3 de julho de 2007

"Transformers" por António Reis


Michael Bay no seu melhor

Para que se saiba desde o início, Transformers é Michael Bay, para o melhor e para o menos bom. Hesitando entre o registo de origem dos desenhos animados de matriz infanto-juvenil e o filme de teenagers para a silly season, todo o filme é um espectáculo de efeitos digitais, grandes panorâmicas, acção permanente e conversa de treta para encher.

Bay faz um cocktail que nos leva de "Christine – o carro assassino" de Carpenter a "Top Gun", passando pela "Guerra dos Mundos" e "Air Force One". Além de se plagiar a ele próprio decalcando o "Dia da Independência", "Pearl Harbor" e "Armageddon". Porque a verdade é que os argumentistas ou estavam com preguiça ou receberam ordens para copiar ideias de todos os sucessos de bilheteira das últimas décadas. Desde Shia LeBeouf a andar de bicicleta num E.T. um pouco tardio, ao Megatron empoleirado como King Kong mecânico, ao carro dotado de emoções que escolhe o condutor como Christine ou o Herbie, cenas de porta-aviões roubadas de Pearl Harbor, esquadrilhas de helicóptero em formação emprestada a "Dia da Independência", decepticons com cara de sáurios jurássicos, ou cenas de batalha próximas de "Máquina Zero". São apenas exemplos de uma roubalheira desenfreada num filme que pisca o olho a todos os clichés de filme de acção.

É talvez um pouco penoso nos seus 144 minutos de duração, mas de uma eficácia narrativa irrepreensível. Deixa o espectador extenuado de tanta animação virtual, porque estes extraterrestres não biológicos, vindos de uma galáxia distante, têm sentimentos humanos entre as suas jantes e o radiador e dispõem de energia inesgotável, ou seja, vence qualquer espectador pelo cansaço.

As transformações são magníficas, as animações da batalha de qualidade superior, mas a estrutura do argumento desliza abruptamente com o sentido de humor de fraca qualidade e personagens que pretendem ser caricaturas, mas são apenas ridículas. John Turturro e Jon Voight deviam estar desesperados e com a conta bancária a zero para aceitarem os respectivos papeis. A banda sonora começa por ser redundante ao adaptar-se a cada estado de espírito do par romântico, mas nós acabamos por nos habituar. Para quem for ver o filme deixa-se só uma pista: o futuro da humanidade está à venda no eBay.

Já que está na net recomendo que veja a cena do filme que se encontra no YouTube. Fontes da produção garantem que esta longa-metragem não é um gigantesco anúncio do serviço Prime da Optimus. Três questões finais: afinal a que público é que se destina "Transformers"? por que diabo Spielberg se lembrou de produzir isto? Porque é que Megan Fox aparece tão pouco em cinema?






Título Original: "Transformers" (EUA, 2007)
Realização: Michael Bay
Argumento: John Rogers, Roberto Orci, Alex Kurtzman
Intérpretes: Shia LaBeouf, Megan Fox, Josh Duhamel
Fotografia: Mitchell Amundsen
Música: Steve Jablonsky
Género: Acção/Ficção-Científica
Duração: 144 min.
Sítio Oficial: http://www.transformersmovie.com/

3 comentários:

C Valente disse...

Fui ver o filme, mais pelos efeitos especiais, sei que é tirado de banda desenhada, mas o contiudo é muito pobre, os actores, bem querem ter piada, mas não conseguem, Não recomendado
Saudações

Ruca disse...

Discordo completamente do que disseram, mas gostos não se discutem!!! Tenho 26 anos e cresci com isto! Levantava-me todos os sabados e até comprava os carros! A passagem para a grande tela, foi o melhor que fizeram, e tanto bay, como spielberg não se iriam lançar em algo que n acreditassem!!! Fazer melhor era impossivel a meu ver! Até ao facto do "Bumblebee" n ser um carocha, o que é certo é que akele camaro conkistou todos os que como eu, eram fans do pekeno "escaravelho". Quanto ás falas, aos efeitos especiais, sei lá, tanta palha do que vcs dizem, é o possivel para um filme destes!! Havia de ser lindo um dos "Robôs" parar a meio do filme e começar a fazer um monólogo!!! Acho que tá perfeito, e acho que as tabelas dizem tudo!!! Só quem via a 1ª Série dos desenhos animados, me pode compreender! Mais do que um sucesso, será para sempre um culto!!!
Ps: Ao comment de cima, o filme não é para rir, logo o importante não será ter piada, mas o que é certo é que a sala de cinema riu-se com as tais piadas que n tinham piada nenhuma!! Tem piada...

Saudações e voltarei mais x!!!!

Frequência Jovem disse...

Eficiência narrativa irrepreensível?! Com aquele final medonho?! Não me parece... E se as referências a outros filmes podem lá estar, qualquer um deles é melhor que este amontoado de imagens em movimento!
http://frequenciajovem.blogspot.com