31 de agosto de 2010
Speak friend and enter.
The doors of Durin, Lord of Moria. Speak friend and enter..
Talvez conheçam esta passagem do filme "The Fellowship of the Ring". Os fãs do fantástico talvez não tenham dado especial atenção, mas para muita gente foi esta cena que os fez prender à saga, fosse em papel ou em tela. Esta passagem do LOTR é das mais utilizadas em aulas de criptografia. Finalmente alguém (o recorrente Abstruse Goose) viu isto pela forma cómica.
Talvez conheçam esta passagem do filme "The Fellowship of the Ring". Os fãs do fantástico talvez não tenham dado especial atenção, mas para muita gente foi esta cena que os fez prender à saga, fosse em papel ou em tela. Esta passagem do LOTR é das mais utilizadas em aulas de criptografia. Finalmente alguém (o recorrente Abstruse Goose) viu isto pela forma cómica.
Balas imparáveis
Algumas balas ficam para a história. Pessoalmente prefiro as animadas como neste clip...
... mas em Portugal também temos algumas bem famosas.
Amanhã serão conhecidos os pré-seleccionados para fazerem parte do filme de culto "Balas e Bolinhos 3". O início das filmagens está cada vez mais próximo.
Se quiserem apoiar a produção, ou apenas fazer divulgação não se esqueçam de comprar algo na loja.
"The Karate Kid" por Nuno Reis
Um daqueles clássicos mesmo míticos dos anos 80 foi "The Karate Kid". Um miúdo fraquinho e frequentemente maltratado pelos colegas, vai descobrir junto de um velho japonês as artes do karaté e do bonsai. A febre das artes marciais surgiu nessa altura e ninguém acredita que tenha sido apenas uma coincidência.
Na sequela viajavam para o Japão e neste remake começam na vizinha China. O pequeno Dre muda-se para o longínquo oriente porque a mãe vai trabalhar para lá. Deixa os amigos e as ruas que conhece, para ir para um país estranho, onde fala mal a língua e é recebido como o estrangeiro que é. Tenta-se adaptar à cultura, mas as diferenças de mentalidade e filosofia de vida são um obstáculo. Na escola um grupo de miúdos começa a implicar com ele. O encarregado do prédio onde mora, das poucas pessoas com quem consegue falar em inglês, vai-lhe dar umas pequenas aulas de defesa. Só que depois Dre é desafiado para o grande torneio de kung fu onde tem duas alternativas. Ou vence e sai em glória, ou perde e continua sem merecer o respeito dos seus pares.
As diferenças em relação ao original são mínimas. Trocaram o mítico "wax in, wax out" por uns movimentos de casaco, tornaram o herói de adolescente em miúdo (muito mimado por sinal), trocaram o incomparável Pat Morita por um Jackie Chan… No fundo tentam fazer exactamente o mesmo filme da primeira à última cena trocado os treinos na praia por um templo, e o espectáculo de dança da namorada por uma audição de violino. A história fica com outra piada por ser com uma criança, mas todos os progressos conseguidos pela personagem a nível de mentalidade são menos credíveis. Não desfazendo no trabalho de Jaden Smith (melhor que Ralph Macchio) desta vez o filme não tem o que é necessário para convencer.
De positivo posso dizer que funciona magnificamente como promoção da China. Seja como destino turístico pelo encanto dos seus monumentos e paisagens, ou mesmo para uma viragem profissional ao mostrar que os estrangeiros são bem recebidos e têm grande facilidade de adaptação. Também funcionou a nível de bilheteiras. Os lucros de 900% convenceram os produtores a partir para as sequelas que felizmente só veremos daqui a três anos.
Na sequela viajavam para o Japão e neste remake começam na vizinha China. O pequeno Dre muda-se para o longínquo oriente porque a mãe vai trabalhar para lá. Deixa os amigos e as ruas que conhece, para ir para um país estranho, onde fala mal a língua e é recebido como o estrangeiro que é. Tenta-se adaptar à cultura, mas as diferenças de mentalidade e filosofia de vida são um obstáculo. Na escola um grupo de miúdos começa a implicar com ele. O encarregado do prédio onde mora, das poucas pessoas com quem consegue falar em inglês, vai-lhe dar umas pequenas aulas de defesa. Só que depois Dre é desafiado para o grande torneio de kung fu onde tem duas alternativas. Ou vence e sai em glória, ou perde e continua sem merecer o respeito dos seus pares.
As diferenças em relação ao original são mínimas. Trocaram o mítico "wax in, wax out" por uns movimentos de casaco, tornaram o herói de adolescente em miúdo (muito mimado por sinal), trocaram o incomparável Pat Morita por um Jackie Chan… No fundo tentam fazer exactamente o mesmo filme da primeira à última cena trocado os treinos na praia por um templo, e o espectáculo de dança da namorada por uma audição de violino. A história fica com outra piada por ser com uma criança, mas todos os progressos conseguidos pela personagem a nível de mentalidade são menos credíveis. Não desfazendo no trabalho de Jaden Smith (melhor que Ralph Macchio) desta vez o filme não tem o que é necessário para convencer.
De positivo posso dizer que funciona magnificamente como promoção da China. Seja como destino turístico pelo encanto dos seus monumentos e paisagens, ou mesmo para uma viragem profissional ao mostrar que os estrangeiros são bem recebidos e têm grande facilidade de adaptação. Também funcionou a nível de bilheteiras. Os lucros de 900% convenceram os produtores a partir para as sequelas que felizmente só veremos daqui a três anos.
Título Original: "The Karate Kid" (China, EUA, 2010) Realização: Harald Zwart Argumento: Christopher Murphey (baseado no argumento de Robert Mark Kamen) Intérpretes: Jaden Smith, Jackie Chan, Taraji P. Henson Fotografia: Roger Pratt Música: James Horner Género: Acção, Drama Duração: 140 min. Sítio Oficial: http://www.karatekid-themovie.com/ |
30 de agosto de 2010
"Inception" por Nuno Reis
I believe that a man lost in the mazes of his mind may imagine he is anything.
A frase acima vem do filme "The Wolf Man" de 1941 que revi a propósito do remake. Curiosamente ao ouvi-la recordei-me logo dos labirintos da mente criados por Christopher Nolan no seu mais recente projecto estreado.
Num futuro não tão distante como gostaríamos, é possível viajar para dentro dos sonhos das pessoas. É possível controlar o cenário onde as personagens se movem, mas não os actos de cada um. O sonho é comum e cada um é responsável pelas suas acções, dentro dos limites permitidos pela lei da gravidade e restantes regras da física. E nesse mundo Cobb é o melhor. Leva as pessoas a acreditar no que se passa para assaltar um cofre virtual e lhes levar os segredos melhor guardados. Até que um golpe lhe corre mal. Derrotado no seu próprio jogo por uma vítima sagaz, vai ser convidado a redimir-se dos seus pecados fazendo a operação inversa. A nova missão que não pode recusar será a de implantar uma ideia na mente de um jovem que se prepara para assumir o controlo da maior empresa do mundo. A ideia é desfazer a empresa de forma a permitir uma concorrência saudável entre todos. Para isso Cobb reúne uma equipa, os melhores dos melhores, e prepara-se para criar um sonho dentro de um sonho, dentro de um sonho...
(quem conhece as personagens aqui pode avançar meia dúzia de parágrafos)
Cobb é o chefe. O melhor a invadir os sonhos dos outros e mentor do plano, imaginou uma forma de usar sonhos dentro dos sonhos de forma a estender o tempo (cinco minutos no mundo real são uma hora no sonho, hora essa que vale doze horas no nível seguinte de sonho, que vale seis dias no nível seguinte). Perseguido pela justiça por um crime de que se considera inocente, tem de concluir este derradeiro acto de loucura para poder comprar a inocência. Enquanto isso é assombrado pelas memórias da esposa em todos os sonhos que tem, em qualquer nível.
Arthur é o parceiro de Cobb. Juntos há muito tempo, acabam por confiar apenas um no outro. Confiam a vida, mas não os segredos. Estão num negócio onde sabem o valor que tem manter algo apenas para si. Sem uma função definida, cabe-lhe a missão de estar lá e fazer o que for preciso para que saiam vivos do sonho.
Yusuf foi contratado especificamente para esta missão. Químico experiente, tem de preparar o composto que lhes permita adormecer e viajar quantos níveis forem precisos.
Ariadne é a mais jovem e estranha do grupo. Ela é a arquitecta que tem de imaginar os mundos onde se vão mexer. Pegar em detalhes de coisas que viu toda a vida e combiná-las em novas divisões, casas, prédios, ruas, cidades… A mente humana encarrega-se de a preencher com indivíduos aleatórios, vindos dos recantos mais escondidos da memória, mas ela tem de fazer tudo o resto. Tem um trabalho puramente teórico, no entanto compreende todo o jogo melhor do que os profissionais.
Eames é o mestre dos disfarces. Consegue entrar num sonho vestido a pele de alguém para os levar a contar coisas que contariam na vida real à pessoa real. Também ele tem problemas por ter feito muitas viagens à mente de quem não devia, mas não recusaria o trabalho que lhe foi proposto. Os grandes génios precisam de um desafio à altura e este é o maior desafio de sempre.
Finalmente temos Saito. Ele devia ser apenas o patrão, o homem do dinheiro, mas tem uma opinião diferente. Se vai pagar a viagem, porque não desfrutar dela? Tal como Ariadne ele já experimentou a viagem do subconsciente, desconhece a verdadeira complexidade do universo alternativo onde vão entrar, e no entanto tem uma habilidade nata para esse mundo secreto. Tem um espírito muito prático e uma visão superior a todos os outros. Comprar a companhia aérea para garantir os lugares que queria é das piadas mais simples, mas mais eficazes do filme e serve de exemplo de como funciona a sua mente.
O desempenho dos actores é fabuloso. A escolha deles a dedo, algo só permitido aos maiores entre os realizadores, pode tornar difícil o processo de selecção, mas torna demasiado fácil o trabalho de os dirigir. Não há dúvidas que DiCaprio, Cotillard, Page e Watanabe são dos maiores actores da actualidade. Murphy e Levitt apesar de um pouco mais protegidos da fama só serão desconhecidos para quem estiver alheado do que de melhor se faz em cinema por esse mundo fora. Mesmo nos figurantes encontram-se actrizes como Talulah Riley (é das minhas favoritas) pelo que o elenco está deveras bem recheado (e por pouco não referia que temos Tom Berenger e Michael Caine nos secundários...).
Este é o drama de um homem amargurado por um sonho que não terminou e que arrasta o seu pesadelo pessoal para todos os sonhos onde entra. A sua equipa, composta pelos melhores entre os melhores, tem de enfrentar esse super-inimigo num sonho labiríntico repleto de defesas mentais. O espectador vai ser levado para vários mundos em simultâneo. Em cada um tem diferentes personagens, diferentes missões e diferentes velocidades, quase como filmes dentro do filme. No entanto é possível seguir tudo o que se passa sem problemas porque o fio condutor da história se mantém, tal como a constante adrenalina. Exige muita atenção quando começam a cruzar acontecimentos, mas mesmo sem saber o porquê de algo estar a acontecer é possível desfrutar de grandes momentos de cinema. É como se "eXistenZ" tivesse sido refeito para um público mais alargado.
Como história no sentido plano é boa, diria mesmo que é muito boa, e tem detalhes fenomenais. A nível técnico é ainda melhor. Antigamente para fazer uma transformação desviava-se a câmara. Depois começou-se a trabalhar com fundos verdes e outros artifícios que alguma boa vontade tornava indetectáveis. E quando nada podia resolver, desviava-se a câmara para outro plano ou remendava-se a história. Pela primeira vez não é a realização que se adapta à tecnologia, mas a tecnologia que se adapta ao argumento. A história exige que a passagem rebaixada se erga enquanto lá caminham ou vice-versa? Feito! Exige que umas escadas obedeçam à ilusão de óptica de Penrose? Feito! Exige um elevador sem gravidade e lutas em corredores em rotação? Feito! O Cinema está finalmente no comando e arrebatador é a palavra mais próxima daquilo que quero dizer.
Criaturas robóticas, animações CGI de imagem real e filmagens em bullet time foram um primeiro passo desta magnífica reviravolta. Agora finalmente aos olhos do espectador tudo parece fazer parte do mesmo mundo conhecido como magia do cinema. O futuro trará muitos filmes assim, mas como tudo o que se vulgariza perderá o valor. Aproveitemos enquanto este grande poder está entregue a quem o usa com responsabilidade e transforma grandes ideias em grandes filmes.
Hesitei antes de dar as cinco estrelas a este filme. No entanto pelo trabalho de Nolan como argumentista de tantos filmes num só e por criar uma obra de culto que pode ser discutida por anos a fio com imenso prazer sem que alguém mude de opinião... as quatro e meia não seriam justas.
A frase acima vem do filme "The Wolf Man" de 1941 que revi a propósito do remake. Curiosamente ao ouvi-la recordei-me logo dos labirintos da mente criados por Christopher Nolan no seu mais recente projecto estreado.
Num futuro não tão distante como gostaríamos, é possível viajar para dentro dos sonhos das pessoas. É possível controlar o cenário onde as personagens se movem, mas não os actos de cada um. O sonho é comum e cada um é responsável pelas suas acções, dentro dos limites permitidos pela lei da gravidade e restantes regras da física. E nesse mundo Cobb é o melhor. Leva as pessoas a acreditar no que se passa para assaltar um cofre virtual e lhes levar os segredos melhor guardados. Até que um golpe lhe corre mal. Derrotado no seu próprio jogo por uma vítima sagaz, vai ser convidado a redimir-se dos seus pecados fazendo a operação inversa. A nova missão que não pode recusar será a de implantar uma ideia na mente de um jovem que se prepara para assumir o controlo da maior empresa do mundo. A ideia é desfazer a empresa de forma a permitir uma concorrência saudável entre todos. Para isso Cobb reúne uma equipa, os melhores dos melhores, e prepara-se para criar um sonho dentro de um sonho, dentro de um sonho...
(quem conhece as personagens aqui pode avançar meia dúzia de parágrafos)
Cobb é o chefe. O melhor a invadir os sonhos dos outros e mentor do plano, imaginou uma forma de usar sonhos dentro dos sonhos de forma a estender o tempo (cinco minutos no mundo real são uma hora no sonho, hora essa que vale doze horas no nível seguinte de sonho, que vale seis dias no nível seguinte). Perseguido pela justiça por um crime de que se considera inocente, tem de concluir este derradeiro acto de loucura para poder comprar a inocência. Enquanto isso é assombrado pelas memórias da esposa em todos os sonhos que tem, em qualquer nível.
Arthur é o parceiro de Cobb. Juntos há muito tempo, acabam por confiar apenas um no outro. Confiam a vida, mas não os segredos. Estão num negócio onde sabem o valor que tem manter algo apenas para si. Sem uma função definida, cabe-lhe a missão de estar lá e fazer o que for preciso para que saiam vivos do sonho.
Yusuf foi contratado especificamente para esta missão. Químico experiente, tem de preparar o composto que lhes permita adormecer e viajar quantos níveis forem precisos.
Ariadne é a mais jovem e estranha do grupo. Ela é a arquitecta que tem de imaginar os mundos onde se vão mexer. Pegar em detalhes de coisas que viu toda a vida e combiná-las em novas divisões, casas, prédios, ruas, cidades… A mente humana encarrega-se de a preencher com indivíduos aleatórios, vindos dos recantos mais escondidos da memória, mas ela tem de fazer tudo o resto. Tem um trabalho puramente teórico, no entanto compreende todo o jogo melhor do que os profissionais.
Eames é o mestre dos disfarces. Consegue entrar num sonho vestido a pele de alguém para os levar a contar coisas que contariam na vida real à pessoa real. Também ele tem problemas por ter feito muitas viagens à mente de quem não devia, mas não recusaria o trabalho que lhe foi proposto. Os grandes génios precisam de um desafio à altura e este é o maior desafio de sempre.
Finalmente temos Saito. Ele devia ser apenas o patrão, o homem do dinheiro, mas tem uma opinião diferente. Se vai pagar a viagem, porque não desfrutar dela? Tal como Ariadne ele já experimentou a viagem do subconsciente, desconhece a verdadeira complexidade do universo alternativo onde vão entrar, e no entanto tem uma habilidade nata para esse mundo secreto. Tem um espírito muito prático e uma visão superior a todos os outros. Comprar a companhia aérea para garantir os lugares que queria é das piadas mais simples, mas mais eficazes do filme e serve de exemplo de como funciona a sua mente.
O desempenho dos actores é fabuloso. A escolha deles a dedo, algo só permitido aos maiores entre os realizadores, pode tornar difícil o processo de selecção, mas torna demasiado fácil o trabalho de os dirigir. Não há dúvidas que DiCaprio, Cotillard, Page e Watanabe são dos maiores actores da actualidade. Murphy e Levitt apesar de um pouco mais protegidos da fama só serão desconhecidos para quem estiver alheado do que de melhor se faz em cinema por esse mundo fora. Mesmo nos figurantes encontram-se actrizes como Talulah Riley (é das minhas favoritas) pelo que o elenco está deveras bem recheado (e por pouco não referia que temos Tom Berenger e Michael Caine nos secundários...).
Este é o drama de um homem amargurado por um sonho que não terminou e que arrasta o seu pesadelo pessoal para todos os sonhos onde entra. A sua equipa, composta pelos melhores entre os melhores, tem de enfrentar esse super-inimigo num sonho labiríntico repleto de defesas mentais. O espectador vai ser levado para vários mundos em simultâneo. Em cada um tem diferentes personagens, diferentes missões e diferentes velocidades, quase como filmes dentro do filme. No entanto é possível seguir tudo o que se passa sem problemas porque o fio condutor da história se mantém, tal como a constante adrenalina. Exige muita atenção quando começam a cruzar acontecimentos, mas mesmo sem saber o porquê de algo estar a acontecer é possível desfrutar de grandes momentos de cinema. É como se "eXistenZ" tivesse sido refeito para um público mais alargado.
Como história no sentido plano é boa, diria mesmo que é muito boa, e tem detalhes fenomenais. A nível técnico é ainda melhor. Antigamente para fazer uma transformação desviava-se a câmara. Depois começou-se a trabalhar com fundos verdes e outros artifícios que alguma boa vontade tornava indetectáveis. E quando nada podia resolver, desviava-se a câmara para outro plano ou remendava-se a história. Pela primeira vez não é a realização que se adapta à tecnologia, mas a tecnologia que se adapta ao argumento. A história exige que a passagem rebaixada se erga enquanto lá caminham ou vice-versa? Feito! Exige que umas escadas obedeçam à ilusão de óptica de Penrose? Feito! Exige um elevador sem gravidade e lutas em corredores em rotação? Feito! O Cinema está finalmente no comando e arrebatador é a palavra mais próxima daquilo que quero dizer.
Criaturas robóticas, animações CGI de imagem real e filmagens em bullet time foram um primeiro passo desta magnífica reviravolta. Agora finalmente aos olhos do espectador tudo parece fazer parte do mesmo mundo conhecido como magia do cinema. O futuro trará muitos filmes assim, mas como tudo o que se vulgariza perderá o valor. Aproveitemos enquanto este grande poder está entregue a quem o usa com responsabilidade e transforma grandes ideias em grandes filmes.
Hesitei antes de dar as cinco estrelas a este filme. No entanto pelo trabalho de Nolan como argumentista de tantos filmes num só e por criar uma obra de culto que pode ser discutida por anos a fio com imenso prazer sem que alguém mude de opinião... as quatro e meia não seriam justas.
Título Original: "Inception" (EUA, Reino Unido, 2010) Realização: Christopher Nolan Argumento: Christopher Nolan Intérpretes: Leonardo DiCaprio, Joseph Gordon-Levitt, Ellen Page, Tom Hardy, Ken Watanabe, Marion Cotillard, Dilep Rao, Cillian Murphy, Tom Berenger, Michael Caine Fotografia: Wally Pfister Música: Hans Zimmer Género: Acção, Mistério, Ficção-Científica, Thrillr Duração: 148 min. Sítio Oficial: http://inceptionmovie.warnerbros.com/ |
29 de agosto de 2010
"How To Train Your Dragon" por Nuno Reis
Antes que "Toy Story 3" da Pixar derrube todos os recordes da animação para 2010 - algo que acontecerá esta semana quando acompanhado de "Inception" ultrapassar o actual número um do género numa luta pelo sexto lugar da geral - recordemos que o primeiro grande título animado veio da Dreamworks. "How To Train Your Dragon" começou em grande desde a antestreia, a maior de sempre em Portugal.
Hiccup, cresceu a ouvir e a ver que os vikings devem ser grandes, fortes e destemidos. Ele não consegue crescer nem ficar forte, mas medo não tem. É porque cresceu numa aldeia que é atacada desde sempre por dragões dos mais variados tipos. Claro que isso não basta para se lançar em combates corpo-a-corpo contra uma criatura de dez metros que cospe fogo. Até porque, mais uma vez, a questão força é fundamental para se pegar num machado ou qualquer outra arma decente. A arma de Hiccup é a mente. Consegue construir um lançador de redes e com ele captura o mais perigoso dos dragões conhecidos: o nunca visto Fúria da Noite. No entanto não se sente capaz de o matar e liberta-o, só que o dragão não consegue voar. Como responsável pelos ferimentos do dragão Hiccup assume a responsabilidade de o devolver aos céus. Só terá de ser muito discreto pois vai contra tudo aquilo em que a aldeia acredita. Entretanto tudo o que aprende sobre dragões é útil para sobreviver aos treinos de matador de dragões sem matar nem ser morto. No final ambos vão ter de desafiar os seus líderes para conseguir o fim da interminável guerra. A batalha de vida ou morte entre milhares, pode ser travada por dois.
Não é nova a ideia de o pequeno filho do chefe viking ser um franganote que usa mais a cabeça do que os músculos. Também não é nova a ideia de manter um animal de estimação escondido da família, ou de dois indivíduos diferentes dos demais harmonizarem as relações entre duas tribos rivais. A nível de argumento é bastante fraco. Este filme distingue-se pela fantástica banda sonora. Ao início pode passar despercebida, mas quando se repara nisso o resto do filme torna-se secundário. O outro caso de sucesso é o trabalho nos cenários. A animação das personagens não é especialmente avançada, mas os planos de voo deixam qualquer um sem palavras. Seja sobre as águas, ou entre as nuvens, pelo meio das gigantescas pedras da falésia ou sobre a aldeia adormecida, transmite a sensação de voar como nunca um filme animado conseguiu.
A nível de vozes o maior destaque será para Jonah Hill que correspondia perfeitamente à personagem. Em segundo lugar distinguiria Gerard Butler que fez uma boa imitação de Schwartznegger.
A moral da história é que não devemos fazer as coisas como sempre foram feitas. Especialmente quando se trata de guerras que se prolongam no tempo apenas porque é tradição e já ninguém sabe os motivos. A primeira e última arma de ambos os lados deve ser o diálogo.
Título Original: "How To Train Your Dragon" (EUA, 2010) Realização: Dean DeBlois, Chris Sanders Argumento: Chris Sanders, Dean DeBlois, William Davies (baseados no livro de Cressida Cowell) Intérpretes (vozes): Jay Baruchel, Gerard Butler, America Ferrera, Jonah Hill, Christopher Mintz-Plasse, Craig Ferguson Música: John Powell Género: Animaão, Fantasia Duração: 98 min. Sítio Oficial: http://www.howtotrainyourdragon.com/ |
28 de agosto de 2010
"Urmel aus dem Eis" por Nuno Reis
Quatro anos depois de estar pronto, "Impy’s Island" estreou em Portugal. Este claro aproveitamento de um momento de calma nos lançamentos em finais de Abril – é natural ter medo dos primeiros blockbusters – e numa época em que não havia muito filmes para crianças (dois estreados em Fevereiro, um em Março) rendeu ao filme mais de 20000 espectadores. Considerando que os antecessores se mantiveram sempre na frente na corrida das bilheteiras e levaram às salas 130, 280 e 340 mil pessoas cada, digamos que este filme não deu prejuízo.
A história original tem quarenta anos e vem da Alemanha. Um rei entediado e sem coroa decide caçar o animal mais raro do mundo, mesmo sem saber qual é. Com a curiosidade aguçada por uma carta recebida pelo director do zoológico sobre o aparecimento de um animal teoricamente extinto, decide partir atrás dele. Na ilha do professor Tibatong, exilado há muitos anos por acreditar na existência de um também extraordinário peixe invisível, todos os animais falam, mas o que realmente o surpreende é o último dos Impys. Esse animal é o elo perdido entre os dinossauros e os porcos, além dos outros mamíferos, mas o rei, indiferente ao valor científico de tal descoberta, só pretende levar o Impy para pendurar a cabeça na sua parede. Cabe aos animais falantes da ilha – um pinguim, um lagarto, um leão-marinho, uma porca e uma espécie de cegonha – resgatar o pequeno dinossauro.
Esta ilha do Dr. Moreau infantil foi feita para delírio da pequenada. Infelizmente foi mesmo só para eles. A animação parece vinda de um software educativo, não é digna do grande ecrã, e a história é puro entretenimento de crianças. No início tem um mosquito com um certo efeito Scraty (o esquilo do Ice Age), mas promete mais do que cumpre. Desenrola-se de forma muito previsível, as personagens humanas são tão insossas que não se consegue digerir, mesmo os animais que teoricamente atraírem mais facilmente o afecto do público são meros volumes a ocupar espaço. Um ou outro momento com graça não compensa a hora de tortura em que nada acontece.
Muito eficaz dos quatro aos seis anos (tenho testemunhos), uma tortura cada vez maior a partir daí. Não é desta forma que a animação europeia se consegue impor a nível mundial.
A história original tem quarenta anos e vem da Alemanha. Um rei entediado e sem coroa decide caçar o animal mais raro do mundo, mesmo sem saber qual é. Com a curiosidade aguçada por uma carta recebida pelo director do zoológico sobre o aparecimento de um animal teoricamente extinto, decide partir atrás dele. Na ilha do professor Tibatong, exilado há muitos anos por acreditar na existência de um também extraordinário peixe invisível, todos os animais falam, mas o que realmente o surpreende é o último dos Impys. Esse animal é o elo perdido entre os dinossauros e os porcos, além dos outros mamíferos, mas o rei, indiferente ao valor científico de tal descoberta, só pretende levar o Impy para pendurar a cabeça na sua parede. Cabe aos animais falantes da ilha – um pinguim, um lagarto, um leão-marinho, uma porca e uma espécie de cegonha – resgatar o pequeno dinossauro.
Esta ilha do Dr. Moreau infantil foi feita para delírio da pequenada. Infelizmente foi mesmo só para eles. A animação parece vinda de um software educativo, não é digna do grande ecrã, e a história é puro entretenimento de crianças. No início tem um mosquito com um certo efeito Scraty (o esquilo do Ice Age), mas promete mais do que cumpre. Desenrola-se de forma muito previsível, as personagens humanas são tão insossas que não se consegue digerir, mesmo os animais que teoricamente atraírem mais facilmente o afecto do público são meros volumes a ocupar espaço. Um ou outro momento com graça não compensa a hora de tortura em que nada acontece.
Muito eficaz dos quatro aos seis anos (tenho testemunhos), uma tortura cada vez maior a partir daí. Não é desta forma que a animação europeia se consegue impor a nível mundial.
Título Original: "Urmel aus dem Eis" (Alemanha, 2006) Realização: Reinhard Klooss e Holger Tappe Argumento: Oliver Huzly, Reinhard Klooss, Sven Severin (baseados no livro de Max Kruse) Intérpretes (vozes): Wigald Boning, Anke Engelke, Florian Halm, Christoph Maria Herbst, Kevin Iannotta, Stefan Krause, Domenic Redl, Wolfgang Völz, Klaus Sonnenschein Música: James Dooley Género: Animação Duração: 87 min. Sítio Oficial: http://www.imdb.com/title/tt0480082/ |
27 de agosto de 2010
"The Wolfman" por Nuno Reis
Pequena lição de história do cinema de terror
Foi há quase setenta anos que Lon Chaney Jr. aterrorizou o mundo. Apesar de entre 1941 e 1943 ter interpretado todos os grandes monstros do cinema clássico (múmia, vampiro, Frankenstein, lobisomem) aquele por que será recordado é o seu lobisomem. Segundo uma sondagem entre os leitores da SciFiWorld foi o sexto mais assustador da história do cinema.
Em 2008 decidiram ressuscitar o mito (do lobisomem, não Lon Chaney Jr.) e entregaram a pele de lobo a um actor consagrado. Benicio Del Toro depois de ter feito tantos papéis inesquecíveis, tornou-se o novo Lawrence Talbot. Dois anos e muitos remendos depois o filme estava pronto a estrear.
Há algumas diferenças entre este e o original. Por exemplo, o original explicava o pentagrama na mão. Falando do mais recente, Lawrence Talbot, actor de enorme talento, abandona a tournée para ajudar nas buscas do irmão desaparecido. No dia em que chega a casa é confrontado com a notícia de que o irmão faleceu com os golpes causados pelas garras e presas de uma fera. Determinado a descobrir o que se passou, vai-se juntar aos populares e começar a investigar pelo acampamento cigano cujo urso é o principal suspeito. Essa multidão vai-se deparar com algo que até o urso teme: um lobisomem. Mordido pelo animal, Lawrence vai ter de derrotar o monstro interior que o atormenta, ou usá-lo para enfrentar o seu inimigo.
Bela Lugosi foi outro lendário actor do cinema fantástico. Teve sorte e começou a carreira americana com o mais memorável Dracula de Bram Stoker dos palcos, passando directamente para o "Dracula" de Tod Browning. Tendo assegurado o seu lugar no historial do cinema nunca se preocupou com a qualidade ou dignidade do papel que lhe era oferecido e foi decaindo, fazendo sátiras de si mesmo até morrer ao serviço do pior realizador de sempre, Ed Wood. Curiosamente um dos dois Oscares conseguidos pelo filme "Ed Wood" foi para Martin Laudau que interpretou Lugosi.
Quando se trata de lendas tanto Chaney como Del Toro estavam bem acompanhados. Enquanto Lon Chaney Jr. foi mordido por Bela Lugosi – uma irónica passagem de testemunho pois viria a fazer um grande vampiro dois anos depois – Del Toro tem como companheiros de ecrã duas lendas vivas do cinema como guerreiros do Bem, Max Von Sydow (Padre Merrin, o exorcista original & Antonius Block, o xadrezista que desafia a morte) e Anthony Hopkins (Van Helsing, o mais célebre caçador de vampiros). Ironicamente também deram voz a lendárias criaturas do Mal como Vigo (o fantasma que usa todo o mal de Nova Iorque) e Hannibal Lecter (o comensal de paladar requintado) respectivamente.
No entanto nem todos estes gigantes da sétima arte juntos (e faltou referir Hugo Weaving e Emily Blunt) chegam para fazer um grande filme. Del Toro consegue criar a personagem humana, mas não tem como criar o animal. Não lhe dão diálogos, tempo ou espaço para mostrar o que sente.
Num trabalho onde os exageros são constantes por uma irónica coincidência os melhores momentos podem ser encontrados nas cenas mais longas. Por exemplo as primeiras caçadas do lobisomem e o monólogo de Hopkins merecem ser vistos. Uma palavra de apreço ainda para as referências indirectas a King Kong e Mr Jekyll quando o monstro foge pela cidade, e a Frankenstein e outros clássicos de licantropos em cenas de interiores. Já as perseguições na floresta são banais e terrivelmente semelhantes ou piores do que aquilo que se faz há anos. Os combates entre lobos chegam para mostrar a alguns filmes recentes como se deve trabalhar estes CGI, mas também não convencem.
No início o ambiente gótico faz lembrar "Sleepy Hollow", mas só por sugestão da música, igualmente composta por Danny Elfman. Não é um filme de terror. Não é uma merecida homenagem ao original. Não é um blockbuster. No fundo é apenas um filme fraco com alguns piscares de olho a quem saiba ver as referências.
Foi há quase setenta anos que Lon Chaney Jr. aterrorizou o mundo. Apesar de entre 1941 e 1943 ter interpretado todos os grandes monstros do cinema clássico (múmia, vampiro, Frankenstein, lobisomem) aquele por que será recordado é o seu lobisomem. Segundo uma sondagem entre os leitores da SciFiWorld foi o sexto mais assustador da história do cinema.
Em 2008 decidiram ressuscitar o mito (do lobisomem, não Lon Chaney Jr.) e entregaram a pele de lobo a um actor consagrado. Benicio Del Toro depois de ter feito tantos papéis inesquecíveis, tornou-se o novo Lawrence Talbot. Dois anos e muitos remendos depois o filme estava pronto a estrear.
Há algumas diferenças entre este e o original. Por exemplo, o original explicava o pentagrama na mão. Falando do mais recente, Lawrence Talbot, actor de enorme talento, abandona a tournée para ajudar nas buscas do irmão desaparecido. No dia em que chega a casa é confrontado com a notícia de que o irmão faleceu com os golpes causados pelas garras e presas de uma fera. Determinado a descobrir o que se passou, vai-se juntar aos populares e começar a investigar pelo acampamento cigano cujo urso é o principal suspeito. Essa multidão vai-se deparar com algo que até o urso teme: um lobisomem. Mordido pelo animal, Lawrence vai ter de derrotar o monstro interior que o atormenta, ou usá-lo para enfrentar o seu inimigo.
Bela Lugosi foi outro lendário actor do cinema fantástico. Teve sorte e começou a carreira americana com o mais memorável Dracula de Bram Stoker dos palcos, passando directamente para o "Dracula" de Tod Browning. Tendo assegurado o seu lugar no historial do cinema nunca se preocupou com a qualidade ou dignidade do papel que lhe era oferecido e foi decaindo, fazendo sátiras de si mesmo até morrer ao serviço do pior realizador de sempre, Ed Wood. Curiosamente um dos dois Oscares conseguidos pelo filme "Ed Wood" foi para Martin Laudau que interpretou Lugosi.
Quando se trata de lendas tanto Chaney como Del Toro estavam bem acompanhados. Enquanto Lon Chaney Jr. foi mordido por Bela Lugosi – uma irónica passagem de testemunho pois viria a fazer um grande vampiro dois anos depois – Del Toro tem como companheiros de ecrã duas lendas vivas do cinema como guerreiros do Bem, Max Von Sydow (Padre Merrin, o exorcista original & Antonius Block, o xadrezista que desafia a morte) e Anthony Hopkins (Van Helsing, o mais célebre caçador de vampiros). Ironicamente também deram voz a lendárias criaturas do Mal como Vigo (o fantasma que usa todo o mal de Nova Iorque) e Hannibal Lecter (o comensal de paladar requintado) respectivamente.
No entanto nem todos estes gigantes da sétima arte juntos (e faltou referir Hugo Weaving e Emily Blunt) chegam para fazer um grande filme. Del Toro consegue criar a personagem humana, mas não tem como criar o animal. Não lhe dão diálogos, tempo ou espaço para mostrar o que sente.
Num trabalho onde os exageros são constantes por uma irónica coincidência os melhores momentos podem ser encontrados nas cenas mais longas. Por exemplo as primeiras caçadas do lobisomem e o monólogo de Hopkins merecem ser vistos. Uma palavra de apreço ainda para as referências indirectas a King Kong e Mr Jekyll quando o monstro foge pela cidade, e a Frankenstein e outros clássicos de licantropos em cenas de interiores. Já as perseguições na floresta são banais e terrivelmente semelhantes ou piores do que aquilo que se faz há anos. Os combates entre lobos chegam para mostrar a alguns filmes recentes como se deve trabalhar estes CGI, mas também não convencem.
No início o ambiente gótico faz lembrar "Sleepy Hollow", mas só por sugestão da música, igualmente composta por Danny Elfman. Não é um filme de terror. Não é uma merecida homenagem ao original. Não é um blockbuster. No fundo é apenas um filme fraco com alguns piscares de olho a quem saiba ver as referências.
Título Original: "The Wolfman" (EUA, 2010) Realização: Joe Johnston Argumento: Andrew Kevin Walker e David Self (baseados no argumento de Curt Siodmak) Intérpretes: Benicio Del Toro, Anthony Hopkins, Emily Blunt, Hugo Weaving, Max Von Sydow Fotografia: Shelly Johnson Música: Danny Elfman Género: Terror Duração: 103 min. Sítio Oficial: http://www.thewolfmanmovie.com/ |
26 de agosto de 2010
Três anos de filmes
Aproxima-se o fim do mês. Com ele chega um importante objectivo do Antestreia: três anos de filmes no gadget das estreias. Lançado ao público em Fevereiro de 2008, cedo começou a receber informação de filmes anteriores. De momento contém todos os filmes estreados em Portugal desde Setembro de 2007.
Com o tempo foi ganhando novas funcionalidades, algumas divertidas, outras inúteis. Algumas saíram (como a programação televisiva) e outras são bem recentes (programação das salas). Vai continuar a crescer e a evoluir consoante as necessidades dos leitores e as minhas capacidades.
Por isso digam o que querem ver nesta caixa mágica.
"Salt" por Nuno Reis
Numa época não muito distante foi escrito um guião sobre um agente secreto. Como não se arranjou um actor, mudou-se o sexo da personagem e encontrou-se uma actriz interessada. Se a moda pega podemos começar a ter problemas. Primeiro porque todo o desenvolvimento da personagem vai ser mínimo – para o caso de haver reajustes – segundo porque vamos começar a ver uma guerra dos sexos pelos papéis. Sou quase totalmente a favor da igualdade, mas ainda há casos onde convém distinguir homens de mulheres.
Salt é uma agente secreta da CIA. Um dia ao sair do trabalho para ir festejar o aniversário de casamento, pedem-lhe para fazer um biscate. São 20 minutos, é só mais um interrogatório. O dissidente russo que lhe apresentam traz uma complicada trama de intriga sobre a “quinta coluna” russa. Conhecidos como KA são agentes adormecidos, infiltrados em solo americanos desde pequenos, com identidade americana, com um treino que lhes permite chegar bem longe na hierarquia militar e política dos EUA para no dia X lançar um ataque imparável de dentro. Esta teoria em cinema tem como exemplo máximo "The Prize" de Mark Robson (1963, com Paul Newman) e noutro livro do mesmo Irving Wallace chegam a trocar a Primeira Dama ("The Second Lady", 1980) pelo que já conhecemos bem a teoria. A versão que Salt ouve diz que uma agente russa planeia matar o presidente russo para desencadear uma guerra. Essa agente chama-se Salt. Com os serviços secretos em alerta máximo por causa da visita da comitiva russa e esta possível ameaça vinda de dentro, Salt vai ter de fugir para conseguir respostas. Ela está disposta a tudo pelo seu país, mas qual será esse país?
Os filmes de acção com super-agentes secretos dão que falar. Sejam individuais como James Bond e Jason Bourne, ou equipas como a de Ethan Hunt, uma coisa garantida é que todos os anos há filmes em cartaz com a boa velha pancada. Faltava o equivalente feminino. Adaptar o potencialmente discreto "Salt" para ocupar esse lugar foi uma grande ideia, o único problema é que se houve uma mulher capaz de rivalizar com os machos de acção foi Lara Croft. Poucas conseguiriam ocupar este lugar, mas a escolha recorrente de Angelina Jolie começa a cansar.
Nos bons velhos tempos a divisão entre o bem e o mal era clara. Americanos contra Russos facilitava o trabalho do espectador. Hoje em dia complicam tudo com duas centenas de países, distribuídas por múltiplas alianças e organizações, constantes mudanças de posição e guerras de bastidores. É preciso estar actualizado politicamente para poder compreender um filme. Voltar ao cenário de um contra um era demasiado simplista. Os agentes infiltrados dão a complexidade desejada sem a complicação dos agentes duplos. Assim sabemos que cada uma das personagens é boa ou má, só não se sabe qual dos dois.
Podia ser um filme banal em todos os aspectos. O argumento é terrivelmente previsível e as cenas de acção são tão inacreditáveis como nos antecessores. Contudo a ousadia de o fazer (ou refazer) para uma mulher dá-lhe uns pontos extra e Jolie dá-lhe um pouco de classe. Nem ela está ao seu melhor nem o filme é extraordinário. É de destacar por ter marcado uma posição ao mostrar que alguns géneros não estão reservados para os homens. Agora nada de exageros nos próximos anos, o cheirinho a sequela bastou.
Salt é uma agente secreta da CIA. Um dia ao sair do trabalho para ir festejar o aniversário de casamento, pedem-lhe para fazer um biscate. São 20 minutos, é só mais um interrogatório. O dissidente russo que lhe apresentam traz uma complicada trama de intriga sobre a “quinta coluna” russa. Conhecidos como KA são agentes adormecidos, infiltrados em solo americanos desde pequenos, com identidade americana, com um treino que lhes permite chegar bem longe na hierarquia militar e política dos EUA para no dia X lançar um ataque imparável de dentro. Esta teoria em cinema tem como exemplo máximo "The Prize" de Mark Robson (1963, com Paul Newman) e noutro livro do mesmo Irving Wallace chegam a trocar a Primeira Dama ("The Second Lady", 1980) pelo que já conhecemos bem a teoria. A versão que Salt ouve diz que uma agente russa planeia matar o presidente russo para desencadear uma guerra. Essa agente chama-se Salt. Com os serviços secretos em alerta máximo por causa da visita da comitiva russa e esta possível ameaça vinda de dentro, Salt vai ter de fugir para conseguir respostas. Ela está disposta a tudo pelo seu país, mas qual será esse país?
Os filmes de acção com super-agentes secretos dão que falar. Sejam individuais como James Bond e Jason Bourne, ou equipas como a de Ethan Hunt, uma coisa garantida é que todos os anos há filmes em cartaz com a boa velha pancada. Faltava o equivalente feminino. Adaptar o potencialmente discreto "Salt" para ocupar esse lugar foi uma grande ideia, o único problema é que se houve uma mulher capaz de rivalizar com os machos de acção foi Lara Croft. Poucas conseguiriam ocupar este lugar, mas a escolha recorrente de Angelina Jolie começa a cansar.
Nos bons velhos tempos a divisão entre o bem e o mal era clara. Americanos contra Russos facilitava o trabalho do espectador. Hoje em dia complicam tudo com duas centenas de países, distribuídas por múltiplas alianças e organizações, constantes mudanças de posição e guerras de bastidores. É preciso estar actualizado politicamente para poder compreender um filme. Voltar ao cenário de um contra um era demasiado simplista. Os agentes infiltrados dão a complexidade desejada sem a complicação dos agentes duplos. Assim sabemos que cada uma das personagens é boa ou má, só não se sabe qual dos dois.
Podia ser um filme banal em todos os aspectos. O argumento é terrivelmente previsível e as cenas de acção são tão inacreditáveis como nos antecessores. Contudo a ousadia de o fazer (ou refazer) para uma mulher dá-lhe uns pontos extra e Jolie dá-lhe um pouco de classe. Nem ela está ao seu melhor nem o filme é extraordinário. É de destacar por ter marcado uma posição ao mostrar que alguns géneros não estão reservados para os homens. Agora nada de exageros nos próximos anos, o cheirinho a sequela bastou.
Título Original: "Salt" (EUA, 2010) Realização: Phillip Noyce Argumento: Kurt Wimmer Intérpretes: Angelina Jolie, Liev Schreiber, Chiwetel Ejiofor Fotografia: Robert Elswit Música: James Newton Howard Género: Acção, Mistério, Thriller Duração: 100 min. Sítio Oficial: http://www.sonypictures.com/movies/salt/ |
25 de agosto de 2010
"Prince of Persia: The Sands of Time" por Nuno Reis
É frequente os mundos do cinema e dos jogos cruzarem-se. Argumentistas planeiam a história, realizadores definem os planos e ângulos, actores dão a voz… Afinal, um jogo hoje em dia é apenas um filme extremamente interactivo. Numa época em que nada é sagrado e tudo é convertido para cinema, seria de esperar que também os jogos que popularizaram os computadores e consolas fossem utilizados. Combinando a originalidade dessas aventuras com o saudosismo e fanatismo de uma geração, não tardaram a escolher o título a adaptar para o formato blockbuster. Como Tetris não teria muita acção, optaram por Prince of Persia.
O príncipe persa Tus foi informado que a cidade santa de Alamut estava a fabricar armas de qualidade superior para equipar os seus inimigos. Num impulso bélico que os conselheiros não conseguiram demover, decide conquistar a cidade que nunca foi tomada. A inesperada intervenção do irmão Dastan faz com que a conquista seja fácil e evita muitas mortes, mas coloca o punhal do tempo em circulação. Os acontecimentos sucedem-se e inesperadamente tanto Dastan como Tamila, a guardiã do punhal, são fugitivos. Enquanto ele quer provar a sua inocência no assassinato do rei, seu pai adoptivo, ela pretende salvar o mundo da destruição. As suas fortes personalidades vão entrar em conflito tantas vezes que correm mais risco de morrerem da aliança do que pela mão de inimigos.
Esta épica aventura que se prevê ter vários capítulos começa logo diferente do jogo original: mudam o nome da princesa e do vilão. Tirando isso faz recordar os velhos jogos em todos os detalhes. Desde o pequeno Dastan a fugir dos guardas no início do filme, aos saltos e piruetas, até ao cenário do confronto final, tudo faz lembrar o videojogo. Para criar essa magnífica transposição muito contou a ajuda de Jordan Mechner. O criador do jogo original tinha experimentado o mundo do cinema nos últimos anos e ao chegar a esta mega-produção Disney sabia o que fazer. Tornou a sua histórica criação num filme moderno, arrojado, cheio de acção e que tem mais êxito quando se concentra em actores do que quando arrisca nos efeitos especiais. Exceptuando os efeitos areados que abundam no filme até enjoar, é uma divertida aventura, um bom entretenimento de Verão.
O príncipe persa Tus foi informado que a cidade santa de Alamut estava a fabricar armas de qualidade superior para equipar os seus inimigos. Num impulso bélico que os conselheiros não conseguiram demover, decide conquistar a cidade que nunca foi tomada. A inesperada intervenção do irmão Dastan faz com que a conquista seja fácil e evita muitas mortes, mas coloca o punhal do tempo em circulação. Os acontecimentos sucedem-se e inesperadamente tanto Dastan como Tamila, a guardiã do punhal, são fugitivos. Enquanto ele quer provar a sua inocência no assassinato do rei, seu pai adoptivo, ela pretende salvar o mundo da destruição. As suas fortes personalidades vão entrar em conflito tantas vezes que correm mais risco de morrerem da aliança do que pela mão de inimigos.
Esta épica aventura que se prevê ter vários capítulos começa logo diferente do jogo original: mudam o nome da princesa e do vilão. Tirando isso faz recordar os velhos jogos em todos os detalhes. Desde o pequeno Dastan a fugir dos guardas no início do filme, aos saltos e piruetas, até ao cenário do confronto final, tudo faz lembrar o videojogo. Para criar essa magnífica transposição muito contou a ajuda de Jordan Mechner. O criador do jogo original tinha experimentado o mundo do cinema nos últimos anos e ao chegar a esta mega-produção Disney sabia o que fazer. Tornou a sua histórica criação num filme moderno, arrojado, cheio de acção e que tem mais êxito quando se concentra em actores do que quando arrisca nos efeitos especiais. Exceptuando os efeitos areados que abundam no filme até enjoar, é uma divertida aventura, um bom entretenimento de Verão.
Título Original: "Prince of Persia: The Sands of Time" (EUA, 2010) Realização: Mike Newell Argumento: Boaz Yakin, Doug Miro, Carlo Bernard e Jordan Mechner Intérpretes: Jake Gyllenhaal, Gemma Arterton, Ben Kingsley, Alfred Molina Fotografia: John Seale Música: Harry Gregson-Williams Género: Acção, Aventura, Fantasia, Romance Duração: 116 min. Sítio Oficial: http://adisney.go.com/disneypictures/princeofpersia/ |
24 de agosto de 2010
"The Box" por Ricardo Clara
O que é que acontece quando, um cineasta pega numa mão cheia de clichés, outra de actores facilmente reconhecíveis, e no final acrescenta doses generosas de situações e ambiente vistos e revistos nos filmes de ficção científica dos últimos, vá lá, 60 anos? A resposta, é simples: "The Box" – "Presente de Morte", o trabalho mais recente de Richard Kelly, autor do brilhante "Donny Darko", uma filigrana conceptual que viu a luz do dia no ano de 2001.
Mas, neste momento que escrevo, e no que à realização concerne, usando uma terminologia desportiva, temos a genialidade a perder 1 – 2 para a banalidade. Sim, porque “Southland Tales” (2006) baixou a fasquia que o filme onde desponta Jake Gyllenhaal marcou.
Este “The Box” é mais um daqueles filmes que decide aglomerar com pouco nexo conceitos e teorias que tanto furor fizeram num bom cinema de ficção científica, e que agora só poderão cativar quem tenha começado a ver Cinema ontem. Nos textos que amiúde escrevo em matéria cinematográfica, gosto de utilizar várias vezes uma expressão que me é cara, apesar de anglófona: «been there, done that». E no caso de Kelly, aplica-se (mais uma vez), como uma luva.
Aquela estranha caixa que Norma Lewis (Cameron Diaz) decide abrir e pressionar o botão, com o intuito de ganhar um milhão de dólares, mesmo sabendo que, se o portador daquela e das más notícias que sabemos de antemão vão aparecer tiver razão, o deformado Arlington Steward (Frank Langella, que curiosamente é o «formado» no que diz respeito à representação), alguém que ela não conhece irá morrer, dá o mote para mais uma história de pseudo-filosofia de pacotilha, um existencialismo cravado de um «wake-up call» anti-materialista, dirigido por extra-terrestres moralistas. Parece interessante? Talvez, não acabássemos por presenciar a trama do costume, com o suspense do costume, com a tradicional cena da população numa mímica recíproca perante o não infectado, numa espécie de flash-mob descoordenada, unida pela ténue linha dos diálogos pobres e desinspirados. Por isso, e na velha esteira da Première portuguesa (copiada até à exaustão por dezenas de blogues e sites do género), este filme é para quem nunca viu filmes de ficção científica.
Mas, neste momento que escrevo, e no que à realização concerne, usando uma terminologia desportiva, temos a genialidade a perder 1 – 2 para a banalidade. Sim, porque “Southland Tales” (2006) baixou a fasquia que o filme onde desponta Jake Gyllenhaal marcou.
Este “The Box” é mais um daqueles filmes que decide aglomerar com pouco nexo conceitos e teorias que tanto furor fizeram num bom cinema de ficção científica, e que agora só poderão cativar quem tenha começado a ver Cinema ontem. Nos textos que amiúde escrevo em matéria cinematográfica, gosto de utilizar várias vezes uma expressão que me é cara, apesar de anglófona: «been there, done that». E no caso de Kelly, aplica-se (mais uma vez), como uma luva.
Aquela estranha caixa que Norma Lewis (Cameron Diaz) decide abrir e pressionar o botão, com o intuito de ganhar um milhão de dólares, mesmo sabendo que, se o portador daquela e das más notícias que sabemos de antemão vão aparecer tiver razão, o deformado Arlington Steward (Frank Langella, que curiosamente é o «formado» no que diz respeito à representação), alguém que ela não conhece irá morrer, dá o mote para mais uma história de pseudo-filosofia de pacotilha, um existencialismo cravado de um «wake-up call» anti-materialista, dirigido por extra-terrestres moralistas. Parece interessante? Talvez, não acabássemos por presenciar a trama do costume, com o suspense do costume, com a tradicional cena da população numa mímica recíproca perante o não infectado, numa espécie de flash-mob descoordenada, unida pela ténue linha dos diálogos pobres e desinspirados. Por isso, e na velha esteira da Première portuguesa (copiada até à exaustão por dezenas de blogues e sites do género), este filme é para quem nunca viu filmes de ficção científica.
Título Original: "The Box" (EUA, 2009) Realização: Richard Kelly Argumento: Richard Kelly (conto original "Button, Button" de Richard Matheson) Intérpretes: Cameron Diaz, Frank Langella, James Mardsen Fotografia: Steven B. Poster Música: Win Butler (entre outros) Género: Ficção-Científica, Thriller Duração: 115 min. Sítio Oficial: http://thebox-movie.warnerbros.com/ |
"Clash of the Titans" por Nuno Reis
Há muitos séculos, quando os deuses governavam o destino dos mortais, nasceu uma criança de nome Perseu. Na mitologia grega e no filme original, assim como no livro de Alan Dean Foster, a sucessão de acontecimentos faz sentido. Ele nasce, cresce numa ilha educado entre os pescadores, é levado pelos deuses para Joppa onde com a ajuda de um velho dramaturgo tem de encontrar o seu destino como guerreiro, príncipe e semi-deus. Pelo caminho enfrenta homens, monstros, deuses e titãs, revelando o seu verdadeiro valor.
Neste novo filme os únicos elementos aproveitados são os nomes. Alguns acontecimentos são semelhantes ao original, mas na sua maioria este filme é um mero insulto às obras dos grandes autores da Antiguidade. Tal como o nosso Camões, também o grupo de argumentistas cessou do sábio grego e do troiano, a fama das vitórias que tiveram, e reescreveu este capítulo. Envolvendo constantemente deuses com mortais num encontro que no original apenas acontece uma vez (quando Tétis ameaça Joppa), transformando o heróico e prudente Perseu num arrogante e despreocupado mortal, tornando a fundamental coruja mecânica de Atena num brinquedo, centralizando todo o mal num Hades que nem aparece no livro... Este filme é um insulto ao original. Pior ainda terá sido convencerem Alexa Davalos a fazer a promissora personagem de Andrómeda quando no original era valente e nesta versão apenas tem direito a fazer caridade e dizer meia dúzia de frases sonsas. Sinceramente o estudo que o trio de escritores possa ter feito para escrever isto foi ver o filme na época, esquecê-lo, e reescrever à pressa com uma vaga memória de nomes e eventos segredados por alguém. Ao ver que faltava uma personagem feminina (Andrómeda no original) e alguém sábio (a coruja Bubo) acrescentou uma inexistente Io para fazer ambos os papéis.
Na versão Disney de "Hércules" adulteraram a verdade para proteger as crianças de violência desnecessária e conseguirem cativá-las com uma versão menos complicada de intriga. Aqui que o público é maior de doze a violência é mantida no seu estado original, são acrescentadas personagens a despropósito - os Muhajedins com séculos de erro – e trocam a vilania de Tétis para o recorrente Hades, culpado de tudo o que de mau acontece. Ignorando esses erros e todo o mal que fazem a quem possa querer estudar a mitologia, é uma história sem grande sentido, que vale por algumas raras cenas de acção e pela desempenho de Gemma Arterton, uma surpresa visto que nem era suposto estar nesta história. Os restantes actores não fazem nada bem.
Pior do que terem feito este filme assim, foi terem-no chamado um remake do filme de Harryhausen. Não está ao nível do predecessor em nada. Os efeitos digitais desta adaptação (não consigo chamar remake) no paradigma actual não são nada de extraordinário como eram os do velho mestre para a sua época. Mais do que mitologia grega parece uma versão inferior de "The Mummy". Dizem que Louis Leterrier tem futuro, mas vai piorando a cada filme que faz.
NOTA: não li o livro nem vi o filme original por anos. Só agora para escrever o texto fundamentado me dei ao trabalho de ler o livro.
Neste novo filme os únicos elementos aproveitados são os nomes. Alguns acontecimentos são semelhantes ao original, mas na sua maioria este filme é um mero insulto às obras dos grandes autores da Antiguidade. Tal como o nosso Camões, também o grupo de argumentistas cessou do sábio grego e do troiano, a fama das vitórias que tiveram, e reescreveu este capítulo. Envolvendo constantemente deuses com mortais num encontro que no original apenas acontece uma vez (quando Tétis ameaça Joppa), transformando o heróico e prudente Perseu num arrogante e despreocupado mortal, tornando a fundamental coruja mecânica de Atena num brinquedo, centralizando todo o mal num Hades que nem aparece no livro... Este filme é um insulto ao original. Pior ainda terá sido convencerem Alexa Davalos a fazer a promissora personagem de Andrómeda quando no original era valente e nesta versão apenas tem direito a fazer caridade e dizer meia dúzia de frases sonsas. Sinceramente o estudo que o trio de escritores possa ter feito para escrever isto foi ver o filme na época, esquecê-lo, e reescrever à pressa com uma vaga memória de nomes e eventos segredados por alguém. Ao ver que faltava uma personagem feminina (Andrómeda no original) e alguém sábio (a coruja Bubo) acrescentou uma inexistente Io para fazer ambos os papéis.
Na versão Disney de "Hércules" adulteraram a verdade para proteger as crianças de violência desnecessária e conseguirem cativá-las com uma versão menos complicada de intriga. Aqui que o público é maior de doze a violência é mantida no seu estado original, são acrescentadas personagens a despropósito - os Muhajedins com séculos de erro – e trocam a vilania de Tétis para o recorrente Hades, culpado de tudo o que de mau acontece. Ignorando esses erros e todo o mal que fazem a quem possa querer estudar a mitologia, é uma história sem grande sentido, que vale por algumas raras cenas de acção e pela desempenho de Gemma Arterton, uma surpresa visto que nem era suposto estar nesta história. Os restantes actores não fazem nada bem.
Pior do que terem feito este filme assim, foi terem-no chamado um remake do filme de Harryhausen. Não está ao nível do predecessor em nada. Os efeitos digitais desta adaptação (não consigo chamar remake) no paradigma actual não são nada de extraordinário como eram os do velho mestre para a sua época. Mais do que mitologia grega parece uma versão inferior de "The Mummy". Dizem que Louis Leterrier tem futuro, mas vai piorando a cada filme que faz.
NOTA: não li o livro nem vi o filme original por anos. Só agora para escrever o texto fundamentado me dei ao trabalho de ler o livro.
Título Original: "Clash of the Titans" (EUA, Reino Unido, 2010) Realização: Louis Leterrier Argumento: Matt Manfredi, Phil Hay, Travis Beacham Intérpretes: Sam Worthington, Liam Neeson, Ralph Fiennes, Jason Flemyng, Gemma Arterton, Alexa Davalos, Mads Mikkelsen Fotografia: Peter Menzies Jr. Música: Ramin Djawadi Género: Acção, Aventura, Drama, Fantasia Duração: 106 min. Sítio Oficial: http://clash-of-the-titans.warnerbros.com/ |
23 de agosto de 2010
"Nanny McPhee and the Big Bang" por Nuno Reis
Cinco anos depois de a mágica Nanny McPhee ter salvo a família de Mr. Brown (Colin Firth), eis que a Mrs. Green (a estelar Maggie Gyllenhaal) também aparece com uma família problemática.
A quinta dos Green está com a falência eminente e Mr. Green na guerra. Além dos seus três filhos Isabel Green também vai alojar os dois sobrinhos que fogem de Londres devido ao risco de bombardeamento. O stress da situação em que estão, aliado ao desagrado dos citadinos pelo aspecto da quinta faz com que os cinco pequenos não se dêem bem. Mas Isabel não tem tempo para reparar nisso. Tem de ajudar a desastrada senhora Docherty com a loja, fugir ao cunhado ansioso por vender a quinta, fazer dinheiro para manter o tractor e poder fazer a colheita que salvará a quinta…. Nestas situações uma ajuda mágica daria jeito. E quem é que aparece quando precisam dela mas não a querem?
O primeiro filme roçava o ridículo. Conseguia ser tão artificial que se tornava estranho, a história não fazia grande nexo, fazia temer pelo jeito de Emma Thompson para a escrita, mesmo após tão boas provas dadas em improvisos no mais recente "Pride and Prejudice" (ou mesmo como escritora fictícia em "Stranger Than Fiction"). Este segundo filme é diferente. O mundo mágico da Nanny McPhee já não parece uma tão vulgar imitação de "Mary Poppins" e a magia num contexto de guerra em Inglaterra faz sempre lembrar o clássico "Bedknobs and Broomsticks" ("Se a Minha Cama Voasse") ou a saga do reino de Narnia (II).
Neste segundo capítulo temos uma história um pouco exagerada, mas adequada para o imaginário das crianças. Entre os pequenos desordeiros, o tio desonesto, os aldeões desastrados e os porcos voadores, está montado uma magnífica trama, com tudo o que é necessário para nos embrenhar no mundo de fantasia que um filme infantil deve ser. Um início novamente exagerado prenunciava um filme parecido com o primeiro, mas depressa se torna numa divertida comédia, com uns toques de drama, alguma adrenalina, peripécias variadas e os ensinamentos adequados para uma criança. Os computadores além de tornarem os porquinhos nos já referidos leitões voadores (o primeiro grande momento do filme) adicionam uns divertidos animais, em especial o elefante que tanta alegria trará aos mais pequenos.
Especialmente bom é o final com Maggie Smith a quase repetir a sua frase de "Hook", provando que a idade é uma coisa passageira, ser criança é para sempre. Por isso um bom filme para crianças deve ser bom para toda a família e "Nanny McPhee and the Big Bang" está nessa categoria.
A quinta dos Green está com a falência eminente e Mr. Green na guerra. Além dos seus três filhos Isabel Green também vai alojar os dois sobrinhos que fogem de Londres devido ao risco de bombardeamento. O stress da situação em que estão, aliado ao desagrado dos citadinos pelo aspecto da quinta faz com que os cinco pequenos não se dêem bem. Mas Isabel não tem tempo para reparar nisso. Tem de ajudar a desastrada senhora Docherty com a loja, fugir ao cunhado ansioso por vender a quinta, fazer dinheiro para manter o tractor e poder fazer a colheita que salvará a quinta…. Nestas situações uma ajuda mágica daria jeito. E quem é que aparece quando precisam dela mas não a querem?
O primeiro filme roçava o ridículo. Conseguia ser tão artificial que se tornava estranho, a história não fazia grande nexo, fazia temer pelo jeito de Emma Thompson para a escrita, mesmo após tão boas provas dadas em improvisos no mais recente "Pride and Prejudice" (ou mesmo como escritora fictícia em "Stranger Than Fiction"). Este segundo filme é diferente. O mundo mágico da Nanny McPhee já não parece uma tão vulgar imitação de "Mary Poppins" e a magia num contexto de guerra em Inglaterra faz sempre lembrar o clássico "Bedknobs and Broomsticks" ("Se a Minha Cama Voasse") ou a saga do reino de Narnia (II).
Neste segundo capítulo temos uma história um pouco exagerada, mas adequada para o imaginário das crianças. Entre os pequenos desordeiros, o tio desonesto, os aldeões desastrados e os porcos voadores, está montado uma magnífica trama, com tudo o que é necessário para nos embrenhar no mundo de fantasia que um filme infantil deve ser. Um início novamente exagerado prenunciava um filme parecido com o primeiro, mas depressa se torna numa divertida comédia, com uns toques de drama, alguma adrenalina, peripécias variadas e os ensinamentos adequados para uma criança. Os computadores além de tornarem os porquinhos nos já referidos leitões voadores (o primeiro grande momento do filme) adicionam uns divertidos animais, em especial o elefante que tanta alegria trará aos mais pequenos.
Especialmente bom é o final com Maggie Smith a quase repetir a sua frase de "Hook", provando que a idade é uma coisa passageira, ser criança é para sempre. Por isso um bom filme para crianças deve ser bom para toda a família e "Nanny McPhee and the Big Bang" está nessa categoria.
Título Original: "Nanny McPhee and the Big Bang" (EUA, França, Reino Unido, 2010) Realização: Susanna White Argumento: Emma Thompson Intérpretes: Emma Thompson, Oscar Steer, Asa Butterfield, Lil Woods, Eros Vlahos, Rosie Taylor-Ritson, Maggie Gyllenhaal, Rhys Ifans, Ralph Fiennes Fotografia: Mike Eley Música: James Newton Howard Género: Comédia, Família, Fantasia Duração: 109 min. Sítio Oficial: http://www.nannymcphee.co.uk/ |
22 de agosto de 2010
"Greenberg" por Nuno Reis
A vida, o amor e os cães
Há filmes assim. Independentes quanto baste, conseguem motivar actores famosos, fazer uma interacção multicultural anglo-americana e chegam ao circuito comercial com resultados independentes. Foi este o filme que abriu o Indie deste ano.
A ideia original partiu da mente do realizador Noah Baumbach e da actriz Jennifer Jason Leigh. Enquanto ela já tem uma carreira sólida no meio do cinema americano - recorde-se "eXistenZ", "The Hudsucker Proxy", "The Machinist" - ele só recentemente surgiu aos olhos do mundo, mas fê-lo em grande com o nomeado para Oscar "The Squid and the Whale". O argumento que pensaram acompanha Roger Greenberg, um solteiro desempregado e viciado em escrever cartas de reclamação que acabou de sair de um hospital psiquiátrico e vai tomar conta da casa do bem-sucedido irmão enquanto este viaja pelo Vietname. O regresso à Califórnia (Roger tem vivido em Nova Iorque) vai obrigá-lo a retomar relações com Ivan, colega na banda que condenou ao fracasso, e com Beth, ex-namorada que abandonou, assim como com as pessoas que fazem parte da vida do irmão. Dessas destacam-se Florence, a empregada que toma conta da casa, e os vizinhos que utilizam a piscina. Solitário e anti-social, inconveniente e demodé, Roger vai aprender a viver numa época que já não é a sua, mas é muito parecida.
Desde os primeiros minutos que o filme é claramente independente e muito bem feito. A história vai nascendo lentamente, primeiro acompanhando Florence e depois Roger, e esses minutos são para ele assim como o espectador se habituarem à micro-sociedade. Sensivelmente a partir da hora, quando consegue falar a sós com Beth, nota-se a mudança. Roger está fora da sua época, preso ao passado e a tentar vivê-lo no presente. Quando se tenta adaptar e viver no presente, vai descobrir que não tem idade para ser como os jovens, tem de aprender a crescer a assumir as responsabilidades de que sempre fugiu.
O elenco inclui a desconhecida Greta Gerwig como Florence (os filmes dela não costumam chegar cá) e Ben Stiller no melhor papel em muitos anos, praticamente irreconhecível depois de tantos filmes medíocres. Entre os secundários nomes como Jennifer Jason Leigh e Rhys Ifans (Beth e Ivan respectivamente) garantem a qualidade.
É um filme que fala das relações entre humanos, entre os humanos e os seus animais, entre homens e mulheres, entre novos e velhos. É sobre o medo de crescer e envelhecer, mas também sobre o medo de ficar sozinho. No fundo, é um filme sobre a vida feito por quem começa a ter consciência do que é viver. Nem são demasiado novos para filmarem o que não sabem, nem demasiado velhos para o fazerem já sem convicção. Para Noah Baumbach e Jennifer Jason Leigh foi o filme certo na altura certa e qualquer espectador terá em algum momento a idade exacta para o ver e para o deixar mudar a sua vida.
Há filmes assim. Independentes quanto baste, conseguem motivar actores famosos, fazer uma interacção multicultural anglo-americana e chegam ao circuito comercial com resultados independentes. Foi este o filme que abriu o Indie deste ano.
A ideia original partiu da mente do realizador Noah Baumbach e da actriz Jennifer Jason Leigh. Enquanto ela já tem uma carreira sólida no meio do cinema americano - recorde-se "eXistenZ", "The Hudsucker Proxy", "The Machinist" - ele só recentemente surgiu aos olhos do mundo, mas fê-lo em grande com o nomeado para Oscar "The Squid and the Whale". O argumento que pensaram acompanha Roger Greenberg, um solteiro desempregado e viciado em escrever cartas de reclamação que acabou de sair de um hospital psiquiátrico e vai tomar conta da casa do bem-sucedido irmão enquanto este viaja pelo Vietname. O regresso à Califórnia (Roger tem vivido em Nova Iorque) vai obrigá-lo a retomar relações com Ivan, colega na banda que condenou ao fracasso, e com Beth, ex-namorada que abandonou, assim como com as pessoas que fazem parte da vida do irmão. Dessas destacam-se Florence, a empregada que toma conta da casa, e os vizinhos que utilizam a piscina. Solitário e anti-social, inconveniente e demodé, Roger vai aprender a viver numa época que já não é a sua, mas é muito parecida.
Desde os primeiros minutos que o filme é claramente independente e muito bem feito. A história vai nascendo lentamente, primeiro acompanhando Florence e depois Roger, e esses minutos são para ele assim como o espectador se habituarem à micro-sociedade. Sensivelmente a partir da hora, quando consegue falar a sós com Beth, nota-se a mudança. Roger está fora da sua época, preso ao passado e a tentar vivê-lo no presente. Quando se tenta adaptar e viver no presente, vai descobrir que não tem idade para ser como os jovens, tem de aprender a crescer a assumir as responsabilidades de que sempre fugiu.
O elenco inclui a desconhecida Greta Gerwig como Florence (os filmes dela não costumam chegar cá) e Ben Stiller no melhor papel em muitos anos, praticamente irreconhecível depois de tantos filmes medíocres. Entre os secundários nomes como Jennifer Jason Leigh e Rhys Ifans (Beth e Ivan respectivamente) garantem a qualidade.
É um filme que fala das relações entre humanos, entre os humanos e os seus animais, entre homens e mulheres, entre novos e velhos. É sobre o medo de crescer e envelhecer, mas também sobre o medo de ficar sozinho. No fundo, é um filme sobre a vida feito por quem começa a ter consciência do que é viver. Nem são demasiado novos para filmarem o que não sabem, nem demasiado velhos para o fazerem já sem convicção. Para Noah Baumbach e Jennifer Jason Leigh foi o filme certo na altura certa e qualquer espectador terá em algum momento a idade exacta para o ver e para o deixar mudar a sua vida.
Título Original: "Greenberg" (EUA, 2010) Realização: Noah Baumbach Argumento: Noah Baumbach (história em co-autoria com Jennifer Jason Leigh) Intérpretes: Ben Stiller, Greta Gerwig, Rhys Ifans Fotografia: Harris Savides Música: James Murphy Género: Comédia, Drama Duração: 107 min. Sítio Oficial: http://www.filminfocus.com/focusfeatures/film/greenberg |
21 de agosto de 2010
Como os posters variam
Já repararam nas diferenças entre os cartazes promocionais do novo de Woody Allen "You Will Meet A Tall Dark Stranger"?
A primeira versão era muito básica. Depois saiu em espanhol (Espanha produz) um novo mais elaborado, e agora uma totalmente diferente.
A propósito de um filme em exibição, "The Expendables", vejam tanta variadade. Se não fosse o título nem parecia que falavam do mesmo filme.
Sem contar com os individuais e os posters russos (demasiado feitos para publicar) são estes os existentes. O mexicano no fim destingue-se claramente, mas mesmo entre os outros os elementos repetidos são mínimos.
A primeira versão era muito básica. Depois saiu em espanhol (Espanha produz) um novo mais elaborado, e agora uma totalmente diferente.
A propósito de um filme em exibição, "The Expendables", vejam tanta variadade. Se não fosse o título nem parecia que falavam do mesmo filme.
Sem contar com os individuais e os posters russos (demasiado feitos para publicar) são estes os existentes. O mexicano no fim destingue-se claramente, mas mesmo entre os outros os elementos repetidos são mínimos.
20 de agosto de 2010
Posters de "Centurion"
Apesar de já ter estreado um pouco por todo o lado, o épico romano filmado por ingleses (Neil Marshall) nem parece já estar em circulação de tão poucos cartazes que tem. Esta semana começou a notar-se uma tendência um pouco diferente com a chegada ao Video on Demand.
19 de agosto de 2010
Posters e trailers
Agora sim, alguns trailers acompanhados de posters.
"Black Swan" de Darren Aranofsky
Aranofsky está de volta ao mundo fantástico que tão bem conhece. Desta vez a história desenrola-se no mundo da dança e fala da rivalidade entre duas bailarinas. | |
Imdb | |
"Skyline" de Colin Strause e Greg Strause
Stephen Hawking avisou-nos que não era boa ideia tentar falar com extraterrestres, mas ninguém lhe deu ouvidos. Chamamo-los e agora um raio luminoso atrai as pessoas, fazendo-as desaparecer de seguida. Um grupo de sobreviventes tem de lutar pela vida e pelo planeta. | |
Imdb Oficial | |
"The Town" de Ben Affleck
Um assaltante de bancos tenta planear o seu próximo golpe enquanto escapa ao FBI e se deixa apanhar sentimentalmente por uma das suas primeiras vítimas. Imdb | |
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