Não sou fã da culinária francesa, nem sequer da famosa Ratatuille. Ver esse título num filme era por si só uma boa razão para não o ver mas, por ser um Pixar, coloquei o preconceito gastronómico de lado e fui “provar”.
Remy é uma ratazana diferente. Desde cedo teve um apetite especial que o distinguia dos familiares devoradores de lixo. O seu gosto pela boa comida leva-o a experimentar cozinhar. Na sua mente combina sabores para fazer os melhores pratos. Enquanto era tudo na cabeça não houve problemas, mas quando a vontade de cozinhar o leva a invadir uma casa causa a descoberta do ninho e a fuga de toda a família. Remy por querer salvar o livro de receitas do chef Gousteau fica para trás. Sozinho, esfomeado e perdido começa a delirar e a falar com o falecido chef Gousteau que o levará a conhecer Paris - a capital mundial da culinária – e o desajeitado Linguini.
As aventuras de um rato perdido da família e em busca de um sonho já tinham conquistado corações em Fievel, mas esta ratazana irá muito mais além. Os seus delírios gastronómicos e improvisos dão uma nova dimensão ao cinema. Depois da visão e da audição finalmente esta arte conquista o paladar. Legumes, queijos, ervas, todos o género de carnes e peixes, o único pensamento que se consegue ter é “por que razão na haute cuisine servem pratos tão pequenos?”.
Uma perfeita definição das personagens e divisão de tarefas dá uma magnífica consistência à animação. O ser humano fica com a parte cómica e romântica do filme e o rato fica com a cozinha. Os ratos secundários apesar de muito simples – estereótipos de ratos da animação - completam o portfolio. O pai é o velho prudente que desconfia de todos os humanos e o irmão é o rato despreocupado que apenas pensa em comer, mesmo que não saiba o que come.
Adaptando uma citação do filme digo que o trabalho de um crítico é fácil. Uma crítica negativa é fácil de escrever e é apreciada pelos leitores. Mas às vezes do meio do lixo surge um trabalho verdadeiramente genial. Nessa noite já contava ver um grande filme, mas nada tão sublime.
Existem filmes bem mais sentimentais, deixam saudades assim que surgem os créditos finais, e muitas personagens são bastante mais amadas do que este rato. Mas nunca uma animação foi tão perfeita do ponto de vista técnico. Todos os anos a Pixar é aplaudida por algum filme e “Finding Nemo” pode ter sido o filme mais visto e mais lucrativo da história da animação, mas a ter de guardar apenas um para a posteridade seria o conto do rato que acredita que "Qualquer Um Pode Cozinhar".
Título Original: "Ratatouille" (EUA, 2007) Realização: Brad Bird, Jan Pinkava Argumento: Brad Bird, jan Pinkava, Jim Capobianco Intérpretes (vozes): Patton Oswalt, Ian Holm, Lou Romano, Peter O'Toole, Brad Garrett, Janeane Garofalo Fotografia: Robert Anderson e Sharon Calahan Música: Michael Giacchino Género: Animação/Comédia/Família Duração: 110 min. Sítio Oficial: http://www.ratatouille.com/ |
2 comentários:
Já tinha na ideia ir ver o filme, mas depois de ler esta crítica, não posso perder!!
Lisete
Achei o filme uma ternura, sem ser lamechas, e também mto divertido.
Adorei a Banda Sonora, o colorido...
Acho que, foi um prato bem escolhido com todos os ingredientes qb...:-)
Quanto ao "crítico" deste blog, e autor de alguns dos textos, de seu nome Nuno Reis - não deixes de escrever...há um corrente do verdadeiro jornalismo ( que está em vias de extinção) que não deves perder.
Antes de dormi, aguça sempre o teu sentido crítico, como se de um lápis de tratasse - é importante termos opiniões fundamentadas sobre o que nos rodeia.
Parabéns!
Beijinhos
Inês
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