Quão mau pode um filme ser?
Glen or Glenda” é dos filmes menos falados de Wood. Isso percebe-se visto que trata de um tema normalmente marginalizado, o travestismo, mas vai muito mais além. Este será dos piores filmes de sempre, e no mau sentido.
Após o suicídio de um travesti, um inspector da polícia vai falar com um psiquiatra especializado em distúrbios desse género. No consultório o médico vai-lhe contar a história de Glen e do seu alter-ego Glenda, e a da Alan que vivia como Ann, dois casos com que lidou. Como se essa narração não fosse suficiente, há uma outra a um nível superior, quase divino, feita por Bela Lugosi, que filosofa sobre a sociedade.
Se excluirmos a extravagante função de Lugosi, “Glen or Glenda” começa como um curioso falso-documentário sobre uma personagem - que até cativa alguma simpatia - que tem como único inconveniente não ter actores capazes de dizer frases de forma natural. Ao fim de algum tempo o interesse começa a esmorecer e aí a estória de Glen entra num experimentalismo perturbador, só superado pela perturbação que é cada nova cena de diálogo entre investigador e doutor. E eis que surge a curta história de Alan, bem mais linear e rápida (deve ter acabado o orçamento como é habitual).
A maior curiosidade deste filme é ter sido usado por Wood para expor o seu travestismo e a paixão por angorá. Apesar do pseudónimo ele é Glen e por isso entregou-se de corpo e alma ao filme, sendo inclusivamente o melhor actor, por estar a ser ele próprio. Só que, por muita vontade que se tenha de aceitar o filme e apoiar a ousada sujeição ao público nos anos 50, Ed Wood não sabe filmar. Usar relâmpagos nos momentos dramáticos não impressiona o público. Ter Bela Lugosi não basta para o sucesso na bilheteiras. Por muito bom que fosse o argumento - os diálogos não são tão maus como parecem - para fazer um filme é preciso uma coisa básica que se chama realizador e isso é uma coisa que “o pior realizador do mundo” simplesmente não tem.
O “tão mau que é bom” nos outros casos pode ser verdade por se levar na brincadeira, mas como “Glen or Glenda” tenta ser um filme sério a frase será mais próxima de verdade se corrigirmos para “tão mau que não há pior”.
Glen or Glenda” é dos filmes menos falados de Wood. Isso percebe-se visto que trata de um tema normalmente marginalizado, o travestismo, mas vai muito mais além. Este será dos piores filmes de sempre, e no mau sentido.
Após o suicídio de um travesti, um inspector da polícia vai falar com um psiquiatra especializado em distúrbios desse género. No consultório o médico vai-lhe contar a história de Glen e do seu alter-ego Glenda, e a da Alan que vivia como Ann, dois casos com que lidou. Como se essa narração não fosse suficiente, há uma outra a um nível superior, quase divino, feita por Bela Lugosi, que filosofa sobre a sociedade.
Se excluirmos a extravagante função de Lugosi, “Glen or Glenda” começa como um curioso falso-documentário sobre uma personagem - que até cativa alguma simpatia - que tem como único inconveniente não ter actores capazes de dizer frases de forma natural. Ao fim de algum tempo o interesse começa a esmorecer e aí a estória de Glen entra num experimentalismo perturbador, só superado pela perturbação que é cada nova cena de diálogo entre investigador e doutor. E eis que surge a curta história de Alan, bem mais linear e rápida (deve ter acabado o orçamento como é habitual).
A maior curiosidade deste filme é ter sido usado por Wood para expor o seu travestismo e a paixão por angorá. Apesar do pseudónimo ele é Glen e por isso entregou-se de corpo e alma ao filme, sendo inclusivamente o melhor actor, por estar a ser ele próprio. Só que, por muita vontade que se tenha de aceitar o filme e apoiar a ousada sujeição ao público nos anos 50, Ed Wood não sabe filmar. Usar relâmpagos nos momentos dramáticos não impressiona o público. Ter Bela Lugosi não basta para o sucesso na bilheteiras. Por muito bom que fosse o argumento - os diálogos não são tão maus como parecem - para fazer um filme é preciso uma coisa básica que se chama realizador e isso é uma coisa que “o pior realizador do mundo” simplesmente não tem.
O “tão mau que é bom” nos outros casos pode ser verdade por se levar na brincadeira, mas como “Glen or Glenda” tenta ser um filme sério a frase será mais próxima de verdade se corrigirmos para “tão mau que não há pior”.
Título Original: "Glen or Glenda" (EUA, 1953) Realização: Ed Wood Argumento: Ed Wood Intérpretes: Ed Wood, Dolores Fuller, Lyle Talbot, Timothy Farrell Fotografia: William C. Thompson Género: Drama Duração: 65 min. |
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