"Hellboy" por Ricardo Clara
Chegou esta semana às nossas salas mais uma adaptação vinda directamente da banda desenhada. "Hellboy", realizado pelo mexicano Guillermo del Toro ("Mimic" (1997), "Blade II" (2002)), dado a conhecer a Portugal em 1993 com "Cronos", através do Fantasporto, tendo vencido dois prémios na edição desse ano, é adaptado dos livros de banda desenhada da Dark Horse Comics, e das ideias do seu criador Mike Mignola, conta a história de um pequeno demónio que entra na |
Terra depois da abertura de um portal por parte dos nazis, em plena Segunda Guerra Mundial. Este monstro demoníaco é adoptado pelo Professor Trevor Bruttenholm (John Hurt), que acompanhou as tropas norte-americanas à Escócia, país onde foi aberto o dito portal. Esta criatura (Ron Perlman) cresce para tornar-se um investigador do paranormal, ao lado do seu pai adoptivo, e de outra estranha criatura, Abe Sapien (Doug Jones), bem como da sua paixão quase terrena, Liz Sherman (Selma Blair). Até que um dia, as forças da escuridão surgem para o vir buscar...
"X-Men", "Blade", "The Punisher", "Superman", "Batman", entre muitos outros, surge mais uma vez uma adaptação que começa a tornar banal o que antes era visto com curiosidade. E eu esperei com curiosidade este filme. Não que fosse um seguidor do personagem (não sou grande fã dos heróis norte-americanos de banda desenhada), mas porque sigo com interesse o trabalho de Guillermo del Toro, pois surpreendeu-me com "Cronos" (onde o conheci), bem como "Mimic" e "El Espinazo del Diablo". Ora este "Hellboy" iludiu-me e desiludiu-me. Iludiu-me porque talvez seja o filme adaptado da BD que me convenceu de forma mais sólida, desde o ambiente cómico que rodeia a película, até à interpretação de Ron Perlman, que é a mais-valia deste filme (desde Michael Keaton no "Batman" de 1989 que não via um actor a dar um timbre tão pessoal à personagem). Desiludiu-me porque não tem consistência no argumento. Existem hiatos de tempo no decorrer da narrativa que tornam o filme inconsistente e, por vezes, absurdo (e dou um exemplo, o da sequência da explosão após Liz utilizar os seus poderes para salvar o Hellboy dos Sammael, o filme sofre um corte e a sequência seguinte já apresenta John Myers (Rupert Evans) preso, bem como o herói acorrentado e Liz deitada numa espécie de altar que não se entende de onde surgiu). Também os tempos em que assentam o filme não são perfeitos ( o espectador conhece os personagens, vê o desenrolar da acção e, repentinamente, surge o clímax e o filme termina abruptamente). Para álem desta aparente falta de coesão argumentativa, o filme tem aspectos bastante engraçados. Desde os momentos de comédia de situação proporcionados pelos heróis, passando pela interpretação de Ron Perlman, até à intensidade sombria que del Toro imprime ao filme, o filme oferece alguns bons momentos a quem o assiste. Infelizmente, só mesmo a personagem de Hellboy e, a espaços, a do aquático Abe Sapien é que estão devidamente construídas. Uma interpretação pobre de Selma Blair e um transparente Rupert Evans (que raio de escolha para o papel do agente Meyers!) acentuam a referida incosistência do filme. Para terminar, e para variar, já está em marcha a sequela de "Hellboy", repetindo realizador e actor principal. Mas só lá para 2006.
Título Original: "Hellboy" (EUA, 2004) Realizador: Guillermo del Toro Intérpretes: Ron Perlman, John Hurt, Selma Blair e Rupert Evans Argumento: Guillermo del Toro (baseado no argumento de Mike Mignola) Fotografia: Guillermo Navarro Música: Marco Beltrami Género: Aventura / Terror / Ficção Científica Duração: 122 minutos Sítio Oficial: http://www.sonypictures.com/movies/hellboy |
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