"2046" por Nuno Reis
Wong Kar Wai é um dos maiores realizadores da actualidade e uma das poucas razões que levam espectadores ocidentais a ver filmes feitos em Hong-Kong. Esta sequela do seu maior êxito, "In the Mood for Love", tinha uma grande responsabilidade causado pelo antecessor mas depois de o ter visto mesmo o primeiro filme fica esquecido.
O argumento mistura ficção-científica com romance, cruza o presente, o passado e o futuro criando uma forte rede onde se movem personagens brilhantemente criadas que nos dão uma lição sobre o amor. Neste drama com muitas referências ao dia-a-dia das cidades asiáticas, Tony Leung volta à sua personagem do primeiro filme, um escritor inconstante com dificuldades que começa a utilizar os seus infortúnios como inspiração criando autênticos best-sellers que lhe dão alguma fama e atraem mulheres. Mas nessa vida quase artificial que ele leva há uma parte bem real e os seus sentimentos por uma vizinha começam a ser demasiado fortes para esconder. Quando as atitudes dele a fazer afastar-se e a vida dele começa a perder o sentido, a filha do seu senhorio surge-lhe como uma escritora a precisar de orientação e com ela a vida dele vai ganhar um novo fôlego.
A realização de Wong Kar Wai, combinada com uma fotografia próxima da perfeição e com um argumento genial composto por algumas frases memoráveis e algumas importantes lições de vida, criam um dos títulos mais belos do ano. Exceptuando uma grande surpresa é o melhor filme asiático do ano e dos melhores a nível mundial mas a dificuldade dos espectadores em ver filmes de cinematografias menos habituais (e os 130 minutos do filme) provavelmente desaproveitarão esta obre-de-arte.
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