6 de junho de 2009

"Home" por Nuno Reis

Nunca leram isto aqui, mas a Internet é uma excelente forma de assistir a filmes sem sair de casa. Muitas vezes está disponível ainda antes de sair para cinema ou dvd. Ainda ontem assisti a um filme que tinha estreado nesse mesmo dia e recomendo a toda a gente que faça o mesmo. Claro que isso apenas se aplica a este filme em particular. Estou a falar de "Home", a mais mediática campanha ambiental de sempre.
Com o projecto "Home" Yann Arthus-Bertrand, um estreante na realização, quis fazer mais do que alertar o mundo para o problema ambiental. A missão era mobilizar o mundo. O lançamento para cinema, dvd e youtube fez o filme chegar a todo o lado no dia mundial do ambiente. Tal como o problema que refere, agora só depende das pessoas. É demasiada confiança na espécie que arruinou o planeta e se está nas tintas quanto ao que futuro lhe reserva. Por vezes gostava de não ter razão, gostava de ser surpreendido pela natureza humana.

Filmado em todos os continentes e atravessando 60 países, mostra diferentes civilizações e modos de vida. Os extremos que não se tocam excepto pelos imensos contentores que atravessam o globo transportando matérias-primas e produtos acabados. A enorme disparidade que assola indivíduos teoricamente iguais, mas para sempre incomparáveis só pelo destino que lhes definiu o local de nascimento.
No início parece um documentário sobre o planeta desde a sua origem, focado na geologia. Depressa muda para o ser humano e não larga mais o tema. Fala do impacto ambiental e social não se centrando em nenhum. Por um lado incentiva a que se cuide do ambiente, depois pede que se cuide dos mais pobres. Pelos números que dá vemos que o problema do planeta é o excesso de população, produção e desperdício. Depois diz que 2 mil milhões de pessoas estão em risco. Pela forma como o dizem deixá-los morrer resolveria o problema de todos. O planeta teria menos gente, menos poluição e menos consumo desenfreado de recursos. Convinha dizer que não são essas pessoas que causam o problema, mas o outro extremo. Quem vive apenas da terra e a muito custo sabe respeitá-la. Nos países ricos, onde as pessoas não convivem com a natureza, é que se geram os problemas da humanidade.

Num enorme desfilar de paisagens naturais e humanas vamos escutando a narração monotónica de Glenn Close. Não conta nada de novo, só uma minoria das imagens são memoráveis e tem muitas cenas desnecessárias. Mas o final vale a pena. Os últimos 20 minutos sintetizam o que está a ser feito por uma minoria em todo o mundo. Desde cidades autosustentáveis energeticamente a países que abdicaram do exército para investirem na educação e turismo. Deixa muitos problemas deprimentes de fora para passar a ideia de ser possível mudar.
Como filme é uma desilusão, como documentário desnecessário. Como movimento e propaganda fez tudo o que era possível. Espero que seja o abanão.

Feito a custo zero graças aos patrocínios e com emissões de carbono zero, só faltou chegar às pessoas a custo zero. É que apesar de o filme ser gratuito no YouTube a sua patrocinadora FNAC vende a 5€. Quando se vê blockbusters a 1,50€ percebemos que o custo de fabrico de um dvd não é assim tão alto. Parece que alguém está a ganhar com o negócio...


Título Original: "Home" (EUA, 2008)
Realização: Yann Arthus-Bertrand
Argumento: Yann Arthus-Bertrand, Isabelle Delannoy
Intérpretes: Glenn Close (voz)
Música: Armand Amar
Género: Documentário
Duração: 93 min.
Sítio Oficial: http://www.home-2009.com

1 comentários:

Nuno disse...

Uma referência à participação portuguesa no filme. A energia das ondas mostrada é a da costa portuguesa.
A indicação está nos agradecimentos, nos créditos finais.