A vida, o amor e os cães
Há filmes assim. Independentes quanto baste, conseguem motivar actores famosos, fazer uma interacção multicultural anglo-americana e chegam ao circuito comercial com resultados independentes. Foi este o filme que abriu o Indie deste ano.
A ideia original partiu da mente do realizador Noah Baumbach e da actriz Jennifer Jason Leigh. Enquanto ela já tem uma carreira sólida no meio do cinema americano - recorde-se "eXistenZ", "The Hudsucker Proxy", "The Machinist" - ele só recentemente surgiu aos olhos do mundo, mas fê-lo em grande com o nomeado para Oscar "The Squid and the Whale". O argumento que pensaram acompanha Roger Greenberg, um solteiro desempregado e viciado em escrever cartas de reclamação que acabou de sair de um hospital psiquiátrico e vai tomar conta da casa do bem-sucedido irmão enquanto este viaja pelo Vietname. O regresso à Califórnia (Roger tem vivido em Nova Iorque) vai obrigá-lo a retomar relações com Ivan, colega na banda que condenou ao fracasso, e com Beth, ex-namorada que abandonou, assim como com as pessoas que fazem parte da vida do irmão. Dessas destacam-se Florence, a empregada que toma conta da casa, e os vizinhos que utilizam a piscina. Solitário e anti-social, inconveniente e demodé, Roger vai aprender a viver numa época que já não é a sua, mas é muito parecida.
Desde os primeiros minutos que o filme é claramente independente e muito bem feito. A história vai nascendo lentamente, primeiro acompanhando Florence e depois Roger, e esses minutos são para ele assim como o espectador se habituarem à micro-sociedade. Sensivelmente a partir da hora, quando consegue falar a sós com Beth, nota-se a mudança. Roger está fora da sua época, preso ao passado e a tentar vivê-lo no presente. Quando se tenta adaptar e viver no presente, vai descobrir que não tem idade para ser como os jovens, tem de aprender a crescer a assumir as responsabilidades de que sempre fugiu.
O elenco inclui a desconhecida Greta Gerwig como Florence (os filmes dela não costumam chegar cá) e Ben Stiller no melhor papel em muitos anos, praticamente irreconhecível depois de tantos filmes medíocres. Entre os secundários nomes como Jennifer Jason Leigh e Rhys Ifans (Beth e Ivan respectivamente) garantem a qualidade.
É um filme que fala das relações entre humanos, entre os humanos e os seus animais, entre homens e mulheres, entre novos e velhos. É sobre o medo de crescer e envelhecer, mas também sobre o medo de ficar sozinho. No fundo, é um filme sobre a vida feito por quem começa a ter consciência do que é viver. Nem são demasiado novos para filmarem o que não sabem, nem demasiado velhos para o fazerem já sem convicção. Para Noah Baumbach e Jennifer Jason Leigh foi o filme certo na altura certa e qualquer espectador terá em algum momento a idade exacta para o ver e para o deixar mudar a sua vida.
Há filmes assim. Independentes quanto baste, conseguem motivar actores famosos, fazer uma interacção multicultural anglo-americana e chegam ao circuito comercial com resultados independentes. Foi este o filme que abriu o Indie deste ano.
A ideia original partiu da mente do realizador Noah Baumbach e da actriz Jennifer Jason Leigh. Enquanto ela já tem uma carreira sólida no meio do cinema americano - recorde-se "eXistenZ", "The Hudsucker Proxy", "The Machinist" - ele só recentemente surgiu aos olhos do mundo, mas fê-lo em grande com o nomeado para Oscar "The Squid and the Whale". O argumento que pensaram acompanha Roger Greenberg, um solteiro desempregado e viciado em escrever cartas de reclamação que acabou de sair de um hospital psiquiátrico e vai tomar conta da casa do bem-sucedido irmão enquanto este viaja pelo Vietname. O regresso à Califórnia (Roger tem vivido em Nova Iorque) vai obrigá-lo a retomar relações com Ivan, colega na banda que condenou ao fracasso, e com Beth, ex-namorada que abandonou, assim como com as pessoas que fazem parte da vida do irmão. Dessas destacam-se Florence, a empregada que toma conta da casa, e os vizinhos que utilizam a piscina. Solitário e anti-social, inconveniente e demodé, Roger vai aprender a viver numa época que já não é a sua, mas é muito parecida.
Desde os primeiros minutos que o filme é claramente independente e muito bem feito. A história vai nascendo lentamente, primeiro acompanhando Florence e depois Roger, e esses minutos são para ele assim como o espectador se habituarem à micro-sociedade. Sensivelmente a partir da hora, quando consegue falar a sós com Beth, nota-se a mudança. Roger está fora da sua época, preso ao passado e a tentar vivê-lo no presente. Quando se tenta adaptar e viver no presente, vai descobrir que não tem idade para ser como os jovens, tem de aprender a crescer a assumir as responsabilidades de que sempre fugiu.
O elenco inclui a desconhecida Greta Gerwig como Florence (os filmes dela não costumam chegar cá) e Ben Stiller no melhor papel em muitos anos, praticamente irreconhecível depois de tantos filmes medíocres. Entre os secundários nomes como Jennifer Jason Leigh e Rhys Ifans (Beth e Ivan respectivamente) garantem a qualidade.
É um filme que fala das relações entre humanos, entre os humanos e os seus animais, entre homens e mulheres, entre novos e velhos. É sobre o medo de crescer e envelhecer, mas também sobre o medo de ficar sozinho. No fundo, é um filme sobre a vida feito por quem começa a ter consciência do que é viver. Nem são demasiado novos para filmarem o que não sabem, nem demasiado velhos para o fazerem já sem convicção. Para Noah Baumbach e Jennifer Jason Leigh foi o filme certo na altura certa e qualquer espectador terá em algum momento a idade exacta para o ver e para o deixar mudar a sua vida.
Título Original: "Greenberg" (EUA, 2010) Realização: Noah Baumbach Argumento: Noah Baumbach (história em co-autoria com Jennifer Jason Leigh) Intérpretes: Ben Stiller, Greta Gerwig, Rhys Ifans Fotografia: Harris Savides Música: James Murphy Género: Comédia, Drama Duração: 107 min. Sítio Oficial: http://www.filminfocus.com/focusfeatures/film/greenberg |
1 comentários:
Ben Stiller está numa excelente forma, num género de papel a que não estamos habituados a vê-lo. Um filme bastante curioso.
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