27 de dezembro de 2014

Aquele que salva o Natal todos os anos

Young Adult. Será talvez uma das expressões chave neste novo milénio. Foi essa categoria que tornou a leitura novamente fixe. Foram as adaptações desses mesmos livros que deram as novas franquias multi-milionárias ao cinema. É esse o público-alvo de grande parte dos vendedores.
Ao contrário dos géneros tradicionais, esta pseudo-classificação etária pode ser um pouco discriminatória para aqueles que já não encaixam na etiqueta. Quando compramos um livro infantil todos pensam que é para oferecer, mas quando compramos um Young Adult não passamos assim tão incólumes pelos olhares. O mesmo com os bilhetes para o cinema. Experimentem pedir só um bilhete para ir ver as aventuras da Sininho e vejam os olhares que vos lançam! Com os Jogos da Fome pode ainda não ser assim, mas lá chegarão quando tiverem quarenta ou cinquenta. Por isso os Harry Potter tinham capas alternativas mais sóbrias e sérias, para os seus leitores crescidos passarem despercebidos no autocarro. O mesmo não se passa com os novos livros da moda, mas não receiem. Estou aqui para vos descansar e dizer que há um Young Adult eterno que todos admiram por igual e que podem usar como argumento quando vos disserem para lerem algo mais adulto e não quiserem fazer piadas sobre a literatura erótica tão em voga.

Quando se trata de salvar o Natal - repetidas vezes - não há muita gente em quem possam confiar. Uma das opções mais referidas será McClane, mas deveríamos pensar mais no McCallister. Quem? Kevin McCallister. Aquele miúdo que por duas vezes derrotou uma dupla de ladrões com tanto de estúpidos como de preguiçosos.
Se acham que deter terroristas é mais importante, pensem em tudo o que aprenderam com Kevin e aquilo a que ele dá valor.
Aprendemos o significado do Natal, a dar valor à família, a tratar todos com respeito. Aprendemos a defender o que é nosso e o que é das crianças. Aprendemos a dar o que temos e o que somos para ajudar quem precisa. “Home Alone” pode ter sido um filme de enorme sucesso no seu tempo e agora estar na categoria dos filmes obrigatórios de Natal para ver com a família em frente à lareira numa fria tarde de feriado, mas não devemos nunca esquecer a sua mensagem intemporal.
Se removermos a camada mais cómica e observarmos Kevin, é uma criança sozinha em casa (e em Nova Iorque) que é obrigada a crescer para defender o que é seu e o que é correcto. Tem momentos em que é uma criança livre de responsabilidades que come porcarias e esbanja dinheiro, e tem momentos em que é o mais parecido com ser “o homem certo no local certo à hora certa”, faltando apenas a parte do homem. Como bem recordamos naquela icónica cena, ainda nem barba tem. Por isso é que deixa o lado infantil de lado para se transformar no herói que é preciso nesse momento. Olhando para o filme vinte e quatro anos depois, Kevin continua a ter as qualidades que eu quero ter quando for grande. Porque aquele criança é mais homem que todos os adultos que por aí andam. E os “Home Alone” são os únicos filmes de Natal que toda a família pode ver todos os anos. Nem são demasiado violentos para os mais novos (os acidentes são todos cartoonizados para que não pareçam graves) nem são um pesadelo ao ver pela vigésima vez para os adultos (vocês sabem, já devem ter visto umas cinquenta vezes cada ao longo dos anos).

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