"Magic in the Moonlight" por Nuno Reis
É verdade que o melhor de Allen é quando filma a sua Nova Iorque, no entanto quando vai para França nunca é tempo perdido. Esta viagem um pouco mais a sul que a habitual Paris tinha algum risco. Como fugia aos convencionais filmes turísticos que nos tem dado na última década e os nomes de cidade pomposas como Barcelona e Roma estavam ausentes do título, os receios eram infundados.
"Magic in the Moonlight" é uma nova busca de Allen por um sucessor. Se antes foi Blanchett em "Blue Jasmine" a fazer de maníaco-depressiva no feminino, agora é Colin Firth a fazer de génio sobranceiro que enfrenta uma opositora feminina astuta (Emma Stone), como recordamos dos saudosos anos em que Allen e Keaton nos faziam exercitar um pouco a mente durante o filme para que a possamos usar durante o resto da vida.
Firth é Stanley, o ilusionista mais famoso do mundo que actua sob pseudónimo. Um amigo e colega nessas lides mágicas, pede-lhe que o ajude a desmarcarar uma suposta vidente americana cujos poderes em exibição na Riviera Francesa permanecem irrefutáveis. Com uma confiança inabalável nas suas capacidades analíticas e a certeza da inexistência de actividades paranormais, é com todo o gosto que aceita esse pretexto para apanhar ar puro e visitar uma tia que vive nas redondezas, a única pessoa com quem tem conversas interessantes.
A jovem vidente causa uma interessante primeira impressão no inglês. À medida que ele fala com ela e a vai ouvindo, começa a duvidar das suas capacidades invencíveis a desmascarar impostores. E pior, começa a acreditar que ela pode ser autêntica. A primeira prova de poderes sobrenaturais e consequentemente de vida no além e tudo o que lhe está associado. Afinal, quem não acreditaria que aqueles olhos vêm muito além dos nossos?
Se nas anteriores viagens à Europa, sabíamos que Allen estava a disfrutar de umas férias pagas enquanto fazia o filme em piloto automático, agora a dúvida instala-se. A Riviera Francesa é um lugar prazenteiro para passar umas semanas, mas estará Allen a ser um impostor ou será um verdadeiro cineasta com um filme para nos mostrar?
No início há muito de falso. Vemos retalhos vindos de muitos outros filmes anteriores como "Scoop" (o ilusionismo como porta de entrada de uma plebeia americano no mundo dos aristocratas britânicos), "Whatever Works" (a jovem irresistível que lentamente vai caindo nas boas graças do homem que reencontra prazer na vida) e outro que será melhor não revelar para não estragar nenhuma surpresa a quem não viu o filme. Lentamente vamos vendo que há muito mais nesta trama. Firth está fenomenal num papel que lhe encaixa como uma luva (quantas vezes já interpretou estes seres convencidos e valores morais superiores que levam uma lição?) e Emma Stone conquistará os poucos que ainda não lhe estivessem rendidos. Se tivesse mais uns cinco minutos de tela e Blanchett não tivesse ganho um Oscar ainda o ano passado graças a Allen, facilmente a estatueta lhe cairia nas mãos. Assim, talvez tenha uma nomeação.
No seu todo é um filme que fica naquele território dominado por poucos mestres onde Woody se destaca. Nem comédia, nem drama, nem romance, mas um pouco de cada. Nem demasiado no mundo real, nem no fantástico, mantendo-nos no limbo da dúvida entre ambos. Não é um novo "Midnight in Paris". Não vai nem pretende agradar a todos os públicos. Como filme isolado ou introdução a Allen não é de todo recomendável, a não ser que sejam admiradores dos protagonistas. Mas quem está acostumado a ver Allen no seu melhor e pior e o conhece desde os primeiros anos, terá muito com que se entreter a desconstruir "Magic in the Moonlight" nessas várias peças do que já fez antes e ver que, mesmo quando se repete, tem sempre algo de novo para mostrar.
"Magic in the Moonlight" é uma nova busca de Allen por um sucessor. Se antes foi Blanchett em "Blue Jasmine" a fazer de maníaco-depressiva no feminino, agora é Colin Firth a fazer de génio sobranceiro que enfrenta uma opositora feminina astuta (Emma Stone), como recordamos dos saudosos anos em que Allen e Keaton nos faziam exercitar um pouco a mente durante o filme para que a possamos usar durante o resto da vida.
Firth é Stanley, o ilusionista mais famoso do mundo que actua sob pseudónimo. Um amigo e colega nessas lides mágicas, pede-lhe que o ajude a desmarcarar uma suposta vidente americana cujos poderes em exibição na Riviera Francesa permanecem irrefutáveis. Com uma confiança inabalável nas suas capacidades analíticas e a certeza da inexistência de actividades paranormais, é com todo o gosto que aceita esse pretexto para apanhar ar puro e visitar uma tia que vive nas redondezas, a única pessoa com quem tem conversas interessantes.
A jovem vidente causa uma interessante primeira impressão no inglês. À medida que ele fala com ela e a vai ouvindo, começa a duvidar das suas capacidades invencíveis a desmascarar impostores. E pior, começa a acreditar que ela pode ser autêntica. A primeira prova de poderes sobrenaturais e consequentemente de vida no além e tudo o que lhe está associado. Afinal, quem não acreditaria que aqueles olhos vêm muito além dos nossos?
Se nas anteriores viagens à Europa, sabíamos que Allen estava a disfrutar de umas férias pagas enquanto fazia o filme em piloto automático, agora a dúvida instala-se. A Riviera Francesa é um lugar prazenteiro para passar umas semanas, mas estará Allen a ser um impostor ou será um verdadeiro cineasta com um filme para nos mostrar?
No início há muito de falso. Vemos retalhos vindos de muitos outros filmes anteriores como "Scoop" (o ilusionismo como porta de entrada de uma plebeia americano no mundo dos aristocratas britânicos), "Whatever Works" (a jovem irresistível que lentamente vai caindo nas boas graças do homem que reencontra prazer na vida) e outro que será melhor não revelar para não estragar nenhuma surpresa a quem não viu o filme. Lentamente vamos vendo que há muito mais nesta trama. Firth está fenomenal num papel que lhe encaixa como uma luva (quantas vezes já interpretou estes seres convencidos e valores morais superiores que levam uma lição?) e Emma Stone conquistará os poucos que ainda não lhe estivessem rendidos. Se tivesse mais uns cinco minutos de tela e Blanchett não tivesse ganho um Oscar ainda o ano passado graças a Allen, facilmente a estatueta lhe cairia nas mãos. Assim, talvez tenha uma nomeação.
No seu todo é um filme que fica naquele território dominado por poucos mestres onde Woody se destaca. Nem comédia, nem drama, nem romance, mas um pouco de cada. Nem demasiado no mundo real, nem no fantástico, mantendo-nos no limbo da dúvida entre ambos. Não é um novo "Midnight in Paris". Não vai nem pretende agradar a todos os públicos. Como filme isolado ou introdução a Allen não é de todo recomendável, a não ser que sejam admiradores dos protagonistas. Mas quem está acostumado a ver Allen no seu melhor e pior e o conhece desde os primeiros anos, terá muito com que se entreter a desconstruir "Magic in the Moonlight" nessas várias peças do que já fez antes e ver que, mesmo quando se repete, tem sempre algo de novo para mostrar.
Título Original: "Magic in the Moonlight" (EUA, 2014) Realização: Woody Allen Argumento: Woody Allen Intérpretes: Colin Firth, Emma Stone, Eileen Atkins, Marcia Gay Harden, Jacki Weaver, Simon McBurney Música: Fotografia: Darius Khondji Género: Comédia, Romance Duração: 97 min. Sítio Oficial: http://www.sonyclassics.com/magicinthemoonlight/ |