Portugal está a ser vítima de um movimento extraordinário de divulgação por parte de Fernando Fragata. O realizador de "Pesadelo Cor-de-Rosa", "Pulsação Zero" e "Sorte Nula" está a fazer uma campanha que rivaliza com as maiores produções cinematográficas mundiais, e tudo isso com um reduzido custo. O truque foi usar o Facebook, aceitar muitos amigos e falar com eles. Organizou antestreias com base no interesse real das pessoas e não das distribuidoras, avisou todos os fãs sempre que o filme estreava numa nova localidade. Partilhou a banda sonora e todas as críticas positivas recebidas. Fez o que era possível a um homem para divulgar o filme ao máximo e resultou. Quarenta mil pessoas viram o filme nas duas primeiras semanas de distribuição, muitas mais viram e verão depois.
Em "Contraluz" cruzam-se múltiplas histórias de vidas incompletas. Um homem perde a vontade de viver quando enviúva e decide suicidar-se no aniversário da morte da mulher. Uma mãe decide fazer umas mini-férias com a filha quando descobre que a vida delas está a ser mantida por um telemóvel avariado. Finalmente um jovem sem rumo é convencido pela irmã a guiar outro jovem sem rumo. O destino dos cinco cruza-se num lago, afectando muitos outros pelo caminho.
Há duas formas de ver o filme. Como filme português "Contraluz" é uma arrojada produção num cenário totalmente diferente do habitual. As canções portuguesas podem ser um elemento folclórico quando soam na rádio - apenas com valor para quem lhe conhece a proveniência - mas "Tela" no genérico final está ao nível das melhores bandas sonoras. Por falar nisso, Nuno Malo tem um magnífico trabalho a sonorizar o resto do filme. Ser totalmente falado em inglês é uma desvantagem. Os nossos actores são aquilo que se sabe quando se trata de inovar e por vezes apenas o fazer de conta que o inglês lhes é nativo é impossível de acreditar. Já no caso de Evelina Pereira foi bastante convincente a mostrar que não é americana.
A outra forma de ver é como filme americano, aquilo que no fundo tenta ser. Ao fim de alguns milhares de filmes já se consegue "tirar a pinta" a um vendo alguns minutos. Esta habilidade é especialmente útil nos mercados, quando se tem de ver dezenas de filmes por dia e é impensável passar hora e meia em cada só porque o realizador acha que tem nível para ser bem sucedido em Hollywood. Digamos que "Backlight" não é um filme que me fizesse fugir ao início. Está realizado de forma competente, a fotografia é incrivelmente boa (em digital foi dos melhores que vi) e a primeira história apesar de individualmente ser a mais fraca consegue manter o espectador preso na expectativa do que se seguirá, muito importante para a venda internacional do filme nos mercados. Quando começa a segunda parte há uma completa mudança de género. Aí o filme no seu todo começa a piorar de forma irremediável. A terceira história tem piadas velhas, lugares comuns e previsibilidade qb, suavizado pelo complexidade de situações e personagens. Pelo menos as anedotas (velhas) foram bem aplicadas.
É verdade que no fim tudo encaixa, mas não estamos perante o Iñarritu português, longe disso.
No seu todo quase daria um bom trabalho, se a montagem não insistisse em repetir a cena mais memorável vezes sem conta, o que torna esta hora e meia num tempo pouco confortável. No fim fica o sentimento de desilusão em relação ao prometido, mas a sensação de que o dinheiro do bilhete foi bem gasto. Depois do cinema de autor, eis que o cinema português começa a abandonar a faceta artística e a ter potencial comercial e para exportação. Uma interessante reviravolta que se pode revelar financeiramente interessante para a nossa indústria.
Em "Contraluz" cruzam-se múltiplas histórias de vidas incompletas. Um homem perde a vontade de viver quando enviúva e decide suicidar-se no aniversário da morte da mulher. Uma mãe decide fazer umas mini-férias com a filha quando descobre que a vida delas está a ser mantida por um telemóvel avariado. Finalmente um jovem sem rumo é convencido pela irmã a guiar outro jovem sem rumo. O destino dos cinco cruza-se num lago, afectando muitos outros pelo caminho.
Há duas formas de ver o filme. Como filme português "Contraluz" é uma arrojada produção num cenário totalmente diferente do habitual. As canções portuguesas podem ser um elemento folclórico quando soam na rádio - apenas com valor para quem lhe conhece a proveniência - mas "Tela" no genérico final está ao nível das melhores bandas sonoras. Por falar nisso, Nuno Malo tem um magnífico trabalho a sonorizar o resto do filme. Ser totalmente falado em inglês é uma desvantagem. Os nossos actores são aquilo que se sabe quando se trata de inovar e por vezes apenas o fazer de conta que o inglês lhes é nativo é impossível de acreditar. Já no caso de Evelina Pereira foi bastante convincente a mostrar que não é americana.
A outra forma de ver é como filme americano, aquilo que no fundo tenta ser. Ao fim de alguns milhares de filmes já se consegue "tirar a pinta" a um vendo alguns minutos. Esta habilidade é especialmente útil nos mercados, quando se tem de ver dezenas de filmes por dia e é impensável passar hora e meia em cada só porque o realizador acha que tem nível para ser bem sucedido em Hollywood. Digamos que "Backlight" não é um filme que me fizesse fugir ao início. Está realizado de forma competente, a fotografia é incrivelmente boa (em digital foi dos melhores que vi) e a primeira história apesar de individualmente ser a mais fraca consegue manter o espectador preso na expectativa do que se seguirá, muito importante para a venda internacional do filme nos mercados. Quando começa a segunda parte há uma completa mudança de género. Aí o filme no seu todo começa a piorar de forma irremediável. A terceira história tem piadas velhas, lugares comuns e previsibilidade qb, suavizado pelo complexidade de situações e personagens. Pelo menos as anedotas (velhas) foram bem aplicadas.
É verdade que no fim tudo encaixa, mas não estamos perante o Iñarritu português, longe disso.
No seu todo quase daria um bom trabalho, se a montagem não insistisse em repetir a cena mais memorável vezes sem conta, o que torna esta hora e meia num tempo pouco confortável. No fim fica o sentimento de desilusão em relação ao prometido, mas a sensação de que o dinheiro do bilhete foi bem gasto. Depois do cinema de autor, eis que o cinema português começa a abandonar a faceta artística e a ter potencial comercial e para exportação. Uma interessante reviravolta que se pode revelar financeiramente interessante para a nossa indústria.
Título Original: "Contraluz" (EUA, Portugal, 2010) Realização: Fernando Fragata Argumento: Fernando Fragata Intérpretes: Joaquim de Almeida, Michelle Mania, Skyler Day, Scott Bailey, Joey Hagler, Evelina Pereira Fotografia: Daniel Herman, Fernando Fragata Música: Nuno Malo Género: Drama, Fantasia, Thriller Duração: 90 min. Sítio Oficial: http://www.filmecontraluz.com/ |
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