores estão fenomenais. Branagh como um grande realizador/actor inglês, Julia Ormond como uma ofuscada estrela de outrora, Judy Dench como uma actriz inigualável, paciente, sábia e sempre magnânima, Eddie Redmayne como um jovem bondoso e ambicioso que está perante a oportunidade de uma vida, e até Emma Watson como uma mera assistente de guarda-roupa no universo das estrelas. Ao longo de hora e meia são eles que nos guiam por esta longa semana que resume o fenómeno Marilyn.

A estrela
Tal como Williams replica na perfeição, Marilyn era amada por todos. Cada gesto seu era sedução, cada deslocação um festejo. Os Estados Unidos estavam-lhe rendidos e Inglaterra não era diferente. Casada de fresco com o escritor Arthur Miller, chega à Europa com o estatuto de maior estrela viva, mas esconde uma personalidade frágil e delicada que não está preparada para a pressão que Olivier colocava em cada um dos que trabalharam com ele. Se perante as câmaras tinha momentos de fraqueza, longe delas era ainda mais vulnerável. Tendo do seu lado apenas a treinadora e o guarda-costas, quebrou as barreiras sociais e recrutou um jovem admirador para o seu pequeno exército de resistência. É pelos olhos dele, um jovem inteligente, mas simultaneamente inocente e manipulável, que vamos tentar perceber esta fraqueza em quem tinha tudo para ser feliz.

O jovem
Colin queria ser alguém no cinema. Tinha cérebro e coragem, para conseguir o sucesso, mas infelizmente também tinha coração. O que se pode fazer quando a pessoa mais querida do mundo nos pede ajuda? Quando a mulher mais amada do mundo nos ama? Quando o sucesso do nosso primeiro filme e de todos os trabalhos futuros dependem do humor instável de uma pessoa que precisa desesperadamente de nós?
Colin lutou para conseguir o seu lugar de terceiro assistente de realização, mas também teve sorte. É que quando se trabalha em cinema precisamos sempre de alguém que nos faça ver em simultâneo o lado bom e o lado mau desta arte que como espectadores amamos incondicionalmente. Ter como guia uma actriz que com o poder de um sorriso consegue salvar o filme ou num dia mau atrasar a produção uma semana, é conhecer os extremos. É ver o cinema em todo o seu esplendor e decadência. É o que nos prova se realmente amamos o Cinema.
Ele é apenas um jovem inexperiente a tentar impedir o mundo de cair em cima de um mulher que sabe em que meios se movimenta. É enternecedor vê-lo assim manipulado por quem aparenta não controlar nada nem ninguém. Pelos ouvidos dele ouvimos frases sábias que recordaremos inconscientemente para sempre. Frases que talvez já tenhamos ouvido ditas por pessoas reais, com palavras normais, sobre outras figuras maiores que a vida, mas que no filme são ditas de forma sublime e finalmente soam à verdade absoluta que são.

Ver este filme é cair nas teias de sedução de uma mulher irresistível. É não saber se o sofrimento dela é real ou apenas mais uma personagem interpretada a tempo inteiro. É ficar solitária e irremediavelmente marcado por uma mulher que, auxiliada pela comunicação às massas conhecida como cinema, tinha o perfil para conquistar o mundo.
“My Week With Marilyn” não desvenda o mistério, mas também não o adensa. O que faz é meramente relançar o mito de uma mulher que o mundo não consegue esquecer. Ela apareceu no momento certo e não poderá jamais ser esquecida.

Tal como só se pode ter uma primeira semana com Marilyn, o filme deve ser visto apenas uma vez. Dêem-se por felizes com esse fugaz e perfeito momento e despeçam-se, pois ela terá de voltar ao seu mundo mágico e o comum mortal ao nosso mundo dos desencantos. Não se iludam pois nenhum homem conseguiu ficar com ela para sempre. Vê-lo segunda vez será puro sofrimento.


Desculpem-me se chegaram ao final deste longo texto sem ler nada de útil sobre o filme, mas que mais havia para dizer? O tema é Marilyn e é isso que ele nos dá. Ela tornou um profissional dedicado num jovem apaixonado e é pelos olhos dele que vemos. Claro que é parcial e abona a favor dela! Ela é o mundo dele como podia (devia) ser o nosso. Tudo o resto no filme é apenas acessório porque para ela todo o mundo foi apenas acessório.

MyWeek With MarilynTítulo Original: "MyWeek With Marilyn" (EUA, Reino Unido, 2011)
Realização: Simon Curtis
Argumento: Adrian Hodges (baseado no livro de Colin Clark)
Intérpretes: Michelle Williams, Eddie Redmayne, Kenneth Branagh, Dominic Cooper, Judi Dench, Zoë Wanamaker
Música: Conrad Pope
Fotografia: Ben Smithard
Género: Biografia, Drama
Duração: 99 min.
Sítio Oficial: http://myweekwithmarilynmovie.com/

17 de março de 2012

"The Darkest Hour" por Nuno Reis

O cinema cada vez é mais internacional. Há três formas de o conseguir sem grandes esforços. A mais simples é fazer um argumento genérico que pode ser filmado em qualquer parte do mundo e permite procurar as melhores condições financeiras. Outra com bons resultados é o modelo espanhol de convidar estrelas conhecidas para produções nacionais, filmá-las em inglês e vender como se fosse um produto americano, contribuindo para o currículo dos técnicos e actores secundários. E a terceira é o modelo Woody Allen de fazer cada filme como propaganda de uma cidade específica capitalizando ao máximo os patrocínios.

“The Darkest Hour” parecia ser algo ao estilo espanhol, mas olhando com atenção, se excluirmos os duplos as únicas equipas totalmente russas são as equipas de um elemento que tratam de caracterização e guarda-roupa, e ambas as profissionais têm carreiras internacionais que dispensam ajudas destas. Com o desenrolar do filme percebe-se que também não é uma história comprada para dizer bem de Moscovo, pois se o fosse não seria tão ofensiva. Isto é um argumento generalista que calhou ser filmado na Rússia como poderia ter sido em qualquer outro lugar onde o inglês não fosse primeira língua. Aliás, se tivesse dado lucro provavelmente estariam neste momento a fazer filmes-clones em várias outras cidades e iriam combinar as personagens de todos eles num episódio final em 3D e com duas partes...

Dois amigos americanos partem para Moscovo onde vão apresentar a sua criação a potenciais investidores. Ao chegarem lá descobrem que foram ultrapassados pelo representante local que lhes roubou ideia e apoios, e vão para os copos para esquecer. Conhecem duas americanas suas clientes e metem conversa. Subitamente descem umas luzes do céu e a discoteca fica às escuras, assim como toda a cidade. Essas luzes multiplicam-se e começam a pulverizar cada pessoa causando o pânico na multidão. Após sobreviverem a essa primeira vaga, os americanos vão ter de encontrar um rumo nas trevas, enfrentar um inimigo invisível e chegar à embaixada que seguramente resistiu a tudo e está lá para os ajudar.

Os filmes de extraterrestres malignos têm sempre um potencial interessante, se além disso arriscava usar muitos efeitos especiais e filmar às escuras merecia uma espreitadela. Pois o facto de ter o nome de Timur Bekmambetov por trás não salva o filme. “The Darkest Hour” cumpre na parte em que usa muitos efeitos especiais, mas não só não é suficientemente nocturno como a história pouco faz para fugir ao convencional. Alguns grupos de sobreviventes, um inimigo demasiado inofensivo para o massacre referido, e o pior de tudo, engenheiros informáticos sem noções básicas de electricidade. A adrenalina é servida a intervalos regulares, as frases são previsíveis, as mortes seguem a fórmula do costume... Aquilo que ao início parecia uma incursão fresca e original no terror (mérito da empatia entre Emile Hirsch e Max Minghella) depressa descambou em mais um grande nada.

The Darkest HourTítulo Original: "The Darkest Hour" (EUA; Rússia, 2011)
Realização: Chris Gorak
Argumento: Leslie Bohem, M.T. Ahern, Jon Spaihts
Intérpretes: Emile Hirsch, Olivia Thirlby, Max Minghella, Rachael Taylor, Joel Kinnaman, Veronika Ozerova
Música: Tyler Bates
Fotografia: Scott Kevan
Género: Acção, Ficção-Científica, Horror, Thriller
Duração: 89 min.
Sítio Oficial: http://www.darkesthourmovie.com/

"The Innkeepers" por Nuno Reis


A acção desta proposta passa-se no estado da Nova inglaterra, local onde o antigo e o moderno se confundem. Esta é a última semana de funcionamento do hotel Yankee Pedlar Inn. Os seus resistentes funcionários, reduzidos a Claire e Luke, tentam desfrutar desse tempo. Luke quer encontrar um fantasma para o seu site e aproveitar o tempo a sós com Claire. Ela por outro lado acha piada aos espíritos, mas não presta muita atenção nem ao vivo nem aos mortos. Entre os hóspedes resistentes estão quatro pessoas: uma mãe e o filho pequeno, uma actriz e um velhote que veio festejar o aniversário de casamento no preciso quarto da lua de mel. Será algum deles quem diz ser?

Ti West andou um bocado perdido no início da carreira, mas quando nos trouxe o surpreendente “House of the Devil” foi logo apontado como um nome a ter em conta no cinema de terror. Dois anos depois com um elenco mais sonante (por isso entenda-se Sara Paxton e Kelly McGillis) trouxe-nos “The Innkeepers” e foi logo esquecido. É mau? Digamos que quando o vi no Marché du Film me senti desiludido e quando perguntei a uma pessoa que organiza um festival onde passou o “House of the Devil” se iam levar este, percebi logo que eu não tinha sido o único a sentir-se defraudado...
Na abertura “The Innkeepers” tem aquele ar retro que conquistou em “House of the Devil”. No entanto é uma história intemporal que se pode ter passado há uma década ou ainda vir a acontecer. As personagens são bem apresentadas e fica no ar uma aura misteriosa que pode prenunciar todo o género de desfechos. No entanto com o evoluir da trama as expectativas começam a descer e verifica-se que apesar de ser um filme bem realizado, bem interpretado e com bons efeitos visuais e sonoros, falta-lhe um bom argumento. As personagens não são exploradas, não há transformações de carácter, não há nenhuma real surpresa. Falha onde antes dele falharam centenas de outros filmes sobre fantasmas, tendo como única diferença o elenco mais profissional. Novamente o subgénero de terror com fantasmas fica abaixo das expectativas

The InnkeepersTítulo Original: "The Innkeepers" (EUA, 2011)
Realização: Ti West
Argumento: Ti West
Intérpretes: Sara Paxton, Pat Healy, Kelly McGillis, Lena Dunham, George Riddle
Música: Jeff Grace
Fotografia: Eliot Rockett
Género: Horror, Thriller
Duração: 100 min.
Sítio Oficial: http://www.facebook.com/theinnkeepersmovie

Revista Bang! nº12 nas bancas

A partir de hoje podem procurar as vossas Bang! gratuitas na FNAC.
O que tem esta edição de especial? Uma secção de min-críticas a filmes de género fantástico feitas por alguns dos maiores bloggers nacionais, eu incluído. Nâo percam a oportunidade.

Ela tem este aspecto:


Para edições anteriores dirijam-se à Saída de Emergência mais próxima.

16 de março de 2012

15 de março de 2012

Programação SyFy Fest Lisboa 2012

Amanhã Lisboa vai ter algum terror para oferecer. COm uma selecção de filmes que esteve em Neuchatel, MOTELx, Sitges e no Fantas, já conseguimos fazer uma antevisão bastante completa aos filmes.

16 de Março (Sexta-feira)
21h - "Dictado" , filme de António Chavarrias

17 de Março (Sábado)
16h - A Guerra dos Tronos - último episódio temporada 1 (entrada gratuita)
17h30 - Curtas-metragens (entrada gratuita)
19h30 - The Innkeepers, filme de Ti West
21h30 - Hobo With a Shotgun, filme de Jason Eisener
23h30 - The Woman, filme de Lucky McKee (não se esqueçam de ver a entrevista)

18 de Março (Domingo)
16h - "Atrocious", filme de Fernando Barreda Luna
17h30 - Hell, filme de Tim Fehlbaum
20h- Stake Land, filme de Jim Mickle
22h - Lobos de Arga, filme de Juan Martínez Moreno

Entrevista a Pollyanna McIntosh


No final do ano passado entrevistamos a actriz Pollyanna McIntosh. A publicação foi sendo adiada, mas esta semana, com o regresso de "The Woman" ao São Jorge para o SyFy Fest, acabamos por ceder o texto à SciFiWorld. Quem não a leu lá, pode sempre ver aqui.



1. Começando pelo início diga-nos por onde andou antes de o cinema entrar na sua vida.
Sou natural da Escócia, mas vivi no estrangeiro muita da minha juventude. Mudei-me para Portugal com dois anos e lá vivi até aos cinco. Lembro-me de tudo sobre essa altura e sinto-me sempre bem quando regresso a Portugal (não é com frequência suficiente!) Basta-me ver um galo pintado, cheirar Caldo Verde e Bolinhos de Bacalhau ou ouvir a língua para ficar logo derretida. Fomos muito felizes no Porto com uma cozinheira maravilhosa chamada Angelina que fazia um Flan de Caramelo perfeito e por vezes também fazia de babysitter e perseguia-me e à minha irmã pela casa, com a dentadura na mão, fechando-a atrás de nós. Nós ADORAVAMOS!
Depois foi Pereira na Colômbia, América do Sul, outro lugar que me faz sentir imensamente feliz por ter crescido lá. A minha irmã e eu montamos a nossa primeira peça lá, no jardim das traseiras, para uma plateia de vizinhos. Eu fazia de cão! Regressamos à Escócia quando tinha nove e fiz mais teatro até ser descoberta como modelo e ir para Londres aos dezasseis. Isso significou mais viagens e independência e... bem, muitas lições! Fui estudar drama aos dezassete e comecei a dirigir e produzir teatro em Londres enquanto fazia pequenos papéis em filmes.





2. O teatro levou-a para Los Angeles, mas foi o cinema que a cativou. Como foi a passagem dos palcos para as câmaras?
Foi o amor que me levou para LA, mas essa estrada tinha muitas pedras... Comecei no teatro aqui em LA como actriz, mas também a produzir e a dirigir no palco. A minha primeira audição Americana para um filme foi em Nova York para Headspace (a audição chegou pela divisão teatral local da minha agência de modelos) e tornou-se no meu primeiro papel num filme americano. Estudei de forma tão minuciosa o que o realizador/produtor e o director de fotografia estavam a fazer que se formou uma relação duradoura e ele apresentou-me ao meu primeiro manager em LA. Anos depois ainda colaboramos. Inclusivamente ele produziu o The Woman. Quanto à “transição”, espero ser sempre capaz de me mover entre os dois formatos. Não piso um palco há demasiado tempo e sinto a falta disso.

3. Em 2007, após uma pequena experiência no horror (“HEADSPACE”, 2005), conseguiu um grande papel no thriller “9 Lives of Mara” assim como um pequeno mas chamativo papel em “Sex and Death 101”, algumas curtas e trabalhos para TV. Mas que grande ano para alguém que acabava de começar!
Obrigada! Sim, isso foi maravilhosamente excitante. Tenho enviado o meu material a toda a gente e a tentar por todos os lados por isso sabe mesmo bem ser capaz de realmente trabalhar! É sempre um enorme alívio para um actor estar a trabalhar. Como muita gente neste negócio, a maior parte do tempo que os actores trabalham é a procurar trabalho.

4. Em 2009 Andrew van den Houten, realizador de “Headspace”, voltou a contratá-la para a adaptação do livro de Jack Ketchum: “Offspring”. O que sabia sobre a personagem, como é que ela lhe foi apresentada?
Ele disse-me, “Arranja o livro, lê-o e diz-me o que achaste”. Ketchum fez o resto. Eu não conseguia pousar o livro, a personagem estava tão bem definida! Liguei de volta ao Andrew e disse, “posso ser a mulher?” Era quem ele tinha em mente para mim por isso resultou muito bem.

5. Habitualmente as tribos canibais nos filmes de terror são figurantes que apenas deambulam a grunhir e mastigar. Onde estava o desafio? Como se preparou?
Oh, tu sabes, fui uns dias sozinha para o bosque, fiz exercício como um animal, estudei muitos animais em jardins zoológicos e em DVD. Especialmente lobos, felinos e macacos. O desafio estava em garantir que a pesquisa era suficientemente aprofundada para me sentir bem na personagem porque senão… bem, sentir-te-ias um imbecil se estivesses a fingir, não sentias? É uma personagem tão invulgar!

6. Interpretou uma personagem sem nome, sem diálogos, sem valores... Ter uma sequela para a repetir era uma oportunidade para ir mais além. A transformação de vilã em vítima revela uma nova faceta da Mulher.
Sem valores?!! Ela tem muitos valores! Só não são aquelas da nossa sociedade moderna. Mas sim, ler o guião de The Woman foi um enorme desafio, ia mesmo “além”!!! Rodá-lo, depois de toda aquela preparação, foi puro prazer.


7. Lucky McKee falou da possibilidade de fechar a trilogia com uma volta de 180º turn onde a Mulher seria a heroína. Está preparada para voltar e para nova transformação?
Ai ele disse?! Estou a brincar, estamos a planear fazer algo mesmo fixe também no próximo filme. Estou muito ansiosa para o fazer, especialmente porque já muita gente me disse que adoraram The Woman e por isso sei que também eles estão ansiosos.

8. “The Woman” foi seleccionado para festivais em todo o mundo incluindo o MotelX em Lisboa, que também escolheu “Burke and Hare”, outro dos seus trabalhos. O que sabe acerca do festival?Foi uma novidade para mim e gostei do aspecto dos materiais deles, do website, etc. É sempre bom quando as pessoas criam festivais para celebrar a sua paixão... e depois querem mostrar os teus filmes! Eu queria muito ir e os organizadores foram muito simpáticos em tentarem levar-me, mas infelizmente eu estava a filmar Love Eternal nessa altura e não podia ir. Conheci-os em pessoa em Sitges e espero poder ir ao festival no futuro.


Foto de Thomas Kjaervik

9. Por falar nisso, tem diversos projectos prestes a sair, na comédia e no thriller como habitual. O sucesso de “The Woman” trouxe-lhe mais ofertas de trabalho?
Obrigado, fou um grande ano de trabalhos interessantes. Diria que a atenção em torno do filme me tem ajudado a maioria das vezes. Também deve haver pessoas a pensar, “Não vão trabalhar com aquela tipa assustadora!”, mas fui afortunada e só ouvi falar daqueles que adoraram o filme e querem trabalhar comigo por causa dele. Só espero que a Miranda July ou o Pedro Almodovar me digam algo...

10. No teatro dirigiu algumas peças. Também o vai tentar em cinema, ou por enquanto a actuação é suficiente?
Muitos actors desejam algum dia realizar, direct, espero ser uma das que vê o sonho concretizado. Preciso de aprender muito mais sobre o tema e também tirar um mês de folga para acabar um argumento pois sinto que devo começar por dirigir o meu próprio material. Não quero estragar a história de outra pessoa! Nunca deixarei de actuar, mas espero envolver-me noutras tarefas de contar histórias.

Agradecemos a disponibilidade e simpatia desta grande actriz. Acompanhem-na pelo Twitter ou Facebook.

14 de março de 2012

Onde não fazer cortes

O ministro grego da cultura ficou um bocado perplexo com o facto de Portugal não ter alguém na sua posição. Algumas das declarações feitas estão alinhadas com o que qualquer um diria:

“O nosso país não cria apenas muitos benefícios através da cultura mas fala ao mundo através da cultura e ter uma voz forte especialmente no meio da crise é muito importante”

“Alguns dos nossos melhores embaixadores em todo o mundo são as pessoas das artes, que se movem bem na arena internacional através do cinema, da arquitectura e da arte e andarem no estrangeiro a falar pela Grécia é um dos melhores investimentos que podemos ter”

“Há sempre um debate sobre as funções de um ministro da Cultura e quais são os propósitos que o Ministério deve ter, mas se isolarmos estas duas coisas encontramos boas razões para termos a Cultura ao nível ministerial e é nisto em que acreditamos desde o princípio”

“Tento persuadir os jovens a ficar aqui e evitarem da emigração”

in Público

Por muito mal que esteja a Grécia, a sua cultura sobreviverá a qualquer governo. Em Portugal esperemos que se possa dizer o mesmo.

Cinema de colo


Gostariam de ir ao cinema mas o bebé não o permite? Essa desculpa acabou! Pelo menos até que a criança faça um ano podem aproveitar para ter um momento de lazer.

Os Cinemas ZON Lusomundo apresentam um novo conceito de lazer: a partir de agora já é possível ir ao cinema e levar bebés de colo. Em parceria exclusiva com a Out Baby, a ZON Lusomundo promove sessões regulares para pais que pretendem um momento de pausa e não têm com quem deixar os bebés.
A próxima sessão é já dia 20 de março, às 13h00, no Cinema ZON Lusomundo Vasco da Gama, com a exibição do filme “Amor e Outras Cenas” escolhido por votação no site da Out Baby. Os bilhetes têm o mesmo preço de uma sessão regular e pode ser utilizado o myZONcard, que permite comprar dois bilhetes pelo preço de um. Não poderão assistir crianças com mais de 12 meses.
A sala de cinema está totalmente preparada para respeitar as necessidades deste público específico proporcionando nomeadamente, um volume de som mais reduzido, maior luminosidade e temperatura mais amena. A sala dispõe ainda de dois muda fraldas e algumas almofadas de apoio.
Recorde-se que a ZON Lusomundo Cinemas tem alargado o âmbito dos eventos das suas salas digitais, diversificando o público-alvo, com a exibição de concertos de bandas nacionais e internacionais, espetáculos de ópera e ballet e jogos de futebol em 3D e em HD.


Pede-se no entanto que pensem nas crianças antes de terem ataques de riso que as possam incomodar. Em Portugal este filme está classificado como maiores de 16 pelo conteúdo sexual, nudez, linguagem e utilização de drogas. “Amor e Outras Cenas” conta a história de um casal de Manhattan (Jennifer Aniston e Paul Rudd) que, abalado pela crise económica e por um súbito desemprego, explora modos de vida alternativos, acabando por decidir experimentar viver numa comunidade rural, onde imperam as regras do amor livre.


Sobre as empresas:
A ZON Lusomundo é responsável pela gestão de mais de 200 salas de cinema e foi pioneira no processo de digitalização e introdução de plataformas 3D digital no cinema em Portugal. Foi ainda a primeira empresa de exibição cinematográfica do Mundo a ser certificada com a Norma ISO 22000:2005 (Sistemas de Gestão da Segurança Alimentar) no âmbito da confeção e comercialização de pipocas e bebidas.

O programa Out Baby destina-se a todos os pais que pretendem ter um momento de pausa das suas rotinas enquanto assistem a um filme, uma peça de teatro ou qualquer outro tipo de espetáculo.
O programa Out Baby tem 2 modalidades, serviço de babysitting, prestado por profissionais qualificados nestes cuidados, ou sessões especiais exclusivas para pais acompanhados pelos bebés.


13 de março de 2012

Convites para a abertura do SyFy Fest 2012



É já esta sexta-feira que o SyFy Fest abre portas. Na expectativa de que disfrutem do festival desde o início, temos para oferecer 5 convites duplos para a sessão de abertura onde será exibido "Dictado".

A história começa quando Daniel e Laura (Juan Diego Botto e Bárbara Lennie), um jovem casal que acaba de sofrer um aborto, aceita acolher em sua casa a filha de uma amiga de infância que acaba de suicidar-se (Mágica Pérez). Daniel começa a sentir como ameaçadoras algumas das ações da menina, que despertam nele medos e sentimentos de um passado que tinha decidido enterrar.
"Dictado - afirma o realizador- é uma história negra sobre a infância e o peso que tem no mundo dos adultos".




Têm até às 15 horas de dia 15 para se inscreverem. A sessão terá lugar sexta pelas 21 horas e devem levantar os bilhetes no Cinema São Jorge até meia hora antes do início.
Boa sorte!

Se preferirem bilhetes para o encerramento espreitem a SciFiWorld.


Inscrições para o Erasmus Film Fest



Vai ter lugar em Leiria o Erasmus Film Fest, aberto a todos os estudantes universitários dos países com programa Erasmus. As inscrições terminam no final do mês e o festival é a 9 de Maio. As categorias a concurso são:

Vida académica
Projectos profissionais
Pessoas e comunidades
Património
Tradições
Natureza
Partilhar experiências
Desporto

12 de março de 2012

O filme que querem, mas não vão ver


http://img.photobucket.com/albums/v359/antestreia2/Filmes2/Walt.jpg

A vida e obra de um visionário que mudou o cinema daria um excelente filme. Os direitos pertencem a uma das maiores empresas do mundo do cinema. Está aqui o poster. Então porque não o vão ver? Porque é um poster falso e o filme não existe.

O designer francês Pascal Witaszek deixou meio mundo desiludido com esta brilhante criação. Esperemos que a Disney aproveite para anunciar que afinal não é totalmente falso.

"Hugo" por Nuno Reis

A lenda de Méliès

Esta é a história de Hugo Cabret. Orfão e negligenciado pelo tio, o único familiar vivo, passa os seus dias nas paredes da estação dos comboios. A sua prioridade é manter os relógios em funcionamento para que ninguém decida entrar nesse mundo secreto. A sua verdadeira missão é mais complicada. Tem de concluir um autómato que o pai encontrou num museu e que escreverá algo de muito importante. Convencido que esse autómato lhe transmitirá a derradeira mensagem do pai, não poupa esforços para o ligar. Mas precisa de muitas peças e de uma misteriosa chave.
Se os relógios são colocados de forma a serem vistos por todos, é também verdade que são capazes de ver todos. Lá dentro Hugo vê tudo e conhece bem as pessoas habituais da estação. Lojistas e funcionários dos caminhos-de-ferro, todos são observados sem que o desconfiem. De todos eles o que mais importa evitar é o chefe da estação, famoso por enviar pequenos pedintes esfomeados para o orfanato, e o que mais interessa investigar é o velhote da loja de brinquedos, um mundo mágico de engrenagens bastante úteis para quem quer reparar uma máquina. Com a ajuda de Isabelle, outra pequena que anseia por uma aventura, vai descobrir um segredo maior do que imaginavam.

Há duas informações básicas sobre cinema que todos devem conhecer. A primeira é que ele se tornou popular com os irmãos Lumiére. A segunda é que ele se tornou eterno graças à mente criativa de Georges Méliès. Se os Lumiére com o objectivo do lucro imediato o espalharam por todo o país como uma curiosidade e sem explorar o verdadeiro potencial, a verdade é que a veia artística de outros franceses lhe deu o potencial para se tornar na arte suprema. E isso começou com Méliès. Foram a magia e sua paixão pela ilusão que o levaram a exigir mais daquela curiosidade e a fazer o impossível. A ele devemos tanto daquilo que o cinema é hoje que nunca poderemos pagar, mas este filme é um bom esforço. Aliás, quem quiser educar um filho na magia do cinema tem aqui uma excelente forma de começar pois não só “Hugo” tem todo o encanto de um filme infantil, como ajuda a perceber as diferentes formas de ver cinema ao lono dos anos. Seja com medo, com admiração ou com paixão, não é suposto uma projecção deixar alguém indiferente e benditos sejam aqueles que trabalham para tornar os sonhos em realidades.

Este filme foi apelidado de pesadelo em termos de marketing por não ter um género definido. É infantil e é para gente crescida, não sendo normal também não é correcto classificar como fantástico... Pois então esqueçam os rótulos! Digamos apenas que é um filme para ser visto por quem gosta de cinema. Todas as referências dos pioneiros do cinema francês e americano estão lá.
Scorsese há dezoito anos que não fazia um filme abaixo desse escalão etário. Por especial insistência da filha adaptou-se ao cinema infantil com excelentes resultados. Nota-se por vezes um tom condescendente na forma de filmar, adaptando a reverência aos velhos mestres a um público que não sabe ver cinema centenário, mas depois de um enorme plano sequência tridimensional logo na abertura, perdoa-se qualquer desvio que faça na excelência. O seu “Hugo” pode não ser absolutamente mágico nem ter total rigor histórico, mas para os miúdos será certamente um prazer para assistir na companhia de quem souber explicar tudo o que se passa. Sem isso pelo menos ficarão a saber que cada um de nós tem o seu lugar nesta máquina gigante.

HugoTítulo Original: "Hugo" (EUA, 2011)
Realização: Martin Scorsese
Argumento: John Logan (livro de Brian Selznick)
Intérpretes: Asa Butterfield, Chloe Grace Moretz, Ben Kingsley, Sacha Baron Cohen, Emily Mortimer, Helen McCrory, Jude Law, Ray Winstone
Música: Howard Shore
Fotografia: Robert Richardson
Género: Aventura, Drama, Família, Mistério
Duração: 126 min.
Sítio Oficial: http://www.hugomovie.com/

11 de março de 2012

"War Horse" por Nuno Reis


Há algo de especial nos filmes sobre cavalos. Por muito indiferente que sejamos à história, têm sempre algo que mexe connosco e nos carrega para aquela época em que esses animais significavam algo. No fundo a estranho relação que algumas pessoas estabelecem com os carros deriva daquela que, durante séculos, foi criada com estes nobres animais.

As expectativas que tinha para este filme eram bastante baixas. Um rapaz que vai para a guerra em busca do seu cavalo não é algo que cative durante mais de duas horas. Na verdade a sinopse não é bem assim. Esta é a história de um rapaz e de um cavalo, contudo não é bem assim. Este é o ponto de vista do cavalo.
Inglaterra, um século atrás. Albert (o rapaz) admirou Joey (o cavalo) desde o nascimento. Quando o pai o comprou ficou felicíssimo e prometeu treiná-lo para todos os trabalhos da quinta. Até que a Grande Guerra chega e Joey é recrutado, ao passo que Albert não tem idade suficiente para ir com ele. Vamos partir para França com Joey e o seu novo dono que prometeu cuidar dele até ao regresso em segurança, e vamos ver todos os horrores da guerra na companhia do nobre corcel que prova ser mais resistente que qualquer homem e qualquer outro cavalo. Perdendo amigos ao longo dos anos, Joey vai fazer o impossível e sobreviver a todas as baionetas, espadas e artilharias pois acredita que um dia Albert assobiará para que ele volte.

Num ano em que os actores masculinos nomeados a Oscar foram particularmente fracos, não me surpreenderia que “War Horse” visse o seu protagonista nomeado. Nao me refiro ao humano, mas ao equestre pois Finders Key, o actor de “Seabiscuit”, carrega o filme do início ao fim. Seja no campo ou nas trincheiras consegue transmitir emoções impensáveis. Sentimos mais a morte de um cavalo que a de centenas de humanos jovens, demasiado jovens. Deixamos de nos importar com o desfecho da guerra desde que Joey fique bem.

Quanto ao filme podemos dizer que apesar de ser digital é um Spielberg habitual. Tem colaboração dos mestres John Williams na banda sonora e Janusz Kaminski na fotografia. Do ponto de vista técnico é irrepreensível. Os actores apesar de maioritariamente desconhecidos são os que o filme pedia. Como referi até o cavalo era o melhor que havia, custa acreditar que não seja um mero produto CGI.
É verdade que Spielberg domina como poucos a arte de fazer filmes para a família e filmes de guerra, mas combiná-los num só era algo impensável. “War Horse” peca por ser um bocado longo - dos raros filmes em que um intervalo sabe bem - mas é uma já merecida homenagem ao cavalo desconhecido, tão merecedor como o soldado desconhecido, mas sempre ignorado.

War HorseTítulo Original: "War Horse" (EUA, 2011)
Realização: Steven Spielberg
Argumento: Lee Hall, Richard Curtis (baseados no livro de Michael Morpurgo)
Intérpretes: Finders Key, Jeremy Irvine, Peter Mullan, Emily Watson, Niels Arestrup, Tom Hiddleston, Benedict Cumberbatch
Música: John Williams
Fotografia: Janusz Kaminski
Género: Drama, Guerra
Duração: 146 min.
Sítio Oficial: http://www.warhorsemovie.com/

10 de março de 2012

Planos para o fim-de-semana

Este fim-de-semana está recheado de actividades para os amantes de cinema. Além da mostra na Gulbenkian destacava outros dois eventos:

Mostra de Curtas-Metragens UBI no Porto



Integrado na Programação do Bairro das Artes Circuit e Aniversário da Associação Terra na Boca, Dias 10 e 11 de Março das 15h às 17h, No Auditório do Museu Nacional Soares dos Reis

A entrada é gratuita, mas se puderem contribuam com 1€ para ajudar a associação que está a organizar a mostra.

..:: Dia 10 ::..

“Olívia” de Eduarda Pinto
“Vendedor de Sonhos” de António Lopes
“They Shoot Crows, Don’t They?” de Joana Sá
“Os Últimos Dias” de Francisco Sousa
“21 da Rua da Esperança” de Luís Batista

..:: Dia 11 ::..

“Imergir” de Tito Fernandes
“Azeitona” de Ana Almeida, Humberto Rocha, João Gazua e Luis Campos
“Purgatório” de Miguel Rafael
“Sinfonia dos Loucos” de Vasco Mendes

Organização:
Universidade da Beira Interior – Departamento de Comunicação e Artes
Associação Terra na Boca

"O Barão" no Cinema Nimas



9 de março de 2012

Mostra SyFy 2012


Enquanto não temos o programa completo do SyFy Fest de Lisboa (é já para a semana), deliciem-se com o que Espanha tem a decorrer:



DiaHoraFilme
822:00John Carter
822:30Das Cabinet des Dr. Caligari
918:00Hell
920:00Stake Land
922:30Hobo With a Shotgun
90:30Trash Entre Amigos
Projecto de Nacho Vigalondo, Raúl Minchinela, Señor Ausente e Rubén Lardín
1012:00The Lorax
1016:00The Prodigies 3D
1018:00Atrocious
1020:00The Woman
1022:30Apollo 18
100:304:44 The Last Day on Earth
1116:00The Phenomena Experience
18:00
1120:30The Innkeepers
1122:45Lobos de Arga

8 de março de 2012

"Lobos de Arga" por Nuno Reis

Na província de Ourense, para os lados do Carvalliño, há uma aldeia chamada Agra com menos de 100 habitantes onde não é difícil encontrar casas para alugar. Coincidência ou não, neste filme falam da aldeia de Arga, Ourense, só que esta não é apelativa para o turismo por causa de uma maldição. O escritor falhado Tomás não o sabe e por isso volta entusiasmado à aldeia onde nasceu para uma homenagem. Ele espera que esse retiro o inspire a fazer uma nova obra literária só que vai deparar um desafio bastante maior do que ambicionava. Com a ajuda do seu cão vai reencontrar o amigo de infância, o agente literário de quem fugiu, o tio que nunca viu e, como o título anuncia, lobisomens.

Inspirado no cinema dos anos 80, “Lobos de Arga” prefere enveredar pela comédia a ser apenas mais um filme de terror. Com um sexteto improvável de heróis, um tio que faz-tudo na aldeia, um segredo que os espectadores percebem à partida, e disfarces de monstros “tão maus que são bons”, o grande alento do filme são os momentos cómicos. Gorka Otxoa sai-se bem e a mera presença de Carlos Areces com uma personagem discreta predispõe o espectador para se rir. Já o humor de Secun de la Rosa é exagerado, mas completa este trio com estilos tão distintos e que estão em perfeita sintonia quando partilham ecrã. Depois há ainda um cão maravilha que parece sempre que é preciso e um polícia magnífico (interpretado por Luis Zahera) que devolve o humor ao filme quando o terror começava a sombrear uma história de bom tom.

Sem nenhuma surpresa de maior e repescando gags clássicos, o grande trunfo do filme é refazer bem o que funciona em cinema. Uma realização sem falhas, uma fotografia fascinante sejam em casas de pedra, igrejas abandonadas ou subterrâneos assombrados, e um som poderoso fazem com que um visionamento de “Lobos de Arga” em cinema seja uma experiência extremamente divertida, especialmente se a companhia for numerosa e bem-disposta. Em suma, um excelente filme para ver em sala cheia num festival.


Lobos de ArgaTítulo Original: "Lobos de Arga" (Espanha, 2011)
Realização: Juan Martínez Moreno
Argumento: Juan Martínez Moreno
Intérpretes: Gorka Otxoa, Carlso Areces, Secun de la Rosa, Manuel Manquiña, Luis Zahera, Mabel Rivera
Música: Sergio Moure
Fotografia: Carlos Ferro
Género: Comédia, Horror
Duração: 100 min.
Sítio Oficial: http://www.rtve.es/noticias/lobos-de-arga-pelicula/

7 de março de 2012

Ciclo de cinema na Gulbenkian

Desde as celebrações do cinquentenário, em 2006, que a Fundação Calouste Gulbenkian retomou o apoio à produção de filmes portugueses. Sem nunca ter deixado de apoiar a formação e a especialização nesta área, a Fundação financiou parcialmente uma dezena de filmes nos últimos anos. Sete dessas longas-metragens são agora exibidas no Grande Auditório.



PROGRAMA

Sábado, 10 março
15:00 - Abertura

15:20
Exposição Raul Lino – 1970, Reportagem de António Campos; sem som (7’)

15:30
A Vossa Casa (2011/2012), de João Mário Grilo (57’)
(M/12 anos)

16:45
Tapete Voador (2008), de João Mário Grilo (57’)
(M/12 anos)

18:00
Singularidades de Uma Rapariga Loura (2009), de Manoel de Oliveira (61’)
(M/12 anos)

21:30
O Filme do Desassossego (2010), de João Botelho (118’)
(M/12 anos)


Domingo, 11 março
11:30
E O Tempo Passa (2011), de Alberto Seixas Santos (130’)
(M/12 anos)

15:30
O Estranho Caso de Angélica (2010), de Manoel de Oliveira (93’)
(M/12 anos)

18:00
Cisne (2011), de Teresa Villaverde (103’)
(M/12 anos)

6 de março de 2012

Cine Más Comics 13

No número deste mês a capa pertence ao Motoqueiro Fantasma de Nicolas Cage. No interior da revista são revistos alguns outros anti-heróis dos comics.
Outros dos temas são Scorsese e o seu "Hugo", uma entrevista a Daniel Radcliffe e James Watkins sobre "Woman in Black" e outra a Josh Trank sobre "Chronicle.
Finalmente, haverá ainda mockumentários e uma análise aos filmes orientais que chegarão em 2012 da Coreia, da Tailândia e da Índia.

Motivos mais do que suficientes para lerem este revista online.

5 de março de 2012

4 de março de 2012

"Juan de los Muertos" por Nuno Reis

A sessão mais divertida deste Fantas foi a original proposta cubana de zombies. O cinema cubano é famoso especialmente pelos seus documentários, mas com Juan mostra créditos também na ficção mais pura. Na verdade não será tudo ficção. Muito do que aqui é dito é também pensado pelos cubanos e por isso a sátira social é tão forte.

Juan e Lazaro são dois amigos cubanos que gostam muito da vida relaxada da ilha. Lazaro ainda acredita que conseguirá uma vida melhor para ele e para o filho no estrangeiro, Juan já esteve fora do país e agora ninguém o consegue tirar de Cuba onde acredita que tem tudo o que precisa para viver. Até que começam a notar em alguns cidadãos com um comportamento estranho. O governo diz que são dissidentes enviados pelos americanos para desestabilizar, mas quem viu filmes sabe o que se passa. São zombies famintos de carne e estes correm muito! Juan que é boa pessoa começa por ajudar uma vizinha, depois a própria filha, mas depressa tem de ajudar desconhecidos. Nesse momento prefere ser um bom cubano e lucrar com o mal dos outros. “Juan de los muertos, matamos os seus entes queridos”.

O cinema de terror já não é o que era. Nesta edição do Fantas não houve nenhum filme mesmo assustador e este não fugiu à regra. Se nem com milhares de zombies o filme consegue causar sustos pode parecer que tem algum problema, mas muito pelo contrário. “Juan De Los Muertos” não assusta, mas proporciona excelentes momentos de riso, especialmente quando visto em grupo ou num festival. A sua estrondosa vitória no Fantas, ganhou as categorias de Actor, Argumento, Público e Bloggers, não permite enganos. Devem ir ver com expectativas altas, mas para comédia. Com todos os estereótipos que se espera de cubanos, com muitas críticas ao governo (tantas que causou demissões no Instituto do Cinema por o ter autorizado), aos residentes e aos turistas da ilha, é impossível ficar indiferente a esta overdose de boa disposição.

Como único ponto negativo refiro apenas que Andrea Duro tem melhor aspecto ao vivo do que no filme, mas como a sua interpretação não é memorável percebe-se que a tenham ofuscado. Alexis Díaz de Villegas faz o filme sozinho e além de o seu Juan ser o herói cubano por excelência, é agora um dos maiores nomes da história do cinema de zombies. Este filme tem um potencial incalculável para merchandising.

Juan de los MuertosTítulo Original: "Juan de los Muertos" (Cuba, Espanha, 2011)
Realização: Alejandro Brugués
Argumento: Alejandro Brugués
Intérpretes: Alexis Díaz de Villegas, Jorge Molina, Andrea Duro, Andros Perugorría, Jazz Vilá, Eliecer Ramírez
Fotografia: Carles Gusi
Género: Comédia, Terror
Duração: 100 min.
Sítio Oficial: http://www.juanofthedeadmovie.com/lang/es/

"Avé" por Nuno Reis

No distante ano de 2010, no Marché du Film, um filme destacou-se, não exactamente pela qualidade, mas pela diferença em relação a tudo o que se lá vendia. Nesse primeiro ano não teve sorte, mas quando um ano depois voltou a Cannes na condição de concorrente na Semana da Crítica os olhos do mundo começaram a ficar mais atentos.

Kamen é um adolescente búlgaro que atravessa o país à boleia para ir a um funeral. Pelo caminho encontra Avé que também depende dos condutores alheios para a sua viagem em visita à avó doente. Só que assim que entram no carro seguinte, Avé começa a contar uma incrível história sobre ambos que surpreende Kamen. Como Avé fala inglês - uma diferença educacional que será percebida mais tarde - Kamen fica incapaz de a contrariar perante os condutores estrangeiros e ela aproveita esse ascendente para definir à partida a sua relação.

Este formato invulgar de road movie surpreende quem o vê. Primeiro porque é uma pequena produção búlgara, cinematografia que não costuma ser muito divulgada no estrangeiro. Em segundo porque esta odisseia mostra não só o país e as suas gentes, como partilha uma visão inocente de uma realidade difícil. E em terceiro porque Avé é uma personagem encantadora a quem perdoamos todas as mentiras.
A relação entre os dois e com o mundo é única e por vezes divertida, permitindo que se passe um bom momento enquanto se assiste à viagem. Aquilo que parece um filme ligeiro depressa se torna numa obra que obriga a um pouco de reflexão sobre a vida e o que fazemos dela. Será melhor viver a triste realidade ou criar uma nova vida perante cada pessoa com quem nos cruzamos? E alguém merece a confiança de saber a verdade? Após colocar essas questões, “Avé” garante que não o esqueceremos, atacando aquela mesma inocência que despertou em nós.
É um filme querido e manipulador que não dá nas vistas até ao final. Num visionamento convencional, com isso quero dizer “único filme visto no dia”, irá permanecer por muito tempo na mente. Em contexto de festival, precedido e seguido por vários outros filmes, pode passar despercebido o que seria uma pena. O filme de Konstantin Bojanov é para ver, pensar e digerir.

AvéTítulo Original: "Avé" (Bulgária, 2011)
Realização: Konstantin Bojanov
Argumento: Arnold Barkus, Konstantin Bojanov
Intérpretes: Angela Nedialkova, Ovanes Torosian
Música: Tom Paul
Fotografia: Nenad Boroevich, Radoslav Gochev
Género: Drama
Duração: 86 min.
Sítio Oficial: http://www.facebook.com/ave.the.movie