Do mesmo realizador de “Beastly”, “Cake” era o regresso do argumentista ocasional Patrick Tobin. A sua história é sobre Claire Bennett, uma mulher que faz parte de um grupo de apoio a pessoas que sofrem de dores crónicas. Claire fica invulgarmente afectada quando Nina, uma das companheiras da terapia, se suicida. Enquanto o resto do grupo sofre a perda ou a ignora, Claire vai tentar conhecer a vida de Nina ao pormenor. Vai a casa dela, fala com o marido... com essas pequenas coisa começa a perceber que Nina foi egoísta em tirar a própria vida. Devia ter vivido. E percebe que talvez também devesse começar a viver em vez de se queixar. Uma das tramas é pessoal. Com a pressão da empregada mexicana Silvana (Adriana Barraza), Claire vai começar a encontrar alguns prazeres na vida. Isso por influência da outra metade da história, Roy (Sam Worthington), o viúvo de Nina que lhe mostra como se consegue seguir com a vida mesmo depois de perder a alma gémea. Rodeada de boas influências e exemplos de humanidade, nem a depressão de Claire vai conseguir vencer tanto positivismo e prazer pela vida.
Muito comentado pela possibilidade de dar uma nomeação ao Oscar a Jennifer Aniston, depressa “Cake” sucumbiu sob o peso da expectativa a que não correspondia. Ainda que a dor crónica seja um problema que afecta uma grande parte da população, as dores incapacitantes são não assim tão comuns. Quem fosse ver o filme iria por curiosidade mórbida, não por se identificar com as personagens. Os fãs de Jennifer Aniston poderiam estar à procura de uma comédia e há alguns toques disso ao longo de todo o filme, mas o tom geral é de um drama. Pode até ter seguido a receita do Oscar - actriz conhecida num registo diferente, caracterização que a torna quase irreconhecível, personagem que monopoliza a história, filme sem possibilidades em mais nenhuma categoria - mas faltou-lhe muito mais. Para começar faltou criar empatia. Claire não é uma pessoa de quem se goste e ainda que se perceba porque Silvana a apoia e Roy a aceite por perto, não nos identificamos na equipa de uma desistente, manipuladora que tem tudo de mão beijada e ainda se queixa do pouco que a vida lhe deu de mau, por muito terrível que seja. Em segundo, o rumo inesperado da história é perturbado demasiadas vezes com detalhes menos interessantes que quebram o ritmo. E finalmente, porque a forma irónica como termina está desajustada do que vimos em todo o filme. Como se um simples acontecimento tivesse resolvido tudo.
O problema do filme não reside nas expectativas criadas, nem em tentar ser um veículo para prémios, nem sequer em ter falhado em ambos os pontos. É apenas por ser um filme feito para um público específico, como homenagem às vítimas da dor crónica, e portanto os tratar alternadamente ou como uns coitados ou como uns heróis, não se decidindo sobre qual perfil quer, e não sendo honesto sobre a normalidade que existe em pessoas que no fundo são como nós. Esse detalhe sim, é o ponto onde o filme desilude.
Título Original: "Cake" (EUA, 2014) Realização: Daniel Barnz Argumento: Patrick Tobin Intérpretes: Jennifer Aniston, Adriana Barraza, Sam Worthington, Anna Kendrick, Felicity Huffman, Mamie Gummer, William H. Macy, Chris Messina, Lucy Punch, Britt Robertson Música: Christophe Beck Fotografia: Rachel Morrison Género: Drama Duração: 102 min. Sítio Oficial: Fechado |
1 comentários:
Para mim foi uma desilusão. O filme começou do nada e partiu para lugar nenhum. Enfim, mais um a provar que nem tudo o que é nomeado aos oscares é assim tãooo bom quanto isso.
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