E o 11 de Setembro está cada vez mais presente
Que Neil Jordan é um homem dos afectos e das paixões, não é surpresa nenhuma. Mas que agora se apaixonou pela vingança e pela paranóia, isso sim é um dado novo. Ou não fosse Nova Iorque estar ainda marcada a ferro e fogo com a insegurança e com um constante espreitar pelo canto do olho por cima do ombro. Esse medo, tão presente na sociedade moderna, respira-se em cada passo de Erica Bain (Jodie Foster), num "The Brave One" / "A Estranha em Mim" carregado de metáforas e de simbolismo.
Bain está perdidamente apaixonada, num amor que se sente e se cola à pele. Ao passear com David Kirmani (Naveen Andrews - "Lost") em Central Park, é atacada por um grupo de marginais que a espancam e o matam. Em coma durante 3 semanas, alheia-se do mundo, da vida e do seu sentido. Quando desperta, nada está igual. Sozinha, sabe por impulso que tem de comprar uma arma para se sentir segura. E da compra ao uso vão instantes, pois perde-se numa cidade suja e escura (Philippe Rousselot mostra-nos pela sua lente um versão impura de uma urbe que nos habituamos a ver com luz e cor) e torna-se numa vigilante dos tempos actuais, expurgando as suas perdas ao resgatar almas pela lei da bala.
E é neste ambiente onde se cruzam inúmeras metáforas, onde muitas vezes Bain é uma versão humana de Nova Iorque, onde face a uma perda ergue armas e vingança para fazer justiça pelas próprias mãos.
Jodie Foster é, mais uma vez, uma referência incontornável. Assina mais uma brilhante interpretação, onde cada respirar é acompanhado pelo do espectador, sempre enquadrada em enormes planos fechados, numa manipulação constantes dos sentidos, não fossem amiude esses planos assentes em cores esbatidas, tal como está a cidade e aqueles que a habitam.
Não é, definitivamente, uma vigilante como as que víamos nas películas dos anos 70. E não é, porque Bain embriaga-se na possibilidade de tomar o papel de uma qualquer divindade que pode roubar vidas a seu contento, mas fá-lo imbuída do mesmo temor que sente por ser nova-iorquina e por lá viver. Tem nas suas mãos o fado dos que fazem da metrópole um lugar inseguro e sujo, mas não sabe se o deve usar - nem sabe muito bem como o fazer.
É, claro está, um dos bons filmes do ano, mas não um dos grandes. Peca, por vezes, por uma repetição argumentativa que chega a ser maçadora - a espaços - mas que se justifica plenamente no final. E sem esquecer a interpretação de Terrence Howard, no papel de Mercer, um interessante contraponto a Foster, até por ser um homem também atormentado pela cidade. Uma poderosa sátira à sociedade americana, ao medo e à insegurança, um decalque da paranóia e, talvez, uma via para Jodie vencer o seu terceiro Óscar.
Que Neil Jordan é um homem dos afectos e das paixões, não é surpresa nenhuma. Mas que agora se apaixonou pela vingança e pela paranóia, isso sim é um dado novo. Ou não fosse Nova Iorque estar ainda marcada a ferro e fogo com a insegurança e com um constante espreitar pelo canto do olho por cima do ombro. Esse medo, tão presente na sociedade moderna, respira-se em cada passo de Erica Bain (Jodie Foster), num "The Brave One" / "A Estranha em Mim" carregado de metáforas e de simbolismo.
Bain está perdidamente apaixonada, num amor que se sente e se cola à pele. Ao passear com David Kirmani (Naveen Andrews - "Lost") em Central Park, é atacada por um grupo de marginais que a espancam e o matam. Em coma durante 3 semanas, alheia-se do mundo, da vida e do seu sentido. Quando desperta, nada está igual. Sozinha, sabe por impulso que tem de comprar uma arma para se sentir segura. E da compra ao uso vão instantes, pois perde-se numa cidade suja e escura (Philippe Rousselot mostra-nos pela sua lente um versão impura de uma urbe que nos habituamos a ver com luz e cor) e torna-se numa vigilante dos tempos actuais, expurgando as suas perdas ao resgatar almas pela lei da bala.
E é neste ambiente onde se cruzam inúmeras metáforas, onde muitas vezes Bain é uma versão humana de Nova Iorque, onde face a uma perda ergue armas e vingança para fazer justiça pelas próprias mãos.
Jodie Foster é, mais uma vez, uma referência incontornável. Assina mais uma brilhante interpretação, onde cada respirar é acompanhado pelo do espectador, sempre enquadrada em enormes planos fechados, numa manipulação constantes dos sentidos, não fossem amiude esses planos assentes em cores esbatidas, tal como está a cidade e aqueles que a habitam.
Não é, definitivamente, uma vigilante como as que víamos nas películas dos anos 70. E não é, porque Bain embriaga-se na possibilidade de tomar o papel de uma qualquer divindade que pode roubar vidas a seu contento, mas fá-lo imbuída do mesmo temor que sente por ser nova-iorquina e por lá viver. Tem nas suas mãos o fado dos que fazem da metrópole um lugar inseguro e sujo, mas não sabe se o deve usar - nem sabe muito bem como o fazer.
É, claro está, um dos bons filmes do ano, mas não um dos grandes. Peca, por vezes, por uma repetição argumentativa que chega a ser maçadora - a espaços - mas que se justifica plenamente no final. E sem esquecer a interpretação de Terrence Howard, no papel de Mercer, um interessante contraponto a Foster, até por ser um homem também atormentado pela cidade. Uma poderosa sátira à sociedade americana, ao medo e à insegurança, um decalque da paranóia e, talvez, uma via para Jodie vencer o seu terceiro Óscar.
Título Original: "The Brave One" (EUA, 2007) Realização: Neil Jordan Argumento: Roderick Taylor e Bruce A. Taylor Intérpretes: Jodie Foster, Terrence Howard e Mary Steenburgen Fotografia: Philippe Rousselot Música: Dario Marianelli Género: Crime / Drama / Thriller Duração: 119 min. Sítio Oficial: http://http://thebraveone.warnerbros.com |
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