O Cinema encontrou uma casa no síto mais improvável.
Algo de muito especial aconteceu nos últimos dias. Uma causa que parecia impossível, deu a impressão de ser fácil graças a todos os envolvidos.
Querer fazer um festival na Trofa era uma ideia louca. Implementá-lo, uma causa perdida. Chegamos ao final da parte cinematográfica do evento, e a única ideia na mente dos envolvidos é começar a preparar a edição seguinte. O CineTrofa veio para ficar.
A preparação do CineTrofa começou tarde. No início de Julho a página Facebook abriu ao público com um logótipo. Consideremos isso o início de tudo. Era oficial que algo iria acontecer e que se estava a trabalhar para isso.
Ao longo dos dias seguintes foram aparecendo os banners com diversas figuras incontornáveis do cinema e a 18 de Julho o festival apresentou-se. Fez uma conferência de imprensa, abriu inscrições, expôs-se à crítica. Como seria de esperar, passou despercebido. Meia dúzia de orgãos de comunicação deram atenção à notícia. Mas isso foi por cá, onde sabem que a Trofa é um pequeno município a norte com um passado associado à mecânica e aos têxteis como tantos outros por estes lados. Lá fora o primeiro dia significou uma centena de submissões. Para eles o passado e tamanho da Trofa não interessavam. Só queriam saber que existia um festival onde o filme encaixava e enviaram-no. Estavam a olhar para o futuro.
Um mês depois, começou. De 23 de Agosto em diante, ao longo de cinco semanas, as freguesias de Covelas, Alvarelhos/Guidões, Coronados, Muro e Bougados receberam o cinema. Gratuito, ao ar livre (quando não chovia) e entregue quase em casa. A Trofa em peso estava a ser obrigada a ver cinema de diferentes géneros.
Com o Moonset foi dado um passo ainda maior. A festa saiu à rua. As pessoas interagiam, trocavam filmes, tiravam selfies com personagens. E como se a Trofa não bastasse, o festival passou pelo Porto com curtas de Luís Diogo e pelas redacções de jornais com a gastronomia local. Para fechar o pré-festival e abrir o apetite, nada como um mergulho na piscina local com cenas de “Jaws” e alguns membros arrancados à dentada e deixados na borda.
Enquanto isso, uma equipa trabalhava nos bastidores para que 1 de Outubro ocorresse um festival onde dia 30 de Setembro à tarde parecia impossível. As janelas da biblioteca foram tapadas com panos pretos, uma grande tenda foi erguida no pátio, e muitas mais pequenas e grandes tarefas foram feitas tendo a pressão temporal como combustível. Digamos que esse dia acabou bastante tarde, mas havia confiança no dia seguinte.
Podia entrar agora em detalhes sobre o que aconteceu em cada um dos dias. Não percamos o meu e o vosso tempo. O que importa transmitir é aquilo que se viu todos os dias, o espírito do festival. A Trofa tem uma grande área, com vários pontos de interesse dispersos. Por isso não se pode dizer que o festival tenha um sítio. Oficialmente será a Casa da Cultura, uma biblioteca com quatro pisos onde passa a maioria das sessões e as pessoas se reúnem. Mas o CineTrofa também é no Auditório da Associação Empresarial do Baixo Ave, a única sala decente de cinema na região. Também é na Estação Rodo-Ferroviária onde a obra de Agostinho Santos e a de Saramago se misturaram. Também é nos restaurantes onde comemos várias vezes o melhor leitão do país e nas confeitarias onde se encontram os melhores jesuítas do mundo (ao contrário do boato desactualizado que os atribui à vizinha Santo Tirso). E também é na escola secundária onde fomos recebidos por um anfiteatro cheio de alunos que entraram a contar com uma hora de tédio e saíram com desejos de ler a obra de autores nacionais.
E onde a Trofa pudesse ser deficitária, a vizinhança deu o apoio necessário com pessoas da Maia, Matosinhos, Porto e Gaia, e alojamento em Santo Tirso. Unidos pelo amor ao cinema e crentes numa causa, fizeram uma espécie de magia que mesmo hoje não sabemos como correu tão bem. As estrelas pareciam alinhadas para que o tempo fosse agradável, as obras ao lado fossem concluídas depressa, e os convidados fossem excelentes pessoas, não só disponíveis como tolerantes às nossas falhas. Este cruzamento de gerações e nacionalidades deu origem a diversas ideias que terão de ser postas em prática já na próxima edição de forma a capitalizar as energias e vontades.
A cerimónia de encerramento terá sido a maior surpresa. O horário não foi cumprido em parte por culpa da enchente de admiradores que foram ver Germano Almeida e Fernanda Matos atrasando as sessões da tarde, e em parte por culpa do leitão que reteve os comensais no restaurante muito para além da hora prevista. No regresso à Casa da Cultura, o protocolo em ritmo acelerado compensou isso e muito mais. As fotos da praxe foram tiradas com rapidez, os lugares estavam atribuídos e com margem para imprevistos, a produção tinha a parte técnica mais que testada. Os discursos não foram demasiado longos, notou-se que a nota dominante era de orgulho por um trabalho bem feito e de confiança na longevidade da iniciativa. A alegria reinava, fosse pelas crianças que brincavam no exterior, ou pelo bar aberto.
Sabemos que cada festival é único, mas, a ter de comparar, o único em Portugal que se assemelha é Avanca. Se sabem o que isso significa, já sabem se é o vosso estilo de festival.
Foi um orgulho fazer parte disto e, venha o próximo!
Algo de muito especial aconteceu nos últimos dias. Uma causa que parecia impossível, deu a impressão de ser fácil graças a todos os envolvidos.
Querer fazer um festival na Trofa era uma ideia louca. Implementá-lo, uma causa perdida. Chegamos ao final da parte cinematográfica do evento, e a única ideia na mente dos envolvidos é começar a preparar a edição seguinte. O CineTrofa veio para ficar.
A preparação do CineTrofa começou tarde. No início de Julho a página Facebook abriu ao público com um logótipo. Consideremos isso o início de tudo. Era oficial que algo iria acontecer e que se estava a trabalhar para isso.
Um mês depois, começou. De 23 de Agosto em diante, ao longo de cinco semanas, as freguesias de Covelas, Alvarelhos/Guidões, Coronados, Muro e Bougados receberam o cinema. Gratuito, ao ar livre (quando não chovia) e entregue quase em casa. A Trofa em peso estava a ser obrigada a ver cinema de diferentes géneros.
Com o Moonset foi dado um passo ainda maior. A festa saiu à rua. As pessoas interagiam, trocavam filmes, tiravam selfies com personagens. E como se a Trofa não bastasse, o festival passou pelo Porto com curtas de Luís Diogo e pelas redacções de jornais com a gastronomia local. Para fechar o pré-festival e abrir o apetite, nada como um mergulho na piscina local com cenas de “Jaws” e alguns membros arrancados à dentada e deixados na borda.
Enquanto isso, uma equipa trabalhava nos bastidores para que 1 de Outubro ocorresse um festival onde dia 30 de Setembro à tarde parecia impossível. As janelas da biblioteca foram tapadas com panos pretos, uma grande tenda foi erguida no pátio, e muitas mais pequenas e grandes tarefas foram feitas tendo a pressão temporal como combustível. Digamos que esse dia acabou bastante tarde, mas havia confiança no dia seguinte.
Podia entrar agora em detalhes sobre o que aconteceu em cada um dos dias. Não percamos o meu e o vosso tempo. O que importa transmitir é aquilo que se viu todos os dias, o espírito do festival. A Trofa tem uma grande área, com vários pontos de interesse dispersos. Por isso não se pode dizer que o festival tenha um sítio. Oficialmente será a Casa da Cultura, uma biblioteca com quatro pisos onde passa a maioria das sessões e as pessoas se reúnem. Mas o CineTrofa também é no Auditório da Associação Empresarial do Baixo Ave, a única sala decente de cinema na região. Também é na Estação Rodo-Ferroviária onde a obra de Agostinho Santos e a de Saramago se misturaram. Também é nos restaurantes onde comemos várias vezes o melhor leitão do país e nas confeitarias onde se encontram os melhores jesuítas do mundo (ao contrário do boato desactualizado que os atribui à vizinha Santo Tirso). E também é na escola secundária onde fomos recebidos por um anfiteatro cheio de alunos que entraram a contar com uma hora de tédio e saíram com desejos de ler a obra de autores nacionais.
A cerimónia de encerramento terá sido a maior surpresa. O horário não foi cumprido em parte por culpa da enchente de admiradores que foram ver Germano Almeida e Fernanda Matos atrasando as sessões da tarde, e em parte por culpa do leitão que reteve os comensais no restaurante muito para além da hora prevista. No regresso à Casa da Cultura, o protocolo em ritmo acelerado compensou isso e muito mais. As fotos da praxe foram tiradas com rapidez, os lugares estavam atribuídos e com margem para imprevistos, a produção tinha a parte técnica mais que testada. Os discursos não foram demasiado longos, notou-se que a nota dominante era de orgulho por um trabalho bem feito e de confiança na longevidade da iniciativa. A alegria reinava, fosse pelas crianças que brincavam no exterior, ou pelo bar aberto.
Sabemos que cada festival é único, mas, a ter de comparar, o único em Portugal que se assemelha é Avanca. Se sabem o que isso significa, já sabem se é o vosso estilo de festival.
Foi um orgulho fazer parte disto e, venha o próximo!
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