"Épouse-Moi Mon Pote" por Nuno Reis
O cinema francês tem vindo a aumentar o número de filmes enviados para cá. No entanto, em termos de género, continua a apostar fortemente nas comédias. Este ano não foi excepção e começou logo com "Épouse-Moi Mon Pote".
O filme tem dois temas da moda. O primeiro é a integração de imigrantes de países árabes. O marroquino Yassine chega a França para estudar arquitectura. Apaixona-se pela colega Claire e tudo parece correr bem. Uma distracção coloca tudo isso em risco e ele torna-se um ilegal a viver na clandestinidade. Segundo tema, casamentos homossexuais. Para se legalizar, Yassine tema ideia louca: casar com o melhor amigo Fred. Quem não acha piada a isso é Lisa que espera um pedido de noivado de Fred e não o quer ver casado com ninguém mais, nem a fingir. Tudo piora quando Yassine precisa de uma esposa e Lisa é a única mulher por perto. E claro que Claire tinha de voltar a aparecer na vida dele nesse preciso momento.
Entre tantas comédias românticas, o realizador estreante Tarek Boudali sabia que se tinha de distinguir. "Épouse-Moi Mon Pote" é um filme descontraído desde o início. Não apostou em estrelas do cinema. Ele próprio é o protagonista. O seu co-protagonista é Philippe Lacheau também um actor tornado realizador a dar os primeiros passos, que utilizou Boudali, Charlotte Gabris e vários outros em alguns filmes. "Babysitting" será o mais conhecido e estreou entre nós em 2015. São um grupo de amigos a fazerem um filme por gosto. A eles juntou-se Andy Raconte, uma celebridade de reality shows e youtuber. Por incrível que pareça este quarteto (e outros que se juntam a eles) conseguem manter o filme profissional e divertido. A forma estouvada como lidam com os estereótipos e a quebra deles como se fossem um tema recorrente, é uma necessária lufada de ar fresco. As caricaturas podem ser exageradas, mas funcionam. A política dos paninhos quentes não funciona. Sim, os árabes estão na Europa. Sim, fazem parte da sociedade. Sim, há homossexuais que se casam. Sim, há casamentos falsos tanto entre pessoas do mesmo sexo como de sexos diferentes. E este é o século XXI. Banalizou-se tudo e há críticas mal fundamentadas a tudo, porque não brincar com o que deve ser falado?
É um filme feito com poucos recursos, mas profissional. O argumento recorre a gags habituais, mas dá uma nova visão ao conjunto. Os actores cumprem o que se esperava de comediantes profissionais, ficando a externa Andy com o papel mais sério. Foi um risco, que funcionou e talvez tenha melhorado os números de bilheteira no território francês. Os cenários foram escolhidos para serem típicos sem serem amadores. As músicas revelam uma influência anglófona que os franceses não gostam de admitir. Essa originalidade fica bem e acaba por ser o elemento mais estranho do combinado. Não é um filme memorável no seu todo, mas passa a sua mensagem. Será daqueles títulos a rever várias vezes na televisão. Isso se algum canal se distrair e o aceitar na sua programação.
Título Original: "Épouse-Moi Mon Pote" (França, 2017) Realização: Tarek Boudali Argumento: Tarek Boudali, Nadia Lakhdar, Pierre Dudan, Khaled Amara Intérpretes: Tarek Boudali, Philippe Lacheau, Charlotte Gabris, Andy Raconte, David Marsais, Julien Arruti, Baya Belal, Philippe Duquesne Música: Maxime Desprez, Michaël Tordjman Fotografia: Antoine Marteau Género: Comédia, Romance Duração: 92 min. Sítio Oficial: https://www.facebook.com/EpouseMoiMonPote/ |