Vencedor indiscutível da Palma de Ouro e aclamado um pouco por todo o mundo, bem antes da estreia já "La Vie d’Adèle - Chapitres 1 et 2" estava envolto em polémica. Se nos esquecermos disso e nos concentrarmos apenas no filme, estamos perante uma obra fundamental do cinema contemporâneo. Para começar por ser a primeira adaptação de novela gráfica a ganhar Cannes revelando novas possibilidades para o cinema de autor com base num género literário que se julgava mainstream. Também por ser um filme sobre homossexualidade que agradou a todo o público (há algo que duas meninas bonitas não consigam?). Mas especialmente, porque é um brutal reflexo da vida.
Comecemos pela dualidade do título. Enquanto uns lhe chamam "Blue is the Warmest Colour", directamente do livro "Le Bleu est une Couleur Chaude", os outros chamam "La Vie d’Adèle". Só que nada no livro refere Adèle, de onde terá vindo esse nome? É que Kechiche em muitas das cenas do dia a dia de Clémentine, utilizava imagens de bastidores da protagonista, Adèle Exarchopoulos. Para aproveitar os diálogos, nada mais simples do que mudar o nome da personagem. Ou, se quisermos ser honestos, apagar a personagem e dar todo o protagonismo à actriz. Colocar o filme completamente nos ombros de uma jovem de dezanove anos com meia dúzia de filmes no currículo. Torná-la na Clémentine do livro , dizendo que podia continuar a ser a Adèle de todos os dias. Funcionou. A história original de "La Vie d’Adèle" pode cair no esquecimento, mas o facto de ter uma história simples e humana sobre o crescimento e a sociedade tornou-o parte permanente das memórias cinematográficas de quem o viu.
Adèle é uma jovem adolescente em busca de um rumo e de orientação. O contacto com uma mulher mais velha num bar onde não devia estar, vai-lhe abrir os olhos para um mundo que desconhecia. Fascinada pela irreverência de Emma - aquele anjo com o cabelo tingido de azul - e pelo mundo adulto, numa altura em que a escola e a infantilidade dos colegas cada vez se distanciavam mais do que queria ser, deixa-se levar pela curiosidade e parte à descoberta. Guiada por Emma, lentamente vai-se tornando mulher, mantendo muita da sua encantadora inocência.
Este retrato da juventude francesa tem imensos pontos a seu favor. O primeiro é a naturalidade das situações. Não só pelo desempenho magistral de Exarchopoulos, mas também pelas pequenas coisas como a música angófona que a juventude francesa ouve constantemente e nem se dá conta; as manifestações, sinal dos nossos tempos e do descontentamento da nossa juventude; o cada vez maior distanciamento geracional e como isso afecta os indivíduos... Poderia continuar a enumerar, mas de forma sucinta é a honestidade de tudo o que nos conta. É uma história de vida, de como a chama do amor se acende e se apaga, e de todos os momentos pelo meio em que arde fulgurosa.
A Adèle personagem teve um início de vida inesquecível e no fim daquela dolorosa estrada conseguiu encontrar a sua identidade. A Adèle actriz atingiu o estrelato com naturalidade, e esperemos que por lá se mantenha. Será quase impossível dissociar da personagem, mas o carinho que lhe tem sido demonstrado prenuncia uma magífica carreira.
Comecemos pela dualidade do título. Enquanto uns lhe chamam "Blue is the Warmest Colour", directamente do livro "Le Bleu est une Couleur Chaude", os outros chamam "La Vie d’Adèle". Só que nada no livro refere Adèle, de onde terá vindo esse nome? É que Kechiche em muitas das cenas do dia a dia de Clémentine, utilizava imagens de bastidores da protagonista, Adèle Exarchopoulos. Para aproveitar os diálogos, nada mais simples do que mudar o nome da personagem. Ou, se quisermos ser honestos, apagar a personagem e dar todo o protagonismo à actriz. Colocar o filme completamente nos ombros de uma jovem de dezanove anos com meia dúzia de filmes no currículo. Torná-la na Clémentine do livro , dizendo que podia continuar a ser a Adèle de todos os dias. Funcionou. A história original de "La Vie d’Adèle" pode cair no esquecimento, mas o facto de ter uma história simples e humana sobre o crescimento e a sociedade tornou-o parte permanente das memórias cinematográficas de quem o viu.
Adèle é uma jovem adolescente em busca de um rumo e de orientação. O contacto com uma mulher mais velha num bar onde não devia estar, vai-lhe abrir os olhos para um mundo que desconhecia. Fascinada pela irreverência de Emma - aquele anjo com o cabelo tingido de azul - e pelo mundo adulto, numa altura em que a escola e a infantilidade dos colegas cada vez se distanciavam mais do que queria ser, deixa-se levar pela curiosidade e parte à descoberta. Guiada por Emma, lentamente vai-se tornando mulher, mantendo muita da sua encantadora inocência.
Este retrato da juventude francesa tem imensos pontos a seu favor. O primeiro é a naturalidade das situações. Não só pelo desempenho magistral de Exarchopoulos, mas também pelas pequenas coisas como a música angófona que a juventude francesa ouve constantemente e nem se dá conta; as manifestações, sinal dos nossos tempos e do descontentamento da nossa juventude; o cada vez maior distanciamento geracional e como isso afecta os indivíduos... Poderia continuar a enumerar, mas de forma sucinta é a honestidade de tudo o que nos conta. É uma história de vida, de como a chama do amor se acende e se apaga, e de todos os momentos pelo meio em que arde fulgurosa.
A Adèle personagem teve um início de vida inesquecível e no fim daquela dolorosa estrada conseguiu encontrar a sua identidade. A Adèle actriz atingiu o estrelato com naturalidade, e esperemos que por lá se mantenha. Será quase impossível dissociar da personagem, mas o carinho que lhe tem sido demonstrado prenuncia uma magífica carreira.
Título Original: "La vie d'Adèle - Chapitres 1 et 2" (França, Bélgica, Espanha, 2013) Realização: Abdellatif Kechiche Argumento: Abdellatif Kechiche, Ghalia Lacroix (baseado no livro de Julie Maroh) Intérpretes: Adèle Exarchopoulos, Léa Seydoux Fotografia: Sofian El Fani Género: Drama, Romance Duração: 179 min. Sítio Oficial: http://www.ifcfilms.com/films/blue-is-the-warmest-color |
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