”L’Enfant” por António Reis
O grande vencedor do festival de Cannes de 2005 dos irmãos Dardenne vai finalmente estrear em Portugal, quase com um ano de atraso. Não surpreende que o júri tenha sido sensível a esta história de adolescência marginal e conturbada, mas onde não falta a esperança de uma redenção.
Apesar de um estilo próximo da docuficção “L’Enfant” afasta-se do documental típico e até do estilo tradicional dos Dardenne. Quem viu “Pleasant Days” no último Fantasporto acaba por encontrar entre os dois filmes imensas semelhanças nas temáticas, nos personagens e até nas soluções.
Um casal de adolescentes acaba de ter uma criança. Entre o instinto maternal que se desenvolve em Sonia e a oportunidade de um negócio de venda da criança que se coloca a Bruno (o seu namorado) o filme vai narrando com grande economia emotiva mas com sinceridade e realismo o drama de casais adolescentes. Os Dardenne não resistiram a transformar um caso de polícia numa parábola moral onde o amor e a esperança prometem triunfar sobre a delinquência.
Para que subsistam dúvidas é um filme interessante, narrativamente sem falhas, estilisticamente muito cuidado. Cannes dificilmente poderia resistir a premiar um filme francófono e sobretudo de aproveitar a oportunidade para premiar os Dardenne. No equilíbrio de forças e de lobbys em que os prémios sempre se envolvem “L’Enfant” merece a boa palma.
Título Original: "L’Enfant" (Bélgica,França 2005) Realização: Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne Intérpretes: Jérémie Renier, Déborah François, Jérémie Segard Argumento: Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne Fotografia: Alain Marcoen Género: Drama Duração: 100 min. Sítio Oficial: http://www.zeusfilm.com/thechild |
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