Estreia três meses depois da morte de José Saramago, a mais recente adaptação do seu trabalho. O filme esteve também seleccionado para o Fantasporto e ainda esta semana foi apresentado em Ourense como uma das Pérolas - secção das preciosidades que por alguma razão não estrearam na Galiza. Era também um dos apontados como prováveis nomeados de Portugal para o Oscar.
Nuno é um inventor. Tem em mãos o protótipo de uma máquina para modelação virtual de pés que, conseguindo vender, lhe vai garantir estabilidade financeira. Até lá, mantém o emprego numa roulotte de bifanas. Após alguns potenciais clientes bastante surreais (grande papel de José Raposo) acontece-lhe algo absolutamnte incrível, fica preso no carro. Muitos portugueses só saem do carro porque não o conseguem meter no elevador e para Nuno também não seria muito mau, só que o país vive um embargo petrolífero e o carro mais cedo ou mais tarde vai ficar parado, tornando-se uma inútil prisão.
Enquanto o livro era um mero conto dentro de um grande volume ("Objecto Quase"), aqui é dedicada toda uma longa -metragem à temática do embargo. Foi tempo a mais. Uma curta de 25, 30 minutos seria magnífica, mas nos 80 minutos de duração o interesse desvanece-se. O livro de 1978 referia-se a um embargo real de 1973, o que para metade da população de hoje não dirá nada e portanto obriga a um maior esforço imaginativo das consequências de tal situação. Finalmente, no livro o carro tinha vontade própria e Nuno era conduzido num pesadelo. Nesta versão parece ser um prisioneiro, mas condutor autónomo. Nuno é uma personagem simpática, com vários problemas em mãos e que apesar do problema óbvio de locomoção nunca desiste do malabarismo entre família, emprego e sonho.
É um dos poucos casos nacionais em que uma obra perspicaz e ousada pode ser vista como filme com potencial para o sucesso comercial. É uma comédia inteligente com muitos momentos deliciosos de falta de nexo como o inesquecível "Você não é de Braga?" e com uma estética invulgar mas cuidada. O insólito da situação e as actuações quase bastam para perdoar o tempo em excesso. Todo o restante mérito vem do sentido de oportunidade pois nunca mais haverá um filme aprovado por Saramago.
Nuno é um inventor. Tem em mãos o protótipo de uma máquina para modelação virtual de pés que, conseguindo vender, lhe vai garantir estabilidade financeira. Até lá, mantém o emprego numa roulotte de bifanas. Após alguns potenciais clientes bastante surreais (grande papel de José Raposo) acontece-lhe algo absolutamnte incrível, fica preso no carro. Muitos portugueses só saem do carro porque não o conseguem meter no elevador e para Nuno também não seria muito mau, só que o país vive um embargo petrolífero e o carro mais cedo ou mais tarde vai ficar parado, tornando-se uma inútil prisão.
Enquanto o livro era um mero conto dentro de um grande volume ("Objecto Quase"), aqui é dedicada toda uma longa -metragem à temática do embargo. Foi tempo a mais. Uma curta de 25, 30 minutos seria magnífica, mas nos 80 minutos de duração o interesse desvanece-se. O livro de 1978 referia-se a um embargo real de 1973, o que para metade da população de hoje não dirá nada e portanto obriga a um maior esforço imaginativo das consequências de tal situação. Finalmente, no livro o carro tinha vontade própria e Nuno era conduzido num pesadelo. Nesta versão parece ser um prisioneiro, mas condutor autónomo. Nuno é uma personagem simpática, com vários problemas em mãos e que apesar do problema óbvio de locomoção nunca desiste do malabarismo entre família, emprego e sonho.
É um dos poucos casos nacionais em que uma obra perspicaz e ousada pode ser vista como filme com potencial para o sucesso comercial. É uma comédia inteligente com muitos momentos deliciosos de falta de nexo como o inesquecível "Você não é de Braga?" e com uma estética invulgar mas cuidada. O insólito da situação e as actuações quase bastam para perdoar o tempo em excesso. Todo o restante mérito vem do sentido de oportunidade pois nunca mais haverá um filme aprovado por Saramago.
Título Original: "Embargo" (Brasil, Espanha, Portugal, 2010) Realização: António Ferreira Argumento: Tiago Sousa (baseado num conto de José Saramago) Intérpretes: Filipe Costa, Cláudia Carvalho, José Raposo, Pedro Diogo Música: Luís Pedro Madeira Fotografia: Paulo Castilho Género: Comédia, Drama Duração: 80 min. Sítio Oficial: http://www.embargo-movie.com/ |
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