29 de abril de 2008

"The Eye" por Nuno Reis

O exemplo mais recente do uso abusivo de ideias estrangeiras pelos estúdios americanos é "The Eye". O filme foi decalcado de "Gin Gwai", uma das primeiras obras dos irmãos Pang ("Infernal Affairs"). Ao contrário do que se passou com "Bangkok Dangerous" onde os irmãos realizaram tanto o original como a versão ocidental do filme, cuja estreia está marcada para depois do Verão, aqui o argumento e a realização foram entregues a nomes emergentes do terror. O argumento foi reescrito por Sebastian Gutierrez, conhecido pelos filmes "Gothika" e "Snakes on a Plane", e a realização foi da dupla David Moreau/Xavier Palud que já nos trouxe "Ils". Para completar o pacote falta colocar uma actriz famosa, cenários claustrofóbicos, músicas sugestivas e criaturas sobrenaturais.

Sydney perdeu a visão aos cinco anos numa brincadeira e a consequente melhoria da audição ajudou-a a tornar-se uma talentosa violinista. Com a sua simpatia faz sempre muitos amigos e a irmã carinhosa está por perto sempre que é preciso. Para a vida ser perfeita só lhe falta poder voltar a ver aquilo que sempre sentiu. Coisas simples do nosso mundo a que os visuais raramente dão valor como o sol e a chuva. Após um transplante recupera esse quinto sentido e ganha um sexto que a faz ver coisas. Nos tempos da deficiência estava integrada na sociedade, agora arrisca-se a ser tomada por louca.

O filme está claramente dividido nos três actos tradicionais. No primeiro conhecemos Sydney, o seu meio e o seu quotidiano até à operação. No segundo começam as visões, os conflitos internos e o medo. No terceiro Sydney irá compreender e enfrentar os seus medos. O primeiro acto está regular. Alba espalha um pouco do seu encanto e relembra ao público as dificuldades sentidas pelos invisuais. No segundo, o mais exigente e fantástico, o filme desilude. Repete mal o que já tantos filmes fizeram melhor. Exceptuando os corredores curvos e infindáveis pouco há de agradável para os espectadores habituais do fantástico. O terceiro acto tem um grande clímax mas é encerrado por um previsível final.

Neste caso não há uma grande lista de pontos fortes ou fracos. Os pequenos detalhes de técnicas utilizadas pelos cegos para sentirem o mundo à sua volta dão um ar realista ao filme. Excepto na transformação das paredes os efeitos visuais são convincentes. O mesmo não pode ser dito de Nivola, o actor tem aqui um dos seus piores papeis. Quem procura emoções fortes e quer sentir arrepios na espinha como no cinema de terror japonês, terá de procurar outro filme. "The Eye" só é um thriller dramático com algumas imagens perturbadoras.


Título Original: "The Eye" (EUA, 2008)
Realização: Davi Moreau, Xavier Palud
Argumento: Sebastian Gutierrez baseado no argumento de Jo Jo Yuet-chun Hui e dos irmãos Pang
Intérpretes: Jessica Alba, Alessandro Nivola, Parker Posey, Rade Serbedzija, Fernanda Romero
Fotografia: Jeff Jur
Música: Marco Beltrami
Género: Drama, Horror, Thriller
Duração: 98 min.
Sítio Oficial: http://www.theeyethefilm.com/

"Death Sentence" por Nuno Reis

Se James Wan tivesse feito apenas "Saw" teria entrado directamente para a Hall of Fame do cinema fantástico. Apesar disso continuou a trabalhar e a realizar filmes, um também de fantástico ("Dead Silence") e este outro com um título parecido. "Death Sentence" centra-se num homem que brinca ao gato e ao rato com um gang, onde não se sabe quem é o gato e quem é o rato.
Nicholas é um pacato homem de negócios que trabalha numa companhia de seguros. Tem um casamento feliz e dois filhos de quem se orgulha. Num dia que parecia totalmente normal cruza-se com um gang que lhe mata o filho num acto puramente aleatório. Destroçado pela dor e depois de constatar que a justiça não o ajudará, decide vingar-se pessoalmente do assassino. Mas isso despoletará a ira do gang que o perseguirá e à família.

Uma grande moral que acompanha a ficção literária e cinematográfica desde os primórdios é que na guerra ninguém vence. Em "War Games" bastou uma centena de jogos do galo para perceberem isso, aqui é preciso matar pessoas. Cada um pensa que a próxima morte resolverá tudo, mas apenas provoca mais sofrimento ao inimigo, sofrimento esse que só será mitigado com outra morte, criando um ciclo sangrento.

Colocar um engravatado a combater o crime como um Rambo urbano é ridículo e isso está patente em grande parte das cenas de confronto. A capacidade de resistência do herói às balas ultrapassa a dos desenhos animados! Contudo este vingador não está mal de todo. A interpretação de Kevin Bacon é fortíssima e assegura o espectáculo. Tudo termina num festival de sangue que tem o condão de puxar alguns aplausos e fazer esquecer os momentos menos bons.

Título Original: "Death Sentence" (EUA, 2007)
Realização: James Wan
Argumento: Ian Jeffers baseado no livro de Brian Garfield
Intérpretes: Kevin Bacon, Garrett Hedlund, Aisha Tyler, Kelly Preston, John Godman
Fotografia: John R. Leonetti
Música: Charlie Clouser
Género: Drama, Thriller
Duração: 106 min.
Sítio Oficial: http://www.deathsentencemovie.com/

28 de abril de 2008

Um novo anti-herói



Já abordamos algumas vezes o próximo filme com Will Smith no papel principal. "Hancock", de Peter Berg ("The Kingdom, 2007) traz-nos um herói... diferente. Sarcástico, presunçoso, bêbado e incompreendido, o seu papel, aparentemente, é feito com maestria: impedir que o crime alastre para as ruas. Mas nestes filmes, há sempre um senão... Aqui fica o novo trailer de uma película com data de estreia marcada para Julho deste ano.

27 de abril de 2008

"Awake" por Nuno Reis


As coisas mais importantes na vida são a saúde, o amor e o dinheiro. A Saúde permite-nos ver e saborear o lado bom da vida. O Amor faz tudo isso e ainda a alegria de partilhar a felicidade com alguém. E o dinheiro, como todos sabem, "não traz a felicidade, mas ajuda". Sempre que falta um lado do triângulo queixamo-nos, mas há uns poucos que conseguem saborear a vida como ela é. Em "Awake" temos um exemplo disso.

Clay é um jovem que tem uma enorme fortuna e namora com a linda e doce Sam. O seu coração não lhe permite saborear a vida como devia porque está prestes a falhar. Nas suas últimas horas antes de um arriscado transplante entrega o seu coração, seja ele qual for, a Sam através de um casamento. Só depois o entrega ao seu amigo Jack Harper, cardiologista. Em ambos os casos com a desaprovação da mãe.

Um romance secreto e uma operação ao coração não são uma combinação frequente no cinema, especialmente por não serem temas fáceis de desenvolver. Mas se o paciente for incapaz de ficar inconsciente durante a operação e a sua mente deambular fora do corpo, a vertente fantástica dá um enorme alento ao filme. Aqui a mente vagueia pela sala de operações, pelo hospital e pelas memórias do passado. Toda a intriga decorre no bloco operatório. As recordações onde Clay se refugia da dor complementam a breve introdução das personagens e da sua relação. Muitas revelações, tanto no que ouve como no que recorda, vão alterando a perspectiva do espectador.

A vantagem do filme é a constante revelação de novas surpresas. Bons efeitos, drama e muita movimentação conseguem manter o espectador interessado e preso à história. Com alguma atenção as ocorrências estranhas começam a avolumar-se… Não é que sejam erros graves, mas não fazem muito sentido. Todas as estratégias planeadas dependem da sorte e milagrosamente funcionam. A realização está muito interessante e se não houvesse aquelas falhas no argumento seria um grande filme.



Título Original: "Awake" (EUA, 2007)
Realização: Joby Harold
Argumento: Joby Harold
Intérpretes: Hayden Christensen, Jessica Alba, Lena Olin, Terrence Howard
Fotografia: Russell Carpenter
Música: Samuel Sim
Género: Drama,Thriller
Duração: 84 min.
Sítio Oficial: http://www.awakethemovie.com/

26 de abril de 2008

O Contrato de Nicolau Breyner

"O Contrato" irá marcar a estreia de Nicolau Breyner na realização, num thriller que contará com Pedro Lima, Cláudia Vieira, Sofia Aparício, Vítor Norte, José Wallenstein e José Raposo no principais papéis.
A história desenrola-se à volta de um assassino a soldo, e fazendo fé na sinopse, bem como no trailer que aqui deixamos, parece mais uma incursão do cinema português na produção baseada no palavrão e na nudez sem sentido. Ou seja, "O Crime do Padre Amaro", agora com Cláudia Vieira a fazer o papel de Soraia Chaves como a actriz que se expõe na pura pretensão de chamar pessoas ao filme e rentabiliza-lo a qualquer custo. Espero estar enganado (link para o blog de produção).

"The Bank Job" por Ricardo Clara

Baseado numa história real, onde nunca se consegue entender em que parte começa a realidade e onde termina a ficção, "The Bank Job" / "O Golpe de Baker Street" é uma pobre desculpa para um filme com uma linearidade narrativa já recalcada no cinema.

Ponto prévio: o título em português é bem melhor do que a brejeira ideia original. E é por intermédio de um assalto a um banco que conhecemos Terry Leather (Jason Statham), um ladrãozeco de pacotilha a quem é proposto o golpe do século: Martine (Saffron Burrows), antiga paixão deste, recebe informação priveligiada de que um banco em Baker Street irá ter o alarme desligado durante uns dias, para uma operação de instalação de novo equipamento.

Terry chama para o trabalho um grupo de amigos do crime, entre os quais Dave Shilling (Daniel Mays), Guy Singer (James Faulkner) e Bambas (Alki David). O plano, banal: arrendar uma loja perto do banco, desbravar um túnel abaixo do solo, e entrar no cofre forte, limpando tudo o que lhes aparecer à frente. Mas no meio do saque, vai mais do que um mero conjunto de valores - umas comprometedoras fotografias de homens da realeza britânica, pertença de Michael X, um traficante de droga, prostitutas, armas e influência, que as usava para chantagear os protagonistas. Com elas desparece um pequeno livro que contem todos os nomes de polícias corruptos na força policial londrina.
A Terry resta uma opção: ajudar os amigos saqueadores, não se expondo demasiado.

E é no meio desta rocambolesca história, com laivos de Miami britânica, que vemos um misto de blaxploitation mal gerida com "Ocean's Eleven" e "Italian Job" à mistura. A estética aplicada pelo realizador Roger Donaldson ("The World's Fastest Indian", 2005) é bastante interessante. A grande falha reside no modo como ele consegue contar uma história que seria aparentemente simples de ser abordada. Saltos na narrativa, trechos entediantes de pormenores nunca conseguem ser superados, nem pela boa qualidade do elenco. Merecia, por outro lado, uma sonorização francamente melhor conseguida, acaba por quedar-se como mais um banal filme de assalto a um banco.





Título Original: "The Bank Job" (Reino Unido, 2008)
Realização: Roger Donaldson
Argumento: Dick Clement e Ian La Frenais
Intérpretes: Jason Statham, Saffron Burrows e Daniel Mays
Fotografia: Michael Coulter
Música: J. Peter Robinson
Género: Crime / Thriller
Duração: 110 min.
Sítio Oficial: http://www.bankjobmovie.co.uk

24 de abril de 2008

"Jumper" por Nuno Reis

A História recente da sétima arte está marcada pelo regresso da saga "Star Wars" onde Hayden Christensen foi Anykin Skywalker. Apesar de ter um poder incomparável uma coisa que a Força nunca lhe permitiu foi teletransportar-se. Agora em "Jumper" o único poder que tem é precisamente esse. A sua personagem, David, tem uma anomalia genética que lhe permite aparecer onde quer. Com apenas 15 anos esse grande poder não é encarado com grande responsabilidade. Como se afastou de tudo e todos simulando a própria morte, ninguém sabe o seu segredo. Tem o maior poder do mundo e completa liberdade para o usar. Só que a omnipresença é um privilégio exclusivo de Deus e existe uma equipa especializada em deter os semelhantes a David, a quem chamam de saltadores.

Doug Liman já nos trouxe os brilhantes "Swingers" e "Go", que são dos grandes clássicos dos anos noventa. Infelizmente em vez de seguir o exemplo destes dois preferiu seguir a receita de "The Bourne Identity" e fazer um episódio piloto em formato cinematográfico. Apresenta ambos os lados, mostra as armas com que combatem e até onde estão dispostos a ir. Depois termina sem que a história realmente comece. O exemplo mais chocante e absurdo é a personagem de Diane Lane que aparece apenas duas vezes, cerca de um minuto no total, e tem como última frase algo que só pode ser interpretado como "sequela". Claro que podemos ser pessimistas e pensar que o verdadeiro significado é "sequelas". O livro que serviu de inspiração é bem mais negro e podia ser adaptado para um bom filme. Nesta versão light a infância de David e o seu eterno amor por Millie parecem uma novela cor-de-rosa. Mesmo assim fazem parte dos melhores minutos do filme: os do início. Pelas cenas iniciais o filme promete, mas são literalmente cinco minutos no máximo. A partir daí já se pode sair e acompanhar a sessão da sala ao lado que é provavelmente melhor.
Todas as personagens são cópias de coisas existentes, vindas directamente dos moldes que fizeram tantos heróis acidentais, namoradas em perigo e vilões. Se o pai de David fosse devidamente explorado, enquanto lida com o trauma do desaparecimento do filho, seria muito interessante, mas não perdem tempo com isso. Também aqui entregam o papel a alguém conhecido (Michael Rooker) para lhe darem meia dúzia de falas.

O objectivo de quem fez este filme foi cumprido: puderam viajar pelo globo às custas dos estúdios. Provavelmente irão repeti-lo até conseguirem vários milhões, é o que costuma acontecer nestas sagas. No fundo é apenas uma panóplia de efeitos digitais tecnicamente perfeitos que não cai no ridículo. Falta-lhe a história.


Título Original: "Jumper" (EUA, 2008)
Realização: Doug Liman
Argumento: David S. Goyer , Jim Uhls e Simon Kinberg inspirado na história de Steven Gould
Intérpretes: Hayden Christensen, Samuel Jackson, Jamie Bell, Rachel Bilson, Diane Lane
Fotografia: Barry Peterson
Música: John Powell
Género: Acção
Duração: 90 min.
Sítio Oficial: http://www.jumperthemovie.com/

"August Rush" por Ricardo Clara

Filho das histórias de encantar com as quais todos nos deliciamos na nossa infância, "August Rush" é uma versão moderna e musical de "Oliver Twist", onde o grupo de crianças não é instrumentalizada para o roubo mas sim para a canção como meio de ganhar dinheiro.

Louis Connelly (Jonathan Rhys Meyers), vocalista e talentoso artista pop rock conhece Lyla Novacek (Keri Russel), um dos expoentes do violoncelo norte-americano, num loft em festa nova-iorquina. Do cruzar de olhares ao amor foi um passo que deram de forma quase imediata, com a música que tocava na rua a dar a ajuda que faltava.
Mas uma história destas nunca começa bem. Sem trocarem números ou contactos, combinam encontrar-se perto do hotel onde Lyla estava hospedada, mas o seu severo pai Thomas (William Sadler) impede-a, num impeto de raiva onde só vê a carreira da filha na lista das prioridades.

Separados fisicamente, afastam-se também das respectivas músicas - ela deixa o violoncelo, ele abandona a banda. Todavia, Lyla fica grávida naquele fugaz encontro, mas um acidente leva-a a perder a criança - ou assim ela o pensa. O maquiavélico pai entrega o rebento numa instituição de caridade, escondendo da filha que esse estaria vivo.

De volta ao presente, conhecemos Evan Taylor (Freddie Highmore), um miúdo de doze anos que mora numa instituição para crianças desfavorecidas, e que de lá foge bem como da possível entrega a uma família adoptiva. Sozinho nas ruas, só com a companhia do som e da música, é arrebanhado por um homem que se initula de Wizard (Robin Williams), que o leva para um Teatro abandonado onde conhece outros como ele. Votado a uma vida de pedinte de viola na mão, Evan demonstra ser o novo Mozart e, com a ajuda de um pároco, é leva para Julliard, uma reputada escola de música, onde compõe uma peça clássica para ser apresentada em Central Park perante milhares de pessoas. A sua mãe, que desconhece, é a violoncelista, que segue o apelo da música, e é lá que os seus pais se voltam a reunir.

E era naquelas histórias de encantar que tudo, do mais credível ao mais inverosímel, fazia sentido. Em "August Rush" (que, aliás, é o nome artístico que o Wizard lhe atribui), pouco ou nada faz sentido. A história resvala sempre para o lamechas e nunca consegue ser comovente, a música (ressalvando-se a boa composição) está sempre desconectada da imagem, sendo esta e o som duas peças à parte nunca ligadas com sucesso.

Kirsten Sheridan, com um argumento de Nick Castle e de James V. Hart, conseguiu transformar uma peça que poria Dickens a sorrir, numa história bacoca e tristemente enfadonha. Salva-se a música (com nomeação para Óscar pelo tema Raise It Up) e a interpretação de Highmore, que consegue quse sempre comprometer-se com a câmara, aliando a sua simplicidade ao fio condutor da história.





Título Original: "August Rush" (EUA, 2007)
Realização: Kirsten Sheridan
Argumento: Nick Castle e James V. Hart
Intérpretes: Freddie Highmore, Keri Russell, Jonathan Rhys Meyers e Robin Williams
Fotografia: John Mathieson
Música: Mark Mancina
Género: Drama / Romance / Música
Duração: 114 min.
Sítio Oficial: http://augustrushmovie.warnerbros.com

23 de abril de 2008

"27 Dresses" por Nuno Reis

"O casamento das minhas 27 melhores amigas"

Dizem os entendidos que o dia mais feliz da vida de alguém é o do casamento. É o culminar de meses de trabalho e de preocupação com uma grande reunião de amigos que assinala o início de uma nova vida com a pessoa que mais se ama. Aquilo de que poucos falam é da alegria sentida por todos os que colaboram no evento. Não falo dos empresários que enriquecem com cada convite, vestido, bolo ou presente, a esses não faltam motivo para serem felizes! Falo dos amigos que dão um bocadinho do seu tempo durante semanas para apoiar na preparação da festa. Às vezes a estima entre esses ajudantes e os noivos é tão forte, que mesmo quem fica afastado do altar se sente realizado e vive aquele que, por algum tempo, será o melhor dia da sua vida, imaginando o seu próprio casamento. Esse é exactamente o caso de Jane, vezes e vezes sem conta.

Desde muito pequena que Jane foi habilidosa para casamentos. Conseguia resolver todas as situações com uma rapidez e facilidade que deixariam qualquer organizadora de bodas espantada. Tudo corre bem até ao dia em que a irmã mais nova lhe rouba o seu amor secreto. Com a prática adquirida ao longo de quase trinta casamentos e muitos anos a servir de mãe para a irmã, Jane terá três semanas para preparar o seu casamento de sonho... para outra noiva. E tudo isso com um jornalista atrás para escrever uma história sobre a dama-de-honor que nunca se casa. Resumidamente, "My Best Friend's Wedding" cruza-se com "Runaway Bride", mas sem as Julia Roberts.

É impossível não gostar de Jane à primeira. Como se não bastasse ser interpretada pela sempre cativante Katherine Heigl, a sua alegria, dedicação e vitalidade são contagiantes. Depois de a vermos em acção em dois casamentos vemos que é igualmente eficaz no trabalho. Se pudesse trazer personagens da ficção para o mundo real era ela quem queria para trabalhar comigo, era ela quem queria a tratar do meu casamento e, para juntar o útil ao agradável, também podia ser a noiva. Esta mulher tão vibrante de sentimentos e simultaneamente tão simples é a melhor personagem de Heigl e monopoliza o filme. James Marsden quebra a rotina por não fazer parte de um triângulo amoroso como em muitos dos últimos filmes, mas sim por criar um quadrado, afastando Jane temporariamente do sofrimento que a irmã lhe causa.

É um filme simples, tem muitos clichés e, excepto pela loucura dos casamentos iniciais, previsível. Mas também é verdade que comédia, drama, romance e alguns puros desperdícios de tempo são combinados de forma eficaz e o tempo passa sem parecer. Se for visto como o feel good movie que os filmes de início de ano são, faz tudo o que seria de esperar: entreter e divertir.


Título Original: "27 Dresses" (EUA, 2008)
Realização: Anne Fletcher
Argumento: Aline Brosh McKenna
Intérpretes: Katherine Heigl, James Marsden, Judy Greer, Malin Akerman, Edward Burns
Fotografia: Peter James
Música: Randy Edelman
Género: Comédia, Romance
Duração: 107 min.
Sítio Oficial: http://www.27dressesthemovie.com/

22 de abril de 2008

"We Own the Night" por Nuno Reis


Na década de oitenta o lema oficioso da polícia da polícia de Nova Iorque era “we own the night”. Na realidade a noite era dominada por perigosos criminosos, barões da droga tal como nas décadas anteriores e nas que se seguiram. Este filme narra as aventuras de Bobby Green em 1988, quando os russos surgiram no mercado.

Bobby é filho de um lendário polícia e o irmão está a seguir esse exemplo com distinção. Apesar de ter os genes Bobby seguiu o seu próprio caminho. Utiliza o nome materno e gere um clube nocturno. Esse clube pertence a Buzhayev, um russo que enriqueceu com o negócio das peles. Coincidência ou não o sobrinho de Buzhayev é o responsável pelo tráfico de droga na noite e o principal alvo de Joe Grusinsky, o irmão de Bobby. Suspeitando que uma grande transacção vai ter lugar em breve, Joe pede a Bobby que os ajude. Furioso por a polícia ter invadido o seu clube, Bobby inicialmente recusa, mas depois de o irmão ser baleado percebe que ou intervém para acabar com tudo depressa, ou o pai será o próximo.
Numa hora o filme está terminado. Bobby fica infiltrado, descobre o esconderijo e causa a captura dos maus da fita. A hora seguinte é para acentuar o drama humano. Para se manter vivo Bobby tem de ficar escondido no programa de protecção de testemunhas. Nessa corrida viverá momentos de grande desgaste psicológico em que todas as escolhas feitas parecem as erradas e uma solução parece impossível. O inimigo está sempre um passo à frente e tão depressa é o caçador como a presa.

O argumento é muito vulgar, sem nenhuma surpresa significativa e onde tudo o que poderia fazer alguma diferença é resolvido de forma rápida sem dar tempo ao espectador para saborear. Agradeço não terem repetido as velhas justificações da polícia para tirar as drogas da rua. A duração é claramente excessiva para o que quer contar e as interpretações são medianas. Phoenix parece drogado metade das vezes (mesmo quando a personagem não está). Whalberg e Duvall estão menos mal, mas também sozinhos não salvam o filme. Eva Mendes é quase uma simples mulher troféu e se não fosse pelo desempenho provocante no início do filme pouco interessava para a história. A haver uma moral é que o combate à droga não justifica os riscos. Penso que não era essa a mensagem pretendida.

Título Original: "We Own the Night" (EUA, 2007)
Realização: James Gray
Argumento: James Gray
Intérpretes: Joaquin Phoenix, Mark Whalberg, Robert Duvall, Eva Mendes
Fotografia: Joaquín Baca-Asay
Música: Wojciech Kilar
Género: Crime, Drama,Thriller
Duração: 117 min.
Sítio Oficial: http://www.sonypictures.com/movies/weownthenight/

"Dan in Real Life" por Nuno Reis


Peter Hedges no seu primeiro trabalho de realização mostrou a disfuncionalidade familiar em "Pieces of April". Quatro anos depois voltou a trabalhar com a jovem Alison Pill e fez quase o oposto, filmar uma família teoricamente funcional. Nesta família o provérbio "é precisa toda uma aldeia para educar uma criança" é seguido à risca. Muitos irmãos, cada um com vários filhos, quando se juntam funcionam em comunidade e todos tomam conta de todos. Tudo é feito como uma brincadeira - o último a acabar as palavras cruzadas lava a louça - e a autoridade é desnecessária.

Viúvo com três filhas menores, Dan é um colunista que escreve sobre a vida familiar. Os seus livros e artigos respondem às dúvidas dos leitores com sabedoria. Desde o amor que forma o casal até como educar as crianças, é considerado uma autoridade por todos, excepto a própria família. Como qualquer pai preocupado trata as filhas como as crianças que foram. A mais velha já tem carta mas está proibida de conduzir. A do meio encontrou o amor da vida dela e não só está proibida de o ver como de pensar que o que sente é amor. E a benjamim é tratada como um bebé apesar dos seus nove anos. Dan e os irmãos com os respectivos filhos voltam a casa dos pais para alguns dias de actividades, numa reunião anual familiar. A ideia é reforçar os laços familiares e tem funcionado todos os anos, mas desta vez Dan tem uma mulher na cabeça.
A família pode ter vários problemas mas para este filme importam apenas os de Dan. A impossibilidade de estar com a mulher que quer e a aproximação de uma possível reviravolta profissional deixam-no stressado. Fica ainda mais revoltado quando as filhas, privadas muito cedo da figura materna, confidenciam com a nova namorada do tio os seus problemas. Felizmente para as meninas a família está por perto, porque Dan cada vez se torna um pai pior.

O tema já é banal, tem vários momentos previsíveis e é lamechas qb. Mas também tem um Steve Carell num papel divertido sem ser imbecil, e Juliette Binoche está bem diferente do que nos acostumou. Pelas feições, sorriso e género de personagem por vezes parece que estamos a ver Julia Roberts. Nenhuma música fica na cabeça, mas no geral a banda sonora é apelativa e bem escolhida. O filme tem ainda uma excelente direcção artística. Consegue dar a ideia de que apenas Dan tem problemas e ninguém mais interessa pois cada um tem a sua missão claramente definida. Mas a principal vantagem desta história é a família estar sempre lá para apoiar, uma lição moral cada vez mais urgente na nossa sociedade. Filhos ou pais, todos precisam de alguém que os guie.


Título Original: "Dan in Real Life" (EUA, 2007)
Realização: Peter Hedges
Argumento: Peter Hedges e Pierce Gardner
Intérpretes: Steve Carell, Juliette Binoche, Alison Pill, Brittany Robertson, Marlene Lawston
Fotografia: Lawrence Sher
Música: Sondre Lerche
Género: Comédia, Drama, Romance
Duração: 98 min.
Sítio Oficial: http://daninreallife.movies.go.com/

"Meet the Spartans" por Nuno Reis


Ao longo dos anos a saga "Scary Movie" tem-nos proporcionado alguns bons momentos satirizando as grandes produções. Como era de prever, com o tempo a inspiração começa a faltar e a ganância exige mais dinheiro. O truque é fazer dinheiro vendendo um produto que não existe. Se "Date Movie" ainda tinha piada, por ser o primeiro e gozar bastantes filmes, com o aumento de especificidade acabou o interesse. Este "Meet the Spartans" utiliza o título de um filme que não refere, a história central é a de "300", mas na realidade o que goza é a televisão americana. Se como é óbvio para um americano já não tem grande piada, para quem não está a par do lixo que as televisões deles exibem ainda é pior.

É uma fraca paródia assente em constantes piadas homossexuais e nos movimentos em câmara lenta de Carmen Electra. A história acompanha as tropas do Rei Leónidas na sua batalha contra os persas. Ele tem apenas treze homens e o inimigo tem milhões, especialmente graças ao CGI. O resto da história é basicamente atirar todos os concorrentes do “American Idol” para o poço sem fundo. Uma dezena de outras celebridades também deambula pelo filme. Os sósias arranjados são tão bons que é preciso dizerem quem são para que sejam identificados. O mesmo também acontece com tudo o que vem de um filme que não seja o "300"...
A sua estreia em Portugal três meses depois dos EUA já antecede o efeito que o filme terá fora do contexto actual. A cada dia que passa terá menos piada pois muitas referências presas à actualidade – o instinto maternal de Britney Spears, as constantes reabilitações de Lindsay Lohan, as estadias de Paris Hilton na prisão – tornam o filme um pedaço fixo no tempo da História das revistas cor-de-rosa.

Se atirassem todo o elenco de uma vez para dentro do poço nos primeiros dois minutos a história teria muita mais piada. O melhor que conseguiram fazer para proteger o espectador foi esconder as piores cenas no meio dos créditos finais. Sim, quem saia assim que comecem os créditos escapa a vinte minutos de uma tortura ainda pior. Depois dos sessenta minutos de lixo cinematográfico e de alguns nomes em fundo negro aparecem coisas inenarráveis que ocupam mais uns largos minutos do filme. E depois retomam os créditos porque parece que ainda precisaram de mais gente para fazer aquele nojo. Não tem um zero porque (acho que) me ri uma vez.


Título Original: "Meet the Spartans" (EUA, 2008)
Realização: Jason Friedberg, Aaron Seltzer
Argumento: Jason Friedberg, Aaron Seltzer
Intérpretes: Sean Maguire, Carmen Electra, Kevin Sorbo, Ken Davitian
Fotografia: Shawn Maurer
Música: Christopher Lennertz
Género: Comédia
Duração: 84 min.
Sítio Oficial: http://www.meetthespartans.com/

21 de abril de 2008

"Diary of the Dead" por Ricardo Clara

A moda das handycam ao ombro e da tecnologia de ponta já assaltou uma das estrelas maiores da constelação de terror deste universo cinematográfico. George Romero traz-nos o quinto filme da saga "Living Dead", depois do original e brilhante "Night of the Living Dead” (1968), de “Dawn of the Dead” (1978), “Day of the Dead” (1985) e “Land of the Dead” (2005).

Em "Diary of the Dead" / "Diário dos Mortos", um grupo de estudantes de cinema prepara um filme de terror centrado numa múmia, tendo como realizador o aspirante a cineasta Jason (Joshua Close). Acompanhado da namorada Debra (Michelle Morgan), de um grupo de colegas e amigos e de um altamente alcoolizado professor - o britânico Andrew Maxwell (Scott Wentworth), são avisados pelas notícias de que um vírus está a atacar a população, ganhando vida depois da morte aqueles que caírem no sono eterno (quer por contacto com os infectados, quer por causas naturais.
A decisão do grupo é a de partir numa caravana em direcção à casa de Debra, e irem paulatinamente largando os membros da comitiva em fuga nas respectivas casas. Mas pelo caminho as dificuldades são imensas e passam a entrar num corrida pela vida.

E voltamos à formula referida, agora tão em voga. Handycam, planos a tremer, a ideia de que o que estamos a ver é um vídeo que sobreviveu à catástrofe: Jason realiza um filme intitulado "Dead of the Dead", fita montada por Debra, tudo isto porque o mundo tem de ficar a conhecer a verdade do que se passa. A ideia, ainda que esteja no limite da criatividade, pode resultar de várias maneiras. Em "[REC]", o pressuposto é idêntico, trocando estudantes por jornalistas de pacotilha. Os mesmos planos em fuga, o mesmo tremer e um desenlace em tudo similar. "Cloverfield", idem aspas. Já nem falo de "The Blair With Project", porque ainda que percursor em algumas opções de estilo, é uma tremenda ofensa a alguns princípios básicos do cinema.
O que os faz diferir, em toda a sua plenitude, é a abordagem narrativa. Mais do que a óbvia diferença entre uma fuga pelo país de uma horda de zombies, ou a de uma menina possuída dentro de um prédio, é a força imprimida na realização versus a consistência do argumento que vai imperar, ainda que aliada a interpretações equilibradas. "Cloverfield" não tinha nada disso. "[REC]" tem Manuela Velasco e uma perspectiva europeia na realização. Mas George Romero consegue aliar todos os condimentos de forma mais trabalhada. Tudo bem que os dois filmes citados caem na tentação de usar os mais básicos recursos de uma handycam para provocar o susto: iluminação directa repentina, visão nocturna, entre outros. "Diary of the Dead" não. E esse equilíbrio, aqui, é parcial. Onde o perde, é nos balanços do ritmo, fruto de uma narrativa inconstante.

A cumplicidade câmara / actor, essa, Romero consegue-la sem grande esforço. Onde destoa é na amálgama de referências que tenta imprimir ao longo do filme, e que não as consegue aguentar. Todo o discurso dos novos meios de comunicação, os blogues, a internet, o jornalismo pessoal, a ficção da realidade actual, onde o jornalista passou a acumular as funções de repórter com as de gestor de informação enviadas pela população em geral, estão todas lá. Mas por vezes perde-se em filosofia barata, que a ser ignorada, contrubuiria para o esboço de uma bela peça do género.

O desequilíbrio é mesmo a grande pecha desta nova abordagem. Se por um lado temos momentos de puro deleite (e podiam-se destacar vários: o amish surdo-mudo de foice em punho, o ácido ou o desfibrilhador como armas, algumas tiradas certeiras do professor Maxwell, bem como algumas mortes que Romero tão bem consegue encenar), a verdade é que o ritmo vê-se por vezes atacado da tal filosofia de café, aliado às referências pós-11 de Setembro e Guerra do Iraque, que afectam irremediavelmente a consistência do filme.
Não fosse este senão, e o equilíbrio ter-se-ia mantido estável durante a cronologia fílmica. Como falha nesse propósito, bem como no trabalho de câmara (o filme nunca chega realmente a assustar), é só mais um filme de mortos-vivos (ainda que tenha as vozes de Wes Craven, Stephen King, Simon Pegg, Quentin Tarantino ou Guillermo del Toro a lerem as notícias...).





Título Original: "Diary of the Dead" (EUA, 2007)
Realização: George Romero
Argumento: George Romero
Intérpretes: Joshua Close, Scott Wentworth e Michelle Morgan
Fotografia: Adam Swica
Música: Norman Orenstein
Género: Terror / Thriller
Duração: 95 min.
Sítio Oficial: http://www.myspace.com/diaryofthedead

"California Dreamin' (Nesfarsit)" por Nuno Reis


O que haverá em comum entre "East of Bucarest", "4 Luni, 3 Saptamâni si 2 Zile" e "California Dreamin'" além do actor Ion Sapdaru? São a nova força do cinema romeno, uma cinematografia inexistente que foi subitamente catapultada para os maiores palcos do cinema mundial. Em 2006 "East of Bucarest" venceu dois prémios em Cannes, um ano depois os outros dois filmes venceram a Palme D’Or e o Un Certain Regard respectivamente.
Ao longo do último século o país atravessou guerras que lhe mudaram o território. Apenas após o final do regime dictatorial em 1989 é que os romenos conseguiram traçar um novo rumo, aberto à Europa. O mundo que se prepare pois, por esta amostra, o futuro será brilhante.

Inspirado numa história verdadeira, "California Dreamin' (Nesfarsit)" conta as aventuras de um comboio da OTAN parado numa aldeia romena. Enquanto trabalhadores da fábrica local aproveitam a oportunidade para fazer greve, o presidente da câmara tenta atrair o investimento estrangeiro e o chefe da estação local mostra o seu poder absoluto sobre todos. Os americanos, um batalhão de comunicações a caminho do Kosovo, vêm-se a lutar contra o tempo. Perdidos em nenhures e dependentes de parcos intérpretes, os soldados começam a esquecer a sua missão e a tentar aproveitar o tempo longe do conflito. Para os jovens romenos será uma entrada repentina num mundo que desconheciam, um mundo onde os americanos imperam e o inglês é fundamental. Quem mais sofre com isso é Monica, uma jovem ansiosa por emigrar e que se sente atraída por um dos soldados, mas com quem não consegue comunicar por não saber inglês.

A grande força do filme para o mercado internacional é que dá o contexto histórico de forma agradável e fluida. Cada analepse é dada quando necessária e claramente separada da história principal pelo preto e branco. Aliás toda a informação necessária é dada, o filme pode ser exibido em qualquer país que é totalmente percebido desde que saibam o que são os EUA e a Coca-Cola. Esse volume de dados faz com que o filme tenha duas horas e meia, mas o tempo passa muito bem. A barreira linguística é apresentada de forma divertida. Os jovens romenos foram ensinados a falar espanhol e são incapazes de falar inglês. O capitão depois de ouvir dezenas de pedidos preferia que não falassem com ele. Os jovens militares entretidos com companhias femininas dispensam a comunicação verbal.
Depois de conhecermos as personagens tudo o que elas fazem ganha um segundo significado. As metáforas são imensas e deliciosas. A mais brutal é o contributo americano para acabar com os conflitos locais. A mais bela é a que encerra o filme e mostra como as pessoas mudam. Tal como o título previne - "Nesfarsit" significa "sem fim" - os sonhos nunca terminam.

Infelizmente Nesfarsit também se aplica ao trabalho do realizador. Apesar de Nenescu ter concluído as filmagens, não terminou a sua obra-prima. O realizador e um dos técnicos de som faleceram num acidente de viação antes de concluírem a montagem.

Título Original: "California Dreamin' (Nesfarsit)" (Roménia, 2007)
Realização: Cristian Nemescu
Argumento: Cristian Nemescu, Catherine Linstrum, Tudor Voican
Intérpretes: Armand Assante, Jamie Elman, Razvan Vasilescu, Maria Dinulescu, Ion Sapdaru
Fotografia: Liviu Marghidan
Género: Comédia, Drama
Duração: 155 min.
Sítio Oficial: http://www.californiadreaminnesfarsit.ro/

20 de abril de 2008

007 dentro de água


Ao longo de duas dúzias de filmes James Bond já conduziu diversos carros e destruiu a maioria deles. E em todos estes anos o engenho de Q sempre deu uma preciosa ajuda pois o agente pode contar com tudo, desde vidros à prova de bala até uma garrafa de champanhe fresquinho. O Lotus de "For Your Eyes Only" foi dos mais marcantes pois era anfíbio!
Pelos vistos em "Quantum of Solace" o fiel Aston Martin - utilizado na maioria dos filmes - não correspondeu às expectativas deixadas pelos os antepassados. É que apesar de vir totalmente equipado e com muitos apetrechos extra, ainda precisa de um humano no interior. O condutor que o levava para as filmagens não o conseguiu controlar na chuva e acabou dentro do lago Garda, Itália. Apesar de o condutor ter escapado ileso o carro não ficou nas melhores condições e vai precisar de alguns arranjos antes de voltar para frente das câmaras. Não só não era anfíbio, como a invulnerabilidade é apenas ficção e esta foto da Associated Press começou a percorrer o mundo.



A rodagem do filme já passou pela Inglaterra e América do Sul. Itália seria dos últimos locais. A estreia do filme esta agendada para final deste ano.

19 de abril de 2008

"Love in the Time of Cholera" por Nuno Reis


As histórias de Marquez são lendárias. O colombiano escreve sobre o amor como poucos. Apesar de "Cem Anos de Solidão" ser o meu preferido reconheço que esta história tem imensa beleza. Florentino vive na ingenuidade do primeiro amor toda a sua vida. Utiliza o sexo com a pretensão de assim esquecer a mulher que ama, mas no fundo sabe que nada o satisfaz. Firmina que primeiro o ama para em seguida repudiar o seu amor, irá aprender uma grande lição. É uma criativa ode ao amor e com todos os ingredientes para ser inesquecível. Especialmente para quem vive as delícias do primeiro amor ou as angústias de um amor não correspondido.

O conjunto reunido de estrelas latinas é dos mais diversificados e talentosos de que há memória numa produção americana. O espanhol Javier Bardem, a brasileira Fernanda Montenegro, as mexicanas Laura Harring e Ana Claudia Talancón, a italiana Giovanna Mezzogiorno. Como não poderia deixar de ser estão aqui os maiores nomes da arte colombiana. Na tela os actores John Leguizamo e Catalina Sandino Moreno, nos créditos o escritor Gabriel Garcia Marquez e a cantora Shakira. A música e fotografia ficaram entregues aos brasileiros Antonio Pinto e Affonso Beato. Os obrigatórios americanos felizmente são poucos e na sua maioria de origens latinas (Benjamin Bratt, Hector Elizondo). Para honrar o original só faltava os diálogos serem também em espanhol, mas as razões financeiras muitas vezes impedem a arte de atingir o seu pleno. Agradar a um público tão alargado e lucrativo como o norte-americano era mais importante do que dar aos sul-americanos um motivo de orgulho.

Filmado numa Colômbia genuína, todo o trabalho que está por trás é magnífico. Os cenários, o guarda-roupa e as interpretações são muito boas, contudo o envelhecimento não é sempre convincente e só o talento dos actores compensa as falhas da caracterização. Especialmente por Bardem, que já foi envelhecido em "Mar Adentro", sabemos que era possível fazer melhor. As infidelidades do argumento ao livro são como as de Florentino, por muitas que sejam sabemos que não foram com intenção. A adaptação para filme é mesmo assim um interessante trabalho e suficientemente apelativo para atrair novos leitores.

Título Original: "Love in the Time of Cholera" (EUA, 2007)
Realização: Mike Newell
Argumento: Ronald Harwood baseado no livro de Gabriel García Márquez
Intérpretes: Javier Bardem, e a italiana Giovanna Mezzogiorno, Benjamin Bratt, John Leguizamo, Laura Harring, Fernanda Montenegro, Hector Elizondo
Fotografia: Affonso Beato
Música: Antonio Pinto
Género: Drama, Romance
Duração: 139 min.
Sítio Oficial: http://www.loveinthetime.com/

18 de abril de 2008

A última conquista de Napoleão


Benjamin Ross vai realizar o filme "Napoleon and Betsy" baseado num argumento seu. A história narra a vida de Napoleão Bonaparte na ilha de Santa Helena para onde foi desterrado. Aí irá apaixonar-se por uma jovem inglesa também retida na ilha. A actriz/produtora Scarlett Johansson era para interpretar Betsy Balcombe, o interesse amoroso do famoso imperador, mas cedeu o lugar à britânica Emma Watson. Apesar do calendário recheado, Watson espera filmar este projecto ainda em 2008, em 2009 estará ocupada a fazer de Hermione Granger no último capítulo da saga Harry Potter. Johansson mantém-se no papel de produtora.

Curiosamente Al Pacino irá interpretar Napoleão noutra produção que narra a sua paixão no exílio pela filha do seu captor. Este segundo filme, "The Monster of Longwood", é inspirado no livro "Betsy and the Emperor" e ainda não tem datas definidas. Com argumentos e títulos tão parecidos não seria suficiente fazer um filme?

17 de abril de 2008

Vencedores Mestre Mateo 2007


Na noite de terça-feira foram entregues os prémios da Academia Galega do Audiovisual. O grande domínio de "O Neno de Barro" - nove prémios incluindo filme, actor, realizador e argumento - já era esperado. Um vencedor não tão previsível era o da curta-metragem de animação, secção ganha "A Flor Máis Grande do Mundo" - inspirada no conto homónimo de Saramago e onde o português faz a narração -

Uma entrevista com o realizador e o escritor pode ser vista no youtube.



Premiados da Academia Galega do Audiovisual - Prémios Mestre Mateo

Melhor longa-metragem

"O Neno de Barro" de Jorge Algora

Longa-metragem de animação

"Gritos en el Pasillo de Juan Mascaró

Programa de TV

"Historias de Galicia" de TVG

Série de TV

"Air Galicia" de Producións Zopilote; CTV

Melhor Documentário

"Historia dunha Parroquia" de Bren Entertainment S.A.

Obra experimental ou interactiva

"Cousas do Kulechov" de Susana Rey Crespo

Obra publicitária

"Vivamos como galegos" (Gadisa) de Congo Producciones Audiovisuales y Gráficas, S.L.

Curta-metragem de ficção

"Adeus Edrada?" de Rubén Riós

Curta-metragem de animação

"A Flor Máis Grande do Mundo" de Continental Producciones, S.L.

Direcção de Produção

María Liaño, por "Hotel Tívoli"

Direcção de fotografia

Suso Bello, por "O Neno de Barro"

Caracterização

Beata Wojtowicz, por "O Neno de Barro"

Guarda-roupa

Cecilia Monti, por "O Neno de Barro"

Direcção artística

Mariela Rípodas, por "O Neno de Barro"

Montagem

Guillermo Represa e Rodrigo Cortés, por "Concursante"

Som

Alfonso Couceiro e Víctor Seixo, por "A vida por diante"

Argumento

Jorge Algora, Christian Busquier e Héctor Carré, por "O Neno de barro"

Música original

Nani García, por "O Neno de Barro"

Realização

Jorge Algora, por "O Neno de Barro"

Realização para TV

Ricardo Llovo, por "Historias de Galicia"

Comunicador de TV

Xosé Barato, por "Historias de Galicia"

Actor principal

Chete Lera, por "O Neno de Barro"

Actriz Principal

María Bouzas, por "Unha muller invisible"

Actor Secundário

Luis Zahera, por "Concursante"

Actriz Secundária

Mabel Rivera, por "Hotel Tívoli"

Mudança de sentido na produção de séries

Quem navega na Internet costuma deparar-se com muitos anúncios a filmes e séries televisivas. A NBC está a inverter o rumo e brevemente a televisão exibirá anúncios a séries online. O objectivo é utilizar a Internet como veículo de difusão de séries. Já foram feitas algumas experiências, mas a adesão ainda não correspondeu às expectativas. Para cativar o público nda melhor que contratar uma estrela e a escolhida foi Rosario Dawson. A série entitula-se "Gemini Division" e narra as aventuras de uma polícia de Nova Iorque (Dawson) que descobre uma conspiração internacional para criar vida artificial. Serão lançados online cinquenta episódios de três minutos que futuramente chegarão à televisão como sete episódios de meia hora. Alguém percebe como é que a série vai ganhar uma hora tendo menos 43 genéricos?

Os primeiros oito episódios serão distribuídos online e pela antiquada televisão como parte da campanha. A partir daí deverão começar a ser vendidos. Uma estratégia semelhante será adoptada pela outra série do grupo Electric Farm "Woke Up Dead", uma comédia de zombies ainda sem nomes associados. A experiência já tinha sida feita pel mesma empresa com "Afterworld", uma série que foi exportada há pouco tempo para os outros mercados anglófonos.

No mercado europeu também há iniciativas semelhantes, como a série "Urban Legends" da produtora alemã Senator. Oito filmes de dois minutos e de vertente fantástica realizados por Christian Molina ("Rojo Sangue"). Apesar da enorme publicidade durante o festival de Sitges, este projecto parece ter estagnado.

Próximos projectos de Richard Gere

O actor de "Pretty Woman" e "Chicago" não parece abrandar com a idade. De momento está a terminar a rodagem de "Hachiko: A Dog's Story" onde interpreta um professor que se afeiçoa ao cão que levou para casa. O filme de Hallstrom também conta com a participação de Joan Allen.



Começará dentro de dias a participação em "Amelia", um épico inspirado na vida de Amelia Earhart que é provavelmente a mais famosa aviadora americana. Pioneira da aviação feminina, instrutora de voo e escritora de sucesso, a aventureira desapareceu em 1937 enquanto tentava fazer a circum-navegação do globo. Gere interpretará o marido de Amelia, o editor George Putnam. O papel feminino está nas mãos da oscarizada Hillary Swank e a realização nas de Mira Nair, a conceituada realizadora indiana.

Para o futuro já confirmou a participação em "Brooklyn's Finest" de Antoine Fuqua. O argumento segue três polícias totalmente diferentes que se encontram no mesmo local. Um deles arrisca a vida como infiltrado no mundo do narcotráfico, outro é corrupto e o terceiro é honesto e cumpridor. Os outros actores já confirmados são Helen Barkin, Don Cheadle e Ethan Hawke. Se Wesley Snipes não for preso (por fuga ao fisco) também se poderá juntar ao elenco.

Próximos comics no cinema


E assim se cria uma mina de ouro

Fiel à grandeza que caracteriza os seus trabalhos, Stan Lee anunciou as personagens para um novo projecto que é esperado funcionar como máquina de fazer dinheiro. "Legion of 5" é o nome da nova série de filmes de animação computadorizada. A banda desenhada não existia, mas já está a ser desenvolvida, assim como jogos e todo o merchandising habitual. Vindo de Lee já se sabe que é um sucesso assegurado e investidores não faltarão.
E como um projecto é pouco para ele, ainda tem três outros filmes a serem desenvolvidos para a Disney. Nada mau para quem já vai nos 85 anos.



Dreamworks adapta BDs da Platinum

A Dreamworks comprou os direitos para a adaptação da BD Atlantis Rising dos Platinum Studios. A publicação é composta por cinco livros, começou a ser vendida em Novembro e o último sairá no final deste mês. A história é um clássico humanos versus monstros. Só que estes monstros são os desaparecidos e evoluídos atlantes. Depois de décadas a receber com a poluição humana regressam à superfície para eliminar a origem do problema: a raça humana.
No ano passado já tinham comprado aos mesmos estúdios Cowboys and Aliens. Aqui a acção desenrola-se no final do século XIX. Enquanto os cowboys tentam conquistar o Oeste Selvagem, os aliens tentam conquistar todo o planeta.

16 de abril de 2008

E a próxima vítima é...


Um dos assassinos mais queridos do cinema é Jason. Quase trinta anos depois do célebre "Friday the 13th" o motivo de festejos é o 13º filme. Parece incrível mas com 10 filmes a solo (incluindo títulos enganadores como Final Chapter e Final Friday), um "Freddy vs Jason", e uma participação mais que provável na prequela de "Elm Street", eis que é finalmente anunciado o elenco para outro projecto.

Entre as vítimas da mais recente chacina estarão Jared Padalecki ("Cry_Wolf", "House of Wax", "Supernatural"), Danielle Panabaker ("Sky High", "Mr. Brooks"), Aaron Yoo ("21", "Disturbia") e garantidamente muitos outros. Na pele do assassino raramente se repete actores (Kane Hodder foi o único que conseguiu) e desta vez será interpretado por Derek Mears. O realizador é Marcus Nispel que fez o remake de "Texas Chainsaw Massacre" e um dos títulos fortes de terror para este verão "Alice". O argumento é da dupla Damian Shannon/Mark Swift que nos trouxe "Freddy vs. Jason".

A estreia está agendada para sexta-feira 13... de Fevereiro de 2009.

"Penelope" por Nuno Reis

Conto de fadas intemporal


Como converter o antiquado "Princesa enfeitiçada procura príncipe encantado que quebre a maldição" numa história dos nossos dias.
Há muitos anos a nobre família Wilhern foi amaldiçoada. Na mesma linha de "príncipe com orelhas de burro" as suas filhas iriam nascer com focinho de porco até que fossem amadas por um semelhante. Com o passar dos anos, e a ausência de crianças de sexo feminino, a maldição foi considerada uma brincadeira de mau gosto. Mas um dia nasceu Penelope. A primeira menina da família em várias gerações era também a primeira pessoa com focinho de porco. Desejosos de esconder esse monstro, os pais simularam a sua morte e, protegidos por uma agência matrimonial com uma forte cláusula de silêncio, começaram a procurar-lhe noivo. Agora Penelope é uma jovem com cerca de vinte e cinco anos que perdeu as esperanças de encontrar um amor. Todos os homens que lhe apresentam saltam pela janela quando vêem o seu indelicado nariz.
Ao medo dos pais alia-se a sede de escândalos da sociedade. Especialmente de Lemon, o jornalista anão cegado pela senhora Wilhern quando fotografava a pequena Penelope. Presa num mundo em que tudo é uma mentira, Penelope foge de casa para o desconhecido. A educação caseira de Penelope preparou-a para o mundo, mas nada compensa a falta de experiência em situações reais. Se as muitas incongruências escandalosas forem ignoradas o filme até consegue ter alguma piada. Pensando minimamente sobre algo que esteja a acontecer tudo deixa de fazer sentido. Por ser comédia isso perdoa-se.

É uma crítica à sede de informação sobre a vida alheia e sobre o descaramento dos paparazzi para darem essa informação. A sociedade é vista como um pêndulo que tanto pode dar um empurrão como esmagar. Uma princesa cativante, um príncipe misterioso, muitos aliados simpáticos e inimigos cómicos. Perdido entre a tragédia de amor e a comédia sentimental, peca por ter demasiadas cenas previsíveis e por nunca chegar a prender o público. O desempenho do casal interpretado por Ricci e McAvoy cumpre as expectativas, mas é já quase no final, com a entrada em cena de Witherspoon, que o filme ganha um mínimo de fulgor. Talvez como produtora tenha percebido que o rumo teria de ser diferente. Mas essa ligeira mudança não basta para salvar o filme.
Termina de forma ridiculamente óbvia, em que tudo aquilo previsto se confirma. Com mais alguns minutos nas ocasiões certas poderia ter ficado um trabalho invulgar e interessaste.




Título Original: "Penelope" (EUA, Reino Unido, 2006)
Realização: Mark Palansky
Argumento: Leslie Caveny
Intérpretes: Christina Ricci, James McAvoy, Catherine O'Hara, Reese Witherspoon
Fotografia: Michel Amathieu
Música: Joby Talbot
Género: Comédia, Fantasia, Romance
Duração: 104 min.
Sítio Oficial: http://www.penelopethemovie.com/

Serviço Público - 8 ½ Festa do Cinema Italiano

8 ½ FESTA DO CINEMA ITALIANO
5 A 11 DE JUNHO DE 2008
CINEMA KING
LISBOA




Apresentar obras do novo cinema italiano de autor, reconhecidas pelo crítica e pelo público, e que foram exibidas em outros festivais de cinema. Este é o objectivo a que se propõe a primeira edição da mostra de cinema 8 ½ Festa do Cinema Italiano, que decorrerá no cinema King, em Lisboa, de 5 a 11 de Junho.
Organizada pela recentemente criada Associação Cultural Il Sorpasso, esta mostra dará ao público português a oportunidade de ver filmes de jovens realizadores italianos, ainda pouco conhecidos em Portugal, a par de nomes internacionalmente consagrados. Com o objectivo de contribuir para o fortalecimento das relações culturais já existentes entre Portugal e Itália, a Il Sorpasso organiza a primeira Festa do Cinema Italiano em parceria com a Embaixada de Itália, o Instituto Italiano de Cultura e a Filmitalia.
A par da exibição de uma dezena de filmes, a 8 ½ Festa do Cinema Italiano contará com a participação de convidados nacionais e italianos e, também, com diversas actividades paralelas. A destacar desde já a exibição de “Una Ballata Bianca”, de Stefano Odoardi e “Tutta la Vita Davanti”, de Paolo Virzì, que contará com a presença do realizador.

Mais informações, press@festadocinemaitaliano.com ou www.festadocinemaitaliano.com.


Pedro Bandeira Freire (1939 - 2008)


Morreu hoje Pedro Bandeira Freire, escritor, letrista, jornalista e cinéfilo, um homem que conheci há muitos anos, no Fantasporto, festival que frequentava quase desde o seu início, tendo sido inclusive júri. Fundador do Cinema Quarteto, em Lisboa, faz agora um mês que Bandeira Freire entregou as chaves da conhecida sala, depois do encerramento pela Inspecção-Geral das Actividades Culturais, por falhas de segurança.

Um dia triste para a cultura em Portugal, o autor terá falecido «em mágoa pelo destino do Quarteto», nas palavras de Maria João Seixas. Para mais informações: I, II, III, IV, V e VI (de onde tiramos abusivamente a imagem).


"Donkey Xote" por Nuno Reis


Shrek made in Galiza

Qualquer semelhança entre Rucio e Donkey não é coincidência. O poster diz descaradamente que é um filme dos produtores que viram "Shrek". Esta produção galega pretende contar o que se passou com Don Quixote depois da sua épica aventura. Regressado a casa com o seu famoso corcel Rocinante e o seu eterno companheiro Sancho, Quixote é ainda um homem perturbado por Dulcineia, o seu único amor e a donzela que nunca viu. Até que um dia recebe um desafio. Para saber onde esta e quem é a sua amada terá de competir num torneio em Barcelona contra o Cavaleiro da Meia Lua. Caso perca terá de renunciar ao amor de Dulcineia e para complicar ainda mais essa viagem, o misterioso Sinistro está a tentar destruí-lo. Outros problemas que enfrenta são as centenas de cavaleiros que se afirmam como o único Quixote, Sancho ter arranjado um novo cargo, Rocinante querer a reforma e Dulcineia não corresponder à mulher com que sempre sonhou. A única ajuda com que pode contar é o burro Rucio e o frango James Gallo. O galináceo é uma personagem secundária sem juízo que pode ser ignorada quase todo o filme. O burro tem o protagonismo e a responsabilidade de levar o cavaleiro e o filme a bom porto.

Os nomes de Don Quixote e Sancho Pança já fazem parte da cultura popular, mas o livro que narra os seus feitos não tem a fama merecida. Esta segunda obra de Jose Pozo ("El Cid") tem por missão despertar o interesse pela obra máxima da literatura espanhola. O argumento tem alguns bons momentos, as personagens secundárias por vezes são engraçadas e a animação está ao nível habitual das produções espanholas. A parte mais confusa é o burro contratado à Dreamworks. Mais depressa se aceita isto como um spin-off do filme americano do que como um produto independente.
Se for considerado como o conto infantil que pretende ser cumpre a sua missão. É um filme bastante colorido, animado e divertido. Exigindo mais do que isso "Donkey Xote" falhará.


Título Original: "Donkey Xote" (Espanha, itália, 2007)
Realização: Jose Pozo
Argumento: Angel E. Pariente, inspirado em Miguel de Cervantes
Intérpretes (vozes): Jordi González, Luis Posada, José Luis Gil, Andreu Buenafuente, David Fernández e Sonia Ferrer
Música: Andrea Guerra
Género: Animação, Comédia
Duração: 90 min.
Sítio Oficial: http://www.donkeyxote.com/