"Starsky and Hutch" por Ricardo Clara
Ponto prévio: este filme pouco ou nada nos dirá a nós, comuns portugueses que não tiveram a oportunidade de seguir uma série (se não a principal série) dos anos 70 nos EUA. Primeiro um pouco de história: "Starsky & Hutch" foi uma série televisiva nos idos anos 70 (1975 a 1979) que conquistou uma legião de seguidores, por várias razões: tinha uma das parelhas mais originais e mais bem conseguidas da história da televisão, com dois actores que se completavam na perfeição - Paul Michael Glaser no papel do Detective Dave Starsky e David Soul enquanto o original Ken Hutchinson; com eles contracenava um dos carros mais famosos da sétima arte (que ainda há pouco tempo foi votado como um dos melhores de sempre, junto com o Herbie e o Batmobile), um fabuloso Ford Torino de 1976 que encantou todos os espectadores da série, e por fim William Blinn, o criador de "Starsky & Hutch", autor de séries como "Bonanza" (1959), "The Invaders" (1967), "Fame" (1982) ou "Pensacola: Wings of Gold" (1997). Foi, sem dúvida alguma, o ponto de partida para muitos trabalhos do mesmo género que ainda hoje nos chegam à televisão ou ao cinema.
Agora o filme que hoje estreia nas salas. Pelas mãos de Todd Phillips (o mesmo de "Road Trip" ou "Old School") é adaptada para cinema a parceria entre o Detective Dave Starsky (agora interpretado por Ben Stiler) e Ken Hutchinson (Owen Wilson). Starsky, um polícia cumpridor das regras e louco pelo seu carro (o Torino de 76) e Hutch, um boémio capaz de largar o trabalho por um copo e / ou por uma mulher, são agora confrontados com a obrigação de serem parceiros, por imposição do seu superior, o Capitão Doby (Fredy Williamson). Envolvidos num caso de homicídio e tráfico de droga, os polícias são obrigados a recorrerem a um informador, Huggy Bear (uma personagem horrendamente interpretada por Snoop Dog, um rapper norte americano que cai nitidamente no filme de pára-quedas), para poderem voltar à polícia, depois de causarem distúrbios e serem suspensos dos seus trabalhos.
O filme não é mau, mas tendo como base a série original falha em algumas coisas. Realço, para começar, o trabalho de Stiler e Wilson, que funcionam muito bem em conjunto e possuem uma química especial que, apesar de não ser tão cativante como a da dupla Glaser / Soul, consegue proporcionar bons momentos de cinema. Igualmente a banda sonora, a cargo de Theodore Shapiro ("State and Maine", "Heist"), recupera inúmeros temas da série, proporcionando um ambiente bastante idêntico ao do original. Mas peca em alguns pormenores. A narrativa é fraca, pois o argumentista pressupõe, à partida, que o espectador conhece as particularidades dos dois polícias, despachando de forma muito rápida como eram Strasky e Hutch enquanto detectives que trabalhavam sozinhos, e deparamo-nos logo com pouco tempo de filme com uma dupla já formada, não em formação que nos deveria conquistar (é, portanto, um produto claramente a visar o público norte-americano). Destaque igualmente para Vince Vaughn no papel de Reese Feldman, um traficante de droga que inventa uma cocaína muito especial, e para uma pequena participação de Carmen Electra, uma cheerleader que é conquistada por Hutch e Juliette Lewis, como namorada de Feldman, uma actriz que chegou a estar nomeada para Óscar em 1992 por "Cape Fear" e que agora interpreta pequenos e irrelevantes papéis. Snoop Dog. Incrível, não entendo a razão de o colocar como... actor? no filme. Momentos de comédia. Surgem inúmeros gags, alguns bem concebidos, mas foge claramente à regra original (a série não tinha pendor cómico em quase nada do que apresentava), o que desvirtua de forma inequívoca uma importante linha do filme. Já o ambiente é tipicamente anos 70, e bastante interessante como consequência, bem como uma sequência final onde os verdadeiros Starsky e Hutch se encontram com a dupla do filme, numa cena nostálgica mas... descabida. Em suma, um objecto que merecia bastante mais trabalho para atingir um patamar mais elevado.
Agora o filme que hoje estreia nas salas. Pelas mãos de Todd Phillips (o mesmo de "Road Trip" ou "Old School") é adaptada para cinema a parceria entre o Detective Dave Starsky (agora interpretado por Ben Stiler) e Ken Hutchinson (Owen Wilson). Starsky, um polícia cumpridor das regras e louco pelo seu carro (o Torino de 76) e Hutch, um boémio capaz de largar o trabalho por um copo e / ou por uma mulher, são agora confrontados com a obrigação de serem parceiros, por imposição do seu superior, o Capitão Doby (Fredy Williamson). Envolvidos num caso de homicídio e tráfico de droga, os polícias são obrigados a recorrerem a um informador, Huggy Bear (uma personagem horrendamente interpretada por Snoop Dog, um rapper norte americano que cai nitidamente no filme de pára-quedas), para poderem voltar à polícia, depois de causarem distúrbios e serem suspensos dos seus trabalhos.
O filme não é mau, mas tendo como base a série original falha em algumas coisas. Realço, para começar, o trabalho de Stiler e Wilson, que funcionam muito bem em conjunto e possuem uma química especial que, apesar de não ser tão cativante como a da dupla Glaser / Soul, consegue proporcionar bons momentos de cinema. Igualmente a banda sonora, a cargo de Theodore Shapiro ("State and Maine", "Heist"), recupera inúmeros temas da série, proporcionando um ambiente bastante idêntico ao do original. Mas peca em alguns pormenores. A narrativa é fraca, pois o argumentista pressupõe, à partida, que o espectador conhece as particularidades dos dois polícias, despachando de forma muito rápida como eram Strasky e Hutch enquanto detectives que trabalhavam sozinhos, e deparamo-nos logo com pouco tempo de filme com uma dupla já formada, não em formação que nos deveria conquistar (é, portanto, um produto claramente a visar o público norte-americano). Destaque igualmente para Vince Vaughn no papel de Reese Feldman, um traficante de droga que inventa uma cocaína muito especial, e para uma pequena participação de Carmen Electra, uma cheerleader que é conquistada por Hutch e Juliette Lewis, como namorada de Feldman, uma actriz que chegou a estar nomeada para Óscar em 1992 por "Cape Fear" e que agora interpreta pequenos e irrelevantes papéis. Snoop Dog. Incrível, não entendo a razão de o colocar como... actor? no filme. Momentos de comédia. Surgem inúmeros gags, alguns bem concebidos, mas foge claramente à regra original (a série não tinha pendor cómico em quase nada do que apresentava), o que desvirtua de forma inequívoca uma importante linha do filme. Já o ambiente é tipicamente anos 70, e bastante interessante como consequência, bem como uma sequência final onde os verdadeiros Starsky e Hutch se encontram com a dupla do filme, numa cena nostálgica mas... descabida. Em suma, um objecto que merecia bastante mais trabalho para atingir um patamar mais elevado.
Título Original: "Starsky & Hutch" (EUA, 2004) Realizador: Todd Phillips Intérpretes: Ben Stiler, Owen Wilson e Snoop Dog Argumento: William Blinn e Stevie Long Fotografia: Barry Peterson Música: Theodore Shapiro Género: Comédia / Acção Duração: 101 min Sítio Oficial: http://starskyandhutchmovie.warnerbros.com |
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