Há alguns anos, em Barcelona, um grupo de estudantes partilhava uma casa. Ingleses, franceses, espanhóis, alemães e italianos, rapazes e raparigas, cada um com a sua personalidade e problemas, cada um com a sua magia. “L’Auberge Espagnole” foi um grande filme para falar da vida de estudantes mas só sabemos se as lições ficaram sabidas se virmos os adultos em que se tornaram. Cinco anos depois encontramos Xavier. O jovem escritor ainda não conseguiu completar o seu romance e vai fazendo alguns trabalhos menores para sobreviver. A sua amizade com Martine e Isabelle manteve-se, com os restantes foi perdendo o contacto. Quando William lhe aparece e diz que vai para a Rússia atrás do seu amor, Xavier fica radiante. Por sugestão de William começa a escrever em Londres um guião com Wendy, a irmã de William, enquanto continua em Paris a fazer entrevistas a gente conhecida para quem escreve as biografias. Percorrendo estações e países, cruzando idiomas e culturas, este InterRail cinematográfico é uma comédia que despoleta muitas e sonoras gargalhadas.
A história de Xavier é a história de um jovem com as preocupações usuais. As relações que ele tem são as relações que qualquer um poderia ter, as situações que atravessa são situações que poderiam acontecer a qualquer um. Nos diálogos, multilingues, utilizam palavras normais, são conversas realistas que poderiam ser ouvidas em qualquer café ou estação de comboios. Pessoas jovens que ainda acreditam em sonhos e ideais. Muitas interpretações de luxo, uma realização excelente, e alguns toques de génio quando necessários.
Esta é sem dúvida uma história sobre amor e está tão bem feita que posso afirmar que este ano não haverá melhor filme sobre o tema. Que tipo de amor? Há para quase todos os gostos: uma mãe solteira que não encontra o príncipe encantado; um homem que não se contenta com o amor verdadeiro; uma mulher que procura a parceira ideal; uma mulher que se apaixona por demasiada gente; e um homem capaz de tudo por amor. As paixões de cada um são de todos os tipos que existem. Há amantes tímidos e amantes desinibidos, há pessoas que se apaixonam ao primeiro olhar, outras só depois de olhar profundamente, umas relações surgem por impulso, outras surgem depois do convívio com alguém que sempre conhecemos e que desconhecíamos amar. Quem ama ou já amou acabará por se identificar com alguma das personagens ou das situações.
Muitos filmes sobre o Amor tornam-se geniais pela mensagem que fica implícita, pelas palavras que não são ditas, mas neste filme não ficam palavras por dizer. Os discursos entre amantes são espontâneos e com simplicidade transmitem sentimentos verdadeiros.
No primeiro filme provaram que a amizade não dependia da língua, cultura ou religião. Neste segundo filme provam que o Amor é igualmente poderoso e leva as pessoas a fazer mesmo qualquer coisa. Até quem ainda não viu “L’Auberge Espagnole” pode ver “Les Poupées Russes”, aliás, deve!
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Título Original: “Les Poupées Russes” (França, Reino Unido, 2005) Realizador: Cédric Klapisch Intérpretes: Romain Duris, Kelly Reilly, Audrey Tautou, Cécile De France, Kevin Bishop, Evguenya Obraztsova Argumento: Cédric Klapisch Fotografia: Dominique Colin Música:Loïc Dury, Laurent Levesque Género: Comédia Romântica Duração: 125 min Sítio Oficial: http://www.marsdistribution.com/site/poupeesrusses/
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