"Harry Potter and the Prisioner of Azkaban" por Nuno Reis
A par de "Fahrenheit 9/11" a estreia mais mediática da semana é o terceiro episódio da saga Harry Potter. Várias semanas depois da estreia no resto do mundo chegou finalmente a Portugal a obra mais recente de Alfonso Cuarón ("Y tu Mamá También"). Terá sido o mexicano capaz de manter a imagem dada por Chris Columbus nos dois primeiros filmes? Não.
Como quase toda a gente sabe, a cada livro corresponderá um filme. Este terceiro livro que retrata o terceiro ano de Harry Potter em Hogwrts é o elo de ligação entre os títulos mais ligeiros e os mais pesados. Enquanto nos primeiros dois Harry era corajoso e invencível e a história era apropriada a crianças, nos quarto e quinto livros a história fica bastante mais negra e muita gente morre, perdendo por isso a sua beleza mas ganhando muito em emoção. O terceiro livro faz a ligação levando para Hogwarts um assassino e várias criaturas sugadoras de vida e de felicidade, o que vai em parte contra os iniciais em que eles "apenas" encontravam criaturas mortíferas. A haver mudança de realizador foi feita na altura certa, quando a saga deixa de ser infantil, só é pena que Cuarón não se mantenha por mais anos à frente da saga.
Cuarón fez um grande filme que tenta ser fiel ao livro mas que peca por defeito, retirando a importância da fotografia e dos belos cenários. Analisando o filme, está bem ligado aos anteriores e várias passagens inúteis do livro foram retiradas, a actuação é bem disfrutada e o argumento é suficientemente divertido para os expectadores mais novos. Penso que o filme ficaria excelente se tivesse mais quinze minutos para explicar quem são Moony, Wormtail, Padfoot e Prongs (os autores do mapa), facto que conhecia por ter lido o livro mas que nem desconfiaria apenas com o filme. Outros lapsos deste género acontecem um pouco por todo o filme mas são detalhes insignificantes, considero este o único com interesse.
É um dos grande filmes do ano onde os efeitos especiais abundam, reduziram os voos de vassoura mas os de hipogrifo são uma grande melhoria, especialmente o inicial sobre as águas. Já não se passa tanto tempo a ver as maravilhas do castelo, mas em termos de fotografia também as paisagens descobertas estão belas.
O filme é ideal para os fãs do livro e não desilude ninguém que conheça a história. Para aqueles infelizes pais que nunca se deram ao trabalho de ler os livros e vão apenas acompanhar os filhos, disfrutem do filme e depois peçam explicações aos pequenos, de certeza que eles não se importam de passar algumas horas a explicar a história toda.