O conflito israelo-palestino é suficientemente antigo para quem ninguém saiba os motivos exactos porque começou. É também tão demorado que já poucos estarão preocupados com o desenlace, ambos perdem a razão quando passa de geração. No entanto é uma guerra numa zona tradicionalmente rica pela ligação estratégica entre dois continentes. Jerusalém é o centro do mundo, não por ideologias religiosas, mas simplesmente pela localização geográfica. Todos os grandes chefes militares conquistaram a cidade para servir de ponto que garantia o abastecimento do exército. Além disso era uma portagem bem lucrativa (desde inícios do século XIII, talvez a mais antiga do mundo). O mundo está atento ao que se passa.
Elia Suleiman tem uma carreira curta. Em meia dúzia de filmes, muito focados no Golfo e na Palestina. A obra com que começou a dar nas vistas, "Chronicle of a Disappearance" é precisamente sobre o país que encontra depois de uma longa estadia em Nova Iorque. Agora volta aos prémios e contando a sua vida. A guerra e o país começam em 1948. Essa parte é história. Tudo o resto é o retrato de uma vida marcada pela guerra, pelo exílio, pela tortura. Não tem o discurso padrão dos políticos que tentam impor a sua versão. Ele conta como o povo viu os acontecimentos, como as pessoas ficaram afectadas (o vizinho é um retrato tortuoso disso), como se cai em extremos (um tanque a seguir um homem enquanto o mesmo leva o lixo para a porta). Sim, fala dos exilados, dos fabricantes clandestinos de armas, dos fuzilamentos, da guerra que os rodeava. Mas é a própria vida que está a contar, também fala do ensino, da família.
Tem traços de comédia melancólica, de drama, de documentário. É um filme que obriga a uma preparação prévia para compreender totalmente, e muita atenção para apreender. Talvez se o mundo começasse a ver os indivíduos afectados, em vez de ouvir um mero número de vítimas e desalojados fizesse algo para acabar com as guerras. "Imagine all the people/Living life in peace..."
Elia Suleiman tem uma carreira curta. Em meia dúzia de filmes, muito focados no Golfo e na Palestina. A obra com que começou a dar nas vistas, "Chronicle of a Disappearance" é precisamente sobre o país que encontra depois de uma longa estadia em Nova Iorque. Agora volta aos prémios e contando a sua vida. A guerra e o país começam em 1948. Essa parte é história. Tudo o resto é o retrato de uma vida marcada pela guerra, pelo exílio, pela tortura. Não tem o discurso padrão dos políticos que tentam impor a sua versão. Ele conta como o povo viu os acontecimentos, como as pessoas ficaram afectadas (o vizinho é um retrato tortuoso disso), como se cai em extremos (um tanque a seguir um homem enquanto o mesmo leva o lixo para a porta). Sim, fala dos exilados, dos fabricantes clandestinos de armas, dos fuzilamentos, da guerra que os rodeava. Mas é a própria vida que está a contar, também fala do ensino, da família.
Tem traços de comédia melancólica, de drama, de documentário. É um filme que obriga a uma preparação prévia para compreender totalmente, e muita atenção para apreender. Talvez se o mundo começasse a ver os indivíduos afectados, em vez de ouvir um mero número de vítimas e desalojados fizesse algo para acabar com as guerras. "Imagine all the people/Living life in peace..."
Título Original: "The Time That Remains" (Béligica, França, Itália, Reino Unido, 2009) Realização: Elia Suleiman Argumento: Elia Suleiman Intérpretes: Elia Suleiman, Ali Suleiman, Saleh Bakri, Amer Hlehel Fotografia: Marc-André Batigne Género: Drama Duração: 109 min. Sítio Oficial: http://www.letempsquilreste-lefilm.com/ |
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