28 de novembro de 2014

"St. Vincent" por Nuno Reis

Há uma categoria especial de filmes dedicados aos veteranos da sétima arte. Para uns serão produtos como “The Expendables” e RED., tão virados para a acção como os filmes que os nosso heróis faziam com vinte e trinta anos. Para outros serão filmes requintados como Gran Torino, produtos com classe para senhores de classe. E para muitos outros, bastam filmes onde eles possam fazer o que lhes der na excelentíssima gana. Esse sub-género tem sido muito frequente como vimos em “Something’s Gotta Give” para Nicholson e ainda este ano “And So It Goes” para Douglas. “St. Vincent” vem parar a uma categoria um pouco à parte. Por um lado tem muito do que “And So It Goes” nos deu com o velhote tornado babysitter. Mas por outro é Bill Murray a ser ele próprio como sempre. Se compararmos com as interpretações em filmes tão variados como The Monument’s Men, “Zombieland”, Get Smart, Broken Flowers, ou Lost in Translation - para não recuar demasiado - a metamorfose do actor é mínima, pois ele é soberbo sendo ele próprio. Este “St. Vincent” sabe ao que vem e foi feito para os fãs do actor que tanto o admiram num blockbuster como numa produção tão marginal que precisa de dois anos até estrear em Portugal.
Como um filme apenas sobre Murray seria um pouco cansativo - quem quero enganar? ia ver na mesma! - o actor por momentos divide o ecrã com alguns colegas de profissão. O mais importante será o pequeno Jaeden Lieberher com quem contracena na maior parte das cenas. Um pequeno talento que reencontrará no próximo filme de Cameron Crowe e que aqui tem uma lição de vida. Como mãe do pequeno e numa personagem estereotipada temos a conhecida Melissa McCarthy cuja performance demora bastante a conquistar alguma atenção. Ainda há um padre-professor, Chris O'Dowd, para fazer o elo à religião que dá o mote ao filme. Apesar de dizer umas frases bonitas, não tem relevância visível para a história.
Longe dos lugares-comuns está Daka. A personagem pode até fazer lembrar outras senhoras da noite que o cinema vai trazendo em posições sem relevo ou interesse para a história, mas ser interpretada por Naomi Watts é sem dúvida motivo para atenção. Uma stripper russa grávida não encaixa no seu leque habitual de personagens. Se pensarmos que nos últimos dois anos entrou em “Birdman”, foi Lady “Diana” e enfrentou a natureza em Lo Imposible - segunda nomeação a Oscar - tem estatuto e dinheiro para recusar est tipo de papéis. Só que Daka não é típica. Para quem acompanha a carreira da actriz mais a fundo, a única coisa semelhante que fez foi a sexy manipuladora Meredith em “Plots With a View”. Em “St. Vincent” tem o estilo de personagem que precisa de alguém de créditos firmados para ser levada a sério. Alguém que possa ousar fazer sombra a Murray.

Estando os principais intervenientes apresentados, passemos à história. Como é fácil de perceber pelas referências dadas e pelas omitidas, temos uma criança à procura de uma figura paterna, uma mãe sem tempo e um educador com boas intenções. Sobram um velho que é um péssimo exemplo e uma mulher que não devia servir de exemplo para ninguém. Diz-se que é precisa toda uma aldeia para educar uma criança, por isso, bom ou mau, cada um terá o seu contributo a dar para que o pequeno Oliver perceba o que é a vida. Caberá à criança decidir o que se “aproveita” em cada um deles para construir a sua identidade.

É um filme lamechas. É uma história já muito vista. É completamente previsível. E mesmo assim, em imensos momentos consegue surpreender-nos. è um daqueles casos onde sabemos à partida que só vamos ver por causa dos actores, e saímos a dizer que só valeu a pena por causa dos actores. E como vale a pena.

St. VincentTítulo Original: "St. Vincent" (EUA, 2014)
Realização: Theodore Melfi
Argumento: Theodore Melfi
Intérpretes: Bill Murray, Jaeden Lieberher, Melissa McCarthy, Naomi Watts, Chris O'Dowd, Terrence Howard
Música: Theodore Shapiro
Fotografia: John Lindley
Género: Comédia, Drama
Duração: 102 min.
Sítio Oficial: http://stvincentfilm.com

2 de novembro de 2014

Locais de voto para os TCN Blog Awards 2014

Tal como o Cinema Notebook se serviu do código html do TVDependente para listar todos os nomeados, também o Antestreia toma a liberdade de passar pelo CN para importar esse código. Após uma pequena limpeza (o código tinha aspecto de ter passado pelo Word!) e uns ajustes ao português para remover desacordos ortográficos, aqui fica a listagem.

Blogger do Ano


Votações na barra lateral direita de Cinema Notebook

Blogue Individual de Cinema/TV


Votações na barra lateral direita de Split Screen

Blogue Colectivo de Cinema/TV

Votações na barra lateral direita de Antestreia (sim, está aqui ao lado)

Novo Blogue

Votações na barra lateral direita de O Narrador Subjectivo

Artigo de Televisão

Votações em pop-up do lado inferior direito de Close-Up
  • "Agatha Christie’s Poirot”: A magia de aproximar gerações, por Pedro Andrade, do blogue TVDependente
  • A propósito da estreia de “Masters of Sex”, por Rui Mendes, do blogue TVDependente
  • A televisão do futuro chegou, por Nuno Reis, do blogue Antestreia
  • "Because I say so" - Breaking Bad aos meus olhos, por João Curado, do blogue Quero Ver 1 Filme
  • Doctor Who: A viagem de Moffat no 50º aniversário, por António Guerra, do blogue TVDependente
  • Game of Thrones. Livros versus Série – qual fica K.O.?, por Ricardo Rodrigues, do blogue Espalha Factos
  • A Geração Rangel, por Pedro Miguel Coelho, do blogue Espalha Factos
  • Um Artigo Com Bolinha Vermelha: Uma História da Nudez e Sexualidade na Televisão, por Diogo Cardoso, do blogue TVDependente

Artigo de Cinema

Votações na barra lateral direita de Girl on Film
  • Cannon: De Era Dourada a Estatuto de Culto, por Hélder Almeida, do blogue MovieWagon
  • Creio que nem toda a gente percebe o debate “Cinema vs. Televisão”, por Pedro Andrade, do blogue TVDependente
  • E o Netflix português?, por Pedro, do blogue CinemaXunga
  • Greta Garbo - As Divindades também assinam contratos, por Aníbal Santiago, do blogue Rick's Cinema
  • I can't hide my feelings from you now: amor e desejo em "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho", por Walter Neto, do blogue Split Screen
  • MGM - Passado, Presente e Futuro, por Aníbal Santiago, do blogue Rick's Cinema
  • Revisitar as Videocapas da Tv Guia, por Edgar Ascensão, do blogue Brain-Mixer.
  • Top 12: Final Girls, por Rita Santos, do blogue Not a Film Critic

Crítica de Televisão

Votações na barra lateral direita de Cinema Xunga
  • Band of Brothers, por Hugo Barcelos, do blogue Rick's Cinema
  • Brooklyn Nine-Nine: 1×22– Charges and Specs, por Ricardo Raposo, do blogue TVDependente
  • Fargo: 1×10 – Morton’s Fork, por Rafa Santos, do blogue TVDependente
  • Hannibal – 2.ª temporada, por Ana Gomes, do blogue TVDependente
  • Person of Interest: 3×23 – Deus Ex Machina, por Rui Matos, do blogue TVDependente
  • O épico regresso de Sherlock Holmes, por Sofia Pereira, do blogue Espalha Factos
  • A Reinvenção do mito dos Thundercats, por Nuno Reis, do blogue SciFiWorld Portugal.
  • Utopia: 2×01 – Episode 2.1, por Gabriel Martins, do blogue TVDependente

Crítica de Cinema

Votações no interior de todas as publicações de TVDependente
  • 2001: Odisseia no Espaço, por Jorge Teixeira, do blogue Caminho Largo
  • A Propósito de Llewyn Davis, por André Olim, do blogue Terceiro Take
  • A Vida de Adèle: Capítulos 1 e 2, por Catarina D'Oliveira, do blogue Close-Up
  • Debaixo da Pele, por Tiago Ramos, do blogue Split Screen
  • O Lobo de Wall Street, por Rui Alves de Sousa, do blogue Espalha Factos
  • Robocop, por Pedro, do blogue CinemaXunga
  • Wadjda, por Hugo Barcelos, do blogue Rick's Cinema.
  • Videodrome, por Rafael Santos, do blogue Memento Mori

Entrevista

Votações na barra lateral direita de Brain Mixer
  • Entrevista a António-Pedro Vasconcelos, por Rui Alves de Sousa, do blogue Espalha Factos
  • Entrevista a Carlos Gerbase, por Aníbal Santiago e Roni Nunes, do blogue Rick's Cinema
  • Entrevista a Ferenc Cakó, por Carlos Miranda, do blogue Cinemaville
  • Entrevista a João Miller Guerra, por Tiago Ramos, do blogue Split Screen
  • Entrevista a Luís Diogo, por Nuno Reis, do blogue Antestreia
  • Entrevista a Pedro Pinho, por Daniela Guerra, do blogue Cinemaville
  • Entrevista a Samuel Hadida, por Nuno Reis, do blogue Antestreia.
  • Entrevista a Vittorio Storaro, por Rui Alves de Sousa, do blogue Espalha Factos

Reportagem/Cobertura

Votações na barra lateral direita de Not a Film Critic

Iniciativa

Votações na barra lateral direita de Espalha Factos

Rubrica

Votações na barra lateral direita de A Janela Encantada

Página de Facebook

Votações na barra lateral direita de Créditos Finais

1 de novembro de 2014

"Decoding Annie Parker" por Nuno Reis

Alguém se lembra do aspecto de Samantha Morton com cabelo? A sério, quando foi a última vez que a viram com uma cabeleira que se apresentasse? Fosse cabeça rapada de "Minority Report", corte curto em "Sweet and Lowdown" e Longford", ou extremamente curto em "In America" e "Code 46", praticamente todos os grandes papéis da actriz foram conseguidos depois de uma valente tesourada. Por isso este seu mais recente protagonismo num filme sobre cancro era um sinal para esperarmos algo muito bom.

"Decoding Annie Parker" é inspirado numa história real que aqui é contada em duas partes. De um lado temos a ciência na pessoa da geneticista Mary-Claire King que tem a convicção de conseguir encontrar nos genes um motivo para o cancro da mama dizimar famílias inteiras. Essa parte do filme simplificou os termos e usou muitas metáforas para explicar o que estão a investigar e quais as suas teorias. Do outro lado temos a parte humana da questão na pessoa de Annie Parker, uma jovem cuja vida parece atormentada pela morte. A boa disposição de Annie e o facto de a conhecermos desde pequena faz com que a queiramos como a uma familiar nossa e lhe desejemos tudo de bom. Estas duas visões complementam-se de forma exemplar, tanto alimentando o nosso lado mais racional que procura respostas e provas, como apelando ao nosso lado emotivo que grita em desespero “coisas más não podem acontecer a gente boa”.

Depois de "The Big C" e "50/50" estava provado que a melhor forma de lidar com um cancro era com humor, muito humor. Com uma colaboração de Aaron Paul (Jesse de "Breaking Bad") foi como ter o aval do grande título recente sobre o tema. Nesta visão descontraída sobre a doença apresentados a Annie num momento mau da sua vida. Vamos pegar na mão dessa criança fragilizada e levá-la até à vida adulta, vendo-a cair e levantar-se sozinha. A sua alegria constante (a expressão “eramos jovens e tinhamos tempo” pode tornar-se moda) é inspiradora e exemplar. Samantha Morton tem uma transformação etária e fisionómica tal, que os anos parecem realmente ter passado por ela. Mesmo antes da queda de cabelo estamos convencidos e só queremos saber da sua história. Ellen Hunt tenta compensar falando de cromossomas, mas por muito querida que seja do público, não é Samantha Morton e a sua história se não fosse tão apelativa - e importante para o destino de Annie - seria desnecessária porque Morton sozinha fazia o filme perfeitamente. Por acaso as histórias até se cruzam, mas é como se ambas fossem apenas motivo mútuo porque a outra continuava a acreditar e a lutar. Annie queria saber se tinha perdido a família por azar ou para o monstro que lhe causava pesadelos, a Dra. King queria ajudar as pessoas como Annie que lhe escreviam às centenas ou milhares dizendo "Hei, eu estou aqui. Continuo a viver porque acredito que vai encontrar uma cura."
Claro que essas duas não estão sozinhas. No elenco temos nomes fortes como Ben McKenzie (Gordon de "Gotham"), Corey Stroll (protagonista de "The Strain") Maggie Grace (a filha em "Taken"), Alice Eve ("She’s Out of My League", "Star Trek Into Darkness), Rashida Jones (Ann de "Parks and Recreation") e Kate Micucci ("Garfunkel & Oates") para apelar a um público alargado. Este luxo nota-se pois em momento algum o filme perde fulgor ou interesse. Todos dão o seu melhor (por pouco que fosse pedido) para que o filme seja impecável. Tem pontos altos e baixos como todas as vidas, mas é tão rápido na transição (pobre Annie) que ninguém fica aborrecido. Uma incrível estreia na realização do experiente director de fotografia Steven Bernstein ("Monster", "Street Kings" e "Shoot’Em Up").

O cancro é um dos grandes males do nosso tempo. Ninguém está imune e todos correm o risco de perder alguém querido para a doença. O que a história de Annie nos mostra é que as causas estão a ser estudadas e um dia as curas serão descobertas. Cabe a cada doente lutar ao máximo para viver até lá. E quem não está doente, que aproveite a vida ao máximo pois nunca se sabe o que a vida nos reserva. Fazem falta filmes assim moralizadores.
Decoding Annie ParkerTítulo Original: "Decoding Annie Parker" (EUA, 2013)
Realização: Steven Bernstein
Argumento: Adam Bernstein, Steven Bernstein, Michael Moss
Intérpretes: Samantha Morton, Ellen Hunt, Aaron Pau, Rashida Jones
Música: Steven Bramson
Fotografia: Ted Hayash
Género: Biografia, Comédia, Drama
Duração: 91 min.
Sítio Oficial: http://decodingannieparkerfilm.com/

Nomeações TCN 2014

Chegamos a Novembro e os nomeados aos The Cinema Notebook Blog Awards 2014 são conhecidos.
O Antestreia foi indicado para Melhor Artigo de Televisão e duas vezes para Melhor Entrevista. A título individual tive mais quatro nomeações (já são 24 nestes 5 anos).

Além disso, temos a honra de alojar o boletim de voto para a categoria de Blog Colectivo. Até dia 25 de Dezembro podem passar por cá e escolher os vossos favoritos entre:

Cinemaville
Espalha Factos
Por um Punhado de Euros
Rick's Cinema
SciFiWorld Portugal
Split Screen
Stuff & Tal
TVDependente

Ao longo da semana indicaremos os outros locais de voto e nomeados.