Pequena lição de história do cinema de terror
Foi há quase setenta anos que Lon Chaney Jr. aterrorizou o mundo. Apesar de entre 1941 e 1943 ter interpretado todos os grandes monstros do cinema clássico (múmia, vampiro, Frankenstein, lobisomem) aquele por que será recordado é o seu lobisomem. Segundo uma sondagem entre os leitores da SciFiWorld foi o sexto mais assustador da história do cinema.
Em 2008 decidiram ressuscitar o mito (do lobisomem, não Lon Chaney Jr.) e entregaram a pele de lobo a um actor consagrado. Benicio Del Toro depois de ter feito tantos papéis inesquecíveis, tornou-se o novo Lawrence Talbot. Dois anos e muitos remendos depois o filme estava pronto a estrear.
Há algumas diferenças entre este e o original. Por exemplo, o original explicava o pentagrama na mão. Falando do mais recente, Lawrence Talbot, actor de enorme talento, abandona a tournée para ajudar nas buscas do irmão desaparecido. No dia em que chega a casa é confrontado com a notícia de que o irmão faleceu com os golpes causados pelas garras e presas de uma fera. Determinado a descobrir o que se passou, vai-se juntar aos populares e começar a investigar pelo acampamento cigano cujo urso é o principal suspeito. Essa multidão vai-se deparar com algo que até o urso teme: um lobisomem. Mordido pelo animal, Lawrence vai ter de derrotar o monstro interior que o atormenta, ou usá-lo para enfrentar o seu inimigo.
Bela Lugosi foi outro lendário actor do cinema fantástico. Teve sorte e começou a carreira americana com o mais memorável Dracula de Bram Stoker dos palcos, passando directamente para o "Dracula" de Tod Browning. Tendo assegurado o seu lugar no historial do cinema nunca se preocupou com a qualidade ou dignidade do papel que lhe era oferecido e foi decaindo, fazendo sátiras de si mesmo até morrer ao serviço do pior realizador de sempre, Ed Wood. Curiosamente um dos dois Oscares conseguidos pelo filme "Ed Wood" foi para Martin Laudau que interpretou Lugosi.
Quando se trata de lendas tanto Chaney como Del Toro estavam bem acompanhados. Enquanto Lon Chaney Jr. foi mordido por Bela Lugosi – uma irónica passagem de testemunho pois viria a fazer um grande vampiro dois anos depois – Del Toro tem como companheiros de ecrã duas lendas vivas do cinema como guerreiros do Bem, Max Von Sydow (Padre Merrin, o exorcista original & Antonius Block, o xadrezista que desafia a morte) e Anthony Hopkins (Van Helsing, o mais célebre caçador de vampiros). Ironicamente também deram voz a lendárias criaturas do Mal como Vigo (o fantasma que usa todo o mal de Nova Iorque) e Hannibal Lecter (o comensal de paladar requintado) respectivamente.
No entanto nem todos estes gigantes da sétima arte juntos (e faltou referir Hugo Weaving e Emily Blunt) chegam para fazer um grande filme. Del Toro consegue criar a personagem humana, mas não tem como criar o animal. Não lhe dão diálogos, tempo ou espaço para mostrar o que sente.
Num trabalho onde os exageros são constantes por uma irónica coincidência os melhores momentos podem ser encontrados nas cenas mais longas. Por exemplo as primeiras caçadas do lobisomem e o monólogo de Hopkins merecem ser vistos. Uma palavra de apreço ainda para as referências indirectas a King Kong e Mr Jekyll quando o monstro foge pela cidade, e a Frankenstein e outros clássicos de licantropos em cenas de interiores. Já as perseguições na floresta são banais e terrivelmente semelhantes ou piores do que aquilo que se faz há anos. Os combates entre lobos chegam para mostrar a alguns filmes recentes como se deve trabalhar estes CGI, mas também não convencem.
No início o ambiente gótico faz lembrar "Sleepy Hollow", mas só por sugestão da música, igualmente composta por Danny Elfman. Não é um filme de terror. Não é uma merecida homenagem ao original. Não é um blockbuster. No fundo é apenas um filme fraco com alguns piscares de olho a quem saiba ver as referências.
Foi há quase setenta anos que Lon Chaney Jr. aterrorizou o mundo. Apesar de entre 1941 e 1943 ter interpretado todos os grandes monstros do cinema clássico (múmia, vampiro, Frankenstein, lobisomem) aquele por que será recordado é o seu lobisomem. Segundo uma sondagem entre os leitores da SciFiWorld foi o sexto mais assustador da história do cinema.
Em 2008 decidiram ressuscitar o mito (do lobisomem, não Lon Chaney Jr.) e entregaram a pele de lobo a um actor consagrado. Benicio Del Toro depois de ter feito tantos papéis inesquecíveis, tornou-se o novo Lawrence Talbot. Dois anos e muitos remendos depois o filme estava pronto a estrear.
Há algumas diferenças entre este e o original. Por exemplo, o original explicava o pentagrama na mão. Falando do mais recente, Lawrence Talbot, actor de enorme talento, abandona a tournée para ajudar nas buscas do irmão desaparecido. No dia em que chega a casa é confrontado com a notícia de que o irmão faleceu com os golpes causados pelas garras e presas de uma fera. Determinado a descobrir o que se passou, vai-se juntar aos populares e começar a investigar pelo acampamento cigano cujo urso é o principal suspeito. Essa multidão vai-se deparar com algo que até o urso teme: um lobisomem. Mordido pelo animal, Lawrence vai ter de derrotar o monstro interior que o atormenta, ou usá-lo para enfrentar o seu inimigo.
Bela Lugosi foi outro lendário actor do cinema fantástico. Teve sorte e começou a carreira americana com o mais memorável Dracula de Bram Stoker dos palcos, passando directamente para o "Dracula" de Tod Browning. Tendo assegurado o seu lugar no historial do cinema nunca se preocupou com a qualidade ou dignidade do papel que lhe era oferecido e foi decaindo, fazendo sátiras de si mesmo até morrer ao serviço do pior realizador de sempre, Ed Wood. Curiosamente um dos dois Oscares conseguidos pelo filme "Ed Wood" foi para Martin Laudau que interpretou Lugosi.
Quando se trata de lendas tanto Chaney como Del Toro estavam bem acompanhados. Enquanto Lon Chaney Jr. foi mordido por Bela Lugosi – uma irónica passagem de testemunho pois viria a fazer um grande vampiro dois anos depois – Del Toro tem como companheiros de ecrã duas lendas vivas do cinema como guerreiros do Bem, Max Von Sydow (Padre Merrin, o exorcista original & Antonius Block, o xadrezista que desafia a morte) e Anthony Hopkins (Van Helsing, o mais célebre caçador de vampiros). Ironicamente também deram voz a lendárias criaturas do Mal como Vigo (o fantasma que usa todo o mal de Nova Iorque) e Hannibal Lecter (o comensal de paladar requintado) respectivamente.
No entanto nem todos estes gigantes da sétima arte juntos (e faltou referir Hugo Weaving e Emily Blunt) chegam para fazer um grande filme. Del Toro consegue criar a personagem humana, mas não tem como criar o animal. Não lhe dão diálogos, tempo ou espaço para mostrar o que sente.
Num trabalho onde os exageros são constantes por uma irónica coincidência os melhores momentos podem ser encontrados nas cenas mais longas. Por exemplo as primeiras caçadas do lobisomem e o monólogo de Hopkins merecem ser vistos. Uma palavra de apreço ainda para as referências indirectas a King Kong e Mr Jekyll quando o monstro foge pela cidade, e a Frankenstein e outros clássicos de licantropos em cenas de interiores. Já as perseguições na floresta são banais e terrivelmente semelhantes ou piores do que aquilo que se faz há anos. Os combates entre lobos chegam para mostrar a alguns filmes recentes como se deve trabalhar estes CGI, mas também não convencem.
No início o ambiente gótico faz lembrar "Sleepy Hollow", mas só por sugestão da música, igualmente composta por Danny Elfman. Não é um filme de terror. Não é uma merecida homenagem ao original. Não é um blockbuster. No fundo é apenas um filme fraco com alguns piscares de olho a quem saiba ver as referências.
Título Original: "The Wolfman" (EUA, 2010) Realização: Joe Johnston Argumento: Andrew Kevin Walker e David Self (baseados no argumento de Curt Siodmak) Intérpretes: Benicio Del Toro, Anthony Hopkins, Emily Blunt, Hugo Weaving, Max Von Sydow Fotografia: Shelly Johnson Música: Danny Elfman Género: Terror Duração: 103 min. Sítio Oficial: http://www.thewolfmanmovie.com/ |
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