27 de março de 2013

ACAPOR faz uma limpeza

Esta semana a ACAPOR fechou alguns dos maiores sites de pirataria. Através da identificação dos proprietários dos sites (e principais beneficiários das receitas obtidas ilegalmente) convenceram muita gente a desistir desse estilo de vida. Com alguns entraram em contacto, os outros fecharam com medo e antecipando que lhes sucedesse o mesmo.
Sendo de louvar esta defesa dos interesses do mercado audiovisual, a linguagem que usa não foi a mais adequada. Citando um dos posts no site da Associação "o jovem administrador do fórum vai assim poder continuar a sua vida sem quaisquer consequências, contrariamente às milhares de pessoas que perderam os seus empregos, e alguns até a família, por culpa exclusiva deste e doutros fóruns semelhantes.".

A única mensagem que paira no local antes ocupado por esses sites é medo. Que eu saiba ao longo braço da lei escapa-se tendo o site noutro país. Que tal fazer o que nunca foi feito? Tentar dialogar com as pessoas? Uma conferência virada para as pessoas para saber o que procuram e porque recorrem a esses serviços. É pelo preço, porque é a única opção ou mera preguiça?

Estamos a falar de sites com 50000 e 250000 membros. Mesmo que prendessem alguém, foi só um que cometeu o crime? E que tal tomar medidas para levar estes milhares de pessoas a partilharem a responsabilidade? Não digo que se deve condenar as pessoas (por vezes a única forma de ver um filme é mesmo online visto que a distribuição tem interesses muito específicos) mas pedir-lhes algo voluntariamente.
Esses sites fecharam sem qualquer punição. Pelo menos podiam fazer aquilo que pode ser chamado de serviço cívico: deixar uma mensagem final aos seus seguidores apelando a que comprassem um bilhete para um filme nacional, que contribuissem para uma qualquer associação de soliedariedade... Partilhava a responsabilidade, atenuava o sentimento de culpa, fazia bem à sociedade e à economia, e davam um exemplo de cidadania.


5 comentários:

Cythera disse...

Com todo o respeito, mas vocês vivem muito desinformados. "e principais beneficiários das receitas obtidas ilegalmente"??
Desde quando? Que dinheiro é que eles ganham? Só se for o dinheiro das publicidades que estão nos seus sites. Dinheiro esse que é usado para o pagamento dos servidores dos sites. Pois um site não é de borla.
Esta malta da ACAPOR, está a remar contra a maré. Já não vivemos no século passado. Invés de evoluirmos, estamos a regredir.

Perdeu-se cultura em Portugal. Ou melhor dizendo, cultura é só para os ricos.
Pergunto a muita gente, quem é que nos dias de hoje, gasta 20 euros num DVD ou CD, de algo que não conhece?

Cythera disse...

Concordo que há pessoal que abusa no download, mas a verdade é que a partilha traz muita mais cultura. Pois se nos limitarmos a comprar o que vemos na TV e o que é publicitado pelas editoras na net, não vamos longe, e vamos "viver sempre das mesmas marcas/editoras".
Se eu falar no meu caso, se não fosse o download (legal em Portugal), a minha colecção a minha estante não tinha nem metade dos CD's e dos DVD's.

Nuno disse...

Vivo no cinema desde que nasci e vivi da informática toda a minha carreira. Sei do que falo.

Por cerca de 80€ mensais podia ter um site com cerca de cinco mil filmes. E a publicidade seria suficiente para o manter e sobrar para outros.
No entanto optei por criar um conjunto de sites que falem das artes. Vai custar cerca de 60€ mensais com três servidores e 12 domínios. A publicidade não vai dar para pagar as despesas.

Concordo que a maioria dos filmes não valem o dinheiro do bilhete ou o esforço de sair de casa. Poder ver um excerto antes é uma boa ajuda.
Sou a favor das cópias digitais e até dos sites que partilham obras difíceis de encontrar (como neste abaixo-assinado) - essas sim, cultura - mas sites que disponibilizam os filmes dias antes de eles sairem, estão a abusar. Muitas vezes nem são grandes produções de estúdios milionários, são investimentos de pessoas que vivem disso e mal! É destruir uma carreira por não deixar a pessoa fazer dinheiro com a sua paixão. Se um site não fica de borla, um filme muito menos.

Seria assim tão estranho um site que além de ter o filme indicasse como se podia fazer uma contribuição para a equipa via Paypal ou semelhante? Não digo recolher o dinheiro para depois enviar - não confio neles a esse ponto e estariam a identificar-se indirectamente - mas falta um serviço para legitimar as cópias pirata: enviava-se um montante e em troca recebiamos um certificado de titularidade de uma cópia digital:
1- Vi um bocado, não gostei, apago, esqueço.
2- Vi tudo, não gostei, paguei o aluguer, apaguei, esqueci.
3- Vi tudo, gostei, paguei a compra, fiquei com ele.
Tenho alguma facilidade nesse campo e todos os filmes que fiz download em 2013 - fosse pelos canais seguros oficiais ou pelos do comum mortal, work in progress ou versão final - os realizadores ou protagonistas foram informados. Sinto-me mais confortável assim e penso que muitos pensam da mesma forma.


A acção da ACAPOR é para cumprir a lei, e a verdade é que foram meigos (e pouco inteligentes). A minha questão é ainda e sempre como podemos melhorar o mercado (e a lei) de forma que todos fiquem a ganhar. Literatura e música já estão a lucrar no digital, mas o cinema teima em agarrar-se a moldes antigos.

Cythera disse...

Eu não sei quais são os filmes que "Muitas vezes nem são grandes produções de estúdios milionários, são investimentos de pessoas que vivem disso e mal", chegam aos cinemas portugueses. E se chegam, não sei ao certo a quantos cinemas.

Quanto aos donativos, o único site que o vi fazer foi o Né-Miguelito. Donativos que se diziam ser usados para o pagamento de servidores (não posso comprovar, se foi mesmo usado). Quanto ao PdC e ao OXE7 nunca vi donativos. Aliás, lembro-me de em tempos o PdC estar offline, devido a falta de dinheiro para o servidor. E lembro-me de o próprio admin do PdC dizer que não iria pedir aos utilizadores donativos, nem dinheiro. Portanto não sei onde é que eles ganham dinheiro. E volto a dizer, estes sites eram de acesso GRATUITO.

Quanto a ACAPOR, os únicos direitos que estão a defender, são os dos seus video-clubes. Pois para quem não sabe, a ACAPOR é de uma data de senhores dos clubes de video, que acham que ainda vivemos noutro século.

Nuno Pereira disse...

A ACOPOR esta a defender o que vai acabar mais tarde ou mais cedo.

O negocio do "video-clube" já foi e surpreende-me que ainda existam tantos video-clubes no activo. O modelo do negocio esta perfeitamente datado e amanhã as novas gerações, os nossos filhos... vão achar piada a tudo isto.