31 de outubro de 2010

"RED" por Ricardo Clara

Hoje encontrei o nome que podemos dar àquelas pequenas caixas de plástico, em regra com quatro divisórias, para as pessoas, a grande maioria idosos, poderem transportar a carrada de pastilhas que a velhice nos oferece a possibilidade de tomar. O nome dessa caixa é "Red".

Em "Red" cabe Frank Moses (Bruce Willis), Marvin Boggs (John Malkovich), Victoria (Hellen Mirren) Ivan (Brian Cox) e Joe Matheson (Morgan Freeman), um antigo esquadrão bélico que se encontra a viver os dourados dias da reforma. Até que um dia, Moses descobre que alguém os está a tentar assassinar. Apaixonado pela voz de Sarah Ross (Mary-Louise Parker), uma administrativa de uma companhia de pensionistas, envolve a sua putativa conquista, a par dos seus antigos camaradas de luta, numa perseguição ao verdadeiro nome que está por detrás dos ataques.

Mais uma vez, e de uma forma tão repetida que chega a enjoar, Hollywood não se inibe de repetir a fórmula de sempre, desta vez inaugurando um lar de terceira idade, e contratando uma sofrível Mary-Louise Parker como especialista geriátrica. Perdido entre a comédia e a acção, "Red" perde-se também na incapacidade gritante de aproveitar um elenco interessante, onde observamos novamente o gosto mórbido em desaproveitar Morgan Freeman, ou em procurar uma ligação segura entre os personagens e o enredo.

Um barco que sem dúvida merecia melhor timoneiro, até porque se torna incompreensível como é que uma produção deste calibre, com um grupo de actores desta qualidade, acaba o ano sob o intenso odor de formol e a ouvir uma repetitiva banda sonora de elevador que povoa os medos de qualquer cinéfilo que se mantenha atento.

RedTítulo Original: "Red" (EUA, 2010)
Realização: Robert Schwentke
Argumento: Jon Hoeber , Erich Hoeber , Warren Ellis, Cully Hamner
Intérpretes: Bruce Willis, John Malkovich, Helen Mirren, Mary-Louise Parker, Morgan Freeman, Karl Urban, Brian Cox
Música: Christophe Beck
Fotografia: Florian Ballhaus
Género: Acção, Comédia
Duração: 111 min.
Sítio Oficial: http://www.red-themovie.com/

António Reis no Cinemax


Porque nem sempre o Antestreia pode ser a vossa primeira fonte de informação no que diz respeito ao Fantas, o nosso colaborador e director do festival António Reis esta semana esteve no Cinemax para dizer o que podemos esperar do próximo Fantasporto.

O programa pode ser visto aqui.
Parte 1
Parte 2
Recomendamos o salto para os 10m40s da segunda parte, em que se fala do Halloween com terror português.

30 de outubro de 2010

"The Social Network" por António Reis

A fama tem um preço

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Confesso que o visionamento em antestreia de "A Rede Social" constituiu uma semi-desilusão. o que não quer dizer que se esteja em presença de um mau filme, mas apenas de uma obra que não está à altura do seu realizador. De David Fincher espera-se sempre uma obra-prima, pelo que tudo o que esteja no patamar abaixo acaba por ser um fracasso.

Parece que Fincher se enreda num biopic demasiado televisivo e convencional, rendido à força mediática que a rede social do Facebook tem. Apesar de momentos de uma inegável mestria na movimentação da cãmara e no esmero do tratamento cromático onde predomina um cinzento frio, mesmo que a montagem cronologicamente intercalada, a sensação com que se fica é de que é demasiada teelvisão para ser bom cinema.
A ascensão meteórica de Mark Zuckerberg de nerd universitário a guru da web é o leit-motif deste filme biográfico, em que o maior interesse se reduz não à história que é de domínio público, mas à reflexão moral sobre a génese e construção de uma ideia genial.

É neste registo que Fincher se aproxima mais do seu estilo, ao guiar-nos por entre o labirinto judiciário sobre quem pertence a ideia, o algoritmo e o código-fonte que fizeram do Facebook o fenómeno de encontro de seres solitários à procura de falsos amigos, coscuvilhices online e informações redundantes sobre vidas sem interesse. Mistura explosiva de criatividade, de sentido de oportunidade, de inteligência acima da média, de ingenuidade jurídica e de falta de escrúpulos, "A Rede Social" é um belíssimo documentário sobrfe o american way of life, onde uma ideia virtual se transforma num negócio multimilionário. O objectivo de “desmaterializar o real” tornando-o virtual, de tornar o humano num ser anti-social ainda que na rede, deixa-nos no final do filme a sensação amarga de que a Humanidade está perdida. A ânsia de socializar torna-nos escravos da nossa própria solidão. Na rede it seems we are not alone in being alone. A vida reduz-se a bits.


Add to Facebook


Nunca se deixem dominar pelos vossos perfis.

The Social NetworkTítulo Original: "The Social Network" (EUA, 2010)
Realização: David Fincher
Argumento: Aaron Sorkin (baseado no livro de Ben Mezrich)
Intérpretes: Jesse Eisenberg, Rooney Mara, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Armie Hammer
Música: Trent Reznor, Atticus Ross
Fotografia: Jeff Cronenweth
Género: Biografia, Drama,
Duração: 121 min.
Sítio Oficial: http://www.sonypictures.com/movies/thesocialnetwork/

"The American" por Ricardo Clara

Anton Corbijn surgiu aos olhos do grande público cinéfilo como realizador de longas-metragens na homenagem que prestou em 2007 ao vocalista dos Joy Division, Ian Curtis, num interessante "Control". Com um background assente nos videoclips, este holandês apostou num belíssima opção pelo preto e branco, numa fita que perdurará concerteza como um marco importante no género.

Em "The American" somos apresentados a Jack (ou Edward – George Clooney), um artesão bélico que produz e monta as melhores armas de fogo para as vontades de Pavel (Johan Leysen), aquele que poderá ser considerado o seu chefe e talvez o seu mentor. Depois de uma operação falhada na Suécia, o americano misterioso refugia-se em Itália, na pequena vila montanhosa de Abruzzo. Por lá, e na tentativa de passar o mais despercebido possível, dilui-se na pequena população, arrendando um apartamento e deslocando-se ao café local. Ao seu encontro em Abruzzo vai ter Mathilde (Thekla Reuten), uma deslumbrante francófona que lhe dá as indicações da arma que Pavel vai precisar para ela executar o trabalho.
Jack (ou Edward) faz amizade com o Padre local, Benedetto (Paolo Bonacelli), um homem que guardará tantos segredos como o nosso especialista em armas. E este armeiro mostra-nos a sua grande fraqueza – o amor. Porque terá sido este a condenar a operação sueca, e por que poderá ser este a condenar a missão italiana. Tudo por culpa de Clara (Violante Placido), uma estonteante prostituta, inquilina do seu bordel de eleição, e escape para a incapacidade que aquele artesão tem de moldar relações na sua vida.
Comprometido com a sua profissão, absorto nos seus próprios pecados, o americano tentará descortinar se aquela sua última missão não será um beco sem saída.

Tanto Corbijn como Clooney não sairão deste filme carregados de glória, especialmente pelo facto dele nunca conseguir abanar um pequeno bocejo que teima em surgir amiúde durante a projecção. Mas nunca será de criticar nem sequer de colocar em causa as semelhanças entre Corbijn realizador e este Edward / Jack. Ambos, são artesãos de fino recorte. Do armeiro americano, já nos pronunciamos. Já Anton Corbijn desenha com maestria exemplar planos de fino recorte e sequências de puro cinema, trazendo à memória o cinema de Melville, em especial o Delon de "Le Samouraï" (1967), numa interessante europeização dos hit-man movies produzidos pela máquina dos sonhos norte-americana.

Na retina ficam o modo ímpar como a vila de Abruzzo é ela própria transformada num personagem, com as suas ruas estreitas e descidas e subidas íngremes, como se a própria vila procurasse fugir de alguma coisa ou proteger-se e esconder-se de alguém; sem esquecer os longos planos sequência do trajecto automóvel do americano, até à perseguição numa Scooter por aquelas pitorescas ruas.
Uma peça lânguida que merece sem dúvida alguma ser vista.

The AmericanTítulo Original: "The American" (EUA, 2010)
Realização: Anton Corbijn
Argumento: Rowan Joffe (baseado no livro de Martin Booth)
Intérpretes: George Clooney, Irina Björklund, Johan Leysen, Paolo Bonacelli, Violante Placido
Música: Herbert Grönemeyer
Fotografia: Martin Ruhe
Género: Crime, Drama, Thriller
Duração: 105 min.
Sítio Oficial: http://www.theamericanthemovie.com/

29 de outubro de 2010

"Piranha 3D" por Ricardo Clara

No remake deste mês chega-nos o regresso ao clássico homónimo de culto dos anos 80, que catapultou Joe Dante ("Gremlins" – 1984; "The ‘burbs" – 1989) como uma figura importante no cinema daquela década.
"Piranha 3D" introduz a adiada promessa Alexandre Aja ("Haute Tension" – 2003; "Mirrors" – 2010) no softcore exploitation tão característico de décadas passadas, procurando sobretudo sujar a limpeza digital dos dias de hoje numa amálgama de grindhouse / filme série B, que do lado de cá só poderia agradar.

Obviamente que a história é do mais linear e recorrente que podemos observar: um pequeno terramoto dá lugar à invasão de piranhas pré-históricas que se divertem a devorar sem apelo nem agravo todos os corpos semi-nus que povoam uma pequena povoação a braços com uma invasão de adolescentes embriagados de hormonas e tequilha, numa comunhão mágica entre um genocídio adolescente e uma mãe xerife à procura dos filhos menores que desobedecem às ordens parentais (não, não estou a relatar o "Dante’s Peak").
A partir daí, é um festim de seios descobertos, pernas decepadas, corpos desfeitos, tripas rasgadas, cabeças esmagadas, e um massacre aquático de fazer crescer água na boca a qualquer cinéfilo que, como eu, integra a categoria dos atentos seguidores da matéria.

"Piranha 3D" não se leva a sério. Nem eu o levo a sério. Surge com o intuito de mostrar o caos sanguinário piscícola, numa fundação alicerçada em Richard Dreyfuss, Ving Rhames, Elisabeth Shue, Christopher Lloyd, Eli Roth e Kelly Brook, e que nos faz reportar às saudosas produções de Roger Corman e de Samuel Z. Arkoff. Se é um grande filme? Não. Mas se tem nudez frontal num corpo que acaba de perder as pernas, então ganharam um fã.

PiranhaTítulo Original: "Piranha" (EUA, 2010)
Realização: Alexandre Aja
Argumento: Pete Goldfinger, Josh Stolberg
Intérpretes: Richard Dreyfuss, Ving Rhames, Elisabeth Shue, Christopher Lloyd, Eli Roth, Jerry O'Connell
Música: Michael Wandmacher
Fotografia: John R. Leonetti
Género: Terror
Duração: 88 min.
Sítio Oficial: http://piranha-3d.com/

28 de outubro de 2010

Entrevista a Larry Smith


imagem da Stanley Kubrick Estate

A imagem acima é da rodagem de "Eyes Wide Shut". Além de um cadáver que se mexe, de Tom Cruise e de Stanley Kubrick surgem mais duas pessoas na fotografia. Enquanto um se esconde das câmaras o outro sorri para a foto. Afinal de contas, é o director de fotografia.
O nome é Larry Smith e seguramente que gostariam de estar no lugar dele. Antes disto trabalhou com Kubrick em "Barry Lindon, em "The Shining" e foi também pelas mãos desse Senhor do Cinema que se lançou na fotografia que ainda hoje é o seu emprego.

O Antestreia cruzou-se com ele no Fest deste ano onde deu a masterclass Light On My Set. A oportunidade de fazer algumas perguntas não foi desperdiçada.

ANTESTREIA: Trabalhou com Stanley Kubrick, um cineasta admirado em todo o mundo, como foi a experiência de trabalhar com tal mestre do cinema mundial?

LARRY SMITH: Bom, eu trabalhei com Kubrick em três filmes. Eu fiz "Barry Lindon", "The Shining" e "Eyes Wide Shut", e este último foi o menos agradável de trabalhar pois foi um filme muito difícil. Eu penso que ele não estava com grande saúde, percebo isso agora, por isso foi uma experiência dura, num filme longo, em que filmamos a horas estranhas, sem vida social paralela e, do meu ponto de vista, acabou por ser o menos interessante dos três.


A: Acha que Kubrick, no panorama actual, faz falta ao Cinema?

LS: Sim, eu penso que sim. Cada geração recebe um realizador marcante, mas eu penso que Stanley Kubrick era um realizador especial, de todos aqueles que tive a oportunidade de assistir aos seus filmes ou de ler acerca deles. Por muito difícil que seja, naqueles dias, ele fez imensas "perguntas de procura". Por exemplo, no actual debate acerca do cinema digital, ele haveria mudado por completo a maneira de assistir a esta nova tecnologia, pois procuraria todas as formas e tentaria dar todas as respostas que o digital suscita.

A: Enquanto director de fotografia, com que olhos observa esta "luta" entre película e digital?

LS: Bom, penso que, em último caso, e se o caminho do progresso seguir o seu trilho, apesar da aparente guerra que existe nos dias de hoje, e encontrando-se as condições do digital como se encontram agora, este tenderá a vencer. Mas não vejo a guerra ganha num futuro próximo.

A: Enquanto director de fotografia, e também como realizador, qual é a sua opinião acerca desta histeria à volta do 3D, com filmes como "Avatar" e outros que irão aparecer alicerçados neste conceito?

LS: Bom, eu penso que é algo que está muito em voga de momento, é algo que os miúdos gostam de certeza. Mas é um processo muito dispendioso, por isso é preciso muito dinheiro para filmar neste formato. Pessoalmente, acho que é daquelas modas que vêm e vão, pois ficará provado que é uma maneira muito cara de fazer cinema, até porque todos quererão filmar em 3D, ou então refazer filmes antigos em 3D.



A: Mas acha que este tipo de obsessão por efeitos especiais e manipulação conceptual das imagens estão a matar o cinema tradicional?

LS: Sim. Como disse, é uma moda e, no fundo, e a final, o cinema nunca poderá fugir de uma boa história e de um bom elenco. É como um bom livro. Se lês um bom livro, ele é isso mesmo… um bom livro. Na base, uma boa história. Sempre.


Entrevista feita por Ricardo Clara, 21 de Junho de 2010

"Ondine" por Nuno Reis

Portugal tem uma profunda e milenar relação com o oceano. Ao longo de séculos fomos criando mitos sobre o que estaria nas profundezas do mar e para além dele, e ao longo de séculos fomos desfazendo esses mitos. No entanto as criaturas mágicas que o habitam continuam a ser mencionadas como se fossem reais, desejo oculto de uma mente fantasiosa e desejosa de descobrir coisas novas. Os outros povos marítimos também criaram os seus contos fantásticos, com mares populados por estranhas criaturas. Na Irlanda e países vizinhos os selkies são uma dessas criaturas, algo parecido com as nossas sereias, mas que alternam de livre vontade entre a forma aquática e humana, pelo simples vestir e despir de uma pele.

No filme a que este texto se refere a Irlanda e a sua mitologia são fulcrais. O pescador Syracuse é também conhecido por Circus, não pela mera semelhança sonora, mas pelo seu comportamento inadequado na juventude. Actualmente contenta-se com o seu barco de pesca (muito trabalho, pouco lucro) e as visitas à filha Annie (pouco trabalho, enorme felicidade). Até que um dia em alto mar ao subir as redes para tirar um pequeno cardume das águas também tira uma mulher. Surpreendido por a encontrar viva tão longe da costa, Syracuse estranha que ela não queira ver ninguém, mas aceita esse capricho porque a desconhecida - que diz chamar-se Ondine - tem um muito útil dom para a pesca. Ela apenas canta e os peixes caem-lhes nas mãos.
Para Annie isso é fácil de explicar. Tudo o que Ondine faz corresponde à lenda: é uma selkie presa na forma humana por sete anos. Syracuse ao início não quer acreditar, mas a verdade é que está magicamente enfeitiçado por ela…

Neil Jordan é um daqueles realizadores que quando realiza um filme, não o faz com meias medidas. Depois de vencer festivais como Berlim, Bruxelas, Sitges, Veneza e o Fantasporto, e com um Oscar e um BAFTA de argumentista na colecção, sabemos que consegue fazer grandes filmes. E não foi sorte ou aproveitar o momento certo, estas sete conquistas foram com seis filmes diferentes ao longo de dezasseis anos. O último que tivemos oportunidade ver foi "The Brave One" há três anos e por isso o atraso de um ano no lançamento de "Ondine" custou a passar. Não foi só cá, precisou de um ano em mercado para finalmente começar a sair pelo mundo fora (raramente com honras de sala).

Este conto de fadas moderno passado na Irlanda natal de Jordan é daqueles filmes que nos engana. O que parece ser uma história simples tem uma trama elaborada e sugere constantemente novos temas que acabam por nunca roubar fulgor à narrativa principal. O cuidado nos detalhes inclui um pequeno papel para o fenomenal Stephen Rea que nos proporciona os momentos mais divertidos do filme.
Apesar de Colin Farrell ser a estrela que atrairá multidões às salas, será pelos encantos de Alicja Bachleda que se lembrarão do filme. A cantora que saltou do anonimato para o papel principal do filme é daquelas actrizes que se quer ver em mais e mais filmes. Jordan queria uma desconhecida para interpretar Ondine e fez a escolha perfeita porque não só ela tem corpo de sereia, como encaixou na personagem. Já a pequena Alison Barry tem um papel mesmo à medida como a filha perspicaz.

Por entre a atmosfera de constante dúvida, os sentimentos humanos são retratados como o único mistério. Tudo o resto fará sentido mais cedo ou mais tarde e é confiando nisso que se fica duas horas a assistir ao conto de uma sereia naufragada em terra e do seu príncipe. As respostas finais chegam na hora certa, dão o toque que faltava e encerram um dos grandes filmes da temporada.


Título Original: "Ondine" (EUA, Irlanda, 2009)
Realização: Neil Jordan
Argumento: Neil Jordan
Intérpretes: Colin Farrell, Alicja Bachleda, Alison Barry
Música: Kjartan Sveinsson
Fotografia: Christopher Doyle
Género: Drama, Fantasia
Duração: 111 min.
Sítio Oficial: http://www.ondinefilm.com/

27 de outubro de 2010

26 de outubro de 2010

Mostra de Avanca nos Açores


Como os Açores são uma terra de muitas vacas, é perfeitamente natural que o festival de Avanca se tenha clonado para lá. Deixamos aqui os nossos votos de sucesso a ambos os festivais e a nota de imprensa.

O Teatro Ribeiragrandense na Ilha de S. Miguel nos Açores acolhe pela primeira vez um Festival de Cinema de Curtas-Metragens, exibindo uma extensão do Festival Internacional de Cinema de AVANCA.


De 28 a 30 de Outubro, a cidade da Ribeira Grande recebe uma selecção de filmes com sessões às 10h, 14h e 21h, constituídas por obras produzidos na Europa, América e Ásia, que tiveram a sua estreia em Portugal no Festival AVANCA.


A realização desta mostra de cinema alternativo tem por principais objectivos, como justificou o presidente da autarquia açoriana Ricardo Silva, “diversificar a oferta cultural da Ribeira Grande, dar início a um novo evento ligado à sétima arte e ainda devolver uma das vocações do Teatro Ribeiragrandense, a exibição de cinema”.


O evento dá particular relevo ao cinema português de curta-metragem, exibindo alguns dos filmes nacionais mais premiados no estrangeiro, como é o caso de “Um Gato Sem Nome” de Carlos Cruz, “O Acidente” de André Marques e Carlos Silva, “O Relógio de Tomás” de Cláudio Sá e “Timor Loro Sae” de Vítor Lopes.


Ribeira Grande exibirá ainda a primeira longa-metragem de ficção produzida nos Açores, “O Hotel da Noiva” de Bernardo Cabral, exibido anteriormente no panorama do Festival AVANCA e que aqui estreará uma nova versão.


Tal como o festival do continente, também o evento da Ribeira Grande será marcado por um workshop que acompanha o festival. Voltado para os actores da ilha, António C. Valente orientará um espaço experimental sobre “O Trabalho do Actor de Cinema”.


O festival de Avanca, que este ano comemorou a sua 14ª edição, reúne anualmente filmes em estreia nacional e vários em estreia mundial (originários dos cinco continentes), cineastas e investigadores das áreas dos estudos fílmicos e da comunicação audiovisual. Este é ainda um espaço único na Europa, onde acontecem workshops internacionais com nomes cimeiros do cinema e do audiovisual mundial, de onde saíram obras exibidas e distinguidas em diversas manifestações internacionais.


Organizado pela Câmara Municipal da Ribeira Grande, o Festival de Curtas-Metragens tem a participação da Cineact, do Teatro Ribeiragrandense e do Cine-Clube de Avanca.

Novo material de "Skyline"


Skyline

"Skyline" de Colin Strause e Greg Strause

Estes são os segundos poster e trailer do filme. Podem recordar a sinopse aqui com os primeiros.

O botão para a galeria está após o trailer.
Skyline
Site Oficial




25 de outubro de 2010

Open the Pod Bay Doors, HAL

Quem veio enganado pelo título pode ver a cena desejada, mas previno-vos que, tal como HAL, montei-vos uma armadilha. Este post é sobre outro pod...

Se ficaram com desejos de ir a correr ver "2001" esperem só uns minutos.

Depois do canal de televisão online, eis que o blog Ante-Cinema se lança nas ondas da rádio.
O que criaram foi um podcast, resumo áudio do que se passou na semana. E esta semana é especialmente atractivo porque tem um passatempo para oferta de DVD.

Dêem uma estreitadela (ou escutadela).


Outros podcasts Ante-Cinema

Um caso de insucesso

Como falar de blockbusters aguardados, de realizadores aclamados e de estrelas talentosas é o habitual, desta vez trago-vos o filme mais ignorado de 2009. O motivo? Ser mau em todas as componentes.

"Standing Ovation" de Stewart Raffill

Duas bandas femininas competem pelo consagração num concurso musical. Numa era em que a música cada vez tem maior importância na temática dos filmes é frequente sairem histórias do estilo desta. O que não é frequente é terem tão maus resultados...
Este filme estreou em 625 salas. Na primeira semana tinha feito uma média inferior a 600 dólares por sala (imaginem por sessão). Este foi o pior resultado do ano e quinto de sempre para um filme acima das 600 salas e, vá-se lá saber os motivos, quando na semana seguinte só abriu em 76 salas teve a maior quebra percentual de sempre em ecrãs. Na semana seguinte eram 6 salas e desapareceu num instante.
Standing Ovation
Imdb (espreitem votos e média)
Standing OvationStanding Ovation

Mesmo sem o ter visto é fácil descobrir o segredo que usou para falhar. Assim de repente os que me ocorrem são:
  • A história só interessa a miúdinhas
  • Os actores eram todos desconhecidos
  • Este realizador é especialmente conhecido por filmes que roçam o soft porn e por ser um filme infantil não podia despir ninguém
  • Não houve meses de marketing para divulgação do filme e quando estreou a banda sonora não estava nem nas rádios nem nas lojas
  • Mesmo com essas falhas todas estreou a meio de Julho. Tentou competir sem argumentos no periodo em que todos os filmes dão tudo o que têm.

    Fica o registo pelo interesse histórico. Se fizerem um filme lembrem-se deste e pelo menos cometam erros diferentes.
  • Posters e trailer de "The Next Three Days"

    "The Next Three Days" de Paul Haggis



    Deveria bastar dizer que é de Paul Haggis (realizador de "In the Valley of Elah" e "Crash", argumentista de Clint Eastwood...) para o filme estar na lista de isionamentos obrigatórios.
    Um homem vê a sua vida virada do avesso quando a mulher é presa por suspeita de homicídio. Russel Crowe, Olivia Wilde, Elisabeth Banks, Liam Neeson fazem parte do elenco neste thriller que promete.
    The Next Three Days
    Imdb
    The Next Three DaysThe Next Three Days

    Posters de "A Little Bit of Heaven"

    "A Little Bit of Heaven" de Nicole Kassell

    Aqui está uma provável surpresa para o ano de 2011. Kate Hudson está a morrer e encontra o homem da vida dela. Mas sendo essa vida tão curta, entre o medo de morrer e o de se apaixonar não sabe qual teme mais. Kate Hudson e Gael Garcia Bernal são o casal, Whoopi Godberg é Deus. Kathy Bates também tem um papel, mas ainda não há trailer pelo que ficaremos na expectativa mais um pouco.
    Imdb
    A Little Bit of Heaven
    A Little Bit of HeavenA Little Bit of Heaven

    24 de outubro de 2010

    Posters e trailer de "Life As We Know It"

    "Life As We Know It" de Greg Berlanti

    Quando acabam os temas fáceis, eis que a comédia romântica entra nos tema difíceis. Katherine Heigl e Josh Duhamel formam o jovem casal que se revelou incompatível como par romântico. Só que de acordo com o testamento de uns amigos comuns acabam com a tutela de um bebé. Toda a gente imagina como isto vai acabar, o interessante será ver como lidam com os problemas do dia-a-dia que uma criança adorada, mas não-desejada, traz.

    PS: Berlanti (o realizador) é um dos produtores/argumentistas de "Green Lantern" pelo que dará para ver o seu estilo.

    Imdb
    Life As We Know ItLife As We Know It

    "Blackmail" por Nuno Reis

    Estávamos no final dos anos 20, quando ainda havia dinheiro e o cinema revelava progressos todos os dias. Em 1928 um filme americano chamado "The Jazz Singer" não só tornou o som em parte integrante do Cinema, como os filmes se sentiam diminuídos se não o tivessem. Por causa desse filme os produtores do mais recente projecto de um jovem Hitchcock - ainda a dez anos do seu primeiro grande sucesso "The Lady Vanishes" - disseram-lhe para filmar a última cena com a nova tecnologia. Como todos sabem Hitchcock faz o que bem lhe apetece e fá-lo melhor que ninguém. Por isso, surpresa! Refilmou o que precisava e todo o filme ficou sonorizado (havendo no entanto uma versão muda para as salas sem a tecnologia necessária).

    A primeira cena é típica do cinema mudo. O plano de um papel a ser escrito dispensa os entretítulos. Há um magnífico plano de filmagem que utiliza o reflexo de uma garafa, prenunciando o prodígio que se avizinhava. Muitos lábios que se mexem sem libertar som, como sempre. Ouve-se uma porta bater e a buzina do camião, mas podem passar despercebidos. E de repente dois polícias começam a falar. A multidão do filme fala e a multidão na plateia pergunta “como é que o ruído faz parte do filme?“. Começou o som em Inglaterra pelas mãos daquele que viria a ser o Mestre do Cinema em todo o mundo.

    A história acompanha a jovem Alice White (Anna Ondra). Numa saída para o cinema com o seu namorado, um detective da Scotland Yard, acabam por ter um arrufo devido ao atraso dele e à indecisão dela e ele deixa-a. Testemunhando isso, um amigo dela aproxima-se e agora Alice já é mais simpática. Acabam por sair juntos e Alice vai visitar o estúdio dele. Só que as intenções dele não eram artísticas e Alice tem de o matar para se defender. O filme desenvolve-se em torno do sentimento de culpa, da investigação policial, da fofoquice na vizinhança e de um chantagista que, tendo provas para a acusar, vai tentar tirar proveito da situação.

    Hitchcock chamou-lhe "a minha despedida do cinema mudo" tal como poderia chamar "a minha apresentação ao cinema sonoro". Com a mudança do foco para os actores toda a arte sofreu uma transformação. Em parte vemos cenas comuns do cinema mudo, mas também vemos cenas vanguardistas que ficam estranhas num filme a preto e branco. Até com o tradicional bigode do vilão ele goza!
    A nível de captação de som também houve progressos. Há casos de actores que por causa da péssima voz simplesmente desapareceram de cena e em "Blackmail" tal não aconteceu por pouco. Anny Ondrakova que não tinha problemas em filmar em alemão, checo ou francês, na época tinha demasiado sotaque para parecer filha de uma vulgar família inglesa. Como o realizador não quis dispensar a sua musa - é a primeira de muitas louras celebrizadas pelo Mestre - a solução passou por ter outra actriz (Joan Barry) no estúdio, fora do cenário, e coordenarem-se num lip sync, oficialmente reconhecido como a primeira dobragem da história do Cinema.
    Entre os grandes truques técnicos ainda se encontra o Processo Schüfftan (especialmente famoso por ter sido usado em "Metropolis") de filmar através do espelho para mudar o cenário. Um primórdio das telas azuis e verdes que mais tarde dominariam o segmento.

    Ponto de viragem no cinema britânico onde Alfred Hitchcock se cruza com palavras-chave da sua filmografia como adaptação de peça de teatro, crime e heroína loura, tem de ser visto para se compreender a diferença entre o antes e o depois do som. E em menor grau para compreender o antes e o depois de Hitchcock.

    BlackmailTítulo Original: "Blackmail" (Reino Unido, 1929)
    Realização: Alfred Hitchcock
    Argumento: Alfred Hitchcock e Michael Powell, com diálogos de Benn W. Levy (peça original de Charles Bennett)
    Intérpretes: Anny Ondra, John Longden
    Música: Hubert Bath
    Fotografia: Jack E. Cox
    Género: Crime, Thriller
    Duração: 84 min.

    23 de outubro de 2010

    Chaves fecham portas

    Os cinemas da cidade de Chaves este fim-de-semana já não passam filmes. A fraca adesão do público levou ao fim das sessões de cinema no Teatro Experimental da cidade, não havendo de momento planos para as retomar.
    Uma cidade com mais de 15000 habitantes tinha na única sala (com 30 anos de actividade) dez ou menos pessoas por sessão. A alternativa mais próxima está em Vila Real, a uns modestos 60 km, onde quatro cinemas (o multiplex Dolce Vita e três pequenos) passam actualmente dez filmes diferentes.

    O cinema como toda a cultura é encarado como um luxo e cada vez está mais longe das pessoas.

    22 de outubro de 2010

    "A Nightmare in Elm Street" por Nuno Reis

    Não se metam com os clássicos

    Ao longo dos anos o cinema de terror foi cativando o seu lugar na história do Cinema. Se em parte foi devido a grandes realizadores que ingressaram na arte por esse género, também foi por ter criado algumas das personagens mais memoráveis de sempre. Existem dúvidas quanto a qual será a maior figura do terror, mas Freddy Krueger está seguramente no pódio dos maiores. O século XXI já tinha visto um novo filme do carismático assassino onde enfrentava o também enorme Jason. Contrariando a razão para fazerem esse duelo (de certeza que foi porque alguém disse “ainda todos sabem quem são Freddy e Jason”) decidiram reiniciar a saga.

    Assim do nada surge um filme que vai contar a história como se ninguém a soubesse. Alteram alguns factos e nomes mantendo apenas Nancy, um nome tão histórico como o de Freddy. Basicamente o que há em comum é que um grupo de jovens é perseguido em sonhos por um homem com o rosto queimado e lâminas em vez de dedos. Um a um sucumbem todos às suas garras deixando um rasto de sangue.

    O argumento deste filme é incomparável ao original. A história simplista tem metade das ideias que o primeiro trouxe. A única coisa em que modernizou foi a pesquisa na Internet, mas as personagens por vezes parecem ser tão lentas a descobrir algo como se ainda fizessem a leitura de papel. Toda a situação de privação de sono e confusão entre realidade e sonho está razoável (mas exigia-se melhor) e a realização é fraquíssima, como quase tudo no filme. Há alguns elementos curiosos como a possível inocência de Freddy do novo crime por que foi acusado. Esse factor teria feito muito bem ao filme original, aqui actua como elemento único de salvação.

    Como filme autónomo é fraquinho e previsível. Sozinho não criaria nenhum mito. Não se entende como autorizaram a sequela. O único motivo para isso é o lucro deste, mas isso não se repetirá.
    Como remake as variações em elementos do terror são todas para pior, as novas ferramentas desiludem, mesmo Jackie Earl Haley não chega aos calcanhares de Robert Englund. A única morte interessante é a de Jesse, se bem que não seja original. Resumindo, é um grande tempo morto. A única forma de curar é indo depressa ver o original.

    Nightmare In Elm StreetTítulo Original: "A Nightmare in Elm Street" (EUA, 2010)
    Realização: Samuel Bayer
    Argumento: Wesley Strick e Eric Heisserer (baseados no filme de Wes Craven)
    Intérpretes: Jackie Earle Haley, Kyle Gallner, Rooney Mara, Katie Cassidy, Thomas Dekker
    Música: Steve Jablonsky
    Fotografia: Jeff Cutter
    Género: Horror, Mistério, Thriller
    Duração: 95 min.
    Sítio Oficial: http://nightmareonelmstreet.warnerbros.com/

    Novas regras para matar


    "Scream 4" de Wes Craven

    Dez anos depois do último crime, Sidney é novamente incomodada pelo assassino da máscara. Entretanto a jornalista tornada escritora Gale Weathers volta à vila onde tudo se passou para promover o livro numa tentativa de fazer mais dinheiro sem mais trabalho, mas ver um novo crime desperta a investigadora que há nela.
    Ao elenco original adicionaram Hayden Panettiere, Emma Roberts, Rory Culkin e Adam Brody. Eles já fizeram terror, elas são virgens no género. Por falar nisso, vejam as novas regras. Agora que já fiz a piada fácil posso adicionar o nome de duas rainhas do terror moderno que também aparecem no novo capítulo: Anna Paquin e Kristen Bell.
    Imdb

    Se o(s) primeiro(s) filme(s) resumiu(ram) o que era o cinema de terror com base nos clichés, eis que uma nova década de filmes de terror passou e novas regras estão em vigor. Será este o derradeiro final? Será o princípio de uma bela... trilogia? Ou apenas serve para lembrar que o mestre Craven continua atento ao que se faz de bom em terror?

    21 de outubro de 2010

    Galeria de capas "Tron Legacy"

    O novo TRON tem de ser um sucesso. Para começar o poster é tão semelhante ao antigo que é impossível os velhos fãs não irem novamente.


    Depois faz publicidade gratuita ao seu filme mais caro de filme em todas as capas de comics. A compra da Marvel vai ser muito rentável para a Disney...
    As capas ocupam quase 2MB, é favor terem um bocado de paciência.

    20 de outubro de 2010

    Posters e trailer de "Tangled"

    "Tangled" de Nathan Greno e Byron Howard

    Eia a nova experiência da Disney recriando contos infantis tradicionais.
    Rapunzel, famosa por estar presa na sua torre e obrigar o príncipe a subir pelos seus cabelos, nesta versão farta-se de esperar e desce pelo seus próprios meios. O seu objectivo é perseguir um bandido por quem se enamorou.
    Um poster francês e dois internacionais adornam este post.
    Imdb