Disney. Um nome que faz parte do nosso imaginário desde tempos imemoriais. Fossem frutos da própria imaginação, histórias infantis de outros tempos ou de autores conteporâneos, Walt Disney e a sua fábrica de sonhos transformaram histórias engraçadas em filmes que o mundo nunca esquecerá. Hoje em dia esse império compra tudo o que quer, acenando com um cheque de quatro mil milhões de dólares. Mas nos anos 40 e 50, uma autora resistiu estoicamente às sucessivas tentativas do magnata. Os direitos de “Mary Poppins” era desejados por Walt Disney que tentou comprá-los desde 1938 e foi sempre recusado. Até que o dinheiro fez falta e partiu para uma discussão que tencionava ganhar, contra o primeiro homem que conseguiu enriquecer ao mesmo tempo que ia cativando franca simpatia. Pamela Lyndon Travers era fria, solitária e desagradável. Walt Disney era bem-disposto, acessível e sabia agradar até a crianças. Dois egos incompatíveis e inflexíveis que estavam destinados a colidir. Teria o calor de Walt tempo para derreter o gelo que se tinha apoderado do coração de Mrs. Travers?
A Disney do século XXI tem sérios problemas de imagem e tinha de a melhorar sem ser manipuladora. Quando é preciso um milagre, nada como recorrer à supercalifragilisticexpialidócia Mary Poppins. Talvez por isso Kelly Marcel não tenha tido problemas a vender o argumento à única empresa que o poderia fazer (se pensam que seria fácil, perguntem-se porque nunca antes Walt tinha sido representado em tela). Este filme tinha a difícil tarefa de mostrar o lado humano da Disney ao mesmo tempo que não insultava uma das suas mais importantes aliadas. E não podia ser demasiado simpático para não ser acusado de ser falso. Conseguiram tudo isso. Outra vez. Agrada a miúdos e graúdos com uma estória de várias leituras, é o melhor conto de fadas em imagem real desde “Enchanted”.
Os cartazes podem falar constantemente de Tom Hanks e Emma Thompson, mas o grande trunfo do filme é Colin Farrell. No seu papel de pai, recorda-nos que a primeira e mais importante função de um progenitor é contar histórias, de forma a desenvolver na sua prole uma imaginação fértil que permita encarar a vida com um sorriso e capacidade criativa. Essa tarefa é bem mais complicada do que parece e para isso é que temos a Disney, com grossos catálogos de histórias para contar, personagens ternurentas e morais importantes para recordar. Travers teve um pai assim. Mas nem tudo foram rosas na sua vida e o livro “Mary Poppins” esconde uma infância difícil que Disney terá de explorar de forma a conseguir os direitos da adaptação. Irá a tempo de salvar a infância numa mulher de sessenta anos?
Tom Hanks foi pessoalmente escolhido pela Disney para o papel. Queriam alguém de confiança, alguém de quem fosse impossível não gostar. Não tinha como falhar. Por outro lado precisavam de alguém odiável para ser Travers. Uma das mais doces actrizes contemporâneas teve de se metamorfosear numa senhora de feitio insuportável. Era impossível pois a Disney, com o seu novo estatuto de mega-corporação maligna, merece inimigos irredutíveis e por isso Travers tem muito carinho na sua firme oposição, mas Thompson tem um belo desempenho. De recordar que ela esteve muito envolvida na dupla adaptação de “Nurse Matilda” sobre uma ama mágica britânica (foi argumentista e actriz). Encarnar a autora da mais famosa ama do mundo poderia ser um pequeno passo, mas foi uma completa transformação.
Deixava ainda uma palavra para Paul Giamatti que se num filme é um velhaco, depressa ouve um merecido “o único americano de quem gostei”. Este senhor é fenomenal em tudo que faz.
Quanto à imagem que fica da Disney depois destas duas horas, é bastante boa. São uma empresa de pessoas, extremamente amável com as pessoas, onde a criatividade não tem limites e se trabalha até atingir a perfeição, seja em imagem real, animação, ou na componente sonora por si só. Não será um spoiler dizer que a Disney conseguiu mesmo os direitos para fazer “Mary Poppins”, a sua primeira produção com Inglaterra, mas ao ver na antestreia tantas criações Disney não relacionadas, deu para perceber que a Mary Poppins não seria apenas mais um tijolo do império. Na Disney cada nova história torna-se parte da família e é acolhida pelos outros em enorme alegria. Tal como estamos a ver com Pixar, Muppets e todo o universo infantil que estão a engolir. Fiquei convencido. Quando tiver uma história para vender, se a Disney a quiser, estou disposto a negociar.
Agora com licença, vou ali num instante ver a "Mary Poppins" com novos olhos e ser criança por mais um bocado.
A Disney do século XXI tem sérios problemas de imagem e tinha de a melhorar sem ser manipuladora. Quando é preciso um milagre, nada como recorrer à supercalifragilisticexpialidócia Mary Poppins. Talvez por isso Kelly Marcel não tenha tido problemas a vender o argumento à única empresa que o poderia fazer (se pensam que seria fácil, perguntem-se porque nunca antes Walt tinha sido representado em tela). Este filme tinha a difícil tarefa de mostrar o lado humano da Disney ao mesmo tempo que não insultava uma das suas mais importantes aliadas. E não podia ser demasiado simpático para não ser acusado de ser falso. Conseguiram tudo isso. Outra vez. Agrada a miúdos e graúdos com uma estória de várias leituras, é o melhor conto de fadas em imagem real desde “Enchanted”.
Os cartazes podem falar constantemente de Tom Hanks e Emma Thompson, mas o grande trunfo do filme é Colin Farrell. No seu papel de pai, recorda-nos que a primeira e mais importante função de um progenitor é contar histórias, de forma a desenvolver na sua prole uma imaginação fértil que permita encarar a vida com um sorriso e capacidade criativa. Essa tarefa é bem mais complicada do que parece e para isso é que temos a Disney, com grossos catálogos de histórias para contar, personagens ternurentas e morais importantes para recordar. Travers teve um pai assim. Mas nem tudo foram rosas na sua vida e o livro “Mary Poppins” esconde uma infância difícil que Disney terá de explorar de forma a conseguir os direitos da adaptação. Irá a tempo de salvar a infância numa mulher de sessenta anos?
Tom Hanks foi pessoalmente escolhido pela Disney para o papel. Queriam alguém de confiança, alguém de quem fosse impossível não gostar. Não tinha como falhar. Por outro lado precisavam de alguém odiável para ser Travers. Uma das mais doces actrizes contemporâneas teve de se metamorfosear numa senhora de feitio insuportável. Era impossível pois a Disney, com o seu novo estatuto de mega-corporação maligna, merece inimigos irredutíveis e por isso Travers tem muito carinho na sua firme oposição, mas Thompson tem um belo desempenho. De recordar que ela esteve muito envolvida na dupla adaptação de “Nurse Matilda” sobre uma ama mágica britânica (foi argumentista e actriz). Encarnar a autora da mais famosa ama do mundo poderia ser um pequeno passo, mas foi uma completa transformação.
Deixava ainda uma palavra para Paul Giamatti que se num filme é um velhaco, depressa ouve um merecido “o único americano de quem gostei”. Este senhor é fenomenal em tudo que faz.
Quanto à imagem que fica da Disney depois destas duas horas, é bastante boa. São uma empresa de pessoas, extremamente amável com as pessoas, onde a criatividade não tem limites e se trabalha até atingir a perfeição, seja em imagem real, animação, ou na componente sonora por si só. Não será um spoiler dizer que a Disney conseguiu mesmo os direitos para fazer “Mary Poppins”, a sua primeira produção com Inglaterra, mas ao ver na antestreia tantas criações Disney não relacionadas, deu para perceber que a Mary Poppins não seria apenas mais um tijolo do império. Na Disney cada nova história torna-se parte da família e é acolhida pelos outros em enorme alegria. Tal como estamos a ver com Pixar, Muppets e todo o universo infantil que estão a engolir. Fiquei convencido. Quando tiver uma história para vender, se a Disney a quiser, estou disposto a negociar.
Agora com licença, vou ali num instante ver a "Mary Poppins" com novos olhos e ser criança por mais um bocado.
Título Original: "Saving Mr. Banks" (Austrália, EUA, Reino Unido, 2013) Realização: John Lee Hancock Argumento: Kelly Marcel, Sue Smith Intérpretes: Emma Thompson, Tom Hanks, Annie Rose Buckley, Colin Farrell, Música: Thomas Newman Fotografia: John Schwartzman Género: Biografia, Comédia, Drama, Família, História Duração: 125 min. Sítio Oficial: http://movies.disney.com/saving-mr-banks |
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