Uma pergunta que costuma passar pela cabeça dos governantes americanos quando se preparam para invadir alguém é "para quê fazer a paz quando se pode fazer dinheiro?" Com o passar dos tempos as guerras cada vez foram menos por questões de defesa e mais para criar oportunidades de negócio. Desde que foram procurar as "armas de destruição maciça" que nem se preocupam em ter uma razão credível, dizem algo e avançam enquanto o resto do mundo tenta compreender o que se passa. Mas nem todos os oportunistas sem coração estão no governo, ainda há os que só vendem os seus préstimos. Antes eram chamados mercenários, agora são empreendedores. Investem milhões na reconstrução de um país que meses antes não tinha água e luz e agora está dependente do modo de vida americano. A guerra do futuro é tecnológica, mas a do presente ainda precisa de homens. Para proteger os soldados a moda é contratar um exército outsourcing. Também neste caso o nome antigo era mercenário, agora é um mero prestador de serviços (com licença para matar).
Em "War, Inc." a Guerra atinge um novo patamar. A empresa Tamerlane é a única responsável pela guerra e pela reconstrução no Turaquistão, actividades que desenvolve em simultâneo. Para maximizar o lucro contratam Brand Hauser. Este assassino deverá eliminar um homem de negócios local e, como disfarce, colocam-no a coordenar um mediático casamento. Fantasmas do passado, explosões no presente e um futuro incerto vão tornar a estadia de Hauser complicada.
Sàtira política com muito potencial, "War, Inc." alonga-se sem trazer muito de novo. Os primeiros 45 minutos são maus, o resto é sofrível e totalmente previsível. Faz humor quando não deve, e só no clímax revela algo bem feito. É a altura certa para o espectador não esquecer, mas é demasiado tarde para fazer alguma diferença a quem já viu quase hora e meia de confusão entre comédia, drama e guerra sem nunca chegar a ser qualquer um desses. Depois volta à previsibilidade, com um pouco de loucura pelo meio.
Quem viu John Cusack em "Grosse Point Blank" não verá nada de especial nesta nova deambulação do actor pela criminalidade. Também aqui o actor deu um toque pessoal ao argumento - além destes apenas influenciou a adaptação de "High Fidelity" - mas o resultado é francamente mau. A escolha de Hillary Duff foi má para o filme e especialmente para ela que destruiu a reputação ao fazer um papel bem mais rude do que os fãs esperavam. As outras duas actrizes (Marisa Tomei e Joan Cusack) não estão mal, mas nos papeis masculinos há muitos mais problemas a apontar. O cameo de Dan Aykroyd é mau e Ben Kingsley tem um papel tão ridículo que quase é bom.
Louvo a tentativa de trazer a discussão temas tão sensíveis como o desrespeito pela vida dos outros e a privatização da defesa nacional. Tudo o que veio pegado a isso está a mais.
Título Original: "War, Inc." (EUA, 2008) Realização: Joshua Seftel Argumento: Joshua Seftel, Jeremy Pikser e John Cusack Intérpretes: John Cusack, Marisa Tomei, Joan Cusack, Hillary Duff, Dan Aykroyd, Ben Kingsley Fotografia: Zoran Popovic Música: David Robbins Género: Acção, Comédia, Thriller Duração: 107 min. Sítio Oficial: http://www.firstlookstudios.com/films/warinc/ |
2 comentários:
o filme vai passar na telivisao portuguesa?
parece divertido.
Não faço ideia quando passará ou se já passou, mas tem perfil para passar nos canais por cabo.
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