Kim: We are choosing you to be a part of rock'n'roll history.
Para terminar a coincidência de ter escrito consecutivamente sobre os dois actores da saga Twilight, completo o dia com um filme que tem duas actrizes da saga. Ainda não estreou em Portugal, mas já anda nas bocas do mundo não só por elas, mas pelas mulheres que representam.
As Runaways foram um grupo pioneiro. Primeiro porque eram mulheres, segundo porque eram rockeiras, terceiro porque tinham atitude. Num mundo dominado por homens onde as raparigas eram aceites no máximo como roadies, tiveram a ousadia de começar um movimento que superou o feminismo.
Joan Jett queria ser música e fazer rock. Foi para aulas de guitarra onde depressa percebeu que não era assim que ia aprender algo útil. Cherie Currie queria provocar. Chocou a escola ao aparecer disfarçada de David Bowie num concurso musical. Quis o destino que a louca Joan se cruzasse com o louco Kim Fowley e lhe pedisse para fazer parte de uma banda. Quis o destino que tenham encontrado Cherie e que em conjunto tenham encontrado o seu som. Este filme vai narrar o aparecimento, apogeu e declínio das Runaways, uma banda que com um pouco mais de supervisão poderia ter sobrevivido ao álcool e às drogas e marcado o seu lugar na constelação das estrelas.
O culpado de tudo foi Kim. Foi ele que as encontrou. Foi ele que as treinou a cantar e a lidar com o público. Foi ele que as publicitou. Foi ele quem as deixou ir em digressão sozinhas, foi ele quem as explorou e maltratou e foi ele quem desistiu delas ao primeiro problema. Jovens, adolescentes, menores de idade. Em viagem pela primeira vez, sem dinheiro e levam apenas um motorista. Foi essa a atenção que tiveram do seu dedicado agente. Quando foram em digressão ao estrangeiro já tinham experiência e tinham dinheiro, mas caíram numa cultura totalmente diferente e foram idolatradas por milhões desde o segundo em que a porta do avião de abriu. Nenhuma criança (sim, é esse o termo) sabe lidar com isso sozinha. Nem os adultos sabem. Claro que estavam destinadas a falhar.
O filme cai nos mesmos erros que Kim Fowley. A história tinha dois pólos e escolheram duas actrizes com o perfil certo. Kristen Stewart é Joan. Durona, desafiadora, líder com autoridade conquistada. Dakota Fanning é Currie. A inocente rebelde, explorada por todos e ajudada por ninguém. A primeira é uma actriz de talento duvidoso e incontáveis fãs, ficava responsável por trazer enchentes às salas. A segunda, actriz de reconhecido mérito e poucos fãs, tinha de trazer classe. Incrivelmente Stewart cumpre o seu papel de forma satisfazível, enquanto Fanning é uma desilusão. Toda a sensualidade que foi exigida há mais de trinta anos a uma miúda de quinze anos foi exigida agora a uma de dezasseis. Podiam ter causado a mesma sensação de choque e passar um retrato histórico fiel sem este abuso nojento. Prova ser uma actriz corajosa e versátil, mas devia pensar um pouco antes de se sujeitar a estes papéis pouco dignificantes. Michael Shannon continua no seu estilo inconfundível entre o louco e o marginal da sociedade. Foi uma magnífica escolha para o papel, apesar da pouca relevância que acaba por ter. Deram-lhe frases poderosas para mostrar o objectivo da banda - "the band is not about women's lib, but about women's libido" - e o seu objectivo pessoal - "This is press, not prestige" - mas estas expressões apesar de soarem bem, não ficam na memória.
No final quando se resume ao drama social lamechas cumpre os serviços mínimos. Transmite uma mensagem de encorajamento e pede prudência às futuras estrelas. Fica a sensação de que o filme, tal como a banda, podia ter ido muito mais longe. A estreia da realizadora de videoclips Floria Sigismondi nas longas-metragens foi uma nódoa, onde se salva a selecção musical de época.
Para terminar a coincidência de ter escrito consecutivamente sobre os dois actores da saga Twilight, completo o dia com um filme que tem duas actrizes da saga. Ainda não estreou em Portugal, mas já anda nas bocas do mundo não só por elas, mas pelas mulheres que representam.
As Runaways foram um grupo pioneiro. Primeiro porque eram mulheres, segundo porque eram rockeiras, terceiro porque tinham atitude. Num mundo dominado por homens onde as raparigas eram aceites no máximo como roadies, tiveram a ousadia de começar um movimento que superou o feminismo.
Joan Jett queria ser música e fazer rock. Foi para aulas de guitarra onde depressa percebeu que não era assim que ia aprender algo útil. Cherie Currie queria provocar. Chocou a escola ao aparecer disfarçada de David Bowie num concurso musical. Quis o destino que a louca Joan se cruzasse com o louco Kim Fowley e lhe pedisse para fazer parte de uma banda. Quis o destino que tenham encontrado Cherie e que em conjunto tenham encontrado o seu som. Este filme vai narrar o aparecimento, apogeu e declínio das Runaways, uma banda que com um pouco mais de supervisão poderia ter sobrevivido ao álcool e às drogas e marcado o seu lugar na constelação das estrelas.
O culpado de tudo foi Kim. Foi ele que as encontrou. Foi ele que as treinou a cantar e a lidar com o público. Foi ele que as publicitou. Foi ele quem as deixou ir em digressão sozinhas, foi ele quem as explorou e maltratou e foi ele quem desistiu delas ao primeiro problema. Jovens, adolescentes, menores de idade. Em viagem pela primeira vez, sem dinheiro e levam apenas um motorista. Foi essa a atenção que tiveram do seu dedicado agente. Quando foram em digressão ao estrangeiro já tinham experiência e tinham dinheiro, mas caíram numa cultura totalmente diferente e foram idolatradas por milhões desde o segundo em que a porta do avião de abriu. Nenhuma criança (sim, é esse o termo) sabe lidar com isso sozinha. Nem os adultos sabem. Claro que estavam destinadas a falhar.
O filme cai nos mesmos erros que Kim Fowley. A história tinha dois pólos e escolheram duas actrizes com o perfil certo. Kristen Stewart é Joan. Durona, desafiadora, líder com autoridade conquistada. Dakota Fanning é Currie. A inocente rebelde, explorada por todos e ajudada por ninguém. A primeira é uma actriz de talento duvidoso e incontáveis fãs, ficava responsável por trazer enchentes às salas. A segunda, actriz de reconhecido mérito e poucos fãs, tinha de trazer classe. Incrivelmente Stewart cumpre o seu papel de forma satisfazível, enquanto Fanning é uma desilusão. Toda a sensualidade que foi exigida há mais de trinta anos a uma miúda de quinze anos foi exigida agora a uma de dezasseis. Podiam ter causado a mesma sensação de choque e passar um retrato histórico fiel sem este abuso nojento. Prova ser uma actriz corajosa e versátil, mas devia pensar um pouco antes de se sujeitar a estes papéis pouco dignificantes. Michael Shannon continua no seu estilo inconfundível entre o louco e o marginal da sociedade. Foi uma magnífica escolha para o papel, apesar da pouca relevância que acaba por ter. Deram-lhe frases poderosas para mostrar o objectivo da banda - "the band is not about women's lib, but about women's libido" - e o seu objectivo pessoal - "This is press, not prestige" - mas estas expressões apesar de soarem bem, não ficam na memória.
No final quando se resume ao drama social lamechas cumpre os serviços mínimos. Transmite uma mensagem de encorajamento e pede prudência às futuras estrelas. Fica a sensação de que o filme, tal como a banda, podia ter ido muito mais longe. A estreia da realizadora de videoclips Floria Sigismondi nas longas-metragens foi uma nódoa, onde se salva a selecção musical de época.
Título Original: "The Runaways" (EUA, 2010) Realização: Floria Sigismondi Argumento: Floria Sigismondi (baseada no livro de Cherie Currie) Intérpretes: Kristen Stewart, Dakota Fanning, Michael Shannon, Scout Taylor-Compton, Stella Maeve, Alia Shawkat, Riley Keough Fotografia: Benoît Debie Género: Biografia, Drama, Música Duração: 106 min. Sítio Oficial: http://www.runawaysmovie.com/ |
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