21 de abril de 2005

”Sahara” por Nuno Reis


Um dos filmes estreados esta semana é “Sahara”, a mais recente obra do quase desconhecido Breck Eisner que junta no ecrã Matthew McConaughey, Penélope Cruz, Steve Zahn, William H. Macy, Delroy Lindo e Lambert Wilson. No início do mês este filme esteve isolado no topo nas bilheteiras americanas, numa época relativamente fraca não é preciso uma obra de arte para merecer destaque num mercado cada vez mais repetitivo e ainda demasiado egocêntrico mas qual é a receita para vencer? Neste caso foi a mesma de “National Treasure” mas apostando mais nas personagens que na acção. Semelhanças entre os filmes: dois homens que trabalharam desde sempre juntos, uma mulher estrangeira, os americanos como centro do mundo, a busca por um tesouro centenário, interesses económicos que se sobrepõem à vida humana e, convém não esquecer o fundamental, acção e aventura quanto baste.
Neste filme Dirk (McConaughey) e Al (Zahn) são dois caçadores de tesouros às ordens do Almirante Sandecker (Macy). Enquanto eles encontram sarcófagos naufragados e moedas de ouro uma equipa da OMS (Cruz e Glynn Turman) na mesma área encontra vítimas daquilo que parece ser uma nova epidemia terrivelmente eficaz. Em busca de uma resposta às suas dúvidas partem juntos para o Mali, país no meio do Sahara em plena guerra civil onde esperam encontrar uma doença mortífera e um navio naufragado. Sim, navio naufragado num “país no meio do Sahara”. Depois de algumas peripécias que colocam um carro na água um barco em terra e fazem outro em pedaços, a verdadeira aventura começa.
As personagens são, como disse no início, a chave do filme. Dirk não é o clássico herói sempre pronto a salvar uma donzela em apuros, apesar de ser exactamente isso é também suficientemente louco para escapar ao estereótipo. Al também está longe de obedecer ao padrão de parceiro do herói. Nesta história eles são uma verdadeira dupla, juntos há tanto tempo que adivinham os pensamentos um do outro, lado a lado em todas as situações e igualmente dispostos a arriscar a vida um pelo outro (apesar de Al o fazer mais vezes) e com tanto sentido de humor que nem as impossibilidades por eles criadas parecem difíceis. É óbvio que Dirk fica com a miúda e Al com os explosivos mas em algum aspecto as personagens teriam de ser tradicionais. Penélope Cruz tem uma personagem diferente daquelas a que nos habituou, não tão feminina mas bastante mais divertida que nos últimos filmes. Macy também está de parabéns pela mudança, apesar de ser dos meus actores preferidos tinha sempre uma personagem franzina e infeliz, no ultimo trabalho dele que vi, “Celullar, começou a mudança, ganhou autoridade, e neste filme (bastante melhor que o anteriormente referido) tem uma interpretação adequada ao papel, com mais carisma e poder. Em relação a Wilson posso dizer o mesmo, foi um vilão temível em “Matrix Reloaded” mas agora no deserto está melhor, mais calmo e subtil, um cavalheiro criminoso como aqueles que James Bond enfrentou em muitos dos seus filmes e que raramente são utilizados.
Pouco mais posso dizer acerca do filme: é divertido, a violência não é excessiva, o argumento não está livre de falhas mas para quem não for geólogo ou da área de saúde não incomodam. O final é um pouco forçado e já totalmente previsível, é um dos melhores blockbusters da primavera de 2005 mas toda a gente sabe que só no verão chegam os pesos-pesados.





Título Original: "Sahara" (Espanha e EUA, 2005)
Realizador: Breck Eisner
Intérpretes: Matthew McConaughey, Penélope Cruz, Steve Zahn, William H. Macy, Delroy Lindo e Lambert Wilson
Argumento: Thomas Dean Donnelly, Joshua Oppenheimer, John C. Richards e James V. Hart (baseados no livro de Clive Cussler)
Fotografia: Seamus McGarvey
Música: Clint Mansell
Género: Acção/Aventura/Comédia
Duração: 124 min
Sítio Oficial: http://www.saharamovie.com/

2 comentários:

gonn1000 disse...

"O filme da semana é indubitavelmente “Sahara”"

É??? Então e "Hitler - o Fim do Terceiro Reich" e "Casa de los Babys"??

Nuno disse...

"Sahara" sem ser um bom filme entretém que é o que a maioria dos espectadores espera de um filme. Nao duvido que esses dois sejam bons filmes (pelas críticas que tenho visto o "Untergang" é dos filmes do ano) mas decerto que não são a prioridade do grande público por se focarem em temas demasiadamente controversos. Esses filmes têm um público próprio, um público que não precisa de ler sobre o filme para o ir ver e a polémica causada é prova disso. Por consideração para com os próximos leitores alterarei a frase.