24 de janeiro de 2007

Banda Sonora Antestreia


É a face vísivel do melhor que a música portuguesa pode apresentar. João Paulo Simões, melhor conhecido por JP Simões, é um fabuloso compositor português, nascido na Coimbra de 1970, e que mais tarde se licenciou em Comunicação Social. Regressa à capital académica para fundar os Belle Chase Hotel (isto depois da participação nos Pop Dell' Arte), onde em 1998 lança o primeiro (e brilhante) álbum - Fossanova:"You sent me neverending signs to speed on highways to your heart – I’ve got green lights on fire! But then you said: “You think you’re some exotic bird in the world? I wasn’t born to be your the housekeeper of your soul! Not Me!”. So how will I love you girl when the night is growing in my heart? I wish I’d die and then, reborn, rebuild with master plans! Dr. Frankenstein, he knows: to be or not to be satisfied with myself" Para (re)descobrir, Fossanova, terceira faixa do disco homónimo:




Aliás, JP reconhece que estes temas, escritos e interpretados em inglês surgem num espécie de "celebração de estilos": "tal como acontecia no tempo dos Belle Chase Hotel, de vez em quando, escrevo letras em inglês, há coisas, determinados balanços, determinadas formas de construir uma canção que só ficam bem assim". Em 2000, a segunda parte do projecto Belle Chase, num "upgrading de uma refinada estética de decadência": "La Toilette des Étoiles", disco de onde se retira esta composição belíssima, S. Paulo 451:




JP revela-se em La Toilette des Étoiles: "demain, je vais aller au laboratoire, parce qu’on m’a dit que je suis pas normal. Je vais me faire psychanalyser. "Docteur, je bois excessivement comme tous les autres, car ma pensée est triste et delirante, neurastenique mon pauvre coeur". Gráfico. Em 2004 junta-se novamente a Sérgio Costa e cria os Quinteto Tati: "dança comigo a primeira valsa da Primavera: dança sem sonhos, esquece as promessas, ninguém nos espera. Já enchi os dias de lutas vazias: estou gasto, cansado, dormente. E a um pouco de sexo, ou muita poesia, ainda não fico indiferente" (Valsa Quase Antidepressiva). Mas, o belíssimo Suor e Fantasia deve ser recordado:




Toda esta mistura acertada de rumba, salsa, jazz e bossa nova consolida a noção de que estamos efectivamente perante um enorme compositor. Que regressa agora, em 2007, com "1970", um fantástico trabalho a ser rapidamente descoberto. Pelo meio, escreveu a "Ópera do Falhado", que foi à cena através da encenação de João Paulo Costa e da companhia do Teatro do Bolhão, peça com inspirações diversas, nomeada e principalmente a “Ópera dos Três Vinténs” (1928), de Weill / Brecht, e a “Ópera do Malandro” (1978), de Chico Buarque - não compensa eu discorrer-vos sobre este projecto, quando podemos ler aqui as suas convicções. É um autor para descobrir já, sem demoras: pela pujança da escrita, pela nudez de sentimentos e pela noite que é dia. E vice-versa.
Para mais informações: Sítio oficial e o blog do JP.

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