Felicidade. Prazer. Tristeza. Amor. Segundo um provérbio chinês estes são os quatro pilares que suportam a vida. Nesta magnífica primeira obra de Jieho Lee temos quatro histórias levemente ligadas que retratam cada um dos sentimentos. A felicidade é descoberta por um bancário nos jogos de azar. O prazer é o que descobre um criminoso vidente quando tem de iniciar o sobrinho do chefe no trabalho de cobranças que faz. A tristeza domina a vida de uma jovem cantora que, quando começa uma promissora carreira artística, é vendida a um homem de poucos escrúpulos. Todas essas histórias estão ligadas pois a casa de apostas clandestina, as cobranças e mais recentemente a gestão de carreiras musicais são o ganha-pão de Fingers. Finalmente a história de amor, já um pouco separada das outras, é sobre um homem e médico que se vê impotente para salvar uma paciente que é também a sua maior amiga e a mulher que ama.
É uma pena esta obra ter chegado depois de "Crash" e de Iñarritu pois as tramas cruzadas irremediavelmente acabam por ser comparadas. O cruzamento de histórias e de tempos exige muito do argumentista. Pelo elevado risco ainda é um estilo pouco frequente no cinema, mas quando bem feito não deixa margem para dúvidas quanto ao talento do seu autor. Este é um desses casos e, como nas anteriormente referidas, também os carros fazem uma importante ligação. Demasiadas semelhanças para que seja visto sem comparações... Mas se "The Air I Breathe" encontra em "Crash" uma complicada comparação, também lá encontrou um incrível actor. Falo de Brendan Fraser que é aqui o protagonista e tem o papel mais exigente de sempre. Está tão bem que quase se perdoa que ainda faça caça às múmias. O elenco é verdadeiramente excepcional e tirando um desaproveitado Forest Whitaker (grande arranque, mas um papel demasiado pequeno) estão incríveis. Grande trabalho de casting e interpretações magníficas.
A filosofia oriental está presente de forma muito discreta dando um ar exótico ao filme. É uma produção americana e com dinheiro, mas mantém uma harmonia e beleza estética que escapa aos padrões normais. A riqueza dos detalhes escondidos numa história e revelados noutra torna o encaixe satisfatório. É um truque relativamente fácil de fazer e o argumento acaba por abusar disso. Se houvesse mais histórias seria preciso recorrer a algo diferente. Assim, quando termina, ainda deixa o espectador surpreso. O final é o mais politicamente correcto pelo que é difícil dizer mal, mesmo sendo demasiado improvável. O filme merecia ter sido mais divulgado pois é das melhores produções actualmente em exibição.
Título Original: "The Air I Breathe" (EUA, México, 2007) Realização: Jieho Lee Argumento: Jieho Lee, Bob DeRosa Intérpretes: Brendan Fraser, Sarah Michelle Gellar, Kevin Bacon, Forest Whitaker, Andy Garcia, Emile Hirsch, Julie Delpy Fotografia: Walt Lloyd Música: Marcelo Zarvos Género: Crime, Drama, Thriller Duração: 95 min. Sítio Oficial: http://www.theairibreathemovie.com/ |
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