28 de junho de 2007

"Die Hard 4.0" por Nuno Reis

Já quase vinte anos se passaram desde que a saga Die Hard estreou. Na altura foi um projecto arrojado, com muita acção como era costume. Entretanto Bruce Willis foi fazendo vários projectos mais ligeiros, alternados com aqueles em que tinha de saltar, lutar, disparar e ser duro de matar. A idade não parece pesar no velho lutador, nos últimos anos excedeu-se e este quarto Die Hard é o melhor exemplo disso. Se Schwarzenegger e Stallone aos cinquenta anos voltaram aos papeis que os eternizaram porque não iria Willis voltar a ser McClane?

A aventura começa quando a divisão de ciber-segurança do FBI é atacada. Eles decidem chamar todos os hackers do país capazes de fazer isso para descobrirem o que se passou. O escolhido para levar Matt Farrell de New Jersey para Washington foi, tal como em "16 Blocks", a personagem de Bruce Willis quando ia começar a viagem para casa. Se não lhe chamassem John McClane, faziam o filme na mesma, mas ninguém acreditaria que algum polícia, mesmo sendo intepretado por Willis, conseguisse fazer tudo aquilo. Tinha de ser McClane, tinha de salvar o país, tinha de dizer Yippie-ki-yay. Será que um cinquentão consegue fazer tudo isso? Até conseguiria se não estivesse a lutar contra os mais perigosos criminosos de sempre, os informáticos. Atacam remotamente, velozmente, desaparecem sem deixar rasto. Apenas os da sua espécie os conseguem localizar. Por isso é que o herói não vai dispensar uma mãozinha do seu protegido para enfrentar o crime e provar que ainda é o melhor. Não é que ele queira, mas não existe mais ninguém.

O argumento tem imprecisões, o sistema informático americano pode ter algumas falhas mas nada tão perigoso como o apresentado aqui. É uma obra de ficção e tinha de ser facilitado tanto o golpe como a sua descoberta por isso alguns exageros são perdoados. Os mercenários são uma das manchas do filme, a sua elasticidade sobre-humana e resistência quase superior à do herói eram desnecessárias, o realizador ainda devia estar a pensar no filme anterior.
Dezenas de explosões, centenas de veículos destruídos - carros, camiões, helicópteros e aviões, nada que tivesse motor escapou – milhares de tiros e uma dúzia de lutas corpo-a-corpo completam o quadro. Especialmente nos últimos três quartos de hora o humor tem um papel fundamental por manter os espectadores presos mais de duas horas. O grande herói Bruce Willis sai ainda mais ovacionado pelos fãs dos seus filmes de acção e o ainda pouco conhecido Justin Long consegue um novo empurrão na sua escalada para a fama. Mary Elizabeth Winstead teve a sorte de conseguir o papel de Lucy McClane e apesar de só estar meia hora no filme é uma das personagens preferidas. Mark Bomback e David Marconi, argumentistas do episódio, estão de parabéns pelo papel que lhe deram. Entre os secundários destaco Kevin Smith, o realizador/actor tem estado presente em filmes regularmente e encaixou às mil maravilhas na personagem.

O resto do filme é apenas um blockbuster de acção, mas até isso é perdoado quando o lado cómico se acentua. Por enquanto é o melhor blockbuster do verão. Nada mau para um realizador e dois argumentistas curiosamente todos na sua terceira experiència cinrematográfica em funções.






Título Original: "Live Free or Die Hard" (EUA, 2007)
Realização: Len Wiseman
Argumento: Mark Bomback e David Marconi
Intérpretes: Bruce Willis, Timothy Olyphant, Justin Long, Mary Elizabeth Winstead, Maggie Q
Fotografia: Simon Duggan
Música: Marco Beltrami
Género: Acção / Thriller
Duração: 130 min.
Sítio Oficial: http://www.livefreeordiehard.com/

26 de junho de 2007

"Ocean's Thirteen" por Nuno Reis


Depois do Aranha, dos Piratas e do Shrek, chega a vez de estrear o terceiro - e actualmente último - episódio da saga de Ocean's. O primeiro roubo era pelo dinheiro e pela miúda, o segundo foi pelo prestígio e pela miúda, o terceiro será pela amizade e as miúdas não entram. Nesta terceira história do bando de ladrões mais estimado do cinema, o inimigo volta a ser um casino de Las Vegas. Reuben sofre um ataque cardíaco ao ser vigarizado pelo novo homem forte dos casinos, William Bank. Como uma afronta feita a um é feita aos onze, Danny volta a reunir a equipa e irão atacar Bank onde mais dói: o seu novo casino. Este gangue irá necessitar de todo o dinheiro que roubaram, de todos os amigos que fizeram, de todos os truques que aprenderam e de todos os aliados que possam aparecer. Bank não é fácil de enganar e apenas o factor surpresa lhes dá alguma hipótese de vencer. Infelizmente o casino alvo tem um sistema de vigilância tão sofisticado que nenhum deles poderá ganhar nem um cêntimo.

O assalto em si é muito dentro do estilo do primeiro filme e o esforço por não repetir truques, apesar de ser frisado pelas personagens, torna-se um pouco forçado. O argumento está um pouco pobre, a banda sonora não se destaca e, exceptuando o casino, não é um filme visualmente deslumbrante. Tem um humor mais frequente, mas menos sagaz. Apesar de ser mais longo que o anterior parece curto pois roubaram tempo de ecrã às personagens auxiliares. O momento nostálgico em que Clooney e Pitt recordam os grandes casinos de Vegas é o melhor do filme. Entre os momentos cinematográficos roubados destaco o encontro de Al Pacino e Andy Garcia, dois inesquecíveis irmãos Corleone, com o filho de James Caan. Também dessa saga foram utilizadas umas frases.

O filme muitas vezes envereda por detalhes desnecessários, quase "private jokes", que se não fossem os milhares de fãs informados e atentos não seriam percebidos. A saga está a passar de cinema de autor para cinema para o autor, já não é mais do que uma grande brincadeira para todos eles. De todas as referências a detalhes da vida pessoal e de trabalhos anteriores, a mais facilmente compreendida - e a única que realmente tem valor - é a homenagem ao Danny Ocean original. Dizem que existe um código de honra entre aqueles que apertaram a mão a Frank Sinatra. A explicação é que quem anda em Vegas há tanto tempo que tenha convivido com Sinatra tem valor moral. Não me interessa se o fazem por questões morais ou por respeito ao falecido, mas como homenagem ao velho Olhos Azuis deveriam acabar a saga antes de destruirem a magnífica imagem causada pelos Eleven.






Título Original: "Ocean's Thirteen" (EUA, 2007)
Realização: Steven Soderbergh
Argumento: Brian Koppelman, David Levien
Intérpretes: George Clooney, Brad Pitt, Al Pacino, Don Cheadle, Bernie Mac, Alan Garcia
Música: David Holmes
Fotografia:Steven Soderbergh
Género: Comédia, Crime
Duração: 122 min.
Sítio Oficial: http://www.oceans13.com/

25 de junho de 2007

Passatempo antestreia do filme "É Coisa de Rapaz ou Rapariga?"



É Coisa de Rapaz ou Rapariga? É uma comédia romântica sobre dois vizinhos de porta que vivem em mundos distantes.


Woody Deane (Kevin Zegers, Transamerica) e Nell Bedworth (Samaire Armstromg, The OC – Na Terra dos Ricos). São eternos inimigos que acordam um dia num lugar muito estranho: no corpo do outro. Através da troca de identidades, cada um prepara-se para destruir a reputação universitária do outro. Quando começam a ser bem sucedidos, vão conseguir mais do que alguma vez tinham ambicionado.


Ás vezes apaixonarmo-nos pode ser uma verdadeira experiência fora do corpo…


É Coisa de Rapaz ou Rapariga? é de um brilhante prazer graças aos seus talentosos actores…
Anna Wood, Sight & Sound


Hilariante!
Bliss Magazine


NOS CINEMAS A 5 DE JULHO






O Antestreia e a Lusomundo têm para oferecer convites para a antestreia do filme "É Coisa de Rapaz ou Rapariga". Para tal, tem que responder correctamente à questão que colocamos aqui em baixo.


A banda sonora deste filme é composta por Elton John, já galardoado com um Óscar. Por que filme?

Se for um dos vencedores, poderá ver este filme em:


Lisboa: Colombo
Antestreia: Dia 03 de Julho (Terça-feira), às 21h30, 5 convites duplos

Lisboa: Vasco da Gama
Antestreia: Dia 03 de Julho (Terça-feira), às 21h30, 5 convites duplos



Atenção: A recepção de respostas para este passatempo termina no dia 02/07, às 23h59. Não se esqueçam de colocar o nome completo na vossa resposta ou a participação não será validada, enviando-a para antestreia_blog@hotmail.com, indicando ainda a preferência quanto à sala de cinema.


Para levantar o seu convite, deverá apresentar-se com o seu BI ou outro documento identificativo (não serão aceites fotocópias) junto das bilheteiras do cinema, a partir das 17h00 do dia do filme.

Os vencedores serão contactados por email.


Passatempo antestreia do filme "A Rapariga Morta" - vencedores



Já foram apurados os vencedores do Passatempo Antestreia / Lusomundo - "A Rapariga Morta". À pergunta "A actriz Toni Collette já foi nomeada para um Óscar. Em que filme?", 10 leitores responderam acertadamente, indicando o filme "Sixth Sense". Aqui ficam os nomes dos felizes contemplados:

Porto:

Marta Ferreira
Bruno Coelho
Lisete Macedo
Vera Mouta
Márcia Oliveira

Lisboa:

Ricardo Martins
Jorge Dias
Sónia Almeida
Glória Costa
Alexandre Geada


Parabéns aos vencedores, e continuem atentos, pois mais passatempos vão aparecer no blogue do costume!


18 de junho de 2007

Passatempo antestreia do filme "A Rapariga Morta"



A RAPARIGA MORTA, o novo filme da aclamada escritora/realizadora (Blue Car) é um conjunto de cinco histórias sobre pessoas sem aparentemente qualquer relação, cujas vidas convergem à volta de um homicídio de uma jovem rapariga.

“A Estranha” é sobre a mulher (Toni Collette) que encontra o corpo. A publicidade gerada sobre esta descoberta faz com que ela se consiga afastar do controlo da sua abusiva mãe (Piper Laurie) e criar uma ligação inesperada com o misterioso Rudy (Giovanni Ribisi).

“A Irmã” uma estudante universitária forense (Rose Byrne), está divida entre a pressão da mãe (Mary Steenburgen) em agarrar-se à esperança do regresso da irmã raptada e a vontade de seguir em frente com a sua vida. Ao examinar a rapariga
morta, convence-se que encontrou o corpo da irmã desaparecida, livrando-se finalmente deste fardo.

“A Mulher” (Mary Beth Hurt) está presa numa relação amor/ódio com o marido (Nick Searcy). Uma descoberta terrível sobre a ligação dele com o homicídio da rapariga força-a a confrontar-se com o que pensava que sabia sobre ele – e sobre si própria.

“A Mãe” (Marcia Gay Harden) procura respostas sobre a vida da sua filha fugitiva e é confrontada com uma série de revelações que mudarão o rumo da sua própria vida. Ela recebe ajuda nesta busca através de uma rapariga perturbada – “The Prostitute” (Kerry Washington) que vivia com a sua filha.


“A Rapariga Morta” (Brittany Murphy) é um vulcão: energética, volátil, auto-destrutiva e explosiva com ataques de fúria incontroláveis. Também tem um lado muito inocente e infantil. Ela sonha em melhorar a sua vida e tornar-se numa boa mãe para a filha.

Os personagens de “A RAPARIGA MORTA” estão relacionados não só pelas suas ligações a um homicídio brutal mas também pelos dissabores que enfrentaram nas suas vidas. O filme examina minuciosamente as suas próprias dificuldades em vencer ou render-se aos seus infortúnios. Como em BLUE CAR, Moncrieff cria retratos multidimensionais de mulheres enquanto oscilam emocionalmente numa confusão de desejos contraditórios e receios.

Esplendidamente representado, elegantemente escrito…
Atalanta Journal-Constitution


…perturbante e cativante…
Entertainment Weekly


NOS CINEMAS A 28 DE JUNHO






O Antestreia e a Lusomundo têm para oferecer convites para a antestreia do filme "A Rapariga Morta". Para tal, tem que responder correctamente à questão que colocamos aqui em baixo.


A actriz Toni Collette já foi nomeada para um Óscar. Em que filme?

Se for um dos vencedores, poderá ver este filme em:


Lisboa: Colombo
Antestreia: Dia 27 de Junho (Quarta-feira), às 21h30, 5 convites duplos

Porto: Parque Nascente Gondomar
Antestreia: Dia 27 de Junho (Quarta-feira), às 21h30, 5 convites duplos



Atenção: A recepção de respostas para este passatempo termina no dia 25/06, às 23h55. Não se esqueçam de colocar o nome completo na vossa resposta ou a participação não será validada, enviando-a para antestreia_blog@hotmail.com.


Para levantar o seu convite, deverá apresentar-se com o seu BI ou outro documento identificativo (não serão aceites fotocópias) junto das bilheteiras do cinema, a partir das 17h00 do dia do filme.

Os vencedores serão contactados por email.


15 de junho de 2007

Um Rio que podia ir de La Féria(s)

A polémica da privatização do Teatro Municipal Rivoli, na cidade do Porto, é sobejamente conhecida por todos. O edil decidiu entregar, através de um "concurso" público, a gestão da emblemática sala portuense ao produtor e encenador Filipe La Féria, o que levou a que um grupo de pessoas, ligadas ao mundo do teatro e do cinema, partissem para a ocupação desse espaço, barrando-se durante cerca de 3 dias no seu interior.
Sou completamente contra a privatização do Rivoli. Entre outros argumentos utilizados por aqueles que a defendem, está o facto de ser um encargo económico. Pois é, mas que tem de ser suportado pela autarquia. Por outro lado, este encargo aumentou significativamente (segundo números divulgados pelo diário Público à uns meses atrás) com a criação da Culturporto, entidade que geria o Rivoli (até a edilidade escorraçar os seus trabalhadores), e que foi exterminada para dar lugar a uma de gestão, até vir Filipe La Féria. Ora, em vez de alterar a estrutura desta entidade, entrega-se a privados e acaba o problema - se o braço tem uma ferida, não se trata, corta-se fora.
O encenador decidiu criar uma nova empresa para gerir o espaço - pois alegadas dívidas no valor de 25 mil euros impediriam que a Bastidores tomasse conta deste projecto (algo que veio a ser desmentido, pelo facto de, alegadamente, La Féria não ser sócio daquela empresa. Numa das primeira entrevistas que deu sobre o assunto, referiu o Águia D'Ouro como um exemplo de gestão privada no Porto cultural - o Águia D'Ouro tem menos vida do que o Cemitério do Prado do Repouso, até por estar encerrado à umas dezenas de anos. "Intrigante" - pensei eu, ao assitir à cavalgada do D. Sebastião cultural que, ao invés de se locomover num cavalo, com vestes de guerreiro, vinha de smoking e de carro de alta cilindrada - "aqui temos um homem que não entende patavina da cidade do Porto. Bela "escolha" para o Rivoli".
Ontem, foi a inauguração do seu primeiro espectáculo, "Jesus Cristo Superstar", e com pompa e circunstância. Uma grande tenda foi montada em plena Praça D. João I, a qual tinha a tradicional passadeira vermelha que conduzia os convidados para o interior do teatro. Vista de cima, era alongada e com uns 4 metros de altura, transparente, que desde o início da tarde fazia adivinhar, pela disposição das mesas, um repasto leve, com bebidas etílicas para permitir discursos mais fluentes e ousados. Ao longo da praça, curiosos, mas essencialmente manifestantes, juntaram-se, unindo a Rua de Sá da Bandeira aos devolutos prédios contíguos aos Bombeiros Voluntários do Porto, para assistir ao que se passava. Os manifestantes, acenavam "R"'s de revolta, Rivoli ou "Rivolição", demonstrando o seu desagrado. Os curiosos, viam um grupo largo de pessoas, profissionais de festas e de convívios, muitos deles com formação em comentar a vida dos outros, os que estão nas festas e nos convívios - uma espécie de redoma onde só os predestinados (ou endinheirados) entram.
Os convidados, que noutras circunstâncias (talvez a lembrar o Kodak Theatre) se deslocariam em passo leve e animado, deixando-se cegar pelas objectivas que desenfreadamente disparariam chapas a alta velocidade, tiveram de se mover em ritmo de corrida - os manifestantes assobiavam e apupavam o edil e o encenador, de forma frenética, como se de uma catarse se tratasse. O que seria glamour e socialite, transformou-se numa fuga - olhares preocupados e envergonhados povoavam esta mole humana que decidiu deslocar-se ao Porto para comer e beber. O presidente, qual coleccionador, mostra-se orgulhoso pela manif (o seu gabinete nos Paços do Concelho terá concerteza as paredes rasgadas pelos tradicionais 4 traços verticais com um que se sobrepõe horizontalmente, de modo a não perder a conta - não vá dar direito a um qualquer prémio. Com um olhar desconfiado, espreita os fotógrafos e as câmaras, que dão agora mais atenção aos protestos do que aos vestido. Franze o sobrolho, pensando certamente no que faria no dia seguinte para se vingar - "talvez, logo de manhã, mando pôr uma pool no site da Câmara para ver quem é que as pessoas gostaram menos - se dos manifestantes, se dos intelectuais que se opuseram ou se de ambos". Sorri, animado pela convicção de que será mais uma maioria absoluta, agora para a resposta c). O encenador, por seu lado, não vai de modas. Com aquele timbre de voz, que faz adivinhar longas horas de gritaria para com os seus actores, reitera o aviso feito na véspera - ou as "gentes" do Porto acodem em bandos ao espectáculo, ou não fica com o Rivoli. Engraçado. E eu que pensava que era ao contrário.

"Shrek the Third" por António Reis


Ainda com graça mas à beira do esgotamento

O efeito "Shrek" é demasiado bom para ser desperdiçado. As receitas previsíveis são demasiado tentadoras para não se ser tentado a explorar o filão. Mas se a tentação é grande, o risco é igualmente alto. Basicamente “Shrek 3” é um entretenimento eficaz e expedito, tecnicamente bom mas longe de ser perfeito, mas que deixa insatisfeito o espectador mais exigente. Porque 5 argumentistas pagos a peso de ouro não são capazes de alinhavar um argumento consistente e inteligente, não foram suficientemente ousados para inovar nos gags, foram razoavelmente preguiçosos na própria banda sonora (que costumava ser um dos pontos fortes), hesita no público alvo a atingir, balançando entre o juvenil e o adolescente. E o que é mais preocupante é que esta tendência de declínio se vem acentuando a cada novo episódio.
"Shrek 3" tem um tom bem mais dark que os seus precedentes e utiliza a velha táctica de à falta de melhores argumentos recorrer a toda a artilharia disponível. Todos os velhos heróis da banda desenhada são convocados para esta batalha ( de Rapunzel ao Capitão Gancho, de Lancelot a Merlin, sem esquecer Cinderela e Branca de Neve). Esta síntese - que Jean Claude Sussfeld já tinha feito décadas atrás com "Elle voit des nains partout" em imagem real – mantém o espectador entretido para destrinçar tanta informação, mas não augura nada de bom.
São 92 penosos minutos de ideias feitas e recicladas – desde a angústia de um Shrek à beira de ser pai a um pequeno Artur que quer ser rei –que tornam este filme uma Disneyland digital, um Parque Aventura não interactivo.
Vai ser um sucesso de bilheteira, mas para a história do cinema não avança nem atrasa. A decisão do ogre de se retirar para o pântano e viver porcamente feliz para sempre é acertada. Vamos ver se a Dreamworks percebe a deixa.






Título Original: "Shrek The Third" (EUA, 2007)
Realização: Chris Miller, Raman Hui
Argumento: Andrew Adamson, Howard Gould, Jeffrey Price, Peter S. Seaman, William Steig, J. David Stem, David N. Weiss, Jon Zack
Intérpretes: Mike Myers, Eddie Murphy, Cameron Diaz, Antonio Banderas, Julie Andrews, John Cleese, Rupert Everett, Eric Idle e Justin Timberlake
Música: Harry Gregson-Williams
Género: Animação/Aventura/Comédia/Fantasia
Duração: 92 min.
Sítio Oficial: http://www.shrekthethird.com/

7 de junho de 2007

"Pirates of the Caribbean: At World's End" por Nuno Reis





Em 2003 a Disney fez um filme inspirado numa das suas diversões. Aquilo que parecia um acto de desespero para remediar a falta de imaginação, foi um blockbuster nomeado para cinco Óscares e, quatro anos depois, a saga vai em três filmes e sempre a facturar.

Em Maio foi a vez do terceiro filme. Desta vez Elizabeth, Will e Barbossa vão à Ásia (e ao fim do mundo) para resgatar Jack da condenação eterna e levá-lo ao conclave dos piratas. Esta irmandade dos nove foi formada há muitos anos e apenas se reúne em tempos de crise. E desta vez a crise pode ser maior do que todos eles pois, como se viu no filme anterior, Lord Beckett recrutou Davy Jones e tem por objectivo o domínio completo dos mares. A última esperança dos piratas é que juntos consigam enfrentar e derrotar a armada. Mas, tal como Jack disse no primeiro filme, se há algo em que podes confiar é que um pirata desonesto será sempre desonesto e isso é especialmente visível entre Jack, Barbossa, Will, Sao Feng e Elizabeth. As cinco pessoas que poderiam fazer algo pelo sucesso da missão vão dedicar as suas energias a trair os restantes por algum motivo pessoal.

O que podemos esperar de novo em mais um episódio do mesmo? Todas as criaturas monstruosas já fora libertadas, mataram uma personagem central, apenas uma evolução dos heróis podia trazer algo de diferente a uma saga que parecia esgotada. O primeiro episódio foi um género de cinema de acção diferente, recuperou os desaparecidos filmes de piratas e revitalizou o cinema fantástico comercial. No segundo episódio o argumento foi mais fraco, já não trazia nada de novo e portanto usou e abusou das criaturas monstruosas e das maldições. A história ficou propositadamente mal contada para cativar espectadores para mais um capítulo. E chegou agora a vez desse terceiro capítulo…
É bastante superior ao filme anterior (o que não é difícil) e todos os fãs do primeiro filme gostarão deste. Aqueles que ficaram indiferentes aos outros dois filmes, não acharão este terceiro merecedor da deslocação. O argumento está ainda mais repleto de acção e apesar de ter quase três horas o tom divertido faz com que passe muito bem. Deixam a história frouxamente fechada, mas quem ficar até ao final do genérico pode ver ainda mais uma cena que tanto pode ser interpretada como um final mais feliz da saga como um ponto de partida para novas aventuras.






Título Original: "Pirate of the Caribbean: At World's End" (EUA, 2007)
Realização: Gore Verbinski
Argumento: Ted Elliott e Terry Rossio
Intérpretes: Johnny Depp, Geoffrey Rush, Orlando Bloom, Keira Knightley, Bill Nighy, Stellan Skarsgård
Fotografia: Dariusz Wolski
Música: Hans Zimmer
Género: Acção/Aventura/Comédia/Fantasia
Duração: 168 min.
Sítio Oficial: http://disney.go.com/disneypictures/pirates/atworldsend/

6 de junho de 2007

Dia-D e o fotograma

Celebra-se hoje o 63º aniversário do desembarque da Normandia, célebre operação que marcou o início do fim da Segunda Guerra Mundial, e o princípio do declínio das forças nazis. Foi, até hoje, a maior operação marítima da história, envolvendo mais de três milhões de soldados, que atravessaram o canal da Mancha para combaterem na Normandia, na França ocupada. Este fantástico marco histórico foi adaptado para o grande ecrã por vários realizadores, quer em filmes, quer em séries de TV e que o Antestreia, para festejar a efeméride, relembra, até como sugestão para este feriado que se avizinha.


"WHERE EAGLES DARE" - 1968

Uma intensa película pela mão de Brian G. Hutton, onde se uniram no mesmo palco Clint Eastwood e Richard Burton, em duas interpretações memoráveis.


"SAVING PRIVATE RYAN" - 1998

A mais dura adaptação do momento do desembarque alguma vez feita. Pela mão de Steven Spielberg, assistimos a um grupo de homens que arriscam a vida para resgatar um soldado que é forçado a regressar a casa. Ficará, concerteza, na memória de todos, o a luta pela sobrevivência nas águas da Normandia.



"THE LONGEST DAY" - 1962

O (in)suspeito Paul Anka lidera o elenco e as tropas (com Sean Connery e, novamente, Richard Burton) em plena década de 40. Vencedor de 2 Óscares (Melhor Fotografia e Melhores Efeitos Especiais), são 3 horas de pura acção a ver o quanto antes.


"BAND OF BROTHERS" - 2001

Uma mini-série a todos os títulos genial. Produzida por Steven Spielberg (um confesso fã desta época histórica), assistimos à história da Easy Company, da Divisão Aérea, e da sua missão de preparar o Dia-D, bem como a luta até ao suspiro final nazi. É notável, nas interpretações, na direcção de actores, bem como nos efeitos especiais e nos cenários, e que coloco no meu top dentro do género. Imperdível.

5 de junho de 2007

"Paris Combo"


Mais uma banda nesta rubrica Banda Sonora Antestreia, agora com os franceses Paris Combo, uma banda de world music, que se adequa (muito por causa da sua frescura e leveza) a este início de Verão que se anuncia.
Nascidos em 1995, esta banda tem influências da "chanson francesa, jazz, swing e ritmos do norte de África", muito culpa dos elementos multiculturais que a compõem: Belle du Berry, a vocalista, é uma francesa com ares de Amelie Poulain, delicada à vista e ao ouvido; Potzi, o guitarrista, é um cigano com ascendência Argelina; François-François, outro francês, agora na percurssão; Mano Razanajato, originário do Madagáscar, é o baixista; e, por último, no trompete e piano, o australiano David Lewis. Com uma tal variedade de nacionalidades, Paris Combo é uma fusão de estilos e influências, quase incatalogável, onde um puzzle de sonoridades encaixa na perfeição, aliando o jazz à música tradicional gipsy, mas nunca perdendo qualidade ou autenticidade. É um regresso ao passado de Piaf (com o devido distanciamento) e da chanson, nos curtos versos e voz de veludo de du Berry, até ao magnetismo da guitarra de Potzi, num verdadeiro combo de alta qualidade.
Com quatro álbums já editados (Paris Combo - 1998; Living Room - 2001; Attraction - 2002; e Motifs - 2005), destaque para este último (com críticas muito positivas), bem como para "Attraction", o qual recomendo o quanto antes. Por cá, deixamos ainda o videoclip youtube do single Attraction ("car si l'amour n'est pas dans l'air / Je préfère rester sur terre"), pérola na discografia, e, claro, via-rápida para o sítio oficial e o tradicional wiki.


4 de junho de 2007

Ainda Jericho - apontamentos


No último post falei um pouco da série "Jericho", um drama apocalíptico pós ataque nuclear, e que recomendei que todos vissem (e que as televisões cá do burgo avancem para uma compra).
Neste sentido, uns pequenos apontamentos são importantes para entender o ponto em que se encontra a obsessão pela série. No passado dia 9 de Maio, foi para o ar o 22º e último episódio, e que chegou numa forma que ninguém esperava, mas que já é um hábito nas produtoras televisivas norte-americanas: o cancelamento. Sem terminar, sem dar respostas, no climax da história, um energúmeno qualquer da CBS decidiu pôr cobro às emissões. É como, e citando o diligente apontamento de um crítico do New York Times, "se alguém tivesse arrancado as últimas páginas de um livro que iamos ler". Perante esta afronta, fãs de todo o mundo puseram mãos à obra no sentido de recuperar o fio da história e, pelo menos termina-la. E como as tradicionais petições e abaixo-assinados não chegam, apoiaram-se num pormenor do último episódio - aí, conta-se uma história de guerra que envolve a palavra inglesa nuts. Ora, e como gag, sugere uma das personagens, embriagada pelo líquido e pela história, que a palavra seria peanuts (amendoins). Vai daí, passo seguinte na estratégia - esses devotos seguidores enviaram para a sede da cadeia de televisão (e ainda o fazem) 8 milhões de toneladas! de amendoins como protesto, exigindo o regresso do seriado. Assim, e como a aposta anterior havia sido o envio de uma quantidade tão pequena ou tão grande de emails, que levou a que Nina Tassler, presidente da CBS Entertainment publicasse uma justificação no site da companhia - o que foi recebido com indiferença e desprezo - o contenda avançou para medidas mais extremas.
A campanha "Nuts For Jericho" foi então iniciada por Jeff Braverman, director da empresa NutsOnline.com, que liderou as tropas, e decidiu, logo numa primeira atitude de afirmação, entregar um camião do dito alimento, tendo filmado o acontecimento (vídeo do youtube que aqui deixamos e para o qual chamamos ainda a atenção para o requinte da banda sonora, com "Woke Up This Morning", dos Alabama 3, e que é o tema dos créditos iniciais de "The Sopranos", série que está igualmente com os dias contados).
A luta continua, como diria o brocardo intervencionista deste nosso pequeno país. A fazer lembrar que doações de rins em reality shows são produtos estragados que fazem adoecer quem os vê.




2 de junho de 2007

Jericho




A par de "Heroes", que terminou recentemente a primeira temporada nos EUA, muitas outras séries de qualidade têm desabrochado de uma indústria que cada vez mais se muda para um cinema em episódios, mas com uma grande qualidade de produção, realização e interpretação.
Outro exemplo desta aposta é "Jericho", uma ideia com a chancela da norte-americana CBS, onde, e repentinamente, passamos a fazer parte de Jericho, uma pequena cidade do Kansas, que vê regressar a casa Jake (Skeet Ulrich), filho do mayor, que a havia abandonado 5 anos antes, para paradeiro e profissão incertos. Cá chegado, é (a par de todos os outros habitantes) surpreendido por um barulho e tremor de terra que, e ao subir ao telhado da casa e vislumbrar o horizonte, se transforma num pesadelo: uma nuvem em forma de cogumelo anuncia que uma explosão nuclear teve lugar a centenas de quilómetros de distância. Sem electricidade, gasolina, telefones, e com todos os problemas inerentes desta situação, vêm-se numa terrível situação: não sabem o que aconteceu, se foi acidente ou ataque, se estão a ser inavadidos ou não, no fundo, desconhecem por completo o que se passa. E com eles, encontramo-nos nós, espectadores, que nos deixamos embrenhar na história e na ausência de informação, e que vamos conhecendo pouco a pouco alguns dos principais habitantes de Jericho, que encerram segredos tão profundos como o que verdadeiramente se passa nos EUA - só nos damos conta de que aquela explosão não foi a única naquele continente.
Com um ritmo elevado, belas interpretações e com um argumento convincente, "Jericho" é um produto de alta qualidade, aliando uma das grandes preocupações dos EUA da actualidade (o terrorismo) ao olhar pela lente de uma pequena cidade, onde pouca ou nenhuma informação chega. Interessante, sem dúvida, esta opção por uma reduzida comunidade, unindo temores globais a intrigas caseiras que oferecem um ritmo intenso e aquele prazer de esperar por desenvolvimentos no episódio seguinte. Com um elenco onde se destacam as interpretações de Skeet Ulrich, Ashley Scott, Sprague Grayden, Kenneth Mitchell e Lennie James, referência para o facto da série ainda não estar comprada para Portugal, por isso aconselha-se as televisões a dar uma vista de olhos a mais um belo produto televisivo. Para mais informações, sítio oficial e o indispensável imdb.



1 de junho de 2007

Festróia 2007




Estamos a uma hora do arranque do festival de Setúbal. São 168 filmes ao longo de 10 dias de cinema. Até ao próximo dia 10, Setúbal é o palco cinematográfico por excelência e o tempo convida a visitar o certame.

Como sempre o país terá quatro secções competitivas - Secção Oficial, Primeiras Obras, O Homem e a Natureza, Independentes Americanos - e as seguintes mostras:
  • Homenagem a um país: Espanha
  • Retrospectiva de Billy Wilder
  • O Clássico Cinema Alemão
  • Curtos Europeus
  • Prémio UIP
  • Cinema Português do Ano
  • Panorama
  • Panorama Infanto-Juvenil

    Prémios já garantidos são os do veterano actor Christopher Lee e do realizador checo Jirí Menzel, ambos galardoados com o prémio de carreira. O outro grande destaque desta edição é a homenagem ao seu falecido director, o escritor Mário Ventura.