30 de junho de 2005

”Return to Sender” por Nuno Reis



Se há uma forma fácil de vender jornais é com um escândalo mas ainda vende melhor se tiver escândalo, crime e sofrimento num só artigo. Como, por exemplo, a última carta de alguém condenado à morte. O ganha-pão de Frank Nitzche é precisamente esse, fazendo-se passar por uma pessoa interessada e compreensiva escreve aos reclusos e vai coleccionando as respostas. Quanto mais pessoais as cartas se tornam maior se torna o valor delas, a última carta que eles escrevem vale uma pequena fortuna se vendida à pessoa certa.
O negócio corria muito bem até que uma mulher com quem trocava correspondência lhe pede para a visitar. Para se manter mentalmente saudável ele sempre se recusou a conhecer as pessoas (o trabalho dele é explorá-las e não ouvi-las) mas para conseguir a última carta terá mesmo de lá ir e por essa carta, da raptora e presumível assassina de uma inocente bebé, a oferta ascende a um milhão. Quando ele a conhece sente imediatamente simpatia pela criminosa e, além de manipular cenários da investigação para aumentar o valor dos objectos, começa a investigar o que realmente se passou. A advogada de Charlotte decide-se a ajudá-lo ao máximo para a salvar mas mesmo juntos será difícil descobrir o que realmente se passou e as razões porque Charlotte muda tantas vezes de história.
Este drama está bem construído, e ao contrário de muitos outros thrillers não se descobre a verdade logo ao início. As personagens não estão totalmente desenvolvidas mas a forma como encaixam compensa a falta de individualidade que aparentam (não são estereotipadas, são personagens banais de imensos outros filmes). Não estou a dizer que representem mal mas as personagens actuam melhor em conjunto.
Bille August, o realizador de filmes como “The House of Spirits” e “Les Misérables”, dirige Aidan Quinn (“The Mission”, “Practical Magic”), Connie Nielsen (“Gladiator”, “Basic) e Kelly Preston (“Jerry Maguire”, “For Love of the Game”) num filme independente que pouco tem de inovador. Seria bem visto na TV mas não justifica uma ida ao cinema.





Título Original: "Return to Sender" (Canadá, Dinamarca, EUA e Reino Unido, 2004)
Realizador: Bille August
Intérpretes: Aidan Quinn, Connie Nielsen, Kelly Preston
Argumento: Neal Purvis, Robert Wade
Fotografia: Dirk Bruel
Música: Harry Gregson-Williams
Género: Drama/Thriller
Duração: 103 min

28 de junho de 2005

Breves



Em 1966 foi feito um filme de animação sobre um urso amarelo que vestia uma camisola vermelha, quatro décadas depois ainda é das personagens preferidas de todas as crianças e tanto faz ter escrito "Winnie the Pooh" como "Ursinho Puff", o rosto sorridente do urso é um clássico muito frequente no vídeo e no vestuário.
Apesar de sairem quase todos os anos novos vídeos do ursinho, muito tempo se passou até 2000, ano em que começou um novo ciclo de filmes desta personagem no cinema com uma trilogia: "The Tigger Movie", "Piglet's Big Movie" e "Pooh's Heffalump Movie".
Tragicamente nos últimos dias faleceram os actores octagenários Paul Winchell (voz de Tigger até 1999) e John Fiedler (a voz de Piglet desde o início), sexta e sábado respectivamente. Para quem pensa que os títulos influenciam o destino a actriz britânica Brenda Blethyn é quem dá a voz a Heffalump e até ao momento está bem de saúde.

Novamente na animação Disney, o próximo filme a chegar será "Chicken Little". Uma imitação de "Chicken Run"? Família afastada de "Stuart Little"? Não, apenas a história de um pequeno pinto que irá salvar o mundo (afinal é imitação de "Jimmy Neutron"). Zach Braff ("Garden State") e Joan Cusack são os principais nomes nas vozes, Mark Dindal ("The Emperor's New Groove") realiza. O cartaz já está nas salas de cinema nacionais mas o filme só chega pelo Natal.

Uma novidade menos infantil é que Antoine Fuqua já não irá fazer a prequela de "The Untouchables", um filme que retratará a chegada de Capone e a guerra com Malone. O argumento continua nas mãos de David Levien e Brian Koppelman (os autores de "Rounders" e "Runaway Jury") mas agora a realização passa a ser da responsabilidade de Brian de Palma. Ainda não foram indicados actores.

27 de junho de 2005

Breves


O Museu do Louvre abre esta semana as portas à equipa de filmagens do filme "The Da Vinci Code", baseado na obra homónima de Dan Brown que terá como protagonistas Tom Hanks e Audrey Tatou. O filme, a ser realizado por Ron Howard ("A Beautiful Mind" - 2001), vai ser parcialmente rodado no célebre museu parisiense entre a próxima quinta-feira e o dia 12 de Julho. De qualquer modo, a produção do filme já foi informada de que não poderá filmar no interior da Igreja de Saint-Sulpice, palco de um trecho da trama, por ela não ser "uma sucursal de Hollywood", nas palavras do arcebispo de Paris. Recorde-se que o filme tem estreia marcada para meados de Maio de 2006, nos EUA.

Em maré de adaptações, o conhecido videojogo "Max Payne", da Rock Star Games, vai ser levado ao grande ecrã. A 20th Century Fox vai produzir esta adaptação, que conta a história de um homem a quem lhe foi morta a família e, sem nada a perder, enceta uma perseguição ao autor do crime, sendo perseguido pela polícia e perseguindo a máfia.

Acabou de estrear nas nossas salas, e já se pensa com afinco no seguinte. Falo de "Batman Begins", cuja sequela terá como protagonista, além do homem-morcego, um novo vilão - Joker. Ora, e todos estamos recordados desta maléfica personagem ser interpretada por Jack Nicholson, com aquele sorriso rasgado de orelha a orelha, no original de Tim Burton. Pois bem (e reservando-me ao direito de especulação), fala-se que para esta sequela o Joker será interpretado por... Sean Pean. Isso mesmo, o óscarizado californiano, de filmes como "Mystic River" ou "21 Grams" estará na calha para vestir a pele do "Clown Prince of Crime", figura que surgiu pela primeira vez num livro de BD em 1940.


E como um rumor nunca vem só, apresentamos outro, agora inevitavelmente ligado ao... James Bond. Exactamente, segundo alguns rumores, a estrela da série televisiva "E.R." Goran Visnjic poderá vestir o fato do agente ao serviço de Sua Majestade. De facto, no remake de "Casino Royale", o actor sérvio-montenegrino, que participou igualmente no filme "Elektra" poderá suceder a Pierce Brosnan que, como o Antestreia atempadamente anunciou, fez em "Die Another Day" a sua última aparição enquanto 007. Depois de Sir Sean Connery, George Lazenby, Sir Roger Moore, Timothy Dalton e Pierce Brosnan, Visnjic poderá ser o sexto homem a protagonizar um dos papéis mais procurados na meca do cinema. Não é o primeiro actor não-britânico, pois já Lazenby,
australiano de nascença, protagonizou "On Her Majesty's Secret Service". Recorde-se igualmente que será o neo-zelandês Martin Campbell a realizar, num remake onde Peter Sellers era Bond, James Bond.


26 de junho de 2005

As 100 frases



Depois de nos ter apresentado a lista dos 100 melhores filmes, dos 100 melhores sustos, das 100 melhores gargalhadas e das 100 melhores canções, o American Film Institute presenteia-nos agora com a lista mais difícil de fazer e mais injusta de sempre: as melhores frases de sempre. Os candidatos como sempre são filmes americanos e ninguém precisa de muito tempo para se lembrar de umas dezenas de frases inesquecíveis que ao longo dos anos foram ditas pelas estrelas (músicas não contam).

A luta resumiu-se aos clássicos de sempre, "Casablanca" tem o maior número de frases para um filme só, "Gone With the Wind" tem a melhor, "Citizen Kane" tem a mais curta.

"Casablanca" tem um total de seis frases que incluem "Here's looking at you, kid", "Louis, I think this is the beginning of a beautiful friendship", "We'll always have Paris" e "Play it, Sam. Play 'As Time Goes By'". A frase vencedora de "Gone With the Wind" foi "Frankly, my dear, I don't give a damn", como decerto se recordam quase foi retirada da película pela censura. A mini-frase de "Citizen Kane" é o enigmático "Rosebud" em que assenta todo o filme.

Como curiosidade alguns casos de filme/sequela com frases:
  • "Godfather" com "I'm going to make him an offer he can't refuse" e "Keep your friends close, but your enemies closer".
  • "Terminator" com "I'll be back" e "Hasta la vista, baby".
  • a saga James Bond tem duas frases, a bebida "A martini. Shaken, not stirred", e o homem "Bond. James Bond".

    Bem, se começar a dizer as frases que me marcaram terei de dizer bastante mais do que as 100 deste top, deixo a lista e cada um que veja por si.
    Os 20 primeiros são:


  • 1Frankly, my dear, I don’t give a damn.
    GONE WITH THE WIND (1939)
    2I'm going to make him an offer he can't refuse.
    THE GODFATHER (1972)
    3You don't understand! I coulda had class. I coulda been a contender. I could've been somebody, instead of a bum, which is what I am.
    ON THE WATERFRONT (1954)
    4Toto, I've got a feeling we're not in Kansas anymore.
    THE WIZARD OF OZ (1939)
    5Here's looking at you, kid.
    CASABLANCA (1942)
    6Go ahead, make my day.
    SUDDEN IMPACT (1983)
    7All right, Mr. DeMille, I'm ready for my closeup.
    SUNSET BLVD. (1950)
    8May the Force be with you.
    STAR WARS (1977)
    9Fasten your seatbelts. It's going to be a bumpy night.
    ALL ABOUT EVE (1950)
    10You talking to me?
    TAXI DRIVER (1976)
    11What we've got here is failure to communicate.
    COOL HAND LUKE (1967)
    12I love the smell of napalm in the morning.
    APOCALYPSE NOW (1979)
    13Love means never having to say you're sorry.
    LOVE STORY (1970)
    14The stuff that dreams are made of.

    THE MALTESE FALCON (1941)
    15E.T. phone home.

    E.T. THE EXTRATERRESTRIAL (1982)
    16They call me Mister Tibbs!
    IN THE HEAT OF THE NIGHT (1967)
    17Rosebud.
    CITIZEN KANE (1941)
    18Made it, Ma! Top of the world!
    WHITE HEAT (1949)
    19I'm as mad as hell, and I'm not going to take this anymore!
    NETWORK (1976)
    20Louis, I think this is the beginning of a beautiful friendship.
    CASABLANCA (1942)


    A lista completa pode ser vista aqui.

    "Crash" por Nuno Reis

    Até à semana passada se me pedissem para dizer quem é Paul Haggis com apenas um filme a resposta seria inevitavelmente “argumentista do “Million Dolar Baby””. Mas agora a resposta é diferente, pois escreveu, realizou e ainda compôs para “Crash” e este filme é simplesmente um dos melhores do ano.
    Os Estados Unidos sempre se apresentaram como a terra das oportunidades, onde os sonhos de todos se tornam realidade. O melting pot em que as raças se cruzam é uma das características fundamentais do país, inicialmente eram os ingleses e os seus escravos negros, os chineses, os irlandeses, os judeus e os mexicanos foram surgindo. Actualmente a América é uma amálgama de povos fechados nas suas comunidades com medo de se encontrarem, um medo despoletado pelos ataques terroristas que lançaram o ódio sobre os árabes no geral - inclusive os que são de nacionalidade americana há mais de uma geração – e espalharam um medo com fundamentos mas irracional.
    Esta história apresenta-nos americanos brancos, negros, latinos, asiáticos e do médio oriente. As suas profissões são as mais variadas, governadores, polícias, criminosos, realizadores, lojistas, há de quase tudo. Essas pessoas além disso ainda são maridos, esposas, filhos, filhas, pais, mães e irmãos que nos tempos livres cuidam da família. E todas essas pessoas com problemas correm um enorme risco de terem o futuro destruído por serem acusados de racismo, algo que evitam e de que são vítimas. Novamente o medo escondido.
    Todas as personagens revelam ser algo diferente do que a primeira impressão mostra, provam que os estereótipos são errados, cada ideia preconcebida sobre eles pode estar errada pois são indivíduos, não seguem os exemplos daqueles que dão a má fama aos demais.
    O filme atinge os seus objectivos por nos apresentar pessoas perfeitamente normais, cada um de nós poderia ter uma daquelas profissões, cada um de nós poderia ter alguém assim na família, cada um de nós poderia ter um problema semelhante, cada um de nós...
    A história resume-se a alguns dias, duas noites bastam para que tudo aconteça. A linha temporal é contínua mas vai mostrando diferentes pontos de vista sobre o país, a vista dos ricos e a dos pobres, a dos oprimidos e a sociedade opressora que é composta por cada um deles. Há pouco fiz uma comparação, este filme é um cruzamento de “The 25th Hour” com “Magnolia”, através do indivíduo mostra como o 11 de Setembro destruiu a vida das pessoas, através das vidas cruzadas mostra a simplicidade da vida, os sonhos de cada um podem ser desfeitos na terra dos sonhos, só os milagres podem salvar vidas.
    É daqueles filmes capazes de prender o espectador, de o fazer torcer pelo que é justo, de o fazer vibrar, de o fazer sofrer e de o fazer desejar que as fadas existam.
    Com um elenco de luxo composto por estrelas de Hollywood e vários dos secundários habituais, um argumento genial e uma moral que não deverá ser esquecida, este é um dos títulos a não perder de 2005.






    Título Original: "Crash" (EUA, 2004)
    Realizador: Paul Haggis
    Intérpretes: Don Cheadle, Jennifer Esposito, Sandra Bullock, Brendan Fraser, Matt Dillon, Ryan Phillipe, Thandie Newton, Terence Howard, William Fichtner, Ludacris
    Argumento: Paul Haggis e Robert Morisco
    Fotografia: James Muro
    Música:Mark Isham, Kathleen York
    Género: Drama /Thriller
    Duração: 113 min
    Sítio Oficial: http://www.crashfilm.com/

    25 de junho de 2005

    Nova aventura de Filipe Melo


    Quando em 2004 estreava em Portugal, mais propriamente no Fantasporto, a curta-metragem "I'll See You In My Dreams", estava aberto e traçado um novo caminho: era o primeiro filme de zombies português, o qual venceu inúmeros prémios, nacionais e internacionais, entre os quais a melhor Curta-Metragem Fantástica no Fantasporto 2004, e o Mélies d'Or para Melhor Curta-Metragem Fantástica Europeia. A par da curta, foi também lançado um documentário - "O Homem Que Gostava De Zombies", que conta a história do pioneiro dos filmes de zombies em Portugal, a estranha personagem de nome Eurico Bernardes Catatau. Depois de tanto sucesso, que culminou ainda com o lançamento de um DVD, Filipe Melo, o visionário produtor do filme, e a sua produtora Pato Profissional, preparam já um novo filme: "As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy", cujo site (que se encontra em construção) pode ser já visitado em http://www.dog-pizzaboy.com. O Antestreia irá acompanhar a par e passo todos os desenvolvimentos deste projecto que promete ser mais uma página de sucesso no universo do cinema fantástico português.


    Trailer televisivo "King Kong"




    O site themoviebox.net colocou online um trailer publicitário do canal televisivo norte-americano NBC, do remake de "King Kong", a ser realizado por Peter Jackson. O filme, que estreia em Dezembro deste ano, nos EUA, conta com Naomi Watts ("21 Grams" - 2003), Jack Black ("High Fidelity" - 2000, "School of Rock" - 2003) e Adrien Brody ("The Pianist" - 2002, "The Village" - 2004) nos principais papéis, bem como com Andy Serkis (o Gollum de "The Lord of the Rings"). Para ver o trailer, basta clicar aqui.


    24 de junho de 2005

    23 de junho de 2005

    "Batman Begins" por Ricardo Clara

    Bruce Wayne, jovem milionário, encarna um alter-ego que patrulha as ruas da cidade de Gotham. Mas, como é que tudo começou? Onde é que Wayne, ou Batman, desenvolveu todas as suas habilidades e gadgets que o auxiliam na luta contra o crime?
    A história, sobejamente conhecida, e adaptada da BD, teve um primeiro episódio em 1989, numa realização de Tim Burton. Aí, Michael Keaton encarnava a personagem principal, num filme que colocaria a fasquia muito alta na abordagem a esta personagem. Em 1992, os mesmos protagonistas, vilões diferentes: surge Danny DeVito enquanto pérfido Pinguim, e Michelle Pfeiffer enquanto Catwoman. Em 1995, nova abordagem (e que abordagem): um tenebroso Joel Shumacher realiza "Batman Forever", e apresenta Val Kilmer enquanto o homem-morcego. Num filme de terrível qualidade, nem Jim Carrey nem Nicole Kidman abrilhantaram uma fita já de si muito fraca. Mas só em 1997 se atinge o fundo: "Batman & Robin", ou "como dois heróis se vestem de couro e protagonizam uma imensa fábula gay". Nem será necessário avançar mais. Daí até abrandar o ritmo, foi um passo. Oito anos volvidos, e as espectativas eram elevadíssimas. Vamos então por partes: o realizador é Christopher Nolan, um londrino que espantou o mundo cinematográfico em 2000 com "Memento"; o elenco, de enorme luxo: Michael Caine, Liam Neeson, Katie Holmes, Cillian Murphy, Ken Watanabe, Morgan Freeman e, para terminar, um novo actor na pele do herói: Christian Bale ("American Psycho" - 2000; "The Machinist" - 2004). Mas, infelizmente, parece que os ingredientes não foram todos bem misturados. Ok, há um ambiente noir que regressa a este filme, numa toada já apresentada por Tim Burton; bem como Christian Bale, que consegue aproximar-se de Keaton no inicial de 1989; tal como a banda sonora, de um senhor que nunca desilude - Hans Zimmer. Mas não passa de um grupo de planos desorganizados, com constantes avanços e recuos temporais debilmente montados, e que termina com acção fraca e explosões quanto baste. É, de facto, um flop este primeiro blockbuster de verão, que acaba por ser isso mesmo, um filme... de verão. Pedia-se mais. Numa fase importante, pois a narração do que levou um homem comum tornar-se um personagem assustador e desconcertante, bastante ligado ao "mundo das trevas" (o próprio Nolan havia colocado como objectivo a devolução do herói às trevas), acabamos por ter uma película que não aguenta a pressão de desenvolver uma base de sustentação suficientemente forte para justificar e amparar tão magnânime personagem, por vezes herói, outras anti-herói. O filme termina com a deixa para uma continuação (algo já previamente anunciado), e o regresso do Joker (um vilão a sério, não um Ducard qualquer que quer levar Gotham City à implosão). Mas, de facto, nem a introdução de um verdadeiro vilão nos garante que melhorará... Um conselho: chamem o Guillermo del Toro, ele ensina como se faz.



    Título Original: "Batman Begins" (EUA, 2005)
    Realizador: Christopher Nolan
    Intérpretes: Christian Bale, Michael Caine, Liam Neeson, Katie Holmes, Cillian Murphy, Ken Watanabe e Morgan Freeman
    Argumento: Bob Kane e David S. Goyer
    Fotografia: Wally Pfister
    Música: Hans Zimmer
    Género: Fantástico / Aventura / Acção
    Duração: 141 min
    Sítio Oficial: http://www2.warnerbros.com/batmanbegins

    19 de junho de 2005

    18 de junho de 2005

    13 de junho de 2005

    2 anos


    Penso que sim. Estamos de parabéns. Fazemos hoje 2 anos de idade, talvez a maioridade num blog. Quase 65.000 visitas depois, temos (Ricardo Clara e Nuno Reis) dois nomes a quem agradecer o crescimento e selo de qualidade que trouxeram a este weblog: César Nóbrega e Filipe Lopes, duas pessoas de inquestionável valor e conhecimentos, que elevaram a fasquia dos mínimos, para um record mundial. Obrigado. E obrigado a todos, leitores que nos visitam, que mandam mails, que comentam ou que já pensaram em nós sem sequer nos estar imediatamente a visitar.
    Mas agora, alguns apontamentos: o Antestreia, um dos blogs mais antigos e mais visitados no panorama cinematográfico português vai sofrer alterações, que a seu tempo serão anunciadas. Não só neste formato. Parabéns à ABCine, que fez à pouco tempo o seu aniversário, e que integra a cronologia deste blog. E ao Nuno e a mim, que o idealizamos, mantemos e projectamos. Necessitamos melhoramentos. Sim. Opiniões, ou todo o tipo de comentários, mandem-nos por email (antestreia_blog@hotmail.com) ou no sistema de comentários. Ah, espero mais um post destes lá para 13 de Junho de 2006. Até lá, bom cinema.

    10 de junho de 2005

    Festival de Cinema do Funchal


    CINEMA NOVO CRL a organizadora do popular FANTASPORTO – FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DO PORTO sera o co-organizador, juntamente com a associação PLANO XXI de um NOVO FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA na Capital da Madeira Madeira.

    O director do Festival será Henrique Teixeira, o Director Artístico, Mario Dorminsky, sendo a produção a cargo da CINEMA NOVO CRL com a PLANO XXI.

    O Festival está aberto a inscrição de filmes absolutamente inéditos em Portugal, curtas (até 15minutos de duração) e longas em suporte único de 35mm. Todas as inscrições deverão ser acompanhadas por um screener.

    A 1ª edição do Festival Internacional de Cinema do Funchal, decorrerá de 5 a 13 de Novembro de 2005.

    O Festival terá lugar no Teatro Nacional Baltazar Dias no centro do Funchal bem como no Jardim adjacente ao Teatro onde se realizarão sessões ao ar livre e espectáculos musicais. O Festival contará com um total de 40 sessões.

    O F.I.C.F.’05, que terá uma Secção Oficial aberta a longas e curtas-metragens no formato de 35mm, tem caracter competitivo numa selecção feita por base a produção dos países Atlânticos e Europeus.

    O F.I.C.F.’05, promoverá igualmente uma amostragem do Novo Cinema Português para o que se contará, para além da exibição de filmes ainda não estreados na Madeira, se possível, com a presença de um stand do ICAM para promoção e divulgação dos filmes em “vídeo à la carte”, espaço esse especialmente vocacionado para os jornalistas e convidados estrangeiros do Festival.

    Perspectiva-se para 2005 a realização de uma Secção Retrospectiva dedicada ao cinema espanhol recente para o qual será convidado um nome importante da cinematografia mundial que será homenageado oficialmente, bem como a cinematogradia em questão. Haverá igualmente uma Secção Homenagem dedicado a uma figura que se tenha distinguido nos meios do cinema nacional e internacional. 2005 será o ano de António da Cunha Telles, produtor e cineasta nascido na Madeira

    Para além da Secção Oficial, o sector especial PREMIÈRE pretenderá ser o “espelho” da mais recente produção geograficamente circunscrita aos países banhados pelo Oceano Atlântico. Trata-se de um sector de carácter informativo e feito tendo por base antestreias nacionais de filmes já adquiridos para o mercado português.

    O F.I.C.F.’05 promoverá um conjunto de iniciativas junto do público infantil e juvenil sob a denominação ANIMARTE, alargando ainda mais o âmbito do Festival criando uma perspectiva de criação de gosto cinéfilo junto destas novas audiências.

    Para mais informações, todos os interessados deverão contactar pelo email festfunchal@gmail.com



    9 de junho de 2005

    "Sin City" por Nuno Reis

    O nome indicado na tabuleta limítrofe era Basin City mas diversas balas nas primeiras letras tornam mais fácil ler apenas Sin City, assim será esse o nome usado para referir a cidade em que apenas os mais duros sobrevivem e onde a corrupção é a moeda. Na parte velha as regras são diferentes, as prostitutas governam-se sem ajuda e a única coisa que os homens podem lá ir fazer é comprar prazer, mas essa trégua está restes a ser quebrada.
    Três histórias cruzam-se em tons de cinzento, um polícia tenta salvar uma criança de um assassino perverso, um monstro tenta vingar uma morte e um assassino tenta evitar uma guerra no meio da cidade. Numa homenagem aos velhos filmes de detectives a narração é feita pelo protagonista e apenas o sangue vermelho, um cabelo dourado, uns olhos azuis e um diabo amarelo destacam no cinzento. Ocasionalmente alguns faróis brilham nessa escuridão. Não há diferença entre a noite e o dia.
    Um filme fiel à banda desenhada como forma de expressão que utiliza a animação em alguns momentos breves. Algo de diferente numa arte que cada vez é mais igual a si própria e onde ser diferente costuma ser um risco. Esse risco foi assumido por pessoas poderosas, Frank Miller é um dos mestres da BD, Rodriguez (apesar da asneira que foi prosseguir com a saga “Spy-Kids”) é um realizador aclamado e Tarantino, depois de tudo que deu ao cinema, pode fazer os filmes como lhe apetecer que ninguém tem coragem de dizer mal. Obra conjunta de três realizadores e com um dos melhores elencos que o dinheiro pode comprar não se poderia esperar nada abaixo da obra-prima. Depois de ver todo o filme e encaixar os pedaços é isso que sobra.
    O filme pretende atrair um público masculino, os heróis são duros e impiedosos, as mulheres andam muito despidas, tem mortes e explosões quanto bastem. Para Mickey Rourke foi o melhor papel da vida e para Nick Stahl foi mais um passo para a fama, para Clive Owen foi mais uma confirmação de talento e para Bruce Willis foi mais um convite para estar entre os grandes actores da década. Benicio del Toro está genial, tanto vivo como morto. Outras estrelas têm um papel mais reduzido (Elijah Wood, Michael Madsen e Josh Hartnett por exemplo) num filme de duas horas não poderiam dar tempo a todos. O elenco feminino é bastante prejudicado, Rosário Dawson tem um bom papel e o mesmo digo de quase todas as suas colegas mas se Jaime King desapareceu demasiado cedo, Carla Gugino quase só aparece nua e Brittany Murphy, mesmo não aparecendo nua, merecia mais tempo de ecrã. Alexis Bledel volta a mostrar os seus belos olhos e Devon Aoki volta a ter como personagem uma asiática implacável mas bem melhor que em “2 Fast 2 Furious”.
    O humor negro implícito torna-se explícito nos momentos que o drama ameaça tornar-se cansativo, um homem atravessado por uma seta totalmente calmo a perguntar o que deve fazer é um dos exemplos. Também tive um bom momento de diversão quando apareceu Elijah Wood que pela forma como estava vestido me fez lembrar Harry Potter. No género de humor nota-se semelhanças com “Hellboy” e a série animada “Hellsing” outras das obras Dark Horse que saíram do papel. Destaco ainda os momentos de glória das personagens sobreviventes e as sublimes saídas de cena dos menos felizardos, o filme consegue transmitir violência de forma convincente e gratuita mas com arte.








    Título Original: "Sin City" (EUA 2005)
    Realizador: Frank Miller, Robert Rodriguez, Quentin Tarantino
    Intérpretes: Bruce Willis, Mickey Rourke, Jessica Alba, Clive Owen, Nick Stahl, Rosario Dawson, Benicio Del Toro, Jaime King, Devon Aoki, Alexis Bledel e muitos outros
    Argumento: Frank Miller
    Fotografia: Robert Rodriguez
    Música: John Debney, Graeme Revell, Robert Rodriguez
    Género: Acção/Crime/Drama/Thriller
    Duração: 124 min.
    Sítio Oficial: http://www.sincitythemovie.com

    7 de junho de 2005

    "Dear Frankie" por César Nóbrega



    PESSOAS COMO NÓS…

    "Vergonha é roubar!" dizia-me uma senhora sentada ao meu lado. Alta, morena, com os seus 70 anos, a senhora Antónia acaba de ver o filme "Querido Frankie" de Shona Auerbach. "Vergonha é roubar!" repetia-me ela. Parece que acabavam de me dar uma chapada na cara. Eu chorava… estava envergonhado - "e depois? Mostra que ainda tem sentimentos. Muita da nossa juventude não sabe o que é chorar, e então os homens estão a voltar à Idade da Pedra." A dona Antónia não me largava, mas eu estava todo satisfeito, afinal, acabava de levar um elogio do tamanho do mundo.

    "O filme é lindo… sem ser piegas é forte." Mais uma vez, a senhora Antónia tinha-me tirado as palavras da boca. "Querido Frankie" é isso mesmo.
    Desde que se lembra o pequeno Frankie, tem 9 anos, anda de terra em terra com a mãe. Sabemos que fogem de alguma coisa, porque nas cartas que ele envia para o pai diz que, apesar das promessas da mãe, nunca assentam em nenhum local. Ficam uns meses e depois seguem, como de saltimbancos se tratassem.
    Frankie nunca viu o seu pai, apenas "conhece" a letra dele das cartas que vai recebendo e que lhe contam aventuras do mar. Supostamente, o pai do miudo é um marinheiro a bordo de um grande navio. Quando chegam a uma aldeia costeira escocesa, Frankie vai ter a oportunidade por que esperava - conhecer o pai. Mas, a mãe Lizzie tem um segredo. "As mulheres adoram segredos" - diz uma amiga que Frankie acaba de conhecer na escola - "procura no guarda-fatos, é lá que esles estão todos". Só que este está muito mais longe. Lizzie e Frankie fogem do pai! - e as cartas que o miudo recebe são falseadas pela mãe para proteger o pequeno de algo muito grave. Por isso, Lizzie vai ter de engendrar um esquema para que Frankie não fique a conhecer a verdade.
    O enredo tem tudo para ser "lamechas", mas não é! Em "Querido Frankie" não há heróis ou vilões "muito maus". São apenas pessoas que cometem erros. Podia ser um de nós. O filme conta uma história, mas em altura alguma a tenta impôr, do género: aqui está o bem e ali o mal. Ela devia fazer isto e ele aquilo.
    Nos principais papeis estão a bela Emily Mortimer que vamos ver em "Match Point" (2005), o mais recente de Woody Allen e que vimos em "Young Adam" de David Mackenzie (2003), ao lado do pequeno Jack Mcelhone, o outro protagonista de "Querido Frankie". O actor escocês, Gerald Butler, o fantasma de "O Fantasma da Ópera" de Joel Schumacher (2004) tem aqui o seu papel mais simples, mas igualmente, o mais eficaz. Butler é o estranho que vai ser pai do Frankie por um dia (ou dois).
    "Querido Frankie" é realizado por Shona Auerback, igualmente responsável pela belíssima fotografia. As paisagens costeiras da Escócia ajudam. Por vezes, temos a sensação de estar a olhar para um quadro.
    O filme ganhou prémios nos festivais de cinema de Seattle, Montreál, Los Angeles e Indiana e foi nomeado para vários prémios da indústria britânica de cinema.