Hoje li em algum sítio chamarem à recente moda de filmes sobre rainhas Queensploitation. Será meia dúzia de filmes suficiente para esse termo? Depois das Elizabeth haveria muitas mais de quem falar? Há uma incontornável de nome Victoria que dentro de uma semana terá o seu filme em exibição. Esse mais recente elemento do género será provavelmente o último digno de destaque, visto que já começaram a surgir variações como "a duquesa que é irmã do tetravô daquela que podia ter sido rainha consorte".
Por ter casado filhos e netos com casas reais de todo o continente esta rainha ficou conhecida como a avó da Europa. O título com referência à jovem que se tornaria rainha especifica que vai falar da outra parte da vida dela, quando uma adolescente herdou do avô uma nação e todas as responsabilidades associadas. Quem a baptizou Victoria não imaginava como estaria correcto. Se existe uma palavra que sintetize o seu reinado é vitória. Esta mulher tornou a Inglaterra na maior potência do mundo sem prejudicar a vida pessoal.
Victoria tornou-se rainha um mês depois dos dezoito anos. A impetuosidade própria da idade numa época em que o público não permitia falhas marcou o início de reinado. As suas relações com o governo, as conversas com o primo, a teimosia que causou a queda de um governo, as tentativas de assassinato, toda a juventude está em tela. Drama, romance e uma enorme dedicação aos seus ideais tornaram esta rainha numa personagem tão digna da ficção como foi da História. Seria bom que os políticos do presente tivessem algum do discernimento, da coragem e do amor pelo país que esta governante demonstra.
O retrato social é curioso, mais pelo que não mostra do que pelo que mostra. Nesta época a nobreza já não era o que foi em tempos. Os nobres não vivem num mundo só seu. Pela acção da imprensa e pela discussão política começam a ser vistos como pessoas, mais do que alguma vez antes, especialmente quem governa. Foram tempos conturbados - com jogos de interesses, intrigas, várias tentativas de regicídio - e exigiram um pulso firme, especialmente a quem não se sujeita a eleições para o cargo máximo.
A reconstituição histórica a nível de conteúdos, cenários e guarda-roupa está fenomenal. Quando o tema é a vida de um ícone o argumento escreve-se sozinho. Juntando a isto uma actriz encantadora como Emily Blunt, apoiada por talentosos actores como Rupert Friend, Jim Broadbent, Paul Bettany e Miranda Richardson, o resultado tinha de ser um bom filme. "The Young Victoria" supera as expectativas. Seja pela sua beleza ou pela sua determinação fica-se cativo desta rainha que consegue combinar como poucas as vidas pessoal e profissional. Em ambas vemos que teve a inteligência de ouvir quem a aconselhava e acreditar apenas naqueles de quem gostava. Para o país foi um choque, mas foi também o empurrão que precisava há muito.
Dois jovens que supostamente seriam apenas peças num secular jogo político fintam o destino e moldam as suas obrigações aos seus desejos. Literatura de cordel? Como dizia Joseph Mankiewicz, "a diferença entre a vida real e um argumento, é que o argumento tem de fazer sentido". De tão parecido com a vida o filme quase perde o sentido. É lamechas, tem muitas frases feitas, e se fosse uma obra de ficção passada no presente era facilmente esquecido. Mas há algo naquele ambiente do século XIX que nos hipnotiza e torna tudo mais plausível. Distribuido pela Ecofilmes este discreto épico não deverá ter muita publicidade comparado com os pesos-pesados do Verão. Mas pelo que tenho visto até agora, está acima de todos eles.
Por ter casado filhos e netos com casas reais de todo o continente esta rainha ficou conhecida como a avó da Europa. O título com referência à jovem que se tornaria rainha especifica que vai falar da outra parte da vida dela, quando uma adolescente herdou do avô uma nação e todas as responsabilidades associadas. Quem a baptizou Victoria não imaginava como estaria correcto. Se existe uma palavra que sintetize o seu reinado é vitória. Esta mulher tornou a Inglaterra na maior potência do mundo sem prejudicar a vida pessoal.
Victoria tornou-se rainha um mês depois dos dezoito anos. A impetuosidade própria da idade numa época em que o público não permitia falhas marcou o início de reinado. As suas relações com o governo, as conversas com o primo, a teimosia que causou a queda de um governo, as tentativas de assassinato, toda a juventude está em tela. Drama, romance e uma enorme dedicação aos seus ideais tornaram esta rainha numa personagem tão digna da ficção como foi da História. Seria bom que os políticos do presente tivessem algum do discernimento, da coragem e do amor pelo país que esta governante demonstra.
O retrato social é curioso, mais pelo que não mostra do que pelo que mostra. Nesta época a nobreza já não era o que foi em tempos. Os nobres não vivem num mundo só seu. Pela acção da imprensa e pela discussão política começam a ser vistos como pessoas, mais do que alguma vez antes, especialmente quem governa. Foram tempos conturbados - com jogos de interesses, intrigas, várias tentativas de regicídio - e exigiram um pulso firme, especialmente a quem não se sujeita a eleições para o cargo máximo.
A reconstituição histórica a nível de conteúdos, cenários e guarda-roupa está fenomenal. Quando o tema é a vida de um ícone o argumento escreve-se sozinho. Juntando a isto uma actriz encantadora como Emily Blunt, apoiada por talentosos actores como Rupert Friend, Jim Broadbent, Paul Bettany e Miranda Richardson, o resultado tinha de ser um bom filme. "The Young Victoria" supera as expectativas. Seja pela sua beleza ou pela sua determinação fica-se cativo desta rainha que consegue combinar como poucas as vidas pessoal e profissional. Em ambas vemos que teve a inteligência de ouvir quem a aconselhava e acreditar apenas naqueles de quem gostava. Para o país foi um choque, mas foi também o empurrão que precisava há muito.
Dois jovens que supostamente seriam apenas peças num secular jogo político fintam o destino e moldam as suas obrigações aos seus desejos. Literatura de cordel? Como dizia Joseph Mankiewicz, "a diferença entre a vida real e um argumento, é que o argumento tem de fazer sentido". De tão parecido com a vida o filme quase perde o sentido. É lamechas, tem muitas frases feitas, e se fosse uma obra de ficção passada no presente era facilmente esquecido. Mas há algo naquele ambiente do século XIX que nos hipnotiza e torna tudo mais plausível. Distribuido pela Ecofilmes este discreto épico não deverá ter muita publicidade comparado com os pesos-pesados do Verão. Mas pelo que tenho visto até agora, está acima de todos eles.
Título Original: "The Young Victoria" (EUA, Reino Unido, 2009) Realização: Jean-Marc Vallée Argumento: Julian Fellowes Intérpretes: Emily Blunt, Rupert Friend, Paul Bettany, Miranda Richardson, Jim Broadbent Fotografia: Hagen Bogdanski Música: Ilan Eshkeri Género: Drama, Histórico, Romance Duração: 100 min. Sítio Oficial: http://www.theyoungvictoria.co.uk/ |
5 comentários:
Uma surpreendente classificação. Muito bem, vou tentar ver.
A nota pode estar inflacionada, é daqueles filmes em que me deixei levar mais pelo coração do que pela razão.
Deixei passar quase dois meses desde a sessão até à crítica. Nem assim consegui dar menos.
No meio de tudo o que vi no Marché du Film este foi o 5º ou 6º melhor.
Verdade seja dita que em quase 100 filmes não devo ter visto vinte bons, mas por este tenho especial carinho.
À medida que os outros tenham uma data de estreia fixa (está um agendado para final do ano) vou publicando.
Cara achei muito útil esse blog, e mais ainda o lance do widget para colocar em outros sites, só não consigo entender porq os trailers não são em português ?
Esse é o único ponto contra.
Estou montando um site da minha cidade e pretendo colocar seu widget nele, se fosse em português somente os trailers que fosse seria perfeito.
Se quiser entrar em contato comigo: pinheirofagundes@hotmail.coim
Obrigado pelos elogios.
Os trailers têm legendas sempre que possível.
Agora deixaste-me ainda mais curioso. Mas eu conheço bem essa sensação de inflacionarmos a nota porque o filme nos tocou... ;)
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