24 de março de 2015

Os Melhores de 2014 para o CCOP

Na terceira edição dos Prémios CCOP 2015, "Grand Budapest Hotel" foi o principal vencedor, com galardões em cinco importantes categorias: Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Elenco, Melhor Fotografia e Melhores Valores de Produção.

Com dois prémios cada um ficaram "Her - Uma História de Amor", "12 Anos Escravo" e "O Clube de Dallas". "E Agora? Lembra-me" foi considerado o Melhor Filme Português, enquanto que o híbrido "O Congresso", foi reconhecido como o Melhor Filme de Animação. Da Bélgica, "Dois Dias, Uma Noite" foi o Melhor Filme em Língua Não-Inglesa/Portuguesa, enquanto que "Nightcrawler - Repórter na Noite" foi considerada a Melhor Primeira Longa-Metragem.

Fundado em Fevereiro de 2012, o Círculo de Críticos Online Portugueses é constituído por um grupo seleccionado de críticos online de cinema nacionais, cujos objectivos se centram na classificação mensal dos filmes estreados, de forma a produzir um conjunto de tops com oportunos dados estatísticos. Anualmente atribuem os Prémios CCOP que visam premiar os melhores filmes estreados comercialmente em Portugal durante o ano transacto.



Melhor Filme
Grand Budapest Hotel, de Wes Anderson


Melhor Realizador
Wes Anderson por Grand Budapest Hotel


Melhor Argumento Original
Uma História de Amor, Spike Jonze


Melhor Argumento Adaptado
12 Anos Escravo
John Ridley, baseado no livro de Solomon Northup


Melhor Actor
Matthew McConaughey em O Clube de Dallas


Melhor Actriz
Rosamund Pike em Em Parte Incerta


Melhor Actor Secundário
Jared Leto em O Clube de Dallas


Melhor Actriz Secundária
Lupita Nyong'o em 12 Anos Escravo


Melhor Filme de Animação
O Congresso, de Ari Folman


Melhor Filme Português
E Agora? Lembra-me, de Joaquim Pinto


Melhor Filme em Língua Não-Inglesa/Portuguesa
Dois Dias, Uma Noite; de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne (Bélgica)


Melhor Primeira Longa-Metragem
Dan Gilroy por Nightcrawler - Repórter na Noite


Melhor Documentário
O Acto de Matar, de Joshua Oppenheimer


Melhor Canção Original
"The Moon Song", Uma História de Amor
Música e letra: Karen O e Spike Jonze
Intérprete: Karen O


>
Melhor Elenco
Grand Budapest Hotel


Melhor Cena
"O Castigo de Patsey", 12 Anos Escravo


Melhor Banda Sonora
Arcade Fire (compositor), Uma História de Amor


Melhor Fotografia
Robert D. Yeoman, Grand Budapest Hotel


Melhores Valores de Produção
Grand Budapest Hotel


Melhores Efeitos Especiais
Interstellar

21 de março de 2015

Abertas inscrições para o Cinanima 2015

Em 2014 o Cinanima teve 1300 filmes para selecção. Este ano quantas serão?

Aceitam obras concluídas após 1 de Janeiro de 2014 e que não tenham ainda sido apresentadas para selecção em edições anteriores do Festival. A data limite de inscrição de filmes é 10 de Julho de 2015. Mais informações: http://cinanima.pt/

15 de março de 2015

Vencedores dos Cinema Bloggers Awards 201


O projecto dos Cinema Bloggers Awards (CBA) trata-se de uma cerimónia anual que tem como objectivo homenagear e distinguir o melhor do Cinema que estreia nas salas nacionais. Neste caso serão bloggers portugueses (que dedicam em grande parte os seus espaços online à sétima arte) a votar e premiar.

A cerimónia de 2015 teve lugar a 14 de Março.




Melhor Direcção Artística
Grand Budapeste Hotel

Melhor Caracterização
O Clube de Dallas

Melhores Efeitos Sonoros
Interstellar

Melhores Efeitos Especiais
Interstellar

Melhor Banda-Sonora
Her – Uma História de Amor

Melhor Montagem
Boyhood: Momentos de Uma Vida

Melhor Fotografia
Ida

Melhor Guarda-Roupa
Grand Budapeste Hotel

Melhor Actriz Secundária
Lupita Nyong’o – 12 Anos Escravo

Melhor Actor Secundário
Jared Leto – O Clube de Dallas

Melhor Actriz
Rosamund Pike – Em Parte Incerta

Melhor Actor
Jake Gyllenhaal – Nightcrawler – Repórter na Noite

Melhor Filme de Animação
O Filme Lego

Melhor Argumento
Em Parte Incerta

Melhor Realizador(a)
Richard Linklater - Boyhood: Momentos de Uma Vida

Melhor Filme Europeu
A Grande Beleza

Melhor Filme Norte-Americano
Mamã

Melhor Filme Asiático
Snowpiercer – Expresso do Amanhã

Melhor Realizador(a) - Nacional
Pedro Costa – Cavalo Dinheiro

Melhor Argumento – Nacional
Cavalo Dinheiro

Melhor Actriz – Nacional
Maria do Céu Guerra - Os Gatos não Têm Vertigens

Melhor Actor – Nacional
Pedro Inês - Os Maias – Cenas da Vida Romântica

Melhor Curta Portuguesa
Boa Noite Cinderela

Melhor Filme Português
Cavalo Dinheiro

E para o ano...

8 de março de 2015

"The Imitation Game" por Nuno Reis

Talvez devido ao nome, a teoria dos jogos tem sido encarada como uma brincadeira. A verdade é que já no início do século XVIII Leibniz afirmava com convicção que essa ciência/arte era o futuro. Claro que na altura era comum os génios dedicarem-se a temas que hoje nos parecem díspares como Matemática e Filosofia, mas os novos campos de investigação provam cada vez mais que os pensadores do Renascimento é que estavam correctos e não se podia ser genial numa área de investigação sem dominar as restantes. Leibniz foi um dos primeiros génios da computação, ao desenvolver calculadores mecânicos e o sistema binário, algo que lhe deve ter parecido uma trivialidade, mas que define a sociedade do século XXI. Um século depois Charles Babbage desenhou um computador mecânico que demorou dois séculos a ser construído (e funcionou!) e que Ada Lovelace, uma apaixonada pelas lógicas matemáticas, programou. Luxos de mentes brilhantes que por serem ricos ou por terem o apoio dos mecenas da época, criaram uma área de pensamento completamente disruptiva. Voltando ao início, a matemática sempre foi uma ferramenta de guerra. Recordemos o caso lendário de Arquimedes que terá desenvolvido catapultas, lentes incendiárias e roldanas, para adiar a conquista da cidade pela investida romana. Também para os computadores, a primeira utilidade que se encontrou foi calcular trajectórias, algo que qualquer humano treinado faria igualmente bem. Então porque investiram nos computadores, tão maiores e caros? Para estarem sempre disponíveis e não falharem devido ao cansaço (o maior defeito dos calculadores humanos é serem pessoas, esses seres imperfeitos).
Quando chegou a Segunda Guerra Mundial, muitos viram-na como um confronto de ideologias. De vontades. De egos. Na verdade era de máquinas. Inglaterra precisava de derrotar uma máquina, a Enigma, e para isso contratou especialistas em jogos. Até que lhes apareceu Alan Turing, um matemático, a dizer que se sentia tentado pelo desafio e queria tentar resolver o maior puzzle de aplavras cruzadas na história da Humanidade. A equipa onde o puseram era composta por génios que, dia após dia, tentavam derrotar o relógio, descodificando a chave secreta do dia. Quando soava o relógio, o seu esforço era todo desperdiçado pois o código deixava de ser válido. Turing via mais longe. Ele queria combater a máquina com outra máquina. Para isso desenhou e construiu um computador que, lento mas imparável, mastigava as 159000000000 combinações. Para muito era visto como um louco. Afinal, era um génio. Pois enquanto os colegas e até o exército pensavam com o coração e queriam decifrar uma mensagem, ele queria resolver o puzzle maior. Eles pensavam na guerra de soldados, ele pensava na guerra de mentes.
The Imitation Game” é um filme muito limitado em vários aspectos. Eu esperava ver a história de Alan Turing, o génio dos computadores, inventor do Teste e das Máquinas que lhe herdaram o nome. Esperava um filme sobre um investigador brilhante e o seu método. O que tenho é uma obra sobre homossexualidade num período duplamente negro.
A história está tri-partida entre a infância, a guerra e o pós-guerra. Na infância é posto de lado por ser um génio. Na guerra, esteve sempre focado do lado matemático do problema. No pós-guerra esconde a sua homossexualidade. Referem que não tinha problemas em trabalhar com pessoas mais inteligentes do que ele, só não suportava os incapazes de aprender com ele. Da mesma forma que lhe era igual trabalhar com homens, mulheres ou máquinas, desde que servissem para o seu fim. Numa sociedade em que não havia problemas raciais, mas as mulheres não podiam trabalhar com os homens e a homossexualidade era quase tão grave como a espionagem, Turing estava a correr muitos riscos de uma vez.
Aldrabaram a história para dar um filme mais interessante, da mesma forma que simplificaram o processo de desencriptação para ser percebido pelo comum espectador, mas alhearam quem estava a tentar participar no jogo. Só falam de Turing e do seu brinquedo, ignorando passos chave como os banburies que usavam. Sim, para o filme tudo é ridiculamente simples e ainda por cima ele tem o discernimento num bar como John Nash. Faltou darem o destaque devido à participação de Joan Clarke que superou as barreiras do género (na mesma altura que Grace Hopper), permitindo que haja mulheres a trabalhar em sistemas de informação. Esses facilitismos destroem tudo o que o filme pudesse fazer de bom e mesmo com um elenco de sonho, não consegue cativar quem está na plateia pelo desafio mental e se quer sentir envolvido no processo. A mistura dos tempos narrativos, além de desnecessária, é prejudical por quebrar o ritmo que precisaria para se vender como thriller. E ter por título “imitation game” quando há uma única referência breve a esse tema, é bastante enganador pois não chegam a aprofundar essa parte do trabalho de Turing (bastante mais interessante do que a verdadeira história da Enigma, mas não tão fácil de aldrabar) Em suma, pegaram numa vida genial que nos foi tirada demasiado cedo, fizeram o melhor filme possível sobre nada (para que não haja ideias de voltar a pegar no assunto) e deram o tratamento para Oscar falando de assuntos pessoais que não deviam interessar hoje em dia, tal como não o deviam ter incomodado há 70 anos.
Como conclusão, não adianta esperar por um filme mainstream sobre o processo criativo numa área que poucos percebem. Teria de ser feito por uma perspectiva que não interessaria ao grande público. No entanto há duas vantagens. Uma é que talvez o grande público veja que a discriminação nos pode retirar grandes pessoas. Seja pelo raça, idade, género, nacionalidade, orientação sexual, etc, não se vai pode recusar ou perseguir alguém. A segunda é que a genialidade para os computadores pode ser inata, mas o talento não pode ser espremido sem tempo nem recursos. Um trabalho apressado, é útil uma vez e causa stress. Um trabalho bem feito, é um prazer e eterno. Alguém acha que ganhou mais com o primeiro. Todos ficam a ganhar com o segundo. Um caso prático: quem faz o exercício mental de completar o sudoku, resolve um problema e pode até demorar menos de um minuto. Quem analisa e decompõe o puzzle, definindo as regras de resolução, resolve todos os sudokus do mundo. Pode precisar de algumas horas, mas o problema fica resolvido para sempre. Na perspectiva do analista, o segundo desafio é mais complexo e divertido. E na vossa?

The Imitation GameTítulo Original: "The Imitation Game" (EUA, Reino Unido, 2014)
Realização: Morten Tyldum
Argumento: Graham Moore (baseado no livro de Andrew Hodges)
Intérpretes: Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Matthew Goode, Mark Strong, Rory Kinnear, Allen Leech, Matthew Beard
Música: Alexandre Desplat
Fotografia: Oscar Faura
Género: Biografia, Drama, Guerra, Thriller
Duração: 114 min.
Sítio Oficial: http://theimitationgamemovie.com